sábado, 28 de fevereiro de 2015

PORTUGAL: PIONEIRO NAS GRANDES NAVEGAÇÕES

  Portugal é um pequeno país situado na península Ibérica, às margens do oceano Atlântico, no extremo oeste da Europa.
  A localização de Portugal contribuiu para que o país alcançasse alto grau de desenvolvimento das técnicas de navegação e fosse pioneiro das grandes viagens marítimas europeias dos séculos XV e XVI. Do porto de Lisboa partiram navegadores que alcançaram a África, a Índia e o atual Brasil.
  Portugal deixou de ser uma grande potência marítima, e seu império colonial se desfez com a independência do Brasil (1822) e das colônias portuguesas da África (década de 1970).
Localização de Portugal
GEOGRAFIA
  Situado no extremo sudoeste da Europa, Portugal faz fronteira apenas com um país, a Espanha, a leste e a norte, sendo que a sul e a oeste é limitado pelo oceano Atlântico. O território português é dividido no continente pelo rio principal, o Tejo. A norte, a paisagem é montanhosa, intercalada por áreas que permitem o desenvolvimento da agricultura. Ao sul, até Algarve, o relevo é caracterizado por planícies. Além do rio Tejo, outros rios importantes são o Douro, o Minho e o Guadiana, todos com suas nascentes na Espanha. O ponto culminante da parte continental de Portugal é a Serra Estrela, com 1.993 metros.
Serra Estrela - segunda maior elevação de todo o território português e a mais elevada da parte continental
  Englobando as ilhas de Açores e da Madeira, o ponto mais elevado de todo o território português é a Montanha do Pico, nos Açores, com 2.351 metros. Essa montanha é um estratovulcão, sendo também o ponto mais alto da dorsal mesoatlântica. As ilhas dos Açores estão localizados no rift médio do oceano Atlântico. Algumas dessas ilhas tiveram atividade vulcânica recente.
Montanha do Pico - ponto culminante de todo o território português
  As ilhas da Madeira, ao contrário dos Açores que se situam na área do rift médio do oceano Atlântico, estão situadas no interior da placa africana e sua formação deve-se à atividade de um ponto quente não relacionado com a circulação tectônica. Esta situação de estabilidade e localização no interior da placa tectônica, faz com que essas ilhas sejam a parte do território português menos sujeito a sismos. O ponto mais elevado das ilhas da Madeira é o Pico Ruivo, com 1.862 metros de altitude, sendo também, o terceiro mais alto do território português.
Pico Ruivo - ponto mais elevado da ilha da Madeira e terceiro do território português
  A costa portuguesa é extensa, possuindo 1.230 km de litoral na parte continental, 667 km nos Açores, e 250 km na Madeira. No cenário marítimo português estão belas praias, com a presença de falésias e areais. A ilha do Porto Santo, uma formação de dunas de origem orgânica com cerca de nove quilômetros, sendo um ponto  turístico muito visitado por turistas internacionais. A ria de Aveiro, estuário do rio Vouga, com 45 km de comprimento e 11 km de largura, é bastante rica em peixes e aves marinhas.
Porto Santo - Portugal
  Portugal é dominado pelo clima mediterrâneo, caracterizado por invernos amenos e chuvosos, e verões quentes e secos, onde é comum, no verão, a ocorrência de canículas (ondas fortes de calor). Essas ondas de calor é provocada por um forte vento procedente do Saara, chamado de simum. Durante o inverno mediterrâneo, diminui o ar seco e quente vindo do Saara, ocorrendo chuvas frontais em todo o sul da Europa, quando as frentes frias vindas das montanhas e do extremo norte da Europa se encontram com as frentes quentes do litoral.   A vegetação de Portugal é do tipo mediterrânea, constituída por árvores pequenas e arbustos com espinhos, como maquis e garrigues. Os maquis são matagais que podem atingir um pouco mais que três metros de altura. São formados por uma enorme diversidade de árvores retorcidas, arbustos e plantas rasteiras. Esses matagais crescem em volta de uma árvore típica do sul da Europa, o sobreiro. Trata-se de uma árvore da família do carvalho, muito resistente. É o principal fornecedor de cortiça natural.
Árvore muito comum em Portugal, o sobreiro
  Outra árvore típica e muito importante, não só em Portugal como também em todo o sul da Europa, é a oliveira. Há mais de 4 mil anos descreve-se sua utilização na região mediterrânea. O azeite e a azeitona são componentes indispensáveis em praticamente todos os pratos da culinária dos países mediterrâneos. A vinha, uma espécie arbustiva, também é muito cultivada no país, o que faz de Portugal um dos grandes produtores de vinhos.
