quarta-feira, 15 de junho de 2011

CRESCIMENTO POPULACIONAL OU DEMOGRÁFICO

  Segundo a ONU, do início dos anos 1970 até 2009, o crescimento da população mundial caiu para 1,2% ao ano, o número de mulheres em idade reprodutiva que utilizam algum método anticoncepcional aumentou de 10% para 62% e o número médio de filhos por mulher (taxa de fecundidade) caiu de 6 para 2,6. Ainda assim, esse rítmo continua elevado e, caso se mantenha, a população do planeta saltará de 6,8 bilhões em 2009, para 9 bilhões em 2050.
  Os países pobres e emergentes abrigavam 5,6 bilhões de pessoas em 2009 e, em 2050, deverão ter 7,9 bilhões. Já nos países desenvolvidos o crescimento nesse mesmo período será bem menor, com a população absoluta aumentando de 1,23 para 1,28 bilhão de pessoas e, caso não se considerasse o ingresso de imigrantes, haveria redução para 1,5 bilhão.
Mapa da taxa de fecundidade dos países
  À medida que a população mundial aumentou 2,5 bilhões em 1950 para 6,7 bilhões em 2008, a proporção dos que vivem nos países pobres e emergentes da África, Ásia e América Latina aumentou de 68% para mais de 80%. Na China e na Índia, respectivamente com mais de 1,3 e 1,2 bilhão de habitantes em 2009, vivem aproximadamente 37% da população mundial. Já a proporção das pessoas que vivem nos países desenvolvidos diminuirá de 18% em 2009 para 14% em 2050 por causa da redução do seu ritmo de crescimento vegetativo. Em contrapartida, a população africana, que representava 9% da população mundial em 1950, deverá representar 21% em 2050.
Mapa da projeção de crescimento populacional
  O crescimento demográfico de uma determinada área, está ligada a dois fatores: ao crescimento natural e à taxa de migração.
  O primeiro, também denominado crescimento vegetativo, corresponde à diferença entre nascimentos (natalidade) e óbitos (mortalidade) verificada numa população; o segundo é a diferença entre a entrada e a saída de pessoas da área considerada.  Tendo como referência essas duas taxas, o crescimento populacional poderá ser positivo ou negativo.
  Desde a antiguidade, o crescimento populacional é tema de reflexão para muitos estudiosos que se preocupam com o equilíbrio entre a organização da sociedade, a dinâmica demográfica e a exploração dos recursos naturais.
  Na Grécia Antiga, Platão e Aristóteles advertiram que não seria possível aumentar as áreas de cultivo na mesma velocidade do crescimento populacional, o que tenderia a aumentar os níveis de pobreza e a escassez de alimentos ao longo das sucessivas gerações.
Platão
  Somente a partir do século XVIII, com o desenvolvimento do capitalismo, o crescimento populacional passou a ser estudado como um fato positivo, uma vez que, quanto mais pessoas houvesse, mais consumidores também haveria. Nessa época, foi publicada a primeira teoria demográfica de grande repercussão, formulada pelo economista inglês Thomas Robert Malthus (1766-1834).
TEORIA MALTHUSIANA
Thomas Robert Malthus - criador da Teoria Malthusiana
  Em 1798, Malthus publicou seu Ensaio sobre a população, no qual desenvolveu uma teoria demográfica que se apoiava basicamente em dois postulados:
1º - Se não ocorrerem guerras, epidemias, desastres naturais etc., a população tenderia a duplicar a cada 25 anos. Cresceria, portanto, em progressão geométrica (2, 4, 8, 16, 32...) e constituiria um fator variável, que aumentaria sem parar.
2° - O crescimento da produção de alimentos ocorreria apenas em progressão aritmética (2, 4, 6, 8, 10...) e possuiria certo limite de produção, por depender de um fator fixo: a própria extensão territorial dos continentes.
  Ao considerar esses dois postulados, Malthus concluiu que o ritmo de crescimento populacional seria mais acelerado que o da produção de alimentos. Previu também que um dia as possibilidades de aumento da área cultivada estariam esgotadas, pois todos os continentes estariam plenamente ocupados pela agropecuária e, no entanto, a população mundial ainda continuaria crescendo. A consequência disso, seria a falta de alimentos para abastecer as necessidades de consumo do planeta, ou seja, a fome.
  Para evitar esse flagelo, Malthus, que além de economista era pastor da Igreja Anglicana, na época contrária aos métodos anticoncepcionais, propunha que as pessoas só tivessem filhos se possuíssem terras cultiváveis para poder alimentá-las.
Para Malthus, a fome está relacionada ao crescimento populacional
  Hoje, verifica-se que suas previsões não se concretizaram: a população do planeta não duplicou a cada 25 anos, e a produção de alimentos aumentou graças ao desenvolvimento tecnológico. Mesmo que se considere uma área fixa de cultivo, a quantidade produzida aumentou, uma vez que a produtividade  também vem crescendo ao longo das décadas.
