sexta-feira, 31 de maio de 2013

A NOVA GUERRA DO GOLFO

  Na história recente do Iraque, houve dois conflitos armados relacionados à posse do petróleo e ao controle geopolítico da região: a Primeira Guerra do Golfo e a invasão do Iraque, também chamada de Segunda Guerra do Golfo.
  Após o fim da Guerra Irã-Iraque (1980-1989), o Iraque estava arrasado e bastante endividado. Boa parte de suas dívidas tinham como credor o Kuwait, país localizado ao sul do seu território.
  No início dos anos 1990, o Iraque pressionava a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) para diminuir a produção petrolífera e aumentar o preço desse produto como forma de adquirir mais recursos para sua reconstrução, fato este atendido pela organização. Mas o Kuwait aumentou sua produção, não seguindo as cotas da OPEP, e ainda resolveu retirar petróleo dos campos iraquianos. Além disso, o Kuwait tinha uma infraestrutura portuária muito melhor que a iraquiana, que tivera grande parte dela destruída na guerra dos anos 1980.

  Assim, com o intuito de aumentar seu poder regional e obter uma saída para o Golfo Pérsico, o presidente iraquiano, Saddam Hussein, invadiu o Kuwait e anexou-o ao seu território.
Saddam Hussein (1937-2006) - ex-presidente iraquiano
  A resposta dos países árabes e dos Estados Unidos foi rápida, exigindo sanções da ONU, entre elas um embargo comercial e a autorização para o envio de tropas. No início de 1991, forças militares norte-americanas e aliadas invadiram o Kuwait para retaliar dali as tropas iraquianas. A invasão por uma coalizão liderada pelos Estados Unidos foi conhecida como Operação Tempestade no Deserto e pôs fim à ocupação do Iraque no Kuwait. Vários países da região abrigaram tropas estadunidenses em seu território, principalmente o Kuwait, que permaneceu controlado pelos Estados Unidos por um bom tempo.
Operação Tempestade no Deserto
  Em 1991, ao fim da primeira Guerra do Golfo, a economia iraquiana estava arrasada e o país, submetido a forte bloqueio econômico. A ONU criou o programa "Petróleo por alimentos" em 1996. Essa iniciativa visava permitir que o Iraque vendesse petróleo para o mercado mundial em troca de alimentos, medicamentos e outras necessidades básicas. A intenção declarada era garantir as necessidades dos cidadãos iraquianos comuns, prejudicados pelo bloqueio econômico, mas não permitir que o país reestruturasse suas forças militares.
Caças norte-americanos e artilharia antiaérea iraquiana combatem na madrugada de 18 de janeiro de 1991 em Bagdá, capital do Iraque
  As primeiras entregas chegaram em março de 1998. O programa usava um sistema de depósito pelo qual o dinheiro da venda do petróleo do Iraque era pago pelo comprador em uma conta  não acessível pelo governo iraquiano. Desse dinheiro, uma parte servia para pagar indenizações por danos causados ao Kuwait, e outra parte era para ajudar no pagamento dos gastos das forças vitoriosas e outros gastos das Nações Unidas com o Iraque. O dinheiro restante - se houvesse - permanecia na conta.
  A intenção dos Estados Unidos e de seus aliados era enfraquecer o ditador Saddam Hussein, mas quem sofria era a população iraquiana. Ao final da primeira Guerra do Golfo, o país foi dividido com a criação de Zonas de Exclusão aérea no norte e no sul. Segundo os Estados Unidos e seus aliados - França e Reino Unido, principalmente -, elas visavam proteger as minorias iraquianas que eram contra Saddam Hussein, como os curdos, no norte, e os xiitas, no sul.
Mapa da divisão do Iraque entre os Estados Unidos e seus aliados
  Logo após a primeira Guerra do Golfo, os Estados Unidos iniciaram uma campanha internacional que acusava Saddam Hussein, ditador iraquiano, de possuir armas químicas e nucleares de destruição em massa, que colocavam em risco a segurança mundial.
  A pressão cresceu após o ataque às Torres Gêmeas (World Trade Center), e Saddam Hussein foi acusado pelos Estados Unidos de ajudar os terroristas. Finalmente, vendo que eram inúteis seus esforços para convencer a ONU a invadir o Iraque, os Estados Unidos, com 30 países aliados (Itália, Reino Unido, Espanha, Austrália e outros 26, com poucos soldados), iniciaram o ataque em março de 2003. Em poucas semanas as tropas iraquianas foram derrotadas, e o país foi ocupado pelas forças estrangeiras.
Blindados norte-americanos em Bagdá, em 2003
  Diferentemente da primeira Guerra do Golfo, esse conflito não teve apoio da ONU, o que acarretou muitas críticas. A principal acusa os Estados Unidos de usarem argumentos falsos (não foram encontradas armas de destruição em massa) para invadir um país riquíssimo em petróleo, pois sua economia é muito dependente desse recurso.
FONTE: Tamdjian, James Onnig. Estudos de geografia: o espaço do mundo II, 9º ano / James Onnig Tamdjian, Ivan Lazzari Mendes. - São Paulo: FTD, 2012.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

