segunda-feira, 21 de abril de 2014

CONFLITOS NO CHADE E NA REPÚBLICA CENTRO-AFRICANA

CHADE
 
  Localizado no Centro-Norte do continente africano, na área de transição entre a África Mediterrânea e a África Subsaariana, o Chade abriga um dos povos mais pobres do mundo. O país possui cerca de 75% do seu território ocupado pelo deserto do Saara e não possui saída para o mar. Ex-colônia francesa, em seu território habitam mais de 200 grupos étnicos e essa grande diversidade étnica é um dos principais responsáveis pelos constantes conflitos que assola o país.
  Nos seus 54 anos de história como país independente, o Chade nunca teve uma mudança de governo de forma democrática e livre. Todas as mudanças no comando do Estado fizeram-se sempre de forma violenta, através de golpe militar.
  Desde a sua independência da França em 1960, o Chade tem sido palco de guerra civil entre árabes muçulmanos do norte e cristãos subsaarianos do sul. Como resultado, a liderança e a presidência do Chade é disputada entre os cristãos sulistas e os muçulmanos nortistas. Quando um dos lados está no poder, o outro normalmente inicia uma guerra revolucionária para enfrentá-lo.
Comércio de trajes típicos no Chade
1. Primeira Guerra Civil do Chade
  A Primeira Guerra Civil do Chade foi um conflito armado que ocorreu 1965 e 1979. Essa guerra começou com uma rebelião contra o regime ditatorial do presidente François Tombalbaye, continuando depois do golpe de Estado de 1975, durante o qual Tombalbaye foi assassinado. Na guerra, participaram as várias facções e grupos militantes, contando com o apoio dos Estados Unidos, França e Líbia. A guerra terminou em 1979 com a formação de um governo de coalizão liderado por Hissene Habré, tendo como presidente Goukouni Oueddei. Os confrontos continuaram e, em 1983, Habré tornou-se presidente, obrigando Oueddei a fugir do país.
Hissene Habré
2. Conflito entre Chade e Líbia
  A partir de 1972, o Regime Líbio passou a ter dentre os seus objetivos, a transformação do Chade em um Estado cliente da Líbia, uma república islâmica no Jamairia, que manteria estreitas relações com a Líbia para garantir seu controle sobre a Faixa de Aouzou, a expulsão dos franceses da região, e a utilização daquele país como uma base para expandir sua influência na África Central.
  O conflito entre Chade e Líbia foi um estado de guerra que ocorreu de 1978 a 1987, entre as forças militares dos dois países. A Líbia envolveu-se nos assuntos internos do Chade, ocupando uma faixa de terras do território chadiano em 1977. Para ocupar o Chade, o ex-ditador da Líbia Muammar al-Gaddafi contou com várias facções que participaram da guerra civil, enquanto os adversários da Líbia receberam o apoio da França, que interveio militarmente para salvar o governo do Chade em 1978, 1983 e 1986.
Área do conflito entre Chade e Líbia
  Em 1978, a Líbia forneceu armas, artilharia e apoio aéreo aos seus aliados no Chade, assumindo a maior parte da luta. Em 1986, todas as forças do Chade uniram-se à oposição e ocuparam o norte do país pela Líbia. Essa união provocou a Guerra dos Toyota, que envolveu a Líbia, o Chade e a França, pelo controle da Faixa de Aouzou, uma estreita faixa territorial no extremo norte do Chade, que era reivindicada pela Líbia. O nome dessa guerra deve-se ao fato de os soldados chadianos usarem camionetas Toyota Land Cruiser para atravessar o deserto e enfrentar os veículos blindados líbios. Nessa guerra, os líbios foram derrotados e expulsos do Chade, pondo o fim à guerra.
Faixa de Aouzou
3. Conflito entre Chade e Sudão
