sexta-feira, 30 de março de 2012

FOME E SAÚDE NA ÁFRICA

  A fome é uma das consequências da precária estrutura econômica da maioria dos países africanos. Antes de mais nada, é preciso realçar que, para que a fome se instale, não é preciso haver fome nem guerras civis, pois é frequentemente a sua ocorrência em áreas úmidas e sem conflitos.
  Isso acontece porque parcelas da população não dispõem de rendimentos suficientes para adquirir os alimentos de que necessitam para sobreviver. É evidente, entretanto, que a ocorrência de secas e guerras complica ainda mais a situação dessas pessoas.
Fome - uma das principais causas de morte na África
  Embora vários países de diversos continentes apresentem situações de carência alimentar - consumo de alimentos abaixo do mínimo considerado necessário -, os casos mais graves se encontram na África.
  É grande o número de pessoas, em inúmeros países, afetadas pela fome, que necessitariam de ajuda alimentar para manter condições mínimas de sobrevivência. O drama de grandes parcelas da população africana é que essa realidade não se restringe à situação atual, pois existem áreas onde ocorreram eventos continuados de fome nos últimos 40 anos. A situação se meteu ainda mais grave com a ocorrência de conflitos que destroem áreas de lavouras e provoca o êxodo de milhões de pessoas. Desalojadas, só sobrevivem se obtiverem ajuda.
Mapa da fome no mundo
  Se parte das populações não consegue acesso a alimentação adequada, as consequências se fazem sentir de forma intensa na saúde das pessoas. A África é o continente onde os índices de esperança de vida ao nascer são menores; a grande maioria dos países apresenta uma expectativa de vida inferior a 55 anos, que é a mais baixa do mundo.
Mapa da expectativa de vida no mundo
  O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), elaborado pela ONU para todos os países, é uma síntese das condições de vida dos lugares que representa, pois leva em consideração as informações a respeito dos níveis de esperança de vida, de renda per capita e de escolarização. A maior parte dos países africanos apresenta IDH considerado baixo. Mesmo os países que apresentam melhor desempenho, conseguiram atingir apenas o nível médio.
Mapa do IDH na África
  A alta inciência de algumas doenças afetam negativamente os níveis de esperança de vida da população de vários países africanos e, em consequência, contribui bastante para o rebaixamento do IDH. Uma das doenças que preocupam já há duas décadas é a AIDS, pois o continente apresenta as mais altas taxas de infecção do mundo, com mais de 40 milhões de africanos infectados com a doença. Mais de 14 milhões de crianças perderam um ou ambos os pais em função de epidemia, criando uma legião de órfãos que não contam com qualquer assistência e orientação, o que torna ainda mais sombrias as perspectivas da epidemia.
Mapa da AIDS na África
  Além da AIDS, vários países africanos apresentam ainda uma taxa elevada de infecção por um conjunto de doenças denominadas genericamente "doenças tropicais", como a malária, a esquistossomose, a febre amarela e a doença do sono, entre outras. Em geral, são transmitidos por insetos cujo hábitat se situa predominantemente na região tropical.
  Não existem vacinas para a maior parte dessas doenças, mas existem tratamentos eficazes, além da prevenção, que deve ser feita sobretudo evitando a proliferação dos insetos e outros vetores que transmitem tais doenças. Mesmo a AIDS, apesar de ainda não ter cura, já apresenta níveis de mortalidade bem menores do que alguns anos, desde que seja feito o tratamento adequado, cuja maior limitação é o preço dos remédios.
Homem com AIDS na África do Sul
  Quando existem tratamentos possíveis para as doenças, a mortalidade passa a afetar sobretudo as parcelas da população que não têm condições financeiras para custeá-los. É necessário então que os governos dos países implementem programas de tratamento e prevenção abrangentes.
  Na África, a situação é mais grave no sul: Botsuana e Suazilândia apresentam uma taxa de infecção da população adulta superior a 37%. O maior número de pessoas infectadas localiza-se na África do Sul.
  A proliferação da AIDS na África está ligada à falta de informação e de divulgação a respeito das formas de propagação da doença, aliada às condições precárias de vida de grandes parcelas das populações.
Mapa da fome na África
FONTE: Carvalho, Marcos Bernardino de. Geografias do mundo: fronteiras, 8° ano / Marcos Bernardino de Carvalho, Diamantino Alves Correia Pereira. - 1. ed. renovada. - São Paulo: FTD, 2009.  - (Coleção geografias do mundo)

terça-feira, 27 de março de 2012

O SOCIALISMO DE MERCADO E O ESPAÇO CHINÊS

  A abertura da economia chinesa ao capitalismo internacional, provocou um  grande incremento da atividade industrial no país, sobretudo no setor de bens de consumo. Atualmente, a produção da indústria chinesa está entre as maiores do mundo, com destaque para o setor de produtos eletrônicos, que tem crescido aceleradamente nas últimas décadas.
Produtos chineses - espalharam-se rapidamente nas últimas décadas no mundo inteiro
  Um dos principais fatores que permitiram a arrancada da produção industrial na China foi a criação das chamada Zonas Econômicas Especiais (ZEEs), assim como a abertura de importantes cidades portuárias aos investimentos estrangeiros. Tanto as ZEEs quanto as cidades portuárias abertas ao capital externo constituem zonas de livre comércio, estabelecidas por meio de uma legislação mais flexível, com a redução ou até mesmo a isenção de impostos. Essas medidas visam a atrair investimentos estrangeiros e absorver as inovações tecnológicas desenvolvidas nos países mais avançados.
Xangai - uma das cidades portuárias da China
  As ZEEs e as cidades portuárias tornaram-se alvo de grande investimentos, realizados, sobretudo, por japoneses e norte-americanos. Os investidores também são atraídos pela existência de outras condições favoráveis, como o baixo custo da mão de obra e o gigantesco mercado consumidor chinês, que se apresenta como uma excelente oportunidade para o crescimento das empresas.
  Essas vantagens têm levado grande número de multinacionais a se instalar no país, o que vem contribuindo ainda mais para o ótimo desempenho da economia chinesa nos últimos anos.
Mapa da economia chinesa
  Os reflexos do capitalismo tornam-se cada vez mais evidentes na China, a começar pelo espaço geográfico desse país, que se tornou um imenso canteiro de obras, onde enormes edifícios são erguidos para abrigar shopping centers e novas empresas.
  As cidades, por sua vez, não foram organizadas para receber a numerosa frota de automóveis que vêm substituindo as bicicletas, meios de transporte tradicionais na China. As casas não têm garagem e as ruas não têm estacionamentos apropriados para carros.
Trânsito complicado nas ruas de Pequim - China
  Os hábitos da população chinesa têm mudado radicalmente.  As roupas cinza e azul-marinho impostas pelo socialismo vêm sendo substituídas por peças coloridas e, principalmente, pelo jeans. Boa parte da população chinesa teve seu nível de vida elevado, e passou a viver em moradias melhores, a se alimentar melhor e mesmo a ter acesso a eletrodomésticos básicos, como fogões, geladeiras e televisores.
  O consumismo também passou a fazer parte dos hábitos chineses. Possuir um cartão de crédito, um celular ou um carro tornou-se símbolo de status na China.