A INDÚSTRIA NA REGIÃO NORTE

  A partir da década de 1960, houve um crescimento marcante da atividade industrial na região Norte, pois o governo passou a incentivar a instalação de indústrias no local.
  A atividade industrial foi estimulada com a criação de um distrito industrial localizado na cidade de Manaus (Amazonas), o qual recebeu o nome de Zona Franca. Esse nome deve-se ao fato de que as mercadorias nele produzidas são comercializadas sem a cobrança de impostos. A isenção de impostos, entre outros benefícios oferecidos pelo governo, atraiu para a Zona Franca muitas empresas nacionais e, principalmente, transnacionais. As indústrias mais importantes nessa área são as montadoras de aparelhos eletrônicos (computadores, televisores, relógios, aparelhos de som e vídeo), de motocicletas e bicicletas, e, ainda, as indústrias do setor madeireiro. Esses produtos abastecem sobretudo o mercado brasileiro, mas parte deles é exportada.
Visão noturna de Manaus - AM
  O gasoduto Coari-Manaus, leva o gás natural da província de Urucu em Coari até Manaus. A principal finalidade desse insumo é a produção de energia elétrica em termelétricas, que atende a capital e cidades vizinhas. A extração de petróleo e gás natural ocorre no campo de Urucu, em Coari, com o processamento e distribuição a partir da Refinaria Isaac Saabbá ou REMAN - Refinaria de Manaus, como é mais conhecida. A refinaria está localizada na área ribeirinha de Manaus e foi inaugurada às margens do Rio Negro com o nome de Companhia de Petróleo da Amazônia.
REMAN - Refinaria de Manaus
ZONA FRANCA DE MANAUS
  Criada com o objetivo de estabelecer um polo industrial na Amazônia brasileira, a Zona Franca de Manaus ampliou a atividade na região, atraiu grande número de empresas nacionais e estrangeiras e gerou milhares de empregos diretos e indiretos.
  Contudo, está previsto pela Emenda Constitucional n° 42, de 19 de dezembro de 2003, que, no ano de 2023, termina a vigência desse conjunto de estratégias, como incentivos fiscais (a exemplo da isenção de impostos) que deixarão de ser oferecidos às indústrias instaladas na Zona Franca. No entanto, há uma proposta em tramitação no Congresso Nacional de estender esse conjunto de estratégias por mais 50 anos.
  A intenção é transformar a Zona Franca de Manaus em um centro exportador. Atualmente, as empresas comercializam a maior parte de seus produtos no mercado interno. As empresas tanto podem permanecer em Manaus, como podem se transferir para outros locais. Sem essas indústrias, seriam extintos mais de 110 mil empregos diretos, o que comprometeria de maneira significativa a economia da região.
Zona Franca de Manaus
  Outro centro industrial importante da região localiza-se em Belém, no Pará. Nessa área destacam-se as indústrias alimentícias, têxteis, madeiras e de bebidas, além de fiações e tecelagens. Essa produção atende principalmente o mercado local e regional. Em Barcarena, nas proximidades de Belém, destaca-se também o complexo metalúrgico de Albras, empresa que transforma em alumínio a bauxita que é extraída na serra dos Carajás.
Belém - PA
  O Parque Industrial de Icoaraci, em Belém, abriga os ramos de pesca, madeira, palmito e marcenaria, principalmente. Porém, o que mais se destaca nesse distrito é o polo de artesanato em cerâmica, instalado no bairro de Paracuri, onde se produzem réplicas de vasos típicos de antigas nações indígenas, como a Marajoara e a Tapajônica. O Polo Siderúrgico de Marabá é um importante produtor de ferro gusa.
Visão noturna de Marabá - PA
  Em Rondônia, destacam-se as indústrias madeireira e de processamento de alimentos, com destaque para os Distritos Industriais de Porto Velho e Ji-Paraná. O Distrito Industrial de Porto Velho produz, principalmente, produtos elétricos e de alimentos. O Distrito Industrial de Ji-Paraná está em franco processo de expansão, onde se destacam as indústrias de laticínios, serrarias, beneficiamento de alimentos, entre outras.
Porto Velho - RO
  A indústria de Roraima é pouco expressiva, destacando-se apenas o Parque Industrial de Boa Vista, que produz principalmente refrigerantes, derivados do leite e de cereais.
  No Amapá, não existe uma grande economia industrial. Apenas na cidade de Santana há um distrito industrial com um número regular de empresas. Na capital, Macapá, há algumas indústrias de beneficiamento de minerais, como cassiterita e tantalita. Em Serra do Navio há um importante centro de beneficiamento do manganês e em Calçoene, de ouro.
Macapá - AP
  As indústrias localizadas no Acre é principalmente alimentícias, com destaque para a fabricação de queijos, manteiga, refrigerantes, a transformação rudimentar de farinha de mandioca e açúcar benguê. Também se destacam as indústrias de beneficiamento da borracha, madeireira e moveleira.
  Em Tocantins destacam-se produtos derivados da agroindústria, centralizada em seis distritos instalados em cinco cidades-polos: Palmas, Araguaína, Gurupi, Porto Nacional e Paraíso do Tocantins. Palmas, possui quatro distritos industriais, sendo eles o Distrito Industrial de Palmas, o Distrito Industrial de Tocantins I, o Distrito Industrial de Tocantins II e o Distrito Industrial de Taquaralto.
Palmas - TO
FONTE: Geografia espaço e vivência: a organização do espaço brasileiro, 7° ano / Levon Boligian ... [et al.]. -- 4. ed. -- São Paulo: Saraiva, 2012