  Em 2003, o conflito na região de Darfur, no vizinho Sudão, expandiu através da fronteira com o Chade. Os refugiados do Sudão se juntaram aos civis do Chade que estavam tentando escapar da violência rebelde, enchendo os campos de concentração dos refugiados, contribuindo para provocar a Segunda Guerra Civil do Chade, que teve início em dezembro de 2005. O conflito envolveu as forças governamentais e vários grupos rebeldes chadianos, como a Frente Unida pela Mudança Democrática (FUC), a União das Forças para a Democracia e Desenvolvimento (UFDD), a Reunião de Forças pela Mudança (RFC) e a Concórdia Nacional do Chade (CNT). Ao lado dos rebeldes, está a milícia árabe Janjaweed, abertamente apoiada pelo Sudão. A Líbia tentou intermediar o conflito, assim como diplomatas de outros países.
  De acordo com o governo do Chade, em janeiro de 2006, cerca de 614 cidadãos chadianos foram mortos nas batalhas fronteiriças. Em 8 de fevereiro de 2006, foi assinado o Acordo de Trípoli, que cessou a guerra por aproximadamente dois meses.
Milicianos de Darfur
  Em fevereiro de 2008, três grupos rebeldes se uniram e lançaram um ataque contra a capital chadiana, N'Djamena. Depois de lançar um ataque que não conseguiu tomar o palácio presidencial, o ataque foi repelido decisivamente. A França enviou tropas para fortalecer o governo. Muitos dos rebeldes eram antigos aliados do presidente Idriss Déby. Acusaram-no de corrupção contra membros de sua própria tribo.
  Em março de 2008, foi assinado o Acordo de Dacar, feito pelos presidentes do Chade e Sudão, Idriss Déby e Omar al-Bashir, respectivamente. Os dois líderes se comprometiam a pôr em prática pactos de não-agressão firmados nos fracassados tratados anteriores. A assinatura do novo acordo foi feita durante uma cúpula da Organização da Conferência Islâmica, em Dacar, Senegal, contando com a ajuda do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon e com a mediação do presidente senegalês Abdoulaye Wade.
Idriss Déby
  Em 12 de junho de 2008, tropas da União Europeia no leste do Chade reforçaram as patrulhas em torno dos campos de refugiados e de ajuda internacional, após os rebeldes anunciarem uma nova ofensiva. O governo do Chade e os rebeldes davam versões conflitantes sobre as movimentações militares na região Dar Sila, perto da fronteira do Sudão, onde soldados irlandeses da UE faziam a proteção dos campos de refugiados das Nações Unidas para chadianos e sudaneses.
  Enquanto porta-vozes dos rebeldes chadianos disseram que os insurgentes avançavam com força no oeste e tinham abatido um helicóptero do governo, fontes governamentais diziam que o helicóptero caiu por causa de problemas técnicos.
Principais locais de conflito
  Em janeiro de 2009, o governo do Chade pediu a retirada dos soldados da ONU do leste do país, alegando a lenta implantação da missão de paz, as melhorias da situação de segurança, entre outras razões para justificar a saída dos soldados da ONU. Em maio desse mesmo ano, a ONU revisou o mandato da missão e autorizou a retirada gradual dos "capacetes azuis" e o encerramento até o final do ano dessa missão de paz, passando toda a responsabilidade de proteção dos civis e das populações deslocadas e refugiados de Darfur para as mãos das forças de segurança do Chade.
  Um acordo para a restauração da harmonia entre o Chade e o Sudão, foi assinado em janeiro de 2010, marcando o fim de uma guerra de cinco anos. A correção nas relações levaram os rebeldes chadianos do Sudão a retornarem ao país, a abertura da fronteira entre os dois países, bem como a implantação de uma força conjunta para proteger a fronteira.
Campo no Chade para refugiados vindos de Darfur
  A guerra civil no Chade é uma guerra regional, que tem profundas ligações com os conflitos no Sudão e na República Centro-Africana.
ALGUNS DADOS DO CHADE
NOME: República do Chade
CAPITAL: N'Djamena
Comércio nas ruas de N'Djamena - capital do Chade
LÍNGUA OFICIAL: francês e árabe
GOVERNO: República Presidencialista
INDEPENDÊNCIA: da França em 11 de agosto de 1960