Modernização do campo - um dos fatores que contrapôs a teoria de Malthus
  Essa teoria, quando foi elaborada, parecia muito consistente. Os erros de previsão estão ligados principalmente às limitações da época para a coleta de dados, já que Malthus tirou suas conclusões partindo da observação do comportamento demográfico em uma determinada região, com população predominantemente rural, e as considerou válidas para todo o planeta no transcorrer da História. Não previu os efeitos decorrentes da urbanização na evolução demográfica e do progresso tecnológico aplicado à agricultura.
Urbanização - foi outro fator que Malthus não levou em conta na sua teoria
  Desde que Malthus apresentou sua teoria, são comuns os discursos que relacionam de forma simplista a ocorrência da fome no planeta ao crescimento populacional. Mais da metade da população mundial passa fome, ou está subnutrida, mas isso é resultado da má distribuição da renda e não da carência na produção de alimentos.
TEORIA NEOMALTHUSIANA
  Em 1945, com o término da Segunda Guerra Mundial, foi realizada a Conferência de São Francisco (realizada nessa cidade, que fica nos Estados Unidos), na qual foi criada a ONU (Organização das Nações Unidas). Na ocasião, foram discutidas estratégias de desenvolvimento, para evitar a eclosão de um novo conflito militar em escala mundial. Havia apenas um ponto de consenso entre os participantes: a paz depende da harmonia entre os povos e, portanto, da diminuição das desigualdades econômicas no planeta. Assim sendo, como explicar e, mais difícil ainda, enfrentar a questão da miséria nos países pobres, na época, chamados de subdesenvolvidos?
Conferência de São Francisco - realizada em abril de 1945 nos Estados Unidos
  Esses países buscaram identificar a raiz de seus problemas na colonização de exploração realizada em seus territórios e na desigualdade das relações comerciais que caracterizaram o colonialismo e o imperialismo. Por isso, passaram a propor amplas reformas nas relações econômicas, em escala planetária, que diminuiriam as vantagens comerciais, o fluxo de capitais e a evasão de divisas dos então chamados países subdesenvolvidos em direção aos desenvolvidos.
Pobreza - afeta grande parte dos países subdesenvolvidos
  Nesse contexto histórico, foi formulada a teoria demográfica neomalthusiana, uma tentativa de explicar a ocorrência da fome e do atraso em muitos países. Essa teoria era defendida por setores da população e dos governos dos países desenvolvidos - e por alguns setores dos países em desenvolvimento - com o intuito de esquivarem das questões socioeconômicas centrais.
  Segundo essa teoria, uma numerosa população jovem, resultante das elevadas taxas de natalidade e que eram verificadas em quase todos os países pobres, necessitaria de grandes investimentos sociais em educação e saúde. Com isso, sobrariam menos recursos para serem investidos nos setores agrícolas e industrial, o que impediria o pleno desenvolvimento das atividades econômicas e, consequentemente, da melhoria das condições de vida da população. Ainda segundo os neomalthusianos, quanto maior o número de habitantes de um país, menor a renda per capita e a disponibilidade de capital a ser distribuído pelos agentes econômicos.
Pobreza - para os neomalthusianos é uma das consequências do acelerado crescimento populacional
  Verifica-se que essa teoria, embora com postulados diferentes daqueles utilizados por Malthus, chega à mesma conclusão: o crescimento populacional é o responsável pela ocorrência da pobreza. Seus defensores passaram a propor programas de controle de natalidade nos países pobres e emergentes mediante a disseminação de métodos anticoncepcionais. Era uma tentativa de enfrentar problemas socioeconômicos com programas de controle da natalidade e de acobertar os efeitos danosos dos baixos salários e das péssimas condições de vida - serviços de educação e saúde precários - que vigoram naqueles países, com base apenas em uma argumentação demográfica. Além do mais, afirmar que naquela época, os chamados países subdesenvolvidos desperdiçavam em investimentos sociais um dinheiro que deveria ser destinado ao setor produtivo é uma conclusão bastante simplista.
Política do Filho Único na China - uma proposta inspirada na teoria neomalthusiana
TEORIA REFORMISTA OU MARXISTA
  Na mesma Conferência de São Francisco, representantes dos países então chamados subdesenvolvidos elaboraram a teoria reformista, que chega a uma conclusão inversa à das duas outras teorias demográficas já mencionadas.