quarta-feira, 29 de maio de 2013

FORMAÇÃO DOS REINOS GERMÂNICOS

  A formação dos diversos reinos germânicos foi o resultado de um longo processo, que teve origem com a entrada dos diversos povos germânicos nos domínios do Império Romano do Ocidente.
O PERÍODO DAS MIGRAÇÕES
  O período das migrações corresponde àquele em que numerosos grupos germânicos entraram no Império de forma pacífica, fazendo acordos com o governo de Roma. Isso aconteceu nos séculos II e III, quando o governo romano estava militarmente enfraquecido.
  Nessa etapa, os germanos ocuparam terras reservadas para eles pelas autoridades romanas, e seus guerreiros tornaram-se soldados nas legiões de Roma. Alguns de seus chefes até mesmo ocuparam postos de comando.  Além disso, aos poucos, os germanos foram se integrando à sociedade romana por meio do trabalho e de casamentos.
Mapa dos reinos bárbaros
  Devido a esse contato entre os povos foi ocorrendo certa "germanização" do exército romano, assim como certa "romanização" de alguns grupos germânicos.
O PERÍODO DAS INVASÕES
  O período das invasões ocorreu entre os séculos IV e V, quando os germanos entraram no Império Romano de forma violenta.
  Um dos principais motivos que desencadearam essas invasões foi o avanço dos hunos sobre os territórios que os povos germânicos ocupavam há muito tempo, fora do Império Romano.
  Os hunos eram grupos de tribos nômades e seminômades originários da Ásia, grandes cavaleiros e guerreiros. Eles invadiram a Europa, atacando primeiramente os ostrogodos, em 375, e logo depois os visigodos.
Território do Reino dos Visigodos
  Para escapar ao ataque dos hunos, o chefe dos visigodos pediu permissão ao imperador romano Valente para que seu povo ocupasse os domínios de Roma. O imperador consentiu e milhares de visigodos atravessaram o rio Danúbio, refugiando-se no Império. Posteriormente, os visigodos passaram a saquear e pilhar aldeias e cidades romanas, iniciando o período das invasões.
  Em 455, Roma foi saqueada pelos Vândalos, outro povo de origem germânica. Depois eles abandonaram a cidade, incendiando tudo e escravizando milhares de prisioneiros romanos. Em 476, o último imperador romano foi deposto por Odoacro, líder dos hérulos. Era o fim do Império Romano do Ocidente. Esse episódio marca também o início da Idade Média.
Mapa da migrações na Europa entre os séculos II e V: Visigodos (castanho), Vândalos (verde), Lombardos (azul), Godos (vermelho), Ostrogodos (castanho-claro), Anglos (amarelo) e Hunos (preto).
FONTE: Cotrim, Gilberto, 1955 - Saber e fazer história, 6º ano / Gilberto Cotrim, Jaime Rodrigues. - 7. ed. - São Paulo: Saraiva, 2012.