Loja do Mc Donalds na China - símbolo do consumismo no país
  Ainda que tenha alcançado altos índices de crescimento econômico, a China enfrentará grandes desafios nas próximas décadas, como conter o crescimento populacional, sobretudo nas áreas urbanas, aumentar a produção de alimentos no campo e diminuir o seu frenético ritmo de degradação do meio ambiente.
FONTE: Geografia espaço e vivência: o espaço geográfico mundial, 8° ano / Levon Boligian ... [et al.]. - 3 ed. São Paulo: Atual, 2009.

quinta-feira, 22 de março de 2012

A TERRA, O SOL E O UNIVERSO

A CURIOSIDADE MOVENDO A GEOGRAFIA
  Os seres humanos sempre se preocuparam em entender o mundo que os cerca. O Sol, a Lua e as estrelas já chamavam a atenção das sociedades primitivas. Porém, tentar entendê-los continua sendo um grande desafio em nossos dias. Mesmo diante das muitas dúvidas que ainda persistem com relação a esses astros, sabemos que são vitais para o nosso cotidiano.
  Quando os portugueses se lançaram aos oceanos, dando início à era das Grandes Navegações, nos séculos XV e XVI - o que resultou na descoberta e colonização do Brasil -, deixaram de navegar usando como referência apenas o contorno dos litorais.
OS PORTULANOS
  Na Antiguidade, os chineses já se orientavam por meio de bússolas, que foram introduzidas na Europa por meio dos árabes.
  Por volta de 1300, os italianos já navegavam acompanhando a costa da península Itálica. Com o passar do tempo, foram desenvolvendo mapas. Esses mapas eram uma descrição do litoral, mais exatamente uma detalhada descrição dos portos marítimos. Por isso foram chamados de portulanos.
O mapa-múndi antes das Grandes Navegações
  A partir da observação do céu, os navegantes portugueses perceberam que a posição das estrelas mudava muito pouco ao longo do tempo. Portanto, se elas estavam praticamente imóveis no firmamento, poderiam servir como referência para estabelecer as rotas de viagem. Isso deu origem à navegação celeste, que já vinha sendo desenvolvida havia séculos por estudiosos e pesquisadores interessados pelos astros.
O FIRMAMENTO
  O espaço celeste visível ficou popularmente conhecido como firmamento. Isso se deve à posição fixa do céu, ou seja, ele era considerado um elemento "firme" na visão das pessoas de gerações passadas.
  Muitas civilizações antigas acreditavam que o Universo fosse assim: formado pela terra e pela esfera celeste. Assim, todos os astros - as estrelas, a Lua e o Sol - estariam posicionados na esfera celeste e se situariam à mesma distância da Terra.
De acordo com a Teoria Geocêntrica, a Terra era o centro do Universo e ao seu redor giravam os demais astros
  Essas ideias não são corretas, pois os astros estão tão distantes que as suas posições exatas em relação à Terra não podem ser determinadas a olho nu. Mesmo assim, foi possível aos navegantes recorrer aos astros para se orientar em alto-mar, pois, à medida que a Terra gira em torno do seu eixo, o céu parece acompanhar esse movimento.
  De fato, o Sol surge todos os dias a leste e desaparece a oeste. Isso também ocorre com as estrelas, os planetas e a Lua.
O nascer do Sol
  Utilizando a linha do Equador como referência, os navegantes puderam dividir o céu em dois hemisférios, norte e sul. E durante séculos orientaram suas viagens a partir dessa divisão.
  Assim, como o céu que avistamos aqui no hemisfério sul, aquele visto dos países do hemisfério norte também possui estrelas e constelações que foram usadas por muitos povos para orientar suas viagens. Uma das maiores referências de navegação nesse hemisfério é a Estrela Polar, que mantém sua posição no céu durante a maior parte do ano. Por isso, os viajantes seguiam em sua direção para se dirigir ao norte. Essa estrela constitui a extremidade da cauda da constelação Ursa Maior.
Estrela Polar - ponto de orientação para quem está no hemisfério norte
  E de onde vieram tantas estrelas e astros, que compõem o chamado Universo?
A ORIGEM DO UNIVERSO
  O termo Universo vem do latim e significa "todo, inteiro". Ou seja, o Universo é o conjunto de tudo, incluindo nessa imensidão o Sistema Solar e o nosso planeta, a Terra, que, em comparação, parecem minúsculos, quase imperceptíveis.
O Universo
  Durante anos a própria existência e a imensidão do Universo aguçaram a curiosidade do ser humano. Surgiram várias teorias para explicar o início da formação do Universo, mas muitas questões ainda não foram resolvidas.
  A explicação mais aceita para a origem do Universo é a teoria do Big Bang (grande explosão). Ela foi elaborada pelo estudioso belga Georges-Henri Lemaître (1894-1966) em 1939. Sua teoria se baseou em estudos do cientista russo Alexander Friedmann (1888-1925). Segundo esses estudos, tudo se originou de um átomo primitivo, que começou a se expandir. Na década de 1940, a teoria do Big Bang foi complementada pelo físico russo-norte-americano George Gamow (1904-1968), para quem o Big Bang ocorreu a partir do rompimento daquele átomo que acumulava tanta energia.
 
Big Bang (grande explosão) - teoria na qual deu origem ao Universo
A ASTRONOMIA COMO VOCAÇÃO
  As inúmeras pesquisas necessárias para consolidar essa teoria levaram a descobertas muito importantes para o progresso das atividades aeroespaciais. Um dos mais notáveis colaboradores nessa área foi Edwin Powell Hubble.
  Hubble nasceu em 1889. Estudou Direito mas se dedicou de corpo e alma a sua grande paixão, a Astronomia. Em 1919 começou a trabalhar no observatório Monte Wilson, nos Estados Unidos. Suas pesquisas confirmaram a teoria do Big Bang, influenciando todos os estudos astronômicos do século XX. Como homenagem, batizaram o telescópio espacial com seu nome. Esse telescópio consegue captar imagens diretamente do espaço, sem a distorção provocada pela grande camada de gases que envolve a Terra.
Edwin Powell Hublle
OS ELEMENTOS DO UNIVERSO
  Os especialistas acreditam que entre 1 e 2 bilhões de anos após a explosão do Big Bang começaram a se formar as galáxias, sistemas compostos de inúmeros e variados corpos celestes. As galáxias são formadas sobretudo por estrelas e planetas - além de muita poeira cósmica entre esses astros -, que exercem constante atração e repulsão uns sobre os outros, criando um conjunto equilibrado e harmonioso. O Sistema Solar, faz parte da galáxia denominada Via Láctea.
Via Láctea
OS COMETAS
  Cometas são pequenos corpos celestes formados principalmente por gelo, cuja origem remonta o surgimento do Universo. Suas órbitas são muito grandes, se comparada às dos planetas. Por isso muitos deles apresentam trajetórias que vão além do próprio Sistema Solar. Sua cauda luminosa pode estender-se por centenas de milhares de quilômetros.
  Na Antiguidade, inspiravam superstições e temores, e representavam entidades espirituais com poder sobre a humanidade.
  O cometa Halley foi o primeiro a ser reconhecido como periódico, passando próximo à Terra a cada 76 anos. Seu nome é uma homenagem a Edmond Halley, astrônomo inglês que o estudou a partir de 1696.