GENTÍLICO: chadiano, chadiense
LOCALIZAÇÃO: centro-norte da África
ÁREA: 1.284.000 km² (20º)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2013): 10.111.337 habitantes (79º)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 7,87 hab./km² (191º)
MAIORES CIDADES (Estimativa 2013):
N'Djamena: 1.093.492 habitantes
N'Djamena - capital do Chade
Moundou: 142.943 habitantes
Rua de Moundou - segunda maior cidade do Chade
Sarh: 104.432 habitantes
Sarh - terceira maior cidade do Chade
PIB (FMI - 2013): U$ 9,723 bilhões (132º)
IDH (ONU - 2012): 0,340 (184º)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2005/2010): 48,52 anos (189º)
CRESCIMENTO VEGETATIVO (ONU - 2005-2010): 2,88% ao ano (18º)
MORTALIDADE INFANTIL (
CIA World Factbook - 2012): 131,17/mil (
192º)
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2011): 27% (16º)
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (Pnud - 2009/2010): 25,7
% (175º)

PIB PER CAPITA (FMI - 2011): U$ 892 (151º) 
MOEDA: Franco
RELIGIÃO: 53% muçulmanos, 20% de católicos, 14% protestantes, 10% animistas e 3% de ateus.
Catedral de N'Djamena
DIVISÃO: desde fevereiro de 2008, o Chade está dividido em 22 regiões. A subdivisão do Chade em regiões surgiu em 2003 por meio de um processo de descentralização, quando o governo aboliu as catorze prefeituras anteriores. Cada região é encabeçada por um governador designado pela presidência. Os prefeitos administram os 61 departamentos dentro das regiões. Os departamentos se subdividem em duzentas prefeituras, os quais se dividem em 446 cantões.
  A Constituição do país prevê um governo descentralizado para alertar as populações locais sobre o desempenho de um papel ativo em seu próprio desenvolvimento, objetivando declarar que cada organização administrativa e territorial seja redigida por assembleias locais eleitas.
  As regiões do Chade são: 1. Batha 2. Chari-Baguirmi 3. Hadjer-Lamis 4. Wadi Fira 5. Barh El Gazel 6. Borkou 7. Ennedi 8. Guéra 9. RKanem 10. Lac 11. Logone Ocidental 12. Logone Oriental 13. Mandou 14. Mayo-Kebbi Leste 15. Mayo-Kebbi Oeste 16. Moyen-Chari 17. N'Djamena 18. Ouaddai 19. Salamar 20. Sila 21. Tandjilé 22. Tibesti.
Regiões do Chade
REPÚBLICA CENTRO-AFRICANA