  Ao longo dos séculos, as florestas do Mediterrâneo foram destruídas para o aproveitamento da madeira e para dar lugar à agricultura e ao pastoreio. Como o calor é intenso, essas atividades muitas vezes não prosperavam, e o território era abandonado. Os matagais conhecidos como maquis e garrigues restaram como substitutos da vegetação original.
Cultivo de oliveira, em Portugal
HISTÓRIA
  Ao lado da Espanha, Portugal foi uma das principais nações do período das Grandes Navegações. No entanto, ao longo do tempo, o país perdeu a maioria de seus territórios coloniais, entre os quais o Brasil. Conservou apenas Moçambique, Angola, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, na África; Macau, no litoral sul da China, e Timor Leste, na Ásia. Hoje, o país não possui mais nenhuma colônia.
  A pré-história de Portugal é partilhada com a da península Ibérica. Os vestígios humanos mais antigos conhecidos são de homens Cro-Magnon (restos mais antigos na Europa do Homo sapiens) com traços de Neanderthal, com 24.500 anos e que são interpretados como indicadores de extensas populações mestiças entre as duas espécies. São também os vestígios mais recentes de seres com características de Neanderthal que se conhece, provavelmente os últimos da sua espécie.
Crânio de um homem Cro-Magnon
  Durante o Neolítico a região foi ocupada por pré-celtas, dando origem a povos como os galaicos, lusitanos e cinetes, e visitada por fenícios e cartagineses. Os romanos incorporaram o centro e o sul de Portugal ao seu império, dando o nome de Lusitânia.
  No século III, foi criada a Galécia, a norte de Douro, a partir de Tarraconense, abrangendo o norte de Portugal. A romanização marcou a cultura, em especial a língua latina, que foi a base do desenvolvimento da língua portuguesa.
  Com o enfraquecimento do Império Romano, a partir de 409 d.C., o território português é ocupado por vários povos germânicos, como os vândalos, alanos e suevos. Em 415 os visigodos entram na Península a pedido dos romanos para expulsar os invasores. Vândalos e alanos se deslocaram para o norte da África. Os suevos, que permaneceram no território, e os visigodos fundam os primeiros reinos cristãos.
  Em 711 a península Ibérica é conquistada pelos mouros. Os cristãos recolheram-se  para o norte. Em 868, durante a Reconquista, foi formado o Condado Portucalense.
Condado Portucalense, em 1070
  Muito antes de Portugal conseguir a sua independência, houve algumas tentativas de alcançar uma autonomia mais alargada e até a independência foi tentada por parte dos condes que governavam as terras do Condado da Galiza e de Portucale. Para anular as tentativas de independência da nobreza local em relação ao domínio leonês, o Rei Afonso VI entregou o governo ao Condado de Galiza (que nessa altura incluía as terras de Portucale) ao Conde Raimundo de Borgonha, seu genro. Após muitos fracassos militares de D. Raimundo contra os mouros, Afonso VI decidiu entregar, em 1096, ao primo de D. Raimundo, o Conde D. Henrique, o comando das terras mais ao sul do Condado da Galiza, (re)fundando o Condado Portucalense.
  Com o governo do Conde D. Henrique, o Condado Portucalense promoveu uma política militar mais eficaz e ativa contra os mouros. Com a morte de D. Henrique, seu filho, D. Afonso Henriques sobe ao poder, e Portugal conseguiu a sua independência com a assinatura, em 1143, do Tratado de Zamora, ao mesmo tempo que conquistou localidades importantes, como Santarém, Lisboa, Palmela (que foi abandonada pelos mouros após a conquista de Lisboa) e Évora, esta conquistada por Geraldo Sem Pavor aos mouros.
Mapa político do noroeste da Península Ibérica, no final do século XII
  Terminada a Reconquista do território português em 1249, a independência do novo reino viria a ser posta em causa várias vezes pelo Reino de Castela (um dos antigos reinos da península Ibérica), com destaque para a sequência da crise de sucessão de D. Fernando I, que culminou com a Batalha de Aljubarrota, em 1835.