Cometa Halley
  O Sistema Solar é um conjunto de planetas, satélites e outros fragmentos do espaço que giram em órbita devido à força gravitacional do Sol, cuja massa é mil vezes maior que a de todos os planetas juntos. O Sol é uma estrela como uma infinidade de outras existentes no Universo. Contudo, para nós que vivemos na Terra, o Sol não é apenas mais uma estrela, mas a mais importante de todas, sem ela seria impossível a presença de vida na Terra.
Sistema Solar
  Devido à pequena distância que separa a Terra do Sol, (em comparação com a distância entre a Terra e outras estrelas), a luz emitida por essa estrela é tão itensa que, além de impedir a observação de outros astros durante o dia pode afetar os nossos olhos. Por isso, quando os astrônomos observam o Sol por meio de telescópios, equipam estes instrumentos com protetores.
  À noite, quando o céu está sem nuvens, é possível observar muitos outros sóis, que são as incontáveis estrelas dispersas por toda a abóboda celeste, também conhecida popularmente como firmamento ou simplesmente céu. Todas elas têm como característica comum a cintilação, ou seja, o brilho intenso e incessante, pois possuem luz própria.
Céu noturno
  O Sol está agrupado com mais de 100 bilhões de estrelas. Juntas formam a Via Láctea, uma galáxia que possui uma extensão de 100.000 anos-luz. Um ano-luz equivale à distância percorrida pela luz, no vácuo, em um ano, à velocidade de 299.792 km/s, e corresponde a aproximadamente 9 trilhões e 450 bilhões de quilômetros.
O ESPAÇO E O TEMPO NO UNIVERSO
  Quando admiramos o sol nascente ou o pôr-do-sol na linha do horizonte, estamos observando um fenômeno que ocorre há 8 minutos. Isso porque o nosso planeta se encontra 150 milhões de quilômetros do Sol. Assim, para chegar à Terra, a luz solar, cuja velocidade é de aproximadamente 300.000 km/s, demora 8 minutos.
UMA ESTRELA A APENAS QUATRO ANOS DE DISTÂNCIA
  A estrela mais próxima do Sol chama-se Alfa Centauro e está a 4,2 anos-luz da Terra. Portanto, essa estrela visível no céu agora é, na realidade, um brilho emitido há 4,2 anos.
Alfa Centauro
  Da mesma forma, detectamos hoje a luz das estrelas e outros corpos celestes muito distantes, situados a bilhões de anos-luz de nosso planeta. Telescópios poderosos, como o  Hubble, localizam estrelas e galáxias situadas a mais de 10 bilhões de anos-luz.
O SISTEMA SOLAR
  Estudos realizados até o momento já identificaram a existência de mais de 120 planetas no Universo, dos quais 8 integram o Sistema Solar.

Mercúrio
É o planeta mais próximo do Sol e o segundo menor do Sistema Solar, sendo 40% menor do que a Terra.
Vênus
Depois do Sol, é o corpo celeste mais brilhante visto da Terra. Sua superfície registra altas temperaturas, chegando a mais de 400°C.
Terra
É o terceiro mais próximo do Sol, é o planeta que abriga os seres humanos.
Marte
Tem a atmosfera mais parecida com a da Terra, possuindo até mesmo calotas polares e fenômenos climáticos semelhantes. Várias expedições não tripuladas já foram enviadas a esse planeta para pesquisas.
Júpiter
É o maior planeta do Sistema Solar, 318 vezes maior do que a Terra. Grande parte dele, no entanto, é formado por gases.
Saturno
É o segundo maior do Sistema Solar. A nave Voyager I, lançada em 1977, aproximou-se dele em 1980, o bastante para descobrir que sua atmosfera é composta principalmente por hidrogênio. Possui anéis formados por inúmeras pequenas partículas de gelo e pequenas rochas, cujo tamanho varia de alguns centímetros a alguns quilômetros de diâmetro.
Urano
É o terceiro maior planeta do Sistema Solar. Sua atmosfera é gasosa e também possui anéis, menos definidos que os de Saturno.
Netuno
É o quarto maior planeta em dimensão. Foi visitado pela nave Voyager II em 1989. Apresenta composição semelhante à de Urano e também possui fonte de calor interno.
Planetas do Sistema Solar
TERRA: UM PLANETA ESPECIAL
  Embora mais de 120 planetas já tenham sido localizados no Universo visível, estudos realizados até o momento apontam que o nosso planeta é diferenciado. A Terra é especial porque parece  ser o único dentre os planetas já indetificados a apresentar condições adequadas à vida da forma como a conhecemos, isto é, capaz de se reproduzir e dividida  nos reinos vegetal e animal.
  Destacam-se no planeta Terra três elementos principais:
  • a litosfera, parte solidificada e resfriada do planeta;
  • a hidrosfera, que compreende todos os recursos hídricos encontrados na litosfera e na atmosfera;
  • a atmosfera, que são os gases que envolvem a Terra.
Atmosfera terrestre
  A importância em se conhecer o espaço natural da Terra decorre do fato de ser nele e com ele que os seres humanos vivem e se relacionam. Além do mais, a resultante dessa interação entre natureza e seres humanos é a formação do espaço geográfico.
OS PLANETAS ANÕES
  Três corpos celestes - Plutão, Ceres e 2003 UB 313 ("Xena") - são considerados "planetas anões".
  Em 24 de agosto de 2006, a União Astronômica Internacional (UAI) considerou Plutão um planeta anão. Isso ocorreu porque um planeta deve obedecer a três critérios:
  1. orbitar o Sol;
  2. ter massa suficiente para assumir uma forma arredondada;
  3. estar livre de objetos em sua vizinhança.
  Até 2006, Plutão era considerado o menor de todos os planetas do Sistema Solar. Muito distante do Sol e, por isso, muito frio, era o único que ainda não havia sido visitado por uma nave espacial. Devido à grande distância do Sol e ao seu reduzido tamanho, Plutão é praticamente invisível. Mesmo o telescópio Hubble tem dificuldade de identificá-lo. Por isso, em janeiro de 2006, foi lançada a Sonda Novos Horizontes, que deverá estar próxima de Plutão no ano de 2015.
Plutão e sua lua Caronte
  Ceres, por sua vez, tem apenas 950 km de diâmetro. Apesar de ser um corpo celeste relativamente próximo da Terra, ainda é muito desconhecido dos cientistas.
Ceres - o pequeno corpo celeste localizado entre a Terra e a Lua
  Já o planeta anão 2003 UB313 (apelidado Xena, mas ainda sem nome definido) foi descoberto apenas em 2003. Acredita-se que sua superfície é totalmente recoberta por gelo e ainda pairam dúvidas quanto a suas reais dimensões.
FONTE: Tamdjian, James Onnig. Estudos de geografia: como funciona o mundo, 6° ano / James Onnig Tamdjian, Ivan Lazzari Mendes. -- São Paulo:FTD, 2008.

segunda-feira, 19 de março de 2012

A ECONOMIA BRASILEIRA A PARTIR DE 1985

  Do fim do regime ditatorial até os primeiros anos da década de 1990, o país enfrentava uma ciranda financeira e o aumento dos índices de inflação. Ao receberem seus salários, os trabalhadores corriam aos supermercados porque seu poder de compra se reduziu de maneira acelerada, e deixar para fazer as compras 15 dias depois significava uma redução de até 40% em seu poder aquisitivo.
