quarta-feira, 20 de julho de 2011

A ÁFRICA AUSTRAL E OS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA: ANGOLA E MOÇAMBIQUE

  A África Austral é a parte do continente mais ao sul. Como as outras regiões africanas, esta também se destaca pela presença de grandes reservas minerais, muito importantes para a economia mundial.
  A África do Sul, país mais industrializado da região, é rica em cromo, ouro ou platina, sendo um dos maiores exportadores mundiais desses minérios.
Trabalhadores exploram minérios em uma mina da África do Sul
  Essas riquezas também são fundamentais para a economia de outros países da região, como o Zimbábue, e por isso, esses países despertam forte interesse de grandes grupos econômicos internacionais.
  As características atuais dos espaços geográficos da África Austral resultam das mudanças políticas e econômicas ocorridas nesses territórios.
  As antigas colônias portuguesas de Angola e Moçambique são exemplos dessas bruscas alterações.
  Desde o final da Segunda Guerra Mundial, uma grande parte da população angolana desejava a independência em relação à Portugal. Esse sentimento de liberdade era fortalecido pelo fato de que a maioria das colônias africanas estavam conseguindo autonomia nas décadas de 1950 e 1960. No caso de Angola, o governo português não aceitava a independência do país e combatia ferozmente à guerrilha.
Combatentes angolanos
  O governo português defendia os interesses de ricos proprietários de terras, que exportavam alimentos para a Europa, e de poderosas empresas mineradoras, que extraíam diamantes, quartzo, manganês, ferro, cobre e zinco, produtos vitais para a indústria dos países ricos.
  Angola é o segundo maior produtor de petróelo e exportador de diamantes da África Subsaariana.
Diamante - uma das riquezas minerais de Angola
  Após anos de luta, em 1975 os angolanos conseguem sua independência. Mas internamente a situação era tensa, pois o governo optou pelo socialismo, e isso significava a desapropriação de todas as reservas naturais, que estavam nas mãos de estrangeiros naquela época. Elas passariam ao controle do governo angolano. Nesse período vivia-se a Guerra Fria; os países capitalistas não aceitaram essa situação e passaram, a apoiar a Unita, grupo armado de oposição ao governo socialista de Angola.
Angolanos comemoram a independência de Angola em 1975
  A partir de 1989 sucederam-se em Angola acordos de paz entre a Unita e o governo, sempre seguidos do recomeço das hostilidades. Em junho de 1989, na República Democrática do Congo, a Unita e o governo estabeleceram uma nova trégua: a paz durou apenas dois meses.
Membros da Unita
  Em 1993 o Conselho de Segurança da ONU embargou as transferências de armas e petróleo para a Unita. Então, tanto o governo como a Unita concordaram em parar com novas aquisições de armas, mas a Unita quebrou o acordo. Em dezembro de 1998, Angola retornou ao estado de guerra aberta, que só terminou em 2002, com a morte de Jonas Savimbi, líder da Unita.
  Com a morte do líder histórico da Unita, o movimento iniciou negociações com o governo de Angola para deposição das armas, deixando de ser um movimento armado e assumindo-se como mera força política.
Jonas Savimbi - principal líder da Unita
  Durante os anos de conflito, os grupos rivais usavam minas terrestres para evitar o avanço dos oponentes. As minas terrestres são artefatos de alta destruição escondidos no solo que explodem quando são tocados, podendo aleijar ou matar.
Angolano vítima de minas terrestres
  Em algumas regiões, minas colocadas entre 1977 e 2002 explodem ainda hoje onde brincam crianças e jovens, geralmente quando estão jogando bola, correndo, empinando pipas etc.
  O número de jovens mutilados em Angola é um dos maiores do mundo e a pior tragédia nacional. Faltam tratamentos, próteses e ajuda para vítimas. Existem esforços para desativarem as minas, mas a falta de um mapeamento de sua localização pode fazer com que o processo de desarme desses artefatos demore por um bom tempo.
Homem caçando minas terrestres em Angola
  Com o aumento dos preços internacionais do petróleo, as valiosas reservas de Angola - concentradas no litoral norte - atraíram o interesse das grandes companhias petrolíferas e um impressionante volume de investimentos estrangeiros.
  Como Angola é um país extremamente pobre, exporta quase 90% do que produz. Isso ocorre em função da pouca industrialização e do baixo consumo de energia per capita. Para tentar desenvolver a economia do país, o governo está investindo na construção de uma infraestrutura capaz de atrair grandes empresas.
Orla marítima noturna  de Luanda
  Em Angola existem poucas estradas de rodagem e uma pequena malha ferroviária; por isso, as obras mais importantes visam fortalecer o sistema energético e de transportes do país. É nessa área que vem crescendo a parceria comercial entre Brasil e Angola nos últimos anos, inclusive com a participação brasileira em grandes obras, como hidrelétricas e rodovias.
Hidrelétrica de Capanda, construída pela empresa brasileira Odebrecht
  O caso de Moçambique guarda muitas semelhanças com Angola. Rica em minérios, também optou pelo socialismo na década de 1970. Recentemente, o governo moçambicano realizou uma série de reformas que permitiram a chegada de capital transnacional ao país para dinamizar ainda mais a economia.
  O território moçambicano tem rios caudalosos que permitiram a construção de enormes hidrelétricas. Elas hoje são fundamentais, pois representam uma parte considerável da renda do país, que exporta energia para os países vizinhos.
Usina hidrelétrica de Cabora Bassa em Moçambique
  Além disso, Moçambique tem terras férteis que recebem chuvas ao longo de todo o ano, permitindo diversificar a produção de alimentos.
  Mesmo assim, a pobreza ainda é muito grande no país: quase 50% dos habitantes vivem em situação de miséria absoluta.
  Da mesma forma que em outros lugares, as desigualdades se refletem nas diferenças entre a cidade e o campo. Em Maputo, capital do país, a pobreza extrema atinge 15% da população, enquanto na província de Zambézia, no centro norte, o índice chega a mais de 65% da população. Com o fim da colonização, muitas terras estavam desastadas pelo uso intensivo no sistema plantation e não havia recursos para retomar uma produção crescente. A região estagnou, deixando sua população em estado de pobreza.
Assim como na maioria dos países africanos, a miséria atinge grande parte da população moçambicana
VEJA ALGUNS DADOS DESSES PAÍSES
ANGOLA
NOME OFICIAL: República de Angola
INDEPENDÊNCIA: 11 de novembro de 1975 (de Portugal)
LOCALIZAÇÃO: costa ocidental da África Austral
CAPITAL: Luanda
Pôr-do-sol em Luanda
ÁREA: 1.246.700 km² (22º)
POPULAÇÃO (ONU - 2011): 12.531.357 habitantes (69º)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA (ONU): 10,05 hab./km² (187º)
CIDADES MAIS POPULOSAS (2006)
Luanda: 2.776.125 habitantes
Luanda - capital e maior cidade de Angola
Huambo: 226.177 habitantes
 
Huambo - segunda maior cidade de Angola
Lobito: 207.957 habitantes
 
Lobito - terceira maior cidade de Angola
LÍNGUA: português (oficial), línguas regionais (umbundo, quimbundo, quicongo, ovimbundo, dentre outras) 
IDH (ONU - 2010): 0,403 (146º)
PIB (FMI - 2010): U$ 85,315 bilhões (62º)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2005/2010): 42,7 anos (190º)
MORTALIDADE INFANTIL (ONU - 2005/2010): 131,9 / mil (192º)
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA WORLD FACTBOOK - 2008): 57% (100º)
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (PNUD - 2007/2008): 67,4% (142º)
MOEDA: Kwanza
RELIGIÃO: cristianismo (70,1%); religiões tribais (29,9%) 
DIVISÃO: Angola tem a sua divisão administrativa composta por 18 províncias. A divisão administrativa do território mais pequena é o bairro na cidade, enquanto que nos meios rurais é a povoação.
1. Bengo 2. Benguela 3. Bié 4. Cabinda 5. Kuando-Kubango 6. Kwanza-Norte 7. Kwanza-Sul 8. Cunene 9. Huambo 10. Huíla 11. Luanda 12. Lunda-Norte 13. Lunda-Sul 14. Malanje 15. Moxico 16. Namibe 17. Uíge 18. Zaire
MOÇAMBIQUE
NOME OFICIAL: República de Moçambique
INDEPENDÊNCIA: 25 de junho de 1975 (de Portugal)
LOCALIZAÇÃO: costa oriental da África Austral
CAPITAL: Maputo
Rua de Maputo
ÁREA: 801.590 km² (34º)
POPULAÇÃO (ONU - 2011): 22.948.858 habitantes (49º)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA (ONU): 28,62 hab./km² (158º)
CIDADES MAIS POPULOSAS (2007)
Maputo: 1.178.116 habitantes
Maputo - capital e maior cidade de Moçambique
Matola: 671.556 habitantes
Matola - segunda maior cidade de Moçambique
Beira: 431.583 habitantes
Beira - terceira maior cidade de Moçambique
LÍNGUA: português (oficial); línguas regionais (ronga, changã, muchope)
IDH (ONU - 2010): 0,284 (165º)
PIB (FMI - 2010): U$ 9,893 bilhões (122º)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2005/2010): 42,1 anos (194º)
MORTALIDADE INFANTIL (ONU - 2005/2010): 95,9 / mil (177º)
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA WORLD FACTBOOK - 2008): 37% (144º)
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (PNUD - 2007/2008): 38,7% (169º) 
MOEDA: Metical 
RELIGIÃO: religiões tribais (47,8%); cristianismo (38,9% - católicos: 31,4%, outros cristãos: 7,5%); islamismo (13%); outros (0,3%) 
DIVISÃO: Moçambique está dividido em 11 províncias:
1. Niassa 2. Cabo Delgado 3. Nampula 4. Zambézia 5. Tete 6. Manica 7.  Sofala 8. Gaza 9. Inhambane 10. Maputo 11. Cidade de Maputo
FONTE: Tamdjian, James Onnig. Estudos de geografia: o espaço do mundo II, 9° ano / James Onnig Tamdjian, Ivan Lazzari Mendes. -- 1. ed. -- São Paulo: FTD, 2008 (Coleção estudos de geografia).

Um comentário:

Anônimo disse...

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