  A antiga colônia francesa de Ubangui-Chari fez parte da África Equatorial Francesa. Em 1958, tornou-se república dentro da Comunidade Francesa e totalmente independente em 1960.
  Em 1976, seu presidente, Jean-Bédel Bokassa, declarou-a império e nomeou a si próprio imperador. Após denúncias de atrocidades, ele foi deposto em 1979, e o país voltou a ser uma República. Porém, a instabilidade política persistiu e, em 1981, o general André Kolingba tomou o poder.
André Kolingba
  O governo civil foi restaurado em 1986, com Kolingba ainda presidente. Houve reivindicações por eleições multipartidárias e o Movimento Democrático pela Renovação e Evolução na África Central (MDREC) foi constituído. Uma conferência constitucional fracassou em 1992 e o líder do MDREC foi aprisionado. Em 1993, ocorreram eleições livres, vencidas no segundo turno por Ange-Félix Patassé, ex-primeiro-ministro do governo Bokassa.
Ange-Félix Patassé
  Em 2003, um golpe de Estado depôs Patassé, e o líder rebelde François Bozizé assumiu o poder. Dois anos depois, ele organizou eleições presidenciais, onde saiu vitorioso no segundo turno. Em 2013, Bonzizé foi deposto por um novo golpe, após a coalizão rebelde Seleka assumir o controle da capital e forçar a fuga do ex-presidente para Camarões.
CONFLITO ATUAL
  A República Centro-Africana está há um ano mergulhada na violência entre as comunidades muçulmanas e cristã, que levou a ONU a temer por um genocídio e uma limpeza étnica.
  Com mais de seis mil homens e subordinados à União Africana, a Misca (Missão de Paz da República Centro-Africana) está presente no país, além de cerca de dois mil soldados franceses.
  Nos últimos dias, os soldados africanos foram alvos de disparos dos milicianos anti-balaka, na capital do país, Bangui, obrigando-os a retaliarem. Os anti-balaka são milícias camponesas de autodefesa cristãs e nasceram em reação às agressões cometidas contra a população pelos combatentes Seleka, em sua maioria muçulmanos, desde que eles tomaram o poder, em março de 2013.
Militantes anti-balaka
  A violência no país obrigou a cerca de um milhão de pessoas a se deslocar, em sua maioria muçulmanas, para outros locais do país e do continente africano.
  Os soldados da força internacional para a manutenção da paz não conseguem impedir a limpeza étnica de civis muçulmanos no oeste da República Centro-Africana.
  A situação se deteriorou após a queda do presidente François Bozizé, em março de 2013, deposto por Michel Djotodia e pela rebelião Seleka.
  Djotodia foi forçado a sair do poder em janeiro de 2014, pois foi acusado pelos cristãos de promover massacres contra esse grupo religioso, provocando uma onda incontrolável de violência após o surgimento das milícias anti-balaka.
Corpos de pessoas assassinadas em Bangui
ALGUNS DADOS DA REPÚBLICA CENTRO-AFRICANA
NOME: República Centro-Africana ou República da África Central
CAPITAL: Bangui

Entrada da cidade de Bangui
LÍNGUA OFICIAL: francês, sangho
GOVERNO: República Federal
INDEPENDÊNCIA: da França, em 13 de agosto de 1960

GENTÍLICO: centro-africano
LOCALIZAÇÃO: centro da África
ÁREA: 622.984 km² (43º)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2013): 4.444.330 habitantes (120º)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 7,13 hab./km² (192º)
MAIORES CIDADES (Estimativa 2013):

Bangui: 876.342 habitantes
Bangui - capital e maior cidade da República Centro-Africana
Bimbo: 267.859 habitantes
Escola na zona rural de Bimbo - segunda cidade mais populosa da RCA
Mbaiki: 104.321 habitantes
Vila rural em Mbaiki - terceira cidade mais populosa da República Centro-Africana
PIB (FMI - 2013): U$ 2,168 bilhões (159º)
IDH (ONU - 2012): 0,352 (180º)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2005/2010): 45,91 anos (198º)
CRESCIMENTO VEGETATIVO (ONU - 2005-2010): 1,83% ao ano (65º)
MORTALIDADE INFANTIL (
CIA World Factbook - 2012): 105,38/mil (
185º)
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2011): 39% (137º)
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (Pnud - 2009/2010):
48,6% (162º)
PIB PER CAPITA (FMI - 2011): U$ 456 (174º)
MOEDA: Franco
RELIGIÃO: 67,23% de cristãos (sendo a grande maioria de católicos), 17,39% de crenças tribais, 14,65% de islâmicos e 0,73% de outras crenças.
DIVISÃO: A República Centro-Africana divide-se em 14 prefeituras administrativas, 2 prefeituras econômicas e uma comuna autônoma.
FONTE: Geografia nos dias de hoje, 8º ano / Cláudio Giardino ... [et al.]. 1. ed. - São Paulo: Leya, 2012. - (Coleção nos dias de hoje).

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