  Assim, as famílias e os empresários tinham grande dificuldade de planejar suas ações futuras e a renda se concentrava aceleradamente, penalizando as camadas mais pobres da população e favorecendo as classes mais abastadas. isso se deu devido ao fim do período militar no Brasil e as mudanças econômicas que ocorriam no mundo inteiro nesse período.
 O PLANO CRUZADO
  Tancredo Neves, eleito indiretamente em 1985, não chegou a ser empossado porque faleceu. Nessa eleição, os eleitores foram os parlamentares - deputados federais e senadores - e representante dos partidos políticos que formavam o Colégio Eleitoral. Seu vice, José Sarney, que apoiou o regime militar desde seu início, assumiu o cargo de presidente em 15 de março do mesmo ano. Durante seu mandato ele preocupou-se em implementar reformas, visando estabilizar a economia e obter apoio popular.
José Sarney na época em que era presidente do Brasil
  Embora tenha implantado posteriormente outros três pacotes tentando estabilizar a moeda, seu governo ficou marcado pelo primeiro deles, o Plano Cruzado, lançado em 28 de fevereiro de 1986. Entre as principais medidas destacavam-se a troca da moeda nacional - mil cruzeiros passaram a valer um cruzado - e o congelamento de preços e dos salários. Com exceção do mínimo (que subiu 16%), todos os salários foram definidos com base no poder de compra médio dos últimos seis meses e acrescidos de um abono de 8%. As medidas, associadas à manutenção das datas de reajuste das categorias profissionais, ao aumento dos prazos de financiamento dos crediários para a compra de bens de consumo e ao controle da taxa de câmbio, promoveram rápido aumento no poder de compra dos assalariados.
Cruzado - a moeda adotada no Brasil durante o Plano Cruzado
  O plano contou com grande apoio da população e de parcela expressiva de economistas dos partidos de oposição. A população foi estimulada a denunciar os estabelecimentos comerciais, principalmente supermercados que aumentavam os preços de suas mercadorias desobedecendo o congelamento imposto pelo plano. As taxas de inflação tiveram uma queda vertiginosa, mantendo-se baixas até outubro de 1986, e levaram o PMDB, partido do presidente, a eleger os governadores de 22 das 24 unidades da federação (estados e o distrito federal) então existentes.
Manchete do jornal O Estado de São Paulo, em 1º de março de 1986
  Com o aumento da demanda, rapidamente começaram a sumir produtos das prateleiras, e a escassez - que em alguns casos era real, mas em outros era provocada por fabricantes e comerciantes que se recusavam a vender seus produtos pelo preço congelado - levou à cobrança de ágio na comercialização.
  Nessa época, como o Brasil possuía uma das economias mais fechadas do mundo ocidental (nossa abertura comercial se iniciou em 1990), não havia possibilidade de o governo liberar a importação de bens de consumo para combater o aumento dos preços. No caso da carne, os pecuaristas se recusavam a abater o gado e a escassez do produto criou um mercado paralelo, com a carne sendo vendida a preços muito superiores aos definidos pelo congelamento.
A carne foi um dos produtos que influenciou no fim do congelamento de preços
  O retorno dos reajustes de preços ocorreu com rapidez e, consequentemente, a inflação voltou a subir, em decorrência da:
  • cobrança de ágio na comercialização de produtos;
  • falta de concorrência dos produtos importados;
  • contínua elevação nas cotações do dólar em relação à moeda nacional - que provocava a elevação de preços em todos os produtos importados, como petróleo, trigo e máquinas;
  • manutenção do déficit público, que alimentava novamente a ciranda financeira.
  Logo após as eleições de outubro de 1986 (para a escolha de novos governadores, senadores, deputados federais e estaduais), foi lançado o Plano Cruzado II, com grandes reajustes nas tarifas públicas e forte aumento nos impostos indiretos, reduzindo o poder de compra da população. Em fevereiro de 1987 foi abolida o controle oficial de preços e a correção monetária voltou a ser mensal, para acompanhar o descontrole inflacionário, cuja consequência é a diminuição dos salários reais. Também foi decretada a moratória do pagamento da dívida externa, o que bloqueou imediatamente o ingresso de capital estrangeiro no país e criou grandes dificuldades de negociação no mercado internacional.
Com a volta da inflação era comum funcionários dos supermercados remarcarem diariamente o preço dos produtos
  Nos anos seguintes, o governo José Sarney se caracterizou por perda de popularidade e o lançamento de dois outros planos econômicos (Plano Bresser e Plano Verão), todos com sérios problemas para serem postos em prática. Apesar das sucessivas tentativas de controle, uma das principais heranças do governo Sarney foi uma altíssima inflação: 53% em dezembro de 1989, atingindo 85,12% em março de 1990, quando o mandato se encerrou.
  Ao longo da década de 1980, a ciranda financeira e as altas taxas de inflação, com a consequente perda do poder de compra dos salários, foram responsáveis por um período de estagnação na produção industrial e de baixo crescimento econômico (segundo o Banco Mundial, o PIB brasileiro cresceu em média 2,7% nos anos 1980). A necessidade de controlar a inflação e ajustar as contas externas - fortemente comprometidas com o aumento do preço do petróleo e das taxas de juros no mercado internacional - havia levado o governo Figueiredo, o último do regime militar, a se preocupar com ajustes de curto prazo na política econômica. O mesmo ocorreu na gestão de Sarney. Essa prioridade significou uma década inteira sem planejamento econômico de longo prazo, com exceção de alguns setores (política de reserva de mercado para informática e incentivo à exportação de celulose, por exemplo). Houve nesse período, uma queda de 5% na participação da produção industrial no PIB brasileiro.
Média de inflação do Brasil desde a década de 1930
  No campo da política econômica e do papel do Estado, o governo Sarney foi responsável por um incipiente processo de privatização de empresas estatais, começando a retirar o Estado do setor produtivo para concentrar sua ação na fiscalização e na regulamentação. Foram vendidas 17 empresas estatais, das quais as mais importantes foram a Aracruz Celulose, a Caraíba Metais e a Eletrossiderúrgica Brasileira (Sibra.
Aracruz Celulose - uma das primeiras empresas privatizadas durante o processo de abertura econômica do Brasil
O PLANO COLLOR
  Fernando Collor, eleito em 1990, foi o primeiro presidente a chegar ao poder via voto popular após o fim do regime militar. Um dia depois da posse, o novo governo lançou um plano de estabilização econômica que ficou conhecido como Plano Collor, baseado no confisco generalizado por 18 meses dos depósitos bancários em dinheiro superiores a 50 mil cruzeiros (cerca de R$ 6.700,00 em valores de janeiro de 2012 usando o IPCA como indexador, ou R$ 3.700,00 caso utilizasse o dólar como referência). Com isso a equipe econômica esperava reduzir o consumo e, consequentemente, frear a inflação. A falta de dinheiro em circulação reduziu a inflação, de 85%  em março para 14% em abril de 1990.