terça-feira, 28 de maio de 2013

ASCENSÃO E QUEDA DO SOCIALISMO NO MUNDO

  Como sistema social, político e econômico, o socialismo foi implantado inicialmente na Rússia, em 1917, por meio de uma revolução que provocou a queda do antigo governo monarquista, e deu origem, em 1922, à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
  Da URSS, o socialismo também se estendeu para outros países do mundo. Por meio de revoluções que levaram governos autoritários ao poder, o socialismo foi implantado nos países do Leste Europeu (Hungria, Polônia, Romênia, entre outros), na China, em Cuba e também em alguns países da África e da Ásia.
Divisão contemporânea da Europa por regiões:
  Europa Setentrional
  Europa Ocidental
  Leste Europeu
  Europa Meridional
  O sistema de governo socialista caracterizou-se pelo excessivo controle do Estado na vida econômica, política e social do país. No campo econômico, esse controle foi exercido com a socialização dos meios de produção, ou seja, todas as empresas, incluindo indústrias, estabelecimentos comerciais, bancos e propriedades rurais passaram a ser controlados pelo Estado, a quem cabia também definir o valor do salário pago aos trabalhadores, o preço das mercadorias, os setores que deveriam receber mais investimentos etc.
  No plano político, o controle ocorreu com a centralização do poder por uma classe dirigente autoritária, que restringia, inclusive com o uso da força, a participação popular em movimentos organizados.
Moscou
  Após mais de 70 anos de conquistas sociais, que melhoraram de maneira significativa as condições de vida da população, o socialismo soviético começou a apresentar sinais de desgaste, com o agravamento de crises econômicas que se estenderam aos planos político e social.
  As crises econômicas foram provocadas, entre outros fatores, pelo atraso tecnológico que comprometeu seriamente a produtividade da indústria e do campo, gerando um sério problema de desabastecimento. Assim, até mesmo para comprar alimentos e produtos de primeira necessidade, a população era obrigada a enfrentar longas filas. A recuperação da economia, no entanto, foi diretamente afetada pela escassez de investimentos, comprometidos com enormes gastos na área militar durante o período da Guerra Fria.
C-47 no Aeroporto de Tempelhof em Berlim durante o Bloqueio de Berlim
  Além desses problemas, o enriquecimento de uma minoria da população, formada pelos altos funcionários do governo, associado à falta de liberdade política, desencadeou uma série de manifestações populares reivindicando reformas. Tais manifestações tornaram-se mais intensas após a queda do Muro de Berlim, em 1989, que selou a reunificação entre a Alemanha Ocidental (capitalista) e a extinta Alemanha Oriental (socialista).
O Muro de Berlim e ao fundo o Portão de Brandemburgo, em 9 de novembro de 1989
  Diante disso, o governo soviético, que desde o início da década de 1980 vinha promovendo mudanças muito tímidas, viu-se obrigado a implantar reformas mais profundas visando à abertura política e mudanças econômicas. Tais reformas acabaram culminando com a queda do socialismo soviético e o fim da União Soviética, desmembrada em 15 novos países. Esses países, com exceção da Letônia, Lituânia e Estônia, deram origem à Comunidade dos Estados Independentes (CEI).
  Logo em seguida, vários outros países, sobretudo os do Leste Europeu, também abandonaram o socialismo, incorporando-se à economia capitalista. Atualmente, são poucos os países que ainda se declaram socialistas, entre eles China, Cuba, Coreia do Norte e Vietnã.
Divisão do mundo durante a Guerra Fria
  Primeiro Mundo: países capitalistas desenvolvidos
  Segundo Mundo: países socialistas
  Terceiro Mundo: países capitalistas subdesenvolvidos
 FONTE: Garcia, Valquíria Pires. Projeto radix: geografia / Valquíria Pires Garcia, Beluce Bellucci. -- 2. ed. -- São Paulo: Scipione, 2012. -- (Coleção projeto radix)