  Com o fim da guerra, Portugal deu início ao processo de exploração e expansão conhecido como as "Grandes Navegações". Nesse processo destacaram-se o infante D. Henrique, o Navegador, e o Rei D. João II, começando com a conquista de Ceuta, em 1415. Em 1434, Gil Eanes conquistou o Cabo Bojador, explorando a costa africana até 1488, quando Bartolomeu Dias cruzou o Cabo da Boa Esperança (até então era conhecido como Cabo das Tormentas, devido à grande quantidade de navios que afundavam por causa do movimento das correntes marinhas), fazendo a comunicação entre o Atlântico e o Índico.
  Em uma rápida sucessão, descobriram-se rotas e terras na América do Norte, América do Sul e no Oriente, na maioria durante o reinado de D. Manuel I, o Venturoso. Em 1500, os navegadores portugueses, tendo à frente Pedro Álvares Cabral, chegam às terras brasileiras.
As conquistas durante as Grandes Navegações
  Este período em Portugal foi conhecido como século de ouro. Porém, na batalha de Alcácer-Quibir, em 1578, o jovem rei português D. Sebastião e parte da nobreza portuguesa vieram a falecer, subindo ao trono o Rei-Cardeal D. Henrique, que morre dois anos depois, abrindo a crise de sucessão de 1580: esta resolve-se com a chamada monarquia dualista, em que Portugal e Espanha mantendo coroas separadas eram regidas pelo mesmo rei, processo este que ficou sendo chamado de União das Coroas Ibéricas, com a subida ao trono português Filipe II da Espanha, dando início a Dinastia Filipina.
  Privado de uma política externa independente e envolvido na guerra travada pela Espanha com os Países Baixos (Holanda), Portugal sofreu grandes reveses no seu império, resultando na perda do monopólio do comércio com o Índico. Este domínio chegou ao fim em 1 de dezembro de 1640 pela nobreza nacional que, após ter vencido a guarda real num repentino golpe de Estado, depôs a duquesa governadora de Portugal, coroando D. João IV como Rei de Portugal.
União das Coroas Ibéricas
  A aclamação de D. João IV, o Restaurador, provocou uma guerra entre Portugal e Espanha, que terminou apenas em 1668, com a assinatura de um tratado de paz em que a Espanha reconhecia em definitivo a restauração de Portugal. Entre o final do século XVII e a primeira metade do século XVIII ocorreu, no Brasil, o florescimento da exploração mineira, onde foram descobertas grandes minas de ouro e pedras preciosas que fizeram da corte de D. João V uma das mais ricas de toda a Europa. Estas riquezas serviam frequentemente para pagar produtos importados, majoritariamente da Inglaterra.
  O comércio externo português baseava-se na indústria do vinho e o desenvolvimento econômico do reino teve um grande impulso, já no reinado de D. José, graças aos esforços do Marquês de Pombal, que foi ministro entre 1750 e 1777, objetivando inverter a situação provocada pelas grandes reformas mercantilistas. Foi nesse reinado que um violento terremoto devastou Lisboa e o Algarve, em 1 de novembro de 1755.
Ruínas de Lisboa - gravura alemã de 1755
  Por manter a aliança com a Inglaterra e recusar-se a aderir ao Bloqueio Continental, Portugal foi invadido pelos exércitos napoleônicos, em 1807. A Corte e a família real portuguesa refugiaram-se no Brasil e a capital portuguesa deslocou-se para o Rio de Janeiro, onde permaneceram até 1821, quando D. João VI, rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves desde 1816, regressou a Lisboa para jurar a primeira Constituição do país. No ano seguinte, o seu filho D. Pedro IV - conhecido como D. Pedro I - era proclamado Imperador do Brasil.
  Portugal viveu, no restante do século XIX, períodos de enorme perturbação política e social (a guerra civil e repetidas revoltas e pronunciamentos militares, como a Revolução de Setembro - golpe de Estado ocorrido em 9 de setembro de 1836, que pôs termo ao Devorismo e levou à promulgação da Constituição Portuguesa de 1838 -, a Maria da Fonte ou Revolta do Minho - revolta popular ocorrida na primavera de 1846 contra o governo cartista presidido por Antônio Bernardo da Costa Cabral -, a Patuleia - guerra civil entre Cartistas e Setembristas na sequência da Revolução da Maria da Fonte -, e a Benzelada - contra-golpe de inspiração cartista, que ocorreu na noite de 4 para 5 de novembro de 1836, em reação à Revolução de Setembro) e só com o Ato Adicional à Carta, de 1852, foi possível acalmar o país e iniciar a política de fomento protagonizada no período da Regeneração, do qual foi figura de proa Fontes Pereira de Melo.