Fernando Collor de Melo na época que era presidente do Brasil
  A liberação antecipada dos recursos retidos poderia ser feita pelo Ministério da Fazenda, que estudava os pedidos caso a caso. Podiam ser liberados depósitos de empresas para pagamento de salários e dinheiro de pessoas doentes que necessitavam de tratamento médico, entre outros casos. Como haviam exceções que permitiram a liberação dos recursos bloqueados, aumentavam as pressões exercidas por políticos e lobistas para obtê-las, o que se tornou grande fonte de corrupção. As práticas de corrupção, comandadas pelo tesoureiro da campanha eleitoral de Collor, foram amplamente divulgadas pela imprensa. As demais empresas e trabalhadores receberam seu dinheiro de volta em 18 parcelas, que começaram a ser pagas após 18 meses  de confisco. Segundo cálculos divulgados na época, o poder de compra do dinheiro devolvido havia se reduzido em aproximadamente 40%, uma vez que os índices de reajuste utilizados foram menores que os da inflação.
População protesta contra as medidas praticadas pelo presidente Fernando Collor de Melo
  A permissão para elevação de preços de alguns serviços privados e tarifas públicas levou ao retorno da espiral inflacionária já no início de 1991, antes que o plano completasse seu primeiro ano. Os índices da inflação ocorrida após o Plano Collor foram menores que os índices anteriores a esse plano porque havia falta de dinheiro em circulação no mercado. A consequente recessão (em 1992 houve uma queda de 0,5% no PIB) levou a um grande aumento do desemprego e da economia informal, uma vez que o plano não promoveu crescimento econômico, distribuição de renda, nem combate ao déficit público.
  Além do confisco monetário, o Plano Collor apoiava-se em outros três pontos:
  • diminuição da participação do Estado no setor produtivo por intermédio da privatização de empresas estatais e da concessão à iniciativa privada da exploração de rodovias
  Essas medidas tiveram continuidade durante os governos de Itamar Franco (que sucedeu Fernando Collor) e Fernando Henrique Cardoso.
A ABERTURA COMERCIAL, A PRIVATIZAÇÃO E AS CONCESSÕES DE SERVIÇOS
  A entrada de máquinas e equipamentos industriais de última geração promoveu a modernização do parque industrial e o aumento da produtividade e, portanto, da capacidade de competição no mercado internacional; entretanto a modernização da produção causou grande elevação nos índices de desemprego estrutural.
  No setor de bens de consumo, a entrada de produtos importados de países que aplicavam elevados subsídios às exportações e pagavam baixíssimos salários (com destaque para a China, nos setores de calçados, têxteis e brinquedos) provocou a falência de muitas indústrias nacionais, contribuindo para elevar mais ainda o desemprego. A concorrência com mercadorias importadas, no entanto, fez com que a qualidade de muitos produtos nacionais melhorasse e provocou significativa redução dos preços, beneficiando os consumidores.
Com a abertura econômica, se proliferam as lojas de produtos importados no Brasil
  Na indústria automobilística, embora tenha havido grande redução no número de trabalhadores por unidade fabril, verificou-se significativo aumento do número de instalações industriais, com a entrada de novas fábricas que não produziam no Brasil (Honda, Toyota, Renault, Peugeot e outras) e novos investimentos de outras empresas que já estavam instaladas antes da abertura às importações, como a construção de uma nova fábrica da Ford em Camaçari (BA) ou da GM em Gravataí (RS). Com isso, o Brasil transformou-se no quinto produtor mundial de automóveis.
Fábrica da Honda em Manaus (AM)
  Até o início da década de 1990 existiam indústrias automobilísticas somente em São Paulo e Minas Gerais. Com a abertura econômica houve ampliação no número de fábricas e dispersão espacial. A diversificação de marcas nesse setor também foi característica importante deste momento.
  Tanto a privatização de empresas estatais quanto a concessão de exploração dos serviços de transporte, energia e telecomunicações a empresas privadas apresentaram aspectos positivos e negativos, dependendo da forma como foram realizadas as transferências e dos problemas relacionados à administração e fiscalização.
Manifestação no Rio de Janeiro contra a privatização da Vale do Rio Doce em abril de 1997
  A maioria das empresas privatizadas dependia de recursos do governo e não pagava diversos tipos de impostos. Ao privatizá-las, os governos federal, estaduais e municipais trocaram uma fonte de prejuízos por uma maior arrecadação de impostos. Por exemplo, no setor siderúrgico: a única estatal lucrativa era a Usiminas, que, estrategicamente, foi a primeira a ir a leilão, para que os investidores acreditassem na disposição de reforma estrutural do Estado brasileiro. Todas as demais companhias siderúrgicas - a Nacional (CSN), a de Tubarão (CST) e a Paulista (Cosipa, comprada pela Usiminas em 2009), entre outras - eram deficitárias. Atualmente são lucrativas, aumentaram o volume de exportação do país e pagam altas somas de impostos nas três esferas do governo.
Momento em que a Vale do Rio Doce era privatizada, em 6 de maio de 1997
  Nos setores de transportes e telecomunicações, além de as empresas serem deficitárias, os sistemas estavam completamente falidos e o Estado tinha dificuldade política e baixa capacidade de investimento para recuperá-los. As rodovias estavam em péssimo estado de conservação, e uma linha telefônica era considerada um patrimônio pessoal, chegava a custar 5 mil reais, praticamente 5 mil dólares no mercado paralelo em 1995. Além disso, as tarifas estavam completamente defasadas. Seu valor era estabelecido segundo conveniências políticas e manipulado para que não pressionasse as taxas de inflação, o que elevava o déficit público e acabava por alimentar a própria inflação.
  Com a privatização e a concessão de exploração dos serviços públicos, esses setores receberam investimentos privados, se expandiram e passaram a operar em condições melhores que anteriormente, à custa de aumento nas tarifas.
Com a privatização dos meios de comunicação ficou mais fácil ter um aparelho de telefonia móvel
  Na década de 1990, os governos eram acusados pelos partidos de oposição de vender o patrimônio do Estado e abandonar a infraestrutura nas mãos da iniciativa privada, com claro prejuízo para a população. Porém, desde aquela época até os dias atuais, o Estado continua legalmente comandando todos os setores concedidos e privatizados por intermédio da ação de agências reguladoras: Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Agência Nacional do Petróleo (ANP), Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), entre outras.
  Entretanto, as empresas de telefonia continuam com sérios problemas técnicos e de atendimento ao consumidor, prestando serviços com qualidade inferior à de congêneres dos países desenvolvidos, onde fica a sede de algumas delas. Não é raro os sistemas entrarem em pane e ocorrer desrespeito às normas legais de atendimento ao cliente. Frequentemente, as agências reguladoras levam multas, ou mesmo chegam a proibir a extensão do atendimento.
  Por meio dessas agências, o Estado brasileiro regula e fiscaliza os serviços e controla o valor das tarifas praticadas em cada um dos setores. O aumento no preço do pedágio, do pulso telefônico ou da energia elétrica obedece às condições estabelecidas nos contratos de concessão. Para aumentar os preços, as empresas concessionárias devem cumprir metas de investimento, comprovar aumento de custos ou registrar em contrato que o reajuste estará atrelado a algum índice de inflação. Em alguns casos, até o percentual de lucro que as empresas podem obter está estabelecido em contrato, como no caso da Ecovias, concessionária das rodovias Anchieta e Imigrantes (SP), cuja margem de lucro não pode ultrapassar 11% ao ano sobre o capital investido.
Rodovia dos Imigrantes na Serra do Mar em São Paulo
  Entre os casos de má gestão, tanto por parte do governo quanto das empresas concessionárias, destaca-se o da energia elétrica. Em 2001, foi imposto um racionamento à população e em 2009 ocorreu colapso no abastecimento que deixou quase todo o país sem energia elétrica por algumas horas (conhecido como "apagão"). Esses fatos se explicam pela falta de planejamento estratégico, fiscalização e investimentos no setor.