CIDADE DE SORRISO - MT

  O município de Sorriso, no Mato Grosso é, atualmente, o maior produtor de soja do país, seguido de perto pelos municípios de Lucas do Rio Verde, Sinop e Vera, que juntos constituem a maior área de produção de soja de Mato Grosso, o maior produtor nacional de soja.
  O município de Sorriso está situado na região norte do Estado de Mato Grosso, no km 742 da rodovia federal BR-163, Cuiabá-Santarém, a 412 km de Cuiabá. A sua fundação deu-se através de um projeto de colonização privada, com a maioria absoluta de sua população constituída por migrantes provenientes da região Sul do país.
  Em 26 de dezembro de 1980, foi elevada a categoria de Distrito, pertencente ao município de Nobres. Em 20 de março de 1982, foi instalada a Sub-Prefeitura do distrito de Sorriso. Em 13 de maio de 1986, a Assembleia Legislativa do Mato Grosso, aprovou, e o Governo Estadual, através da Lei 5.002/86, elevou o então Distrito de Sorriso à categoria de Município, desmembrando-o do município de Nobres.
Zona urbana de Sorriso - MT
  O município possui uma área de 9.345,755 km², e de acordo com o censo do IBGE 2010, sua população era de 75.000 habitantes.
  Sua formação administrativa atual é: Sorriso (sede), Boa Esperança, Caravágio e Primavera (distritos).
  Além da grande produção de soja, o município é um dos que mais têm desmatado suas florestas no país. Estimativas mais recentes apontam para uma taxa de desmatamento próxima de 90% e cerca de 600 mil hectares de lavouras cultivadas.
Área desmatada em Sorriso - MT
  O processo de ocupação de Sorriso inicia-se em 1975 com a chegada das primeiras famílias  de colonos provenientes do Rio Grande do Sul, sendo  Claudino Francia o pioneiro. A colonização se acelera rapidamente a partir de 1979 com a criação da Colonizadora Sorriso, que em parceria com o Incra, passa a assentar colonos oriundos  de antigas colônias de origem italiana do Rio Grande do Sul e, em parte, Santa Catarina.
  [...] Como de resto, em áreas de fronteira agrícola nas franjas da Bacia Amazônica, o extrativismo da madeira se constituiu na principal atividade econômica da região e sua primeira forma de inserção no mercado nacional.
Plantação de soja em Sorriso - MT
  Curiosamente ao extrativismo da madeira, não se seguiu a exploração de pastagens, como de praxe em outras regiões de fronteira. Tradicionais praticantes de uma agricultura diversificada no Sul, os colonos logo se dedicaram com o arroz, como cultivo comercial. [...] Nos três anos iniciais as safras eram boas, porém, a produtividade caía rapidamente com a perda crescente da matéria orgânica dos solos de cerrado. Assim, o cultivo do arroz seguia sempre em busca de terras virgens, na esteira deixada pelas madeireiras.
  Somente em meados dos anos 1980, o cultivo da soja veio constituir como alternativa viável para o arroz.[...]
  A conclusão do asfaltamento da BR-163 até Sinop, em 1984, interligou a região às vias de escoamento ligados aos portos do Centro-Sul do país, reduzindo os custos de transporte e elevando a lucratividade da cultura no entorno de Sorriso.
Colheita da soja em Sorriso - MT
  Ocupada a fronteira e descoberta sua vocação econômica, a região passou a atrair não mais os colonos de outrora, mas sim os tentáculos comerciais de grandes empresas nacionais e internacionais ligadas ao agronegócio.
FONTE: CAMPOS, Índio. Dinâmica da soja na BR-163: o caso de Sorriso / MT, dez. 2007. Disponível em:

domingo, 26 de maio de 2013

TIGRES ASIÁTICOS: PLATAFORMA DE EXPORTAÇÕES

  Coreia do Sul, Taiwan, Hong Kong e Cingapura não eram muito diferentes da maioria dos seus vizinhos asiáticos até a Segunda Guerra Mundial. Os dois primeiros, de maior extensão territorial, eram países agrícolas, com a maioria da população vivendo no campo e desenvolvendo uma agricultura arcaica, principalmente de arroz. Todos tinham população pouco numerosa, em sua maioria analfabeta, território reduzido, sem nenhuma reserva importante de recursos minerais ou combustíveis fósseis, e, portanto, um futuro econômico que parecia não promissor. No entanto, possuem atualmente algumas das economias mais dinâmicas e modernas do mundo.
Centro Financeiro de Seul, capital da Coreia do Sul
  A península da Coreia e Taiwan, foram ocupadas pelo Japão desde o fim da Guerra Sino-Japonesa (1894-1895) até o fim da Segunda Gerra Mundial. Hong Kong era um território chinês que foi cedido ao Reino Unido pelo Tratado de Nanquim (1842), que marcou o fim da Guerra do Ópio. Cingapura era um entreposto comercial da Companhia Britânica das Índias Ocidentais desde 1824. Essa pequena ilha, depois de pertencer ao Império Britânico, integrou a Federação da Malásia e a independência definitiva ocorreu apenas em 1965, quando foi criada a República de Cingapura.
Centro Financeiro de Cingapura
  Taiwan (ou República da China), com capital em Taipé, constituiu-se como Estado a partir da fuga dos membros do Partido Nacionalista (Kuomitang), após a Revolução de 1949.
  Durante a Segunda Guerra Mundial, todos esses territórios estiveram sob ocupação japonesa. No pós-guerra, especialmente a partir dos anos 1970, passaram por um rápido processo de industrialização, favorecidos pelos mecanismos da Guerra Fria: fizeram parte de um arco de alianças liderados pelos Estados Unidos para fazer frente ao avanço sino-soviético. Nas décadas de 1980 e 1990, apresentaram alguns dos maiores índices de crescimento econômico do mundo e, desde essa época, suas economias estão entre as que mais têm incorporado novas tecnologias ao processo produtivo. Além disso, vêm diminuindo as desigualdades sociais e melhorando seus indicadores socioeconômicos. Desde os anos 1980, ficaram conhecidos como Tigres Asiáticos, porque o forte empenho na busca de novos mercados no exterior levou suas economias a crescer, em média, 7,4% ao ano. Resultado do modelo plataforma de exportações.
Taipé - capital de Taiwan
INDUSTRIALIZAÇÃO E CRESCIMENTO ACELERADO
  Nos quatro Tigres Asiáticos foram implantados regimes políticos centralistas após a Segunda Guerra Mundial, e os dois mais importantes - Coreia do Sul e Taiwan - eram governados por ditaduras militares. Nessa época, o Estado teve um papel fundamental no planejamento estratégico para estimular a industrialização e as exportações. Entre outras medidas, destacam-se:
  • concedeu incentivos às exportações, como redução de impostos;
  • manteve uma política de desvalorização cambial;
  • tomou medidas protecionistas (tarifárias) contra os concorrentes estrangeiros;
  • fez maciços investimentos em educação e concedeu bolsas de estudos no exterior;
  • impôs restrições ao funcionamento dos sindicatos;
  • canalizou grandes investimentos para infraestrutura de transporte, energia etc.;
  • restringiu o consumo para elevar o nível de poupança interna via medidas fiscais (elevação de impostos) e controle das importações.
Visão noturna da ilha de Hong Kong
  O alto nível de poupança interna desses países, aliado à ajuda recebida do Tesouro dos Estados Unidos no contexto da Guerra Fria, mais empréstimos contraídos em bancos no exterior (a taxas de juros fixas) possibilitaram a arrancada da industrialização.
  No início da industrialização, a mão de obra nesses países asiáticos era muito barata e relativamente qualificada e produtiva, por causa do bom nível educacional. Esse baixo custo, associado às medidas governamentais, como os subsídios às exportações e o controle da política cambial, tornava o produto dos Tigres muito baratos. Isso lhes garantiu alta competitividade no mercado mundial, alcançando elevados saldos comerciais, os quais eram reinvestidos a fim de alcançar maior capacitação tecnológica.
Hong Kong - uma das áreas mais densamente povoadas do mundo
  Desde os primórdios de seus processos de industrialização, as sociedades dos Tigres Asiáticos perceberam a importância de investir em educação, especialmente no nível básico, como condição fundamental para a formação de trabalhadores e pesquisadores qualificados, a geração de novas tecnologias e o aumento da produtividade. Principalmente a Coreia do Sul, a maior e mais moderna economia dentre os Tigres Asiáticos, desde o início deu muito valor à educação básica e a tomou como sustentação para seu desenvolvimento socioeconômico.