  Uma população jovem numerosa, em virtude de elevadas taxas de natalidade, não é causa, mas consequência do subdesenvolvimento. Em países desenvolvidos, com elevado padrão de vida da população, o controle da natalidade foram passados espontaneamente de uma geração a outra ou, à medida que foram se alterando os modos de vida e os projetos pessoais dos membros das famílias, as quais, em geral, passaram a ter menos filhos ao longo do século XX. Uma população jovem numerosa, só se tornou empecilho ao desenvolvimento das atividades econômicas nos países subdesenvolvidos porque não foram realizados investimentos sociais, principalmente em educação e saúde. Mais pessoas com acesso à educação e com renda significa um maior mercado consumidor, o que estimula o desenvolvimento econômico.
Karl Marx - suas ideias inspiraram os defensores da teoria reformista
  A falta de investimentos em educação gerou um imenso contingente de mão de obra sem qualificação, que continuamente ingressa no mercado de trabalho, além de muitos que não conseguem uma vaga e sobrevivem do subemprego. Tal realidade tende a rebaixar o nível médio da produtividade por trabalhador, assim como os salários dos que estão empregados, e a empobrecer enormes parcelas da população desses países. É necessário o enfrentamento, em primeiro lugar, das questões sociais e econômicas para que a dinâmica demográfica entre em equilíbrio.
Subemprego - uma das consequências da falta de investimentos em educação
  Para os defensores da corrente reformista, a tendência de controle espontâneo da natalidade é facilmente verificável ao se comparar a taxa de natalidade entre as famílias pobres e as de maior poder aquisitivo. À medida que as famílias melhoram suas condições de vida - educação, assistência médica, acesso à informação etc. - permitindo uma diversificação dos projetos pessoais de seus membros, elas tendem a ter menos filhos.
Para os reformistas, a elevada taxa de natalidade é decorrente da falta de investimentos em  educação
  Quando o cotidiano familiar transcorre em condições de extrema pobreza e as pessoas não têm consciência das determinações econômicas e sociais às quais estão submetidas, vivendo de subempregos, em submoradias e subalimentadas, como esperar que elas tenham acesso à informação e assistência de saúde para poderem planejar o número de filhos que desejam?
Subdesenvolvimento - para os reformistas é uma consequência da exploração dos países desenvolvidos nos países subdesenvolvidos
  Enfim, a teoria reformista é a mais realista dentre as três, por analisar os problemas econômicos, sociais e demográficos de forma sensata, partindo de situações concretas do dia a dia das pessoas.
TEORIA ECOMALTHUSIANA
  Essa teoria é uma corrente gerada a partir da teoria neomalthusiana que relata os prejuízos nos recursos naturais a partir do grande crescimento populacional. De acordo com os seguidores dessa teoria, o rápido crescimento populacional provoca a remoção de recursos naturais de seu devido lugar, trazendo em curto e em longo prazo, grandes problemas ambientais.
Desmatamento e queimadas - dois graves problemas ambientais que destroem os recursos naturais do planeta
  A maior biodiversidade do planeta está concentrada na zona intertropical, local onde se concentra os países mais pobres. Dessa forma, o desmatamento ocorrido pelo crescimento dessas localidades devasta de forma irreversível os recursos naturais. Existem regiões onde o ecossistema é frágil, o que evidencia a necessidade de cuidados especiais em tais localidades. Porém, o crescimento demográfico desses locais pressiona fortemente o sistema natural.
Florestas - locais de maior biodiversidade do planeta
  O controle populacional é a forma de preservação apresentada por seguidores dessa teoria. É importante evidenciar que não se deve responsabilizar a pobreza pela degradação ambiental e sim a falta de planejamento e estrutura para alojar as pessoas. Deve-se buscar formas de viver sem devastar o meio ambiente e encontrar outras de conscientizar a população sobre a sua importância e os danos provocados pela devastação da mesma.
Fonte: SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil, volume 3: espaço geográfico e globalização: ensino médio/Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. - São Paulo: Scipione, 2010.

5 comentários:

Unknown disse...

Parabéns professor , explicou bem o q eu queria saber , obrigado , meu trabalho vai ficar bastante explicado graças ao seu comentário!!!
Obrigado , Patrício Carlos!

Unknown disse...

Obrigado me ajudou muito professor!
Grato , Patrício Carlos!

Marciano Dantas de Medeiros disse...

Ok, Patrício Carlos, obrigado por acessar o meu blog e se precisar de algum assunto estou à disposição.

Unknown disse...

Perfeito Trabalho de Pesquisa professor, esse assunto deveria ser abordado infinitamente , por que mostra a realidade , profundidade e a importancia do conhecimento no cotidiano social.

Unknown disse...

Assunto bem abordado.

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