Apagão no Rio de Janeiro ocorrido em 10 de novembro de 2009
  Porém, a indexação de algumas tarifas públicas causa problemas à população. Como geralmente os salários não são indexados (os reajustes são negociados por setor e por sindicato), não acompanham os reajustes das tarifas, que ano a ano aumentam seu peso nos orçamentos familiares.
  Uma das principais críticas ao processo de privatização e concessão refere-se ao destino dado ao dinheiro arrecadado pelo Estado nos leilões - direcionados ao pagamento de juros da dívida interna, sem amortização do montante principal - e à desnacionalização provocada por esse processo.
  Com as privatizações e a abertura da economia brasileira, houve forte ingresso de capital estrangeiro em setores produtivos anteriormente dominados pelo Estado e por empresas de capital privado nacional. Com o ingresso do capital estrangeiro no setor produtivo, a economia brasileira reduziu sua dependência do capital especulativo, o que a tornou mais sólida e mais bem estruturada, mas aumentou a saída de dólares na forma de remessa de lucros e pagamento de royalties às matrizes das empresas que se instalaram no país. Para equilibrar a balança de pagamentos, as estratégias principais são o incentivo às exportações, ao aumento no fluxo de investimentos estrangeiros, à internacionalização de empresas brasileiras, entre outras.
A abertura econômica contribuiu para a entrada de investimentos estrangeiros
  Apesar do exposto, o Brasil ainda tem uma economia muito fechada do ponto de vista comercial quando comparada à de outros países,, tanto os desenvolvidos quanto alguns emergentes. Em 2008, sua participação mundial era de apenas 1,2% nas exportações e 1,1% nas importações, enquanto a participação dos Estados Unidos, por exemplo, era de 8,1% e 13,2%, e a da Coreia do Sul, que tem um PIB menor que o brasileiro, de 2,6% e 2,7%, respectivamente.
  Assim, a partir de 1990, os sucessivos déficits públicos se transformaram em superávits à custa de maior desnacionalização da economia, o que aumentou o fluxo de royalties e remessas de lucro. Em contrapartida, a acelerada modernização de alguns setores da economia fez aumentar a competitividade da nossa produção agrícola e industrial no mercado internacional.
A modernização da agricultura contribuiu para fortalecer o setor primário do Brasil
O PLANO REAL
  Com a renúncia de Fernando Collor, seu vice-presidente Itamar Franco, assumiu o comando do governo brasileiro por pouco mais de dois anos - de outubro de 1992 até o final de 1994. Nos primeiros sete meses de seu mandato três ministros passaram pela pasta da Fazenda, as taxas de inflação se mantiveram muito altas e o crescimento econômico muito baixo (segundo o Banco Mundial, entre 1990 e 1994, o PIB brasileiro cresceu apenas 2,2% em média).
Itamar Franco - ex-presidente do Brasil
  Em maio de 1993, o presidente transferiu seu ministro das Relações Exteriores, Fernando Henrique Cardoso, para o Ministério da Fazenda. A intenção era de colocar no cargo um político com livre trânsito entre os vários partidos políticos com representação no Congresso Nacional na época. O governo tentaria iniciar o processo de estabilização econômica por intermédio de uma negociação política, conduzida diretamente pelo ministro da Fazenda. A primeira medida adotada foi a de cortar três zeros da moeda corrente e passar a chamá-la de cruzeiro real - ato ineficiente, e de fundo meramente psicológico, que não reduziu a inflação.
  O Plano Real, que permitiu controlar a inflação depois de sete pacotes malsucedidos, foi lançado em março de 1994 e se baseava na paridade entre a nova moeda, o real, e o dólar, com cotação de R$ 1,00 = US$ 1,00. Para controlar o câmbio, o governo elevou as taxas de juros, com a intenção de atrair capitais especulativos do exterior e aumentar as reservas de dólares do Banco Central. Na lógica desse plano, à medida que se consolidasse a estabilização da moeda e o Congresso Nacional aprovasse as reformas estruturais necessárias ao controle do déficit público (principalmente a reforma da previdência, a tributária e a trabalhista), haveria maior ingresso de capitais produtivos e o Banco Central poderia reduzir as taxas de juros sem comprometer o desenvolvimento econômico.
  Antes da substituição do cruzeiro real pelo real, foi criada a Unidade Real de Valor (URV), cuja cotação diária acompanharia a cotação da moeda norte-americana. A partir de 1° de março de 1994 a URV passou a valer um dólar e a população deveria acompanhar a variação de preços nas cotações das duas moedas: o cruzeiro real, que perdia valor diariamente, e a URV, cujo valor deveria variar pouco. Na prática, a inflação em cruzeiro real era a inflação brasileira, mas a população não deveria aceitar aumento de preços em URVs, porque isso significaria inflação em dólar, que nos Estados Unidos era inferior a 5% ao ano. Depois de três meses, quando considerou aceitáveis os índices de inflação em URV, o governo substituiu o cruzeiro real pelo real e garantiu a conversão inicial da nova moeda pela cotação R$ 1,00 = US$ 1,00.
  Nos três primeiros anos de sua vigência, o Plano Real proporcionou grandes avanços ao país, o que garantiu a vitória de Fernando Henrique Cardoso nas eleições presidenciais de 1994 e 1998. De imediato houve aumento de 28% no poder aquisitivo da população de baixa renda, como resultado do controle da inflação, que nunca era repassada integralmente aos salários nas épocas de reajuste. Esse aumento no poder de compra incluiu no mercado muitas famílias que estavam abaixo da linha de pobreza, estimulando o crescimento na produção industrial.
Fernando Henrique Cardoso na época que era presidente do Brasil
  Entretando, alguns fatores obrigaram o Banco Central a manter elevado a taxa de juros:
  • a falta de empenho do governo e a conduta da oposição, contrários aos projetos de reforma enviados ao Congresso;
  • o déficit comercial resultante da manutenção de uma taxa de câmbio irreal;
  • a ocorrência de crises externas que reduziram o fluxo de dólares na economia brasileira.
  A manutenção dos juros altos inibe o desenvolvimento das atividades produtivas, ou seja, limita o crescimento do PIB. Nesse contexto, a partir de 1997, os ganhos de renda da população de menor poder aquisitivo foram praticamente anulados pelo aumento dos índices de desemprego e de inflação não repassada aos salários. Apesar de mantida em índices considerados aceitáveis, a inflação acumulada ano a ano reduziu o poder aquisitivo dos assalariados, concentrando ainda mais a renda.
  Ao longo da campanha eleitoral de 1998, o Brasil sofreu um forte ataque especulativo, o que levou o governo a abandonar o compromisso de manutenção das taxas de câmbio da época (aproximadamente R$ 1,30 por dólar) e em janeiro de 1999 houve uma maxidesvalorização do real: subiu cerca de R$ 1,60 para R$ 2,20. Essa nova cotação deu início a um aumento nas exportações e uma redução no volume de bens importados.
Saldo comercial do Brasil desde 1994
  A maxidesvalorização cambial do início de 1999 só permitiu saldos positivos na balança comercial brasileira a partir de 2001, pois as empresas precisam de um tempo relativamente longo para conquistar mercados, vender seus produtos e receber pelas vendas. Além da desvalorização cambial, não podemos esquecer que a modernização da economia contribuiu para o aumento da competitividade das empresas brasileiras.
  Num primeiro momento, essa desvalorização cambial provocou aumento da inflação, uma vez que produtos importados (como trigo, petróleo e equipamentos de comunicação e informática) ficaram mais caros e a população em geral, novamente, teve perda em seu poder aquisitivo. Depois que esse aumento foi repassado aos preços dos produtos, entretanto, a desvalorização cambial permitiu que vários setores industriais aumentassem a sua produção, porque muitos bens de consumo e de capital, anteriormente importados ficaram mais caros no mercado interno. Embora involuntária, esta foi uma prática de protecionismo. A redução no volume das importações, associada ao aumento nas exportações, reduziu - mas não eliminou - a vulnerabilidade da economia brasileira e sua dependência ao ingresso de capital estrangeiro.
  Ao longo do governo Fernando Henrique os índices de crescimento econômico foram baixos e o desemprego continuou elevado, na casa dos 10% da População Economicamente Ativa (PEA). Esses fatores, associado à consequente perda de poder aquisitivo dos assalariados a partir de 1997, colaboraram para a derrota de José Serra (PSDB), contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nas eleições de 2002. Durante a campanha eleitoral daquele ano e durante o período de transição entre o governo Fernando Henrique Cardoso e o de Lula, a moeda norte-americana novamente sofreu forte valorização especulativa, chegando a ser cotada a R$ 4,00.
Lula durante a sua posse ao lado do vice-presidente José Alencar e suas respectivas esposas
  Ao longo do novo governo, a cotação do dólar recuou para cerca de R$ 1,8 e as taxas de juros caíram para 8,75% ao ano (dados de janeiro de 2010), pois não houve mudanças bruscas quanto à política econômica vigente:
  • estabelecimento de metas para a inflação;
  • responsabilidade fiscal com aumento do superávit primário, que em 2002 aumentou de 3,75% para 4,25% do PIB;
  • elevação nas taxas de juros do Banco Central, atingindo 26,5% em abril de 2003, a partir de quando foi passando por lentas reduções;
  • manutenção do câmbio flutuante;
  • garantia de cumprimento dos contratos;
  • ampliação da rede de proteção social com aumento da transferência de renda para a população de baixo poder aquisitivo.
Bolsa Família - um dos programas sociais criados por Lula
  Nesse contexto, os índices de crescimento econômico apresentaram elevação em 2007 e 2008. Além de em linhas gerais dar continuidade à política econômica do governo Fernando Henrique Cardoso, o governo Lula tomou medidas que:
  • cessaram as privatizações e concessões de serviços públicos;
  • aumentaram os superávits comerciais;
  • ampliaram os programas de transferência de renda à população carente;
  • melhoraram a confiança dos investidores estrangeiros no Brasil - o risco país caiu para cerca de 200 pontos;
  • elevaram a cotação dos títulos da dívida pública emitidos pelo governo brasileiro;
  • elevaram as reservas internacionais, com isso o país quitou sua dívida com o FMI e se tornou credor em dólar, em vez de devedor;
  • elevaram a dívida interna (resultante da emissão de títulos da dívida pública) de R$ 684 milhões para R$ 1,1 bilhão entre abril de 2002 e o mesmo mês de 2009.
  Com esse conjunto de medidas, houve uma retomada da captação de empréstimos no exterior, feitos por empresas brasileiras, fluxo que estava estagnado desde a campanha eleitoral. O aumento da oferta de dólares na economia também foi decisivo para a queda da cotação da moeda norte-americana em relação ao real ao longo de 2003, primeiro ano do novo governo. Entretanto, apesar dos avanços, o crescimento econômico permaneceu baixo.
  Na média, o crescimento do PIB ao longo dos dois governos de Fernando Henrique Cardoso foi de apenas 2,3% ao ano. Nos seis primeiros anos do governo Lula o crescimento melhorou, com média de 3,5%, mas continuou baixo, além de inferior ao de outros países emergentes nesse mesmo período. São índices baixos para um país com as enormes carências sociais que o Brasil apresenta.
Relação entre o crescimento do PIB e o PIB per capita do Brasil
Fonte: IBGE
  O baixo crescimento econômico não permitiu que fossem gerados os empregos necessários para a absorção das pessoas, especialmente os mais jovens, que estavam tentando entrar no mercado de trabalho. No período de 1995 a 2008 houve um aumento de 22,7 milhões de pessoas ocupadas, mas o crescimento da PEA foi maior - 25,3 milhões de pessoas tentaram entrar no mercado de trabalho. Resultado: aumentou a taxa de desemprego.
Relação entre a taxa de desemprego e o PIB
Fonte:IBGE
  Em resumo, entre 1994 e 1999 foi possível controlar a inflação manipulando o câmbio, o que gerou sobrevalorização da nossa moeda e grande déficit na balança comercial. Para financiar esse déficit, o país passou a depender da entrada de capitais especulativos, atraídos pela política de juros internos elevados. A manutenção dos juros altos por vários anos resultou no aumento do déficit público, aumento da dívida interna e baixos índices de crescimento industrial (de 1995 a 1999, a produção industrial brasileira cresceu em média apenas 1,2% ao ano e o PIB 2,2% na média do período).
  Para combater esse quadro, o governo promoveu uma desvalorização cambial em janeiro de 1999 e o comércio exterior brasileiro passou, em 2001, a apresentar superávits. Porém, a partir de outubro de 2003 foi possível reduzir os juros, o que continuou acontecendo até 2009, ano em que houve queda para um dígito (8,75% ao ano no mês de dezembro). Mesmo assim o país ainda apresentava a segunda maior taxa do mundo, sendo superado apenas pela China. Caso essa taxa se mantenha, a tendência é que o setor produtivo, seja em atividades industriais e agrícolas, seja em serviços, atraia os capitais investidos em aplicações financeiras e outros recursos especulativos, gerando crescimento econômico e novos empregos.
Média da taxa de juros no Brasil entre 2006 e 2011
  Quando eclodiu a crise econômica mundial de 2008 o Brasil e outros países emergentes se encontravam em situação econômica muito melhor que a das crises de 1997, 1999 e 2001. A inflação controlada dentro das metas estabelecidas, os juros em queda, um grande volume de reservas em moeda estrangeira no Banco Central e um mercado interno em crescimento permitiram que o país sofresse consequências bem mais brandas que as verificadas nos Estados Unidos, na União Europeia e no Japão.
ESTRUTURA E DISTRIBUIÇÃO DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
  Em 2009, a atividade industrial era responsável por 29% do PIB brasileiro. Segundo o IBGE, as atividades  mais importantes em 2007 foram: refino do petróleo e produção de álcool (15,3%), alimentos (12,2%), produtos químicos (10,3%), fabricação e montagem de veículos automotores (8,5%), metalurgia básica (7,9%) e máquinas e equipamentos (6,0%), responsáveis por aproximadamente 60% do total do valor da transformação industrial do país. Porém vem crescendo bastante o investimento em indústrias ligadas às novas tecnologias, como robótica, aeronáutica, eletrônica, telecomunicação, mecânica de precisão e biotecnologia.