Mapa da Coreia do Sul
  Ao contrário dos países latino-americanos e africanos, os Tigres Asiáticos tinham um modelo vizinho bem-sucedido para se espelhar: seguiram de maneira quase integral os passos do Japão. Além disso, se beneficiaram de uma conjuntural liberal o suficiente, principalmente nos Estados Unidos, dispondo, assim, de amplos mercados para colocar seus produtos e converteram-se em verdadeiras plataformas de exportação. Mas recentemente, no entanto, o aumento da renda per capita e a elevação salarial, resultantes do crescimento da produtividade da economia, ocasionaram uma expansão qualitativa e quantitativa dos mercados internos, sobretudo na Coreia do Sul, o país mais populoso dos quatro.
Mapa de Cingapura e suas ilhas vizinhas
  Assim como investidores japoneses, norte-americanos e europeus, os empresários dos Tigres também têm construído filiais na Tailândia, na Malásia e na Indonésia, que, como os primeiros Tigres, também cresceram aceleradamente a partir da década de 1980. Por isso, esses três países são conhecidos como os Novos Tigres. Há ainda muitos investimentos sendo feitos na China, sobretudo por empresários de origem chinesa com empresas sediadas em Taiwan, Hong Kong e Cingapura.
  Apesar de muitos pontos em comum, principalmente quanto ao processo de industrialização, há contudo, muitas diferenças entre esses países, em particular quanto à estrutura industrial.
Arquitetura moderna de Seul e o Palácio Deoksugung
  A Coreia do Sul é o país mais industrializado dos Tigres Asiáticos. A economia sul-coreana é controlada por redes de grandes empresas, denominadas chaebols, a exemplo dos keiretsus japoneses. Fabricam uma enorme diversidade de produtos, desde aço e navios até artigos eletrônicos e automóveis, além de também atuarem no setor financeiro e no comércio. Os chaebols sul-coreanos cada vez colocam mais seus produtos mundo afora, figuram na lista das maiores empresas mundiais e já são responsáveis por algumas inovações tecnológicas. Entre elas se destacam: Samsung Eletronics, LG, a SK Holdings, a Hyundai Motor, Hyundai Heavy Industries, Samsung C&T, entre tantas outras. Com a crise financeira asiática de 1997, contudo, algumas empresas tiveram problemas por causa do seu alto grau de endividamento e foram obrigadas a se desfazer de parte de suas unidades operacionais ou foram incorporadas a outras, como, por exemplo, a Kia Motors, comprada pela Hyundai Motor em 1998.
Chaebols - grupo formado por grandes empresas sul-coreanas
  Cingapura cada vez mais se consolida como um grande entreposto comercial e importante centro financeiro internacional, possuindo uma das maiores bolsas de valores do mundo. É o país com o maior índice de logística e possui o porto mais movimentado do mundo. Além disso, tem procurado investir em indústrias de alto valor agregado, como a naval e a eletrônica. Está sediada no país a Flextronics International, segunda maior fabricante mundial de semicondutores, atrás apenas da Intel.
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Cidade de Cingapura com destaque para o Marina Bay Sands e a Cingapura Flyer - a maior roda gigante do mundo
  Cingapura e Taiwan formam os Tigres que menos sofreram com a crise financeira de 1997, graças ao baixo grau de endividamento de suas empresas e ao controle das contas públicas, exercido por seus governos. Já Hong Kong, poucos meses após sua reincorporação à China, sofreu os efeitos dessa crise. Em outubro daquele ano houve uma queda brusca no valor das ações de sua bolsa de valores (que estava operando em alta graças à especulação), agravando ainda mais a crise regional.
  A Coreia do Sul sofreu um duro golpe por causa do peso que os chaebols têm em sua economia, mas o país já se recuperou e voltou a crescer, beneficiado pela desvalorização da sua moeda (won), que favoreceu suas exportações.
  Apesar da crise, esses países, que, durante muito tempo, foram conhecidos como exportadores de bugigangas de baixa qualidade e de tecnologia banal, hoje estão vendendo produtos sofisticados como navios, automóveis, semicondutores, computadores, aparelhos eletrônicos domésticos etc.
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8f/Seoul-Namdaemun-at.night-02.jpg
Namdaemun em Seul à noite
FONTE: Sene, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil, volume 2: espaço geográfico e globalização: ensino médio / Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. - São Paulo: Scipione, 2010.