Império Português, em 1800
  No final do século XIX, as ambições coloniais portuguesas entram em atrito com as inglesas, originando o Ultimato de 1890, que aumentou as exigências britânicas e gerou vários problemas e escândalos econômicos, fazendo com que a monarquia entrasse em grande descrédito, levando o rei D. Carlos e o príncipe herdeiro D. Luís Filipe a serem assassinados em 1 de fevereiro de 1908. A monarquia ainda esteve no poder durante mais dois anos, tendo a frente D. Manuel II, mas foi abolida em 5 de outubro de 1910, quando implantou-se a República. Com a instalação da República, D. Manuel II parte para o exílio na Inglaterra.
  Após a Primeira Guerra Mundial, Portugal entrou em um período de instabilidade política que resultou num golpe de Estado, em 1926, com a instalação de um regime ditatorial que durou até 1974. O regime militar nomeou ministro das Finanças Antônio de Oliveira Salazar, em 1928, que foi nomeado, em 1932, Presidente do Conselho de Ministros. A ditadura de Antônio de Oliveira Salazar (o principal líder em todo o período) proibiu qualquer oposição ao governo e perseguiu adversários com violência, sem conseguir fazer o país crescer economicamente.
Antônio de Oliveira Salazar (1889-1970)
  Ao mesmo tempo que restaurou as finanças, Salazar instituiu o Estado Novo, regime autoritário de corporativismo de Estado, com partido único e sindicatos estatais, com afinidades bem marcadas com o fascismo. Em 1968, afastado do poder por motivo de doença, Salazar foi sucedido por Marcelo Caetano.
  A recusa do regime em descolonizar as províncias ultramarinas resultou no início da guerra colonial, primeiro em Angola (1961), em seguida em Guiné-Bissau (1963) e em Moçambique (1964). O regime iniciou a repressão militar aos movimentos de independência de suas colônias na África. As guerras coloniais agravaram os problemas econômicos e causaram grande insatisfação popular.
  Em 25 de abril de 1974, um movimento militar liderado por jovens oficiais, a Revolução dos Cravos, pôs fim à ditadura e deu início a um período de democracia e modernização econômica no país.
Revolução dos Cravos - movimento social que depôs o Estado Novo em Portugal
  Em 25 de novembro de 1975, diversos setores da esquerda radical (essencialmente paraquedistas e polícia militar da Região Militar de Lisboa), tentam promover um golpe de Estado, porém, devido a falta de uma liderança, esse movimento fracassou. O Grupo dos Nove (grupo de oficiais das Forças Armadas de Portugal) reage, pondo em prática um plano militar de resposta, liderado por Antônio Ramalho Eanes. Este triunfa e no ano seguinte consolida-se a democracia. Em 1976, Ramalho Eanes assume a presidência de Portugal, tornando-se o primeiro Presidente da República portuguesa eleito por sufrágio universal. Aprova-se uma Constituição democrática e estabelecem-se os poderes políticos locais (autarquias) e governos autônomos regionais nos Açores e Madeira.
Trabalhadores comemoram nove anos da Revolução dos Cravos, em 1983
  Entre as décadas de 1940-60, Portugal foi membro cofundador da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte - 1949), da EFTA (Associação Europeia de Comércio Livre - 1960), e da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico - 1961), saindo da EFTA em 1986, quando aderiu à então Comunidade Econômica Europeia (CEE), atual União Europeia. Em 1999, Portugal aderiu à Zona do Euro e nesse mesmo ano, entregou a soberania de Macau à China. Desde a sua adesão à União Europeia, o país presidiu o Conselho Europeu por três vezes, a última em 2007, quando foi palco da cerimônia de assinatura do Tratado de Lisboa (tratado que reformulou o funcionamento do bloco).
Assinatura do Tratado de Lisboa, em 13/12/2007
ECONOMIA
  Durante muito tempo, Portugal foi um dos países mais pobres da Europa, e grande contingente de portugueses emigrava em busca de uma vida melhor em outros países, entre eles o Brasil.
  Com a entrada de Portugal na União Europeia, o país se modernizou, reduzindo as atividades industriais e agrícolas de baixo valor e ampliando as atividades de maior valor e as relacionadas ao setor de serviços. Começa, também, a desenvolver-se outros setores no país, como o petroquímico, concentrado na cidade de Sines, e do setor automobilístico, polarizado na cidade de Palmela, ambos no distrito de Setúbal.