Vem crescendo no Brasil o uso de tecnologia de ponta
  Essa modernização do parque industrial ganhou impulso com a instalação de diversos parques tecnológicos (ou tecnopolos) espalhados pelo país e que estimulam a parceria entre universidades, instituições de pesquisa e as empresas privadas. Buscam maior competitividade e desenvolvimento de produtos e localizam-se próximos aos maiores centros universitários, em locais onde há disponibilidade em mão de obra especializada, rede de transportes, energia e comunicações que permitam conexão com outros centros de pesquisa localizados no país ou no exterior.
  No Brasil, os parques tecnológicos aparecem em todas as regiões. Os principais estão localizados em:
  • São Paulo, Campinas e São José dos Campos (SP), Santa Rita do Sapucaí e Viçosa (MG) e Rio de Janeiro (RJ), no Sudeste;
  • Fortaleza (CE), Recife (PE), Campina Grande (PB) e Aracaju (SE), no Nordeste;
  • Cascavel (PR), Florianópolis (SC) e Porto Alegre (RS), no Sul;
  • Brasília (DF), no Centro-Oeste;
  • Manaus (AM) e Belém (PA), no Norte.
  Entre os aspectos positivos da dinâmica atual da indústria brasileira, podemos destacar:
  • grande potencial de expansão do mercado interno com desconcentração de produção e consumo (que vem se fortalecendo pelas políticas de transferência de renda promovidas pelos governos federal, estaduais e municipais);
  • os aumentos nas exportações de produtos industrializados, mesmo que em ritmo inferior ao dos produtos primários devido às crescentes importações chinesas;
  • o aumento na produtividade; e
  • a melhora da qualidade dos produtos.
  A indústria ainda enfrenta, porém, vários problemas que aumentam os custos e dificultam a maior participação no mercado externo, tais como:
  • problemas de logística: deficiências e altos preços nos transportes;
  • baixo investimento público e privado em desenvolvimento tecnológico;
  • baixa qualificação da força de trabalho;
  • elevada carga tributária;
  • barreiras tarifárias e não tarifárias impostas por outros países à importação de produtos brasileiros.
  A abertura da economia brasileira na década de 1990 facilitou a entrada de muitos produtos importados, forçando as empresas nacionais a se modernizar e incorporar novas tecnologias ao processo produtivo para concorrerem com as empresas estrangeiras. Apesar da modernização continua havendo aumento no contingente de trabalhadores na indústria de todos os gêneros, porém, esse aumento não acompanhou o ritmo de ingresso de mão de obra no mercado de trabalho.
DESCONCENTRAÇÃO DA ATIVIDADE INDUSTRIAL
  Em função de fatores históricos e de novos investimentos em infraestrutura de energia e transportes, entre outros, o parque industrial brasileiro vem se desconcentrando e apresenta uma maior dispersão espacial dos estabelecimentos industriais em regiões historicamente marginalizadas.
  Embora desde o início do século XX o eixo São Paulo-Rio de Janeiro seja responsável por mais da metade do valor da produção industrial brasileira, até a organização espacial das atividades econômicas era dispersa. As atividades econômicas regionais progrediam de forma quase autônoma. A região Sudeste, onde se desenvolvia o ciclo do café, quase não interferia nem sofria interferência das atividades econômicas que se desenvolviam no Nordeste (cana, tabaco, cacau e algodão) ou no Sul (carne, indústria têxtil e pequenas agroindústrias de origem familiar). As indústrias de bens de consumo, a maioria ligada aos setores alimentício e têxtil, escoavam a maior parte de sua produção apenas em escala regional. Somente um pequeno volume era destinado a outras regiões, não havendo significativa competição entre as empresas instaladas nas diferentes regiões do país, consideradas até então arquipélagos econômicos regionais.
Mapa das principais atividades econômicas desenvolvidas no Brasil no século XIX
  Com a crise do café e o impulso à industrialização, comandada pelo Sudeste, esse quadro se alterou. A oligarquia agrária do setor cafeeiro deslocou investimentos para o setor industrial, implantando, principalmente em São Paulo, fábricas modernas para os padrões da época. O governo federal, presidido por Getúlio Vargas, promoveu a instalação de um sistema de transportes integrando os arquipélagos econômicos regionais. Houve uma invasão de produtos industriais no Sudeste e nas demais regiões do país, o que levou muitas indústrias, principalmente nordestinas, à falência. Assim, com a crise do café, iniciou-se o processo de integração dos mercados regionais, comandado pelo centro econômico mais dinâmico do país, o eixo São Paulo-Rio de Janeiro.
Eixo Rio de Janeiro - São Paulo - Belo Horizonte - principal área industrial e comercial do Brasil
  Além de terem se iniciado com mais força no Sudeste, as atividades industriais tenderam a concentrar-se nessa região por causa de dois fatores básicos:
  • a complementaridade industrial: as indústrias de autopeças tendem a se localizar próximo às automobilísticas; as petroquímicas, próximo às refinarias etc.; e
  • a concentração de investimentos públicos no setor de infraestrutura industrial: pressionados pelos detentores do poder econômico, os governantes costumam atender às suas reivindicações. O governo gastaria menos concentrando investimentos em determinada região em vez de distribuí-lo pelo território nacional, sobretudo no início do processo de industrialização, quando os recursos eram mais escassos.
  A primeira grande ação governamental para dispersar o parque industrial aconteceu em 1968, quando foi criada a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e instalado um polo industrial naquela cidade, o que promoveu grande crescimento econômico. A seguir, como resultado dos Planos Nacionais de Desenvolvimento dos governos Médici e Geisel, no final de década de 1970 e início da seguinte começaram a ser inauguradas as primeiras usinas hidrelétricas nas regiões Norte e Nordeste: Tucuruí, no rio Tocantins; Sobradinho, no São Francisco, e Boa Esperança, no Parnaíba. Quando o governo passou a atender ao menos parte das necessidades de infraestrutura das regiões historicamente marginalizadas, começou a haver  um processo de dispersão do parque industrial pelo território, não apenas em escala nacional, mas regional.
Usina de Sobradinho - contribuiu para impulsionar a indústria no Nordeste
  Além da alocação de infraestrutura, ao longo da década de 1990, as indústrias passaram a se dispersar em busca de mão de obra mais barata, provocando a intensificação da guerra fiscal entre estados e municípios que reduzem impostos e oferecem outras vantagens, como doação de terrenos, para atrair as empresas.
  Mesmo no estado de São Paulo, o mais equipado do país quanto a infraestrutura de transportes e energia, historicamente houve maior concentração de indústrias na Região Metropolitana de São Paulo.
  Atualmente, seguindo uma tendência já verificada em países desenvolvidos, onde ocorre o processo de deslocamento de indústrias em direção às cidades médias do interior, que, por isso, apresentam índices de crescimento econômico superiores aos da Grande São Paulo. Isso é possível graças ao grande desenvolvimento da informática e à modernização da infraestrutura de produção de energia, transporte e comunicação, criando condições de especialização produtiva por intermédio da integração regional. As regiões tendem, atualmente, a se especializar em poucos setores da atividade econômica e a buscar em outros mercados (do Brasil ou do exterior) as mercadorias que satisfaçam as necessidades diárias de consumo da população.
FONTE: Sene, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil, volume 3: espaço geográfico e globalização: ensino médio / Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. - São Paulo: Scipione, 2010.

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