sexta-feira, 29 de julho de 2011

A ESTRUTURA GEOLÓGICA E OS RECURSOS MINERAIS

  Até os dias de hoje, não uma informação muita  detalhada sobre o interior da Terra. As formas mais comuns de se explorar o subsolo são perfurando poços, escavando minas, investigando cavernas ou fazendo sondagens. A perfuração mais profunda feita até hoje atingiu cerca de 13 quilômetros, praticamente nada se comparada ao diâmetro do planeta.
  As informações conseguidas de forma direta pelos pesquisadores dizem respeito a uma área muito próxima da superfície terrestre. Elas são obtidas por meio do estudo de materiais que saem dos vulcões e das perfurações e, principalmente, pela análise de informações colhidas por sismógrafos que captam ondas sísmicas.
Vulcões - a melhor forma de se pesquisar o material encontrado no interior da Terra
  A partir de estudos dessa natureza concluiu-se que a Terra é formada por três grandes camadas: crosta, manto e núcleo.
AS CAMADAS DA TERRA
  Desde sua origem, há aproximadamente 4,5 bilhões de anos, a Terra passou por inúmeras transformações. No início nosso planeta era uma massa incandescente que foi esfriando muito lentamente. A solidificação do magma deu origem às rochas magmáticas que formaram a crosta terrestre. Essa camada tem uma profundidade máxima de 35 km.
  Com a superfície solidificada, as partes mais elevadas da Terra foram, também, sofrendo um processo de desgaste e erosão. As partículas (sedimentos) que iam sendo desagregadas das partes mais altas pela ação da água e do vento eram depositadas nas áreas mais baixas, formando grandes depósitos desses sedimentos (bacias sedimentares), dando origem às rochas sedimentares.
  Abaixo dessa crosta sólida, há uma camada de material pastoso, muito quente, o magma. Essa camada denominada manto, é responsável pela liberação de lavas e gases para a superfície, que causam derramamento de lavas nos continentes e nos oceanos, quando há explosões vulcânicas. Essa camada vai de aproximadamente 35 km até 2.900 km.
  Nessa camada está a Descontinuidade de Mohorovicic, também chamada de Moho.
  Imediatamente após o manto, está o núcleo da Terra, também chamado de nife, em função de sua composição de níquel (Ni) e ferro (Fe). Essa camada apresenta profundidade que vai de 2.900 a 6.370km, podendo atingir temperaturas em torno de 5.000 ºC.
AS PLACAS TECTÔNICAS
  Inicialmente, imaginava-se que a crosta terrestre fosse formada por uma placa inteiriça e sem movimento que cobria todo o manto. No entanto, a incrível semelhança entre o contorno das costas da América do Sul e da África levou muitos pesquisadores a pensar que em tempos remotos todos os continentes estivessem unidos e que, com o tempo, passaram a se deslocar.
  Em 1912, o geólogo alemão Alfred Wegener (1880-1930) propôs uma teoria denominada Deriva dos Continentes. Segundo essa teoria, há aproximadamente 200 milhões de anos a superfície terrestre era formada por apenas um grande bloco denominado Pangeia. Com o passar do tempo, essa enorme superfície foi se dividindo até chegar à disposição em que se encontram os continentes atualmente.
  Wegener reuniu evidências para justificar sua teoria no livro intitulado A origem dos continentes e oceanos. Nele, apresentava fósseis de animais marinhos que foram encontrados tanto no Brasil quanto na África. Dada a fragilidade desses animais que viveram há milhões de anos, descobriu-se que eles não teriam condições de ter atravessado o oceano, concluindo-se que eles viveram em uma mesma região. Ele também descobriu restos de vegetais que permitiram a constatação de que a África e a costa brasileira já tinham sido unidas.
Alfred Wegener
  Essa teoria ficou esquecida até a metade do século XX, quando foi resgatada pelos pesquisadores. Sua reabilitação deu-se em virtude de novos estudos e da descoberta, em continentes diferentes, de outros fósseis animais e vegetais com características semelhantes. A partir daí, foi desenvolvida a teoria das placas tectônicas.
  Essas placas são grandes porções da crosta terrestre que flutuam sobre o manto, afastando-se ou chocando-se entre si.
  Segundo essa teoria, as placas tectônicas se movimentam sobre o magma. O material incandescente do interior da terra "vaza" pelas suas bordas, por fendas, principalmente no fundo dos oceanos, nos locais de contato entre elas.