Cidade de Porto - Portugal
  Portugal teve uma industrialização relativamente tardia, o que explica o fato de apresentar um setor secundário de menor peso, quando comparado às demais nações desenvolvidas da Europa. Verifica-se uma grande vinculação do setor industrial português com o setor agrícola, ligadas principalmente ao setor têxtil, de bebidas e alimentício, direcionadas ao processo de transformação das matérias-primas produzidas. Dentre os principais produtos estão o azeite, resultado da transformação da oliva, e os vinhos, resultado da transformação da uva.
  Desde 1985, o país entrou num processo de modernização num ambiente bastante estável, o que contribuiu para a sua entrada na União Europeia em 1986. Os sucessivos governos fizeram várias reformas, privatizaram muitas empresas controladas pelo Estado e liberalizaram áreas-chave da economia, incluindo os setores de telecomunicações e financeiros.
  Nas décadas de 1990 e 2000, como integrante da União Europeia, Portugal recebeu muitos investimentos desse bloco, que possibilitaram melhorias em sua infraestrutura e no desenvolvimento do turismo. O país passou também a receber imigrantes, entre os quais muitos brasileiros.
Torre de Belém, em Lisboa - um dos pontos mais visitados pelos turistas
  No entanto, a crise econômica que abalou a Europa a partir de 2008, foi particularmente grave em Portugal, e o povo português foi atingido por sérias dificuldades, dentre elas o desemprego, o aumento de impostos, o grande descontentamento da população afetada pelas condições impostas pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e o financiamento de suas dívidas públicas.
  A PEA no setor primário português é de 12%, mostrando que muita gente ainda trabalha no setor agropecuário do país, comparando com outros países da Europa desenvolvida, como Reino Unido (1%), Bélgica e Alemanha (2%) e França e Países Baixos - Holanda (3%). A agricultura portuguesa está bem adaptada devido ao clima, relevo e solos favoráveis. Nas últimas décadas intensificou-se a modernização agrícola.
  Dentre os produtos agrícolas de Portugal, destacam-se o cultivo de oliveiras, destinada à produção de azeitonas e de azeite, e da videira, destinada à produção de vinho. Outros produtos bastante cultivados no país são trigo, milho e frutas.
Região Vinhateira do Alto Douro, em Vila Nova de Foz Côa - Portugal
  A pesca, que foi uma das grandes atividades no passado, diminuiu bastante devido à concorrência de pescados com outros países, porém, Portugal ainda é um grande produtor de peixes, destacando-se sardinha, carapau, polvo, peixe-espada-preto, cavala e atum.
  Outro produto de destaque em Portugal é a cortiça, da qual o país responde por mais de 50% da produção mundial. Os recursos minerais mais significativos em Portugal são cobre, lítio, volfrâmio, estanho, urânio, feldspato, sal-gema, talco e mármore.
  O turismo continua a ser um setor extremamente importante para a economia do país. Portugal está entre os 20 países mais visitados do mundo, recebendo em média 13 milhões de turistas estrangeiros por ano. Os principais pontos turísticos de Portugal são Lisboa, Algarve e Madeira. Lisboa está entre as cidades europeias mais visitadas pelos turistas.
Aldeia de Azenhas do Mar, em Sintra - Portugal
  Portugal vem expandindo sua capacidade de geração renovável de energia de maneira notável, de 17% para 45% nos últimos cinco anos.
  Portugal possui várias empresas transnacionais, sendo que as principais são: Banco Espírito Santo, Banco Nacional Ultramarino, Banco Internacional do Funchal (Banif), Delta Cafés, Portugal Telecom (controla e gerencia no Brasil a Vivo Participações), Cimpor (produção de cimentos), entre outras.
Edifício sede da Portugal Telecom, em Lisboa - Portugal
DEMOGRAFIA
  Portugal possui uma população de pouco mais de 10 milhões de habitantes. A composição étnica do país é uma combinação rica de vários povos: celtas, árabes, romanos, lusitanos, visigodos e celtiberos.
  A distribuição da população portuguesa apresenta importantes diferenças entre o sul e o norte, e entre o interior e o litoral. O norte e o litoral têm densidades populacionais notavelmente maiores do que o resto do país. Regiões como Lisboa e Porto superam os 600 hab./km², enquanto que em