sábado, 25 de maio de 2013

CARTOGRAFIA TEMÁTICA

  Cartografia é o conjunto de atividades científicas, tecnológicas e artísticas, cujo objetivo é a representação gráfica da superfície terrestre e de todo o universo. Essa representação gráfica constitui o mapa ou a carta.
  Todo mapa apresenta algumas informações essenciais e "responde" a certas perguntas sobre os elementos que compõem o espaço geográfico. Em toda representação cartográfica há uma escala, que nos revela a proporção entre os elementos representados no mapa e seus correspondentes na realidade.
  A Cartografia Temática é usada na elaboração de mapas temáticos e cartogramas. São convenções, símbolos e cores usadas para que haja uma melhor compreensão do tema exposto e seu espaço geográfico.
Mapa dos biomas brasileiros
  Os mapas podem mostrar mais do que a localização dos fenômenos no espaço e sua proporção. Também podem representar, em diferentes escalas geográficas, sua diversidade:
  • Qualitativa: responde à pergunta "o quê?"  e representa os diferentes elementos cartografados em diversos tipos de mapas - cidades, rios, mineração, indústrias, climas, cultivos etc. As representações qualitativas em mapas são empregados para mostrar a presença, a localização e a extensão das ocorrências dos fenômenos que se diferenciam pela sua natureza e tipo, podendo ser classificadas por critérios estabelecidos pelas ciências que estudam tais fenômenos.
  • Quantitativa: elucida a dúvida sobre "quanto?" e indica, por exemplo, o número da população urbana, a quantidade de chuva mensal, o total da produção industrial, entre outros, permitindo a comparação entre territórios diferentes;
  • Classificação: registra a ordenação, a hierarquia na qual um fenômeno está arranjado num determinado território: por exemplo, a ordem das cidades no mapa da hierarquia urbana brasileira - metrópole nacional, metrópole regional, capital regional etc.;
  • Dinâmica: mostra a variação de um fenômeno ao longo do tempo e sua movimentação no espaço geográfico: o fluxo de população no território brasileiro, o fluxo de mercadorias no comércio internacional, entre outros.
Mapa das áreas susceptíveis ao processo de desertificação no Rio Grande do Norte
   Para representar todos esses aspectos, são utilizados pontos, linhas ou áreas, dependendo da forma como o fenômeno analisado se manifesta no espaço, e que terão uma variação visual com propriedade de perspectiva compatível com a diversidade: a seletividade visual. Por exemplo: uma cidade, será um ponto no mapa da geografia política brasileira; qualquer rodovia ou ferrovia será uma linha atravessando uma determinada região ou país; a cultura de um determinado produto agrícola, terá sua área ou zona de cultivo destacado por uma cor ou textura no mapa.
  Os fenômenos pontuais, lineares e zonais podem ser representados separadamente, em mapas diferentes, mas também podem ser cartografados num mesmo mapa.
Alguns dos símbolos usados na Cartografia Temática
  Na manifestação pontual são utilizados, preferencialmente, a variação de forma ou de orientação.
  Para facilitar a memorização dos signos (símbolos), principalmente nos mapas para crianças, são explorados a analogia entre sua forma e o que elas representam. São os "símbolos" evocativos ou icônicos.
  Na manifestação linear convém usar basicamente a variação da forma.
  Na manifestação zonal, a cor tem maior eficácia. Na impossibilidade de se poder contar com a cor, pode-se empregar texturas diferentes compostas por elementos pontuais ou lineares, do mesmo valor visual.
Representações cartográficas
  A Cartografia Temática facilita o planejamento de intervenções no espaço geográfico porque nos auxilia a compreender os temas ou fenômenos que o compõem. Com a Cartografia Temática, fica mais fácil o planejamento de uma cidade a partir do registro da ocupação de seu solo urbano em cartas temáticas, nas quais são visualizadas a melhor direção para expandir a área urbana, os lugares sujeitos a alagamentos ou desmoronamentos, entre outros fenômenos.
  Os fenômenos - sociais e naturais - estão interligados no espaço geográfico; assim, a intervenção num aspecto da realidade interfere em outros e isso pode ser registrado cartograficamente.
Mapa temático da Microrregião de Quirinópolis - Goiás
FONTE: Sene, Eustáquio. Geografia geral e do Brasil, volume 1: espaço geográfico e globalização: ensino médio / Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. - São Paulo: Scipione, 2010.

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