  Nas áreas de contato entre as placas ocorrem enormes pressões, com uma "empurrando" a outra. Por isso, nesses locais é comum a ocorrência de intensos terremotos, maremotos e encontramos a maioria dos vulcões em atividade na superfície do globo.
  A maior incidência de vulcões ocorrem em áreas de contato entre as placas tectônicas. A região com maior incidência de vulcões e terremotos é o Ocenao Pacífico, na área denominada de Círculo de Fogo do Pacífico.
Círculo de Fogo do Pacífico - área com maior incidência de vulcões e terremotos
OS AGENTES INTERNOS DA TERRA
  Os agentes internos são forças que atuam do interior para a superfície da Terra, muitas vezes com enorme violência e rapidez, e são responsáveis pela modificação da forma do relevo terrestre. São eles: os movimentos tectônicos, o vulcanismo e os terremotos.
MOVIMENTOS TECTÔNICOS
  Constitui-se em movimentos lentos, prolongados ou não, que ocorrem na crosta terrestre provocando deformações das rochas. Podem aparecer de duas formas: epirogênese e orogênese.
 Deslizamento de terra em San Diego causado por um terremoto em outubro de 2007
  A epirogênese corresponde aos movimentos verticais, que provocam rebaixamentos e soerguimentos da crosta, podendo vir acompanhados ou não de falhas (fraturas). No Brasil, uma evidência desse fenômeno é a formação das serras do Sudeste.
Mares de Morro - uma das consequências da epirogenia no Brasil
  A orogênese corresponde aos movimentos horizontais e ocorre em função das forças que atuam nas bordas das placas tectônicas, gerando cadeias de montanhas e provocando dobramentos e falhamentos de rochas.
  As grandes cadeias de montanhas como os Alpes, Apeninos, Cárpatos, Cáucaso, Himalaia, Rochosas e Andes são exemplos de dobramentos.
Cordilheira dos Andes - exemplo de movimento orogenético
VULCANISMO
  O temo vulcanismo vem de Vulcano que, segundo a mitologia romana, era o deus do fogo, ligado a vulcões e incêndios. Vulcano também era cultuado como deus das forjas. Tornou-se o ferreiro divino e instalou suas forjas no centro dos vulcões, sendo responsável por eles.
  Na Idade Média, os vulcões eram relacionados com o "fogo do inferno", oriundo das profundezas da Terra. Somente no século XIX, com o avanço da ciência, ficou estabelecido que os vulcões acontecem pela expulsão  de magma, cinzas e gases do interior do planeta até a superfície.
Ruínas de Pompeia, na Itália, que foi destruída pelas cinzas do vulcão Vesúvio, no ano de 79 d.C.
  O vulcanismo ocorre principalmente nas áreas de contato entre as placas tectônicas, onde a crosta é mais instável.
  Muitos vulcões entraram em atividade nos últimos séculos, causando enormes tragédias, como as erupções do Krakatoa, na Indonésia, responsáveis pela morte de mais de 36 mil pessoas nas vilas e cidades costeiras das ilhas de Java e Sumatra e o Vesúvio, na Itália.
Vulcão Kilauea, no Havaí - o vulcão mais ativo do mundo
  Outras evidências de vulcanismo são os gêiseres, fontes que expelem água e vapor superaquecidos para a superfície.
Gêiser na Nova Zelândia
  A atividade vulcânica não acontece só nos continentes, mas também nos oceanos, podendo originar ilhas. Um bom exemplo disso é o arquipélago do Havaí, no oceano Pacífico, onde se encontram muitos vulcões em atividades.
Arquipélago do Havaí
  Muitas ilhas e arquipélagos brasileiros também surgiram por atividades vulcânicas, como Fernando de Noronha, onde, ao contrário do Havaí, a formação se deu há milhões de anos, e o processo já foi interrompido.
Fernando de Noronha - arquipélago de origem vulcânica
  Atualmente, não existem registros de vulcanismo em nosso país que está distante das áreas de ocorrência desse fenômeno, ou seja, nas áreas de contato das placas tectônicas. Há cerca de 150 milhões de anos, ocorreu um enorme derrame de magma que cobriu parte do centro-sul do país, originando a formação de rochas eruptivas nessa região.
Solo de terra rôxa no Paraná - originado do derramamento de lavas vulcânicas
TERREMOTOS
  Outra manifestação muito noticiada nos movimentos internos da Terra são os terremotos.
  Os terremotos são tremores de terra que ocorrem na superfície da crosta terrestre. Esse fenômeno acontece com maior intensidade nas regiões de contato das placas tectônicas. Os abalos sísmicos, como também são conhecidos os terremotos, variam de intensidade, sendo alguns praticamente imperceptíveis e outros muito fortes.
Terremoto que praticamente destruiu a cidade de Porto Príncipe, no Haiti , em janeiro de 2010
  Muitos terremotos de forte intensidade que ocorreram em áreas povoadas causaram grandes tragédias. Em Tóquio e Yokohama, no Japão, em 1923, um terremoto provocou enorme destruição, tirando a vida de mais de 140 mil pessoas. Outras catástrofes foram registradas mais recentemente, em países como o Irã, a Indonésia, o Peru, a China, o Haiti, o próprio Japão, dentre outros.
Consequências do terremoto ocorrido em março de 2011 no Japão
  Pelo fato de ser difícil prever quando e onde ocorrerá um terremoto de grandes proporções, muitos países ricos situados em áreas de risco desenvolveram tecnologias com o objetivo de prevenir maiores danos. O Japão, criou técnicas avançadas na construção de prédios, visando amenizar as consequências desastrosas desses tremores.
Construções preparadas para suportar grandes terremotos - Japão
  Quem mais sofre com esses fenômenos são os países pobres, que além de não terem acesso a muitas dessas tecnologias preventivas, não têm condições médico-hospitalares para atender adequadamente suas populações após os estragos de um terremoto.
  Quando os tremores ocorrem no fundo dos oceanos, eles dão origem aos maremotos e podem originar ondas gigantescas que atingem as regiões costeiras: os tsunamis.
Tsunami que atingiu a costa da Indonésia em 2004
  Embora o Brasil se encontre distante de áreas de contato entre placas tectônicas, não está totalmente livre dos tremores de terra. Em nosso país esses tremores, embora de pequena intensidade, ocorrem pela propagação de abalos originados na região andina. Outro fator que tem provocado terremotos no Brasil são as acomodações de estruturas rochosas. Seu alcance, no entanto, é pequeno e raramente ultrapassa os 5 graus na escala Richter. Tremores mais recentes foram registrados no Ceará, Rio Grande do Norte, Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo.
Terremoto ocorrido em João Câmara (RN), em 1986 - destruiu grande parte das casas da cidade
AS ERAS GEOLÓGICAS
  A ciência que estuda a constituição e a evolução física da Terra é a Geologia. Nosso planeta surgiu há cerca de 4,5 bilhões de anos e que, no decorrer desse longo período, foi palco de inúmeras transformações, muitas das quais ainda estão sendo pesquisadas.
  Essas transformações, depois de pesquisadas e compreendidas pelos cientistas, possibilitaram uma divisão da idade da Terra em eras geológicas.
  No início, na era denominada Azoica (sem vida), a Terra era formada por gases tóxicos e lavas indandescentes que se solidificaram ao longo do tempo. A era Arqueozoica (vida arcaica) foi marcada por chuvas constantes e intensas, que deram origem aos oceanos e aos primeiros seres vivos. Na era Proterozoica houve uma grande emersão de minerais para a superfície, originando as grandes jazidas de minerais metálicos, como o ferro, o ouro e a prata.
Era Proterozoica - período em que houve a formação dos minerais metálicos
  Na era Paleozoica (vida antiga) ocorreram o surgimento dos peixes e anfíbios e a formação de grandes florestas que, mais tarde, foram sendo recobertas por sedimentos e fossilizadas, dando origem ao carvão mineral.
Era Paleozoica (Ordoviciano) - surgimento dos peixes e anfíbios
  A era Mesozoica (vida intermediária) foi marcada pelo surgimento dos primeiros mamíferos e pelo domínio dos dinossauros. Nessa era muitos animais e vegetais marinhos foram soterrados por sedimentos, o que deu origem ao petróleo. No Brasil ocorreram intensos derrames de lavas vulcânicas.
Era Mesozoica (período Jurássico) - domínio dos dinossauros
  Na atual era, a Cenozoica (vida recente), houve o desenvolvimento dos mamíferos e a formação das cadeias de montanhas (Andes, Rochosas, Himalaia, Alpes) e o surgimento da espécie humana.
Era Cenozoica (Pleistoceno) - surgimento dos mamíferos
AS ROCHAS
  As rochas são aglomerados formados por um ou mais minerais solidificados, enquanto pedra é a denominação dada popularmente aos fragmentos de rochas existentes na superfície terrestre.
  Segundo a sua origem, elas podem ser classificadas como: magmáticas, sedimentares e metamórficas.
ROCHAS MAGMÁTICAS OU ÍGNEAS
  São rochas formadas a partir do resfriamento e consolidação do magma originário do manto da Terra.
  Quando o magma se solidifica lentamente no interior do planeta, dá origem às rochas intrusivas ou plutônicas. O exemplo mais comum desse tipo de rocha é o granito.
Granito - rocha ígnea intrusiva ou plutônica
  Quando o magma expelido pelos vulcões se resfria na superfície terrestre, dá origem às rochas extrusivas ou vulcânicas. O basalto, é o exemplo mais comum desse tipo de rocha.
Basalto - rocha intrusiva ou vulcânica
  Quando o material magmático se espalha entre os vãos existentes entre outras rochas e se consolida a uma pequena profundidade da superfície, ele é denominado de rocha intermediária. Um exemplo desse tipo de rocha é o diabásio.
Diabásio - rocha intermediária
ROCHAS SEDIMENTARES
  Essas rochas se formam a partir da desagregação de outras rochas devido à ação do vento e das águas, principalmente. Os sedimentos são transportados e depositados em áreas mais baixas, sofrendo um processo de compactação. Devido à diferença no processo de erosão e de sedimentação, essas rochas estão dispostas em camadas de acordo com os materiais de origem, como o arenito, o calcário, o carvão mineral, entre outras.
Arenito - tipo de rocha sedimentar
ROCHAS METAMÓRFICAS
  As rochas metamórficas são resultados da transformação (metamorfismo) de uma rocha que já existia. Esse processo geológico ocorre devido às novas condições de temperatura, pressão ou atrito às quais estão submetidas. Um dos exemplos dessa rocha é o gnaisse - originário do granito - e o mármore - originário do calcário.
Mármore - exemplo de rocha metamórfica
OS MINERAIS
  As rochas são agregados naturais de um ou mais minerais. O granito, por exemplo, é um agregado de feldspato, mica e quartzo.
  Com exceção da água e do mercúrio, todos os outros minerais são encontrados naturalmente na forma sólida.
  O petróleo é geologicamente classificado como mineraloide, pois é constituído de matéria orgânica.
Quartzo - exemplo de mineral
  A utilização dos minerais possibilita avaliar a sua importância para a sociedade e permite também classificá-los. Eles são divididos em metálicos, como o ferro, manganês, bauxita, ouro, prata etc., e não metálicos, como o carvão, quartzo, rubi etc.
Bauxita - exemplo de mineral metálico
  Muitos minerais ganharam "status" de metais preciosos, como o ouro, a prata e os diamantes. Por serem raros na natureza e muito valorizados nas trocas comerciais, eles foram motivo de desbravamento de terras e alvo de muitas disputas. No período das Grandes Navegações, entre os séculos XV e XVI, muitos povos nativos da América e da África foram dizimados pelos europeus em busca de metais e de pedras preciosas.
Ouro - símbolo de riqueza e de problemas
  Com a Revolução Industrial, no fim do século XVIII, a necessidade de minerais se intensificou. A partir desse período outros recursos minerais passaram a ter importância, como o carvão mineral, usado como combustível para mover máquinas, e, posteriormente, o petróleo.
Carvão mineral - principal fonte de energia da Revolução Industrial
AS RESERVAS MINERAIS
  As reservas minerais não se distribuem de maneira regular pelo globo. Muitos países apresentam um subsolo rico em jazidas.
  Apesar de muitos países pobres possuírem grandes reservas minerais, nem sempre suas populações são as maiores beneficiadas com essas riquezas. Um exemplo disso são as nações do Oriente Médio, ricas em petróleo, mas cuja exploração não é revertida para a melhoria das condições de vida da maior parte de seus habitantes.
Produção de petróleo no Oriente Médio
  O Brasil possui grandes reservas de minerais em função da sua extensão territorial e das suas características geológicas. Destacam-se as reservas de ferro, bauxita (alumínio), estanho, ouro, petróleo, manganês, entre outras. Os minerais são de grande importância para a economia brasileira, pois, além de servirem para a produção de inúmeros bens industrializados, eles também são exportados para outros países, contribuindo para elevar o PIB brasileiro.
Mapa dos principais recursos minerais do Brasil
FONTE: Bigotto, José Francisco. Geografia sociedade e cotidiano: fundamentos do espaço geográfico, 6º ano / José Francisco Bigotto, Márcio Abondanza Vitielo, Maria Adailza Martins de Albuquerque. 2. ed. São Paulo: Escala Educacional, 2009.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

CAPITALISMO

  Capitalismo é um sistema socioeconômico que se desenvolveu na Europa com a crise do feudalismo e se expandiu econômica e territorialmente pelo mundo a partir do século XVI. Desde então vem se transformando: passou por diversas etapas marcadas por características diferentes no que tange às relações de produção e de trabalho, às tecnologias empregadas e às doutrinas que orientam seu funcionamento. É também chamado de economia de mercado.
  Nessa época, as trocas comerciais proporcionaram grande acúmulo de capitais, por isso a primeira etapa desse novo sistema econômico é chamada de CAPITALISMO COMERCIAL. A economia funcionava segundo a doutrina mercantilista, que defendia a intervenção governamental nas relações comerciais, a fim de promover a prosperidade nacional e aumentar o poder dos Estados, cujo poder político estava centralizado nas mãos dos monarcas. Neste período a riqueza e o poder de um país eram medidos pela quantidade de metais preciosos.
Ouro - durante o Capitalismo Comercial era o principal símbolo de riqueza dos Estados
  Durante a fase mercantilista do capitalismo, a exploração econômica das colônias proporcionaram grande acúmulo de capitais nos países europeus, principalmente a Inglaterra. Esse acúmulo inicial de capitais foi fundamental para a eclosão da Revolução Industrial, que marcou o começo de uma nova fase do capitalismo.
CAPITALISMO INDUSTRIAL
  Nas primeiras décadas do século XVIII, o Reino Unido da Grã-Bretanha (formado em 1707 com a unificação entre a Inglaterra e a Escócia), comandou uma grande transformação no sistema de produção de mercadorias, na organização das cidades e do campo e nas condições de trabalho que caracterizaram a Revolução Industrial.
Revolução Industrial - modificou o modo de vida da sociedade
  Um de seus aspectos mais importantes foi o aumento da capacidade de transformação da natureza, por meio da utilização de máquinas hidráulicas a vapor, com grande incremento no volume de mercadorias produzidas e consequente necessidade de ampliação do mercado consumidor em escala mundial.
  Esse período também foi marcado por uma crescente aceleração da circulação de pessoas e mercadorias, graças à expansão das redes de transporte terrestre e marítimo, com o trem e o barco a vapor.
Locomotiva - uma das novidades da Revolução Industrial
  O comércio não era mais a essência do sistema. Nessa nova fase, o lucro provinha principalmente da produção de mercadorias realizada por trabalhadores assalariados.
  Foi Karl Marx (1818-1883), um dos mais influentes pensadores do século XIX e XX, quem desvendou o conceito de mais-valia. A toda jornada de trabalho corresponde uma remuneração, que garantirá a subsistência do trabalhador. No entanto, o trabalhador produz um valor a mais do que recebe como salário. Essa quantidade de trabalho não pago permanece em poder dos proprietários das fábricas, lojas, fazendas, minas e outros empreendimentos. Dessa forma, em todo produto ou serviço está embutido esse valor, que é apropriado pelo dono desses meios de produção, permitindo o acúmulo de lucro pela burguesia.
Karl Marx
  O regime assalariado é, portanto, a relação de trabalho mais adequada ao capitalismo e se disseminou à medida que o capital se acumulava em grande escala nas mãos dos donos dos meios de produção, provocando uma crescente necessidade de expansão dos mercados consumidores. Ao mesmo tempo o trabalhador assalariado, além de apresentar maior produtividade que o escravo, tem renda disponível para o consumo. Por isso, a escravidão entrou em decadência e o trabalho assalariado passou a predominar.
Abolição da escravidão - contou com a ajuda dos capitalistas
  Após se consolidar no Reino Unido, no século XIX a industrialização foi se expandindo para outros países europeus, como a Bélgica, a França, a Alemanha, a Itália, alcançando os Estados Unidos e, de forma incipiente, o Japão, o Canadá e, mais tarde, no século XX, os hoje chamados países emergentes.
Máquina de fiar - acelerou a produção de tecidos
  Ao contrário do período mercantilista, na nova etapa do capitalismo era conveniente para a burguesia que a economia funcionasse segundo a lógica do mercado, com o Estado intervindo cada vez menos na produção e no comércio. A partir de então, caberia ao Estado tão somente garantir a livre iniciativa, a concorrência entre as empresas e o direito à propriedade privada.
  Consolidou-se, assim, uma nova doutrina econômica: o liberalismo. Essa nova visão foi sintetizada pelos representantes da economia política clássica, especialmente o economista britânico Adam Smith. Em seu livro mais célebre, A riqueza das nações (1776), defendia o indivíduo contra o poder do Estado e acreditava que cada um, ao buscar seu próprio interesse econômico, contribuiria para o interesse coletivo de modo mais eficiente. Por isso era contrário à intervenção do Estado na economia e defendia a "mão invisível" do mercado.
Adam Smith
  Os princípios liberais aplicados às trocas comerciais internacionais redundaram na defesa do livre-comércio, ou seja, da redução e até abolição das barreiras para a livre circulação de mercadorias, o que servia aos interesses do Reino Unido, país mais industrializado da época e interessado em abrir mercados para os seus produtos.
  No final do século XIX, mudanças importantes estavam acontecendo dentro das fábricas: a produtividade e a capacidade de produção aumentavam rapidamente, devido a introdução de nova máquinas e fontes de energia mais eficientes, como o petróleo e a eletricidade: aprofundava-se a especialização do trabalhador em uma única etapa da produção, e crescia a fabricação em série. Era o início da Segunda Revolução Industrial, quando o capitalismo entrou em sua fase financeira e monopolista, marcada pela origem de muitas das atuais grandes corporações e pela expansão imperialista.
Henry Ford - fundador da Ford e idealizador do modelo de produção em série
CAPITALISMO FINANCEIRO
  Uma das características mais importantes do crescimento acelerado da economia capitalista no final do século XIX foi a formação de grandes empresas industriais e comerciais, além do crescimento acelerado de bancos e outras empresas financeiras. A concorrência acirrada favoreceu as grandes empresas, levando a fusões e incorporações que resultaram na formação de monopólios e oligopólios em muitos setores da economia. Dentre essas empresas estão a British Petroleum (Reino Unido - 1909), Coca-Cola (Estados Unidos - 1886), Exxon (Estados Unidos - 1882), Fiat (Itália - 1899), General Eletric (Estados Unidos - 1892), General Motors (Estados Unidos - 1916), IBM (Estados Unidos - 1911), Mitsubish Bank (Japão - 1880), Nestlé (Suíça - 1866), Siemens (Alemanha - 1847), dentre outras.
Nestlé - empresa suíça
  Nesse período houve a introdução de novas tecnologias e novas fontes de energia no processo produtivo e criação dos primeiros laboratórios de pesquisa das atuais grandes corporações industriais. Pela primeira vez, tendo como pioneiros os Estados Unidos e a Alemanha, a ciência era apropriada pelo capital. A siderurgia avançou significativamente, assim como a indústria mecânica, graças ao aperfeiçoamento da fabricação do aço. Na indústria química, com a descoberta de novos elementos e materiais, ampliaram-se as possibilidades para novos setores, como o petroquímico. A descoberta da eletricidade beneficiou as indústrias e a sociedade como um todo, pois proporcionou o aumento da produtividade e a melhora na qualidade de vida. O desenvolvimento do motor a combustão interna e a consequente utilização de combustíveis derivados de petróleo abriu novos horizontes para as indústrias automobilísticas e aeronáuticas, possibilitando sua expansão e dinamização dos transportes.
Indústria Ford, no início do século XX
  Com o crescente aumento da produção e a industrialização expandindo-se para outros países, acirrou-se a concorrência. Era cada vez maior a necessidade de garantir novos mercados consumidores, acesso a fontes de energia, de matérias-primas e novas áreas para investimentos lucrativos.
  Foi nesse contexto do capitalismo que ocorreu a expansão imperialista europeia na África e na Ásia. Na Conferência de Berlim (1884-1885) as potências da Europa partilharam o continente africano entre elas. Na Ásia, extensas áreas também foram partilhadas, como a Índia, que passou a ser o território colonial britânico mais importante.
Imperialismo europeu na África
  A partilha imperialista estabelecida pelas potências industriais consolidou a Divisão Internacional do Trabalho (DIT), pela qual as colônias se especializaram em fornecer matérias-primas baratas para os países que então se industrializavam. Essa divisão, inicialmente delineada no capitalismo comercial, consolidou-se na fase do capitalismo industrial. Assim, estruturou-se nas colônias uma economia complementar e subordinada à das potências imperialistas.
  No final do século XIX também emergiram potências industriais fora da Europa com destaque para o Japão, na Ásia, e especialmente os Estados Unidos, na América.
Descoberta do primeiro poço de petróleo na Pensilvânia (EUA) em 1859 - fator esse que ajudou a elevar os Estados Unidos ao papel de potência econômica
  A expansão imperialista japonesa, como a europeia, foi marcada pela ocupação de territórios. Iniciou-se com a tomada de Taiwan após a vitória na Guerra Sino-Japonesa (1894-95), seguida pela ocupação da península da Coreia, em 1910, e da Manchúria (China), em 1931, entre outros territórios.
  O imperialismo americano sobre a América Latina foi um pouco diferente do europeu sobre a África e a Ásia e do japonês, também na Ásia. Enquanto nas colônias africanas e asiáticas as potências imperialistas mantiveram um controle político e militar direto, os norte-americanos exerceram um controle indireto, patrocinando golpes de Estado e apoiando a ascensão de ditadores locais favoráveis aos Estados Unidos. As intervenções militares eram localizadas e temporárias, como o controle exercido sobre Cuba de 1899 a 1902.
População cubana comemora nas ruas de Havana a declaração da República de Cuba em maio de 1902
  Neste período os bancos assumiram um papel mais importante como financiadores da produção. Incorporaram indústrias, que, por sua vez, incorporaram ou criaram bancos para lhes dar suporte financeiro.
  Ao mesmo tempo foi se consolidando, particularmente nos Estados Unidos, um vigoroso mercado de capitais. As empresas deixaram de ser familiares e se transformaram em sociedades anônimas de capital aberto, em empresas que negociam suas ações em bolsas de valores. Isso permitiu a formação das corporações da atualidade, cujas ações estão, em parte, distribuídas entre milhares de acionistas. Em geral, essas grandes empresas têm um acionista majoritário, que pode ser uma pessoa, uma família, uma fundação, um banco ou uma holding, ao passo que pequenos investidores são proprietários do restante, muitas vezes milhões de ações.
Petrobras - empresa brasileira e uma das que mais cresce no mundo
  O mercado passou a ser dominado por grandes corporações, contribuindo para que o liberalismo permanecesse muito mais como uma ideologia capitalista. Na prática, a livre concorrência, característica da fase industrial, era bastante limitada. O Estado, por sua vez, passou a intervir na economia sobretudo como agente planejador, coordenador, produtor ou empresário. Essa atuação intensificou-se após a crise de 1929, que provocou uma acentuada queda da produção industrial e do comércio e aumento do desemprego em todo o planeta.
Crise de 1929 - foi um grande golpe para o sistema capitalista
  Em 1933, Franklin D. Roosevelt, então presidente dos Estados Unidos, pôs em prática um plano de combate à crise que se estendeu até 1939. Chamado de New Deal ("novo plano" ou "novo acordo"), foi um clássico exemplo de intervenção do Estado na economia. Baseado em um audacioso plano de construção de obras públicas e de estímulos à produção, visando reduzir o desemprego, o New Deal foi fundamental para a recuperação da economia norte-americana e, posteriormente, do restante do mundo. Essa política de intervenção estatal numa economia em que predominava o oligopólio ficou conhecida como keynesianismo, por ter sido o economista inglês John Maynard Keynes (1883-19946) seu principal teórico e defensor. Representou claramente uma contraposição ao liberalismo clássico, que até então permanecia como ideologia capitalista dominante. Keynes sistematizou essa política econômica em sua obra principal A teoria geral do emprego, do juro e da moeda.
  Superada a crise, com a retomada do crescimento da economia, especialmente após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), começam a se formar os grandes conglomerados capitalistas.
John M. Keynes - idealizador do keynesianismo
  Ao se transformar em conglomerados, as grandes corporações diversificaram os setores e os mercados de atuação. Expandindo-se pelo mundo, especialmente após a Segunda Guerra Mundial, transformaram-se em empresas multinacionais. Surgidas da tendência expansionista do capitalismo, essas empresas se caracterizam por desenvolver uma estratégia de atuação internacional a partir de uma base nacional, onde está sua sede e de onde controlam as filiais espalhadas por outros países.
Empresas multinacionais
  O desfecho da Segunda Guerra Mundial agravou o processo de decadência das antigas potências europeias, que já vinha ocorrendo desde o final da Primeira Guerra. Aos poucos, elas foram perdendo seus domínios coloniais na Ásia e na África e, com a destruição provocada pela guerra, houve o deslocamento do centro do poder mundial com a emergência de duas superpotências: os Estados Unidos e a União Soviética.
Guerra Fria - intensa disputa política, econômica, militar e ideológica entre as superpotências que emergiram da Segunda Guerra: EUA X URSS
  Do ponto de vista econômico, o pós-Guerra foi marcado por acentuada mundialização da economia capitalista, sob o comando das multinacionais. Foi a época de gestação das profundas transformações econômicas pelas quais o mundo passou, sobretudo a partir do final dos anos 1970, com a Terceira Revolução Industrial e o processo de globalização da economia.
CAPITALISMO INFORMACIONAL
A REVOLUÇÃO INFORMACIONAL
  Com o início da Terceira Revolução Industrial, também conhecida como Revolução Técnico-científica ou Revolução Informacional, o capitalismo atingiu o seu período informacional. Essa nova etapa começou a se gestar no pós-Segunda Guerra, mas se desenvolveu sobretudo a partir dos anos 1970 e 80, quando, gradativamente, disseminaram-se empresas, instituições e diversas tecnologias - robôs, computadores, satélites, aviões a jato, cabos de fibras ópticas, telefones digitais, internet etc. - responsáveis pelo crescente aumento da produtividade econômica e pela aceleração dos fluxos de capitais, mercadorias, informações e pessoas.
Energia solar - advento da Terceira Revolução Industrial
  Nessa etapa os avanços tecnológicos potencializaram a produção industrial e o sistema financeiro. As novas tecnologias empregadas no processo produtivo, a exemplo da robótica, permitiram grande aumento da produtividade industrial e da diversificação dos produtos. Além disso, os avanços tecnológicos permitiram que os fluxos financeiros ocorressem sem a necessidade física do dinheiro, possibilitando um enorme crescimento do setor financeiro globalizado. Entretanto, a característica fundamental dessa etapa do desenvolvimento capitalista é a crescente importância do conhecimento. Os produtos e serviços têm um conjunto cada vez maior de conhecimentos a eles agregados, valorizando-os. A fabricação de um televisor ou automóvel, envolve uma série de conhecimentos específicos, além dos materiais e da mão de obra (que está cada vez mais qualificada). Produtos e serviços têm uma nova característica - seu crescente teor informacional. Mas o conhecimento também vai se incorporando ao território, constituindo o que o geógrafo Milton Santos chamou de meio técnico-científico-informacional que aparece predominantemente nos países desenvolvidos e nas regiões mais modernas dos emergentes.
Robotização - outra característica da Terceira Revolução Industrial
  Os países que estão na vanguarda da revolução informacional são aqueles que lideram a pesquisa e desenvolvimento (P & D), com destaque para os Estados Unidos. Esse país é o que mais investe em P & D em termos absolutos, o que possui o maior número de pesquisadores, que mais publica artigos técnicos e científicos em revistas especializadas e que obtém as maiores receitas com royalties e licenças sobre as tecnologias que desenvolve.
Pesquisa e desenvolvimento (P & D) - outra característica da Terceira Revolução Industrial
  Atualmente, as empresas de alta tecnologia estão próximas a universidades e centros de pesquisas, onde se desenvolvem os parques tecnológicos ou tecnopolos. Nesses centros industriais, há grande concentração de indústrias de informática, telecomunicações, robótica e biotecnologia, entre outras de alta tecnologia. Os parque tecnológicos são o exemplo mais evidente do meio técnico-científico-informacional.
Parque Tecnológico de Software Zhongguancun (ZGC Software Park) em Pequim - China
  Desde a década de 1970, está havendo uma verdadeira revolução nas unidades de produção, nos diversos setores e nas residências. Grande parte dessa revolução deve-se a uma pequena peça de silício chamada chip, que possibilitou a construção de computadores mais rápidos, precisos e baratos. O desenvolvimento de satélites e de cabos de fibra óptica, entre outras tecnologias, tem permitido grandes avanços nas telecomunicações. As tecnologias de informação (TI) têm facilitadoo gerenciamento de dados e acelerado o fluxo de capitais, mercadorias e informações em escala mundial por diversos meios, entre os quais se destaca a internet.
Cabos de fibra óptica - maior informação em menos tempo
  Com a aceleração contemporânea, o capitalismo atingiu o estágio planetário, a atual fase de globalização. Desenvolve-se um mundo cada vez mais integrado por modernos meios de transportes e telecomunicações. Por isso, vivemos em um capitalismo informacional-global. Entretanto, a globalização e seus fluxos abarcam o espaço geográfico mundial de forma bastante desigual, pois alguns países e regiões estão mais integrados que outros e os "comandantes" desse processo estão concentrados em poucos lugares.
Globalização - o mundo cada vez mais global
FONTE: Sene. Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil, volume 2: espaço geográfico e globalização: ensino médio / Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. São Paulo: Scipione, 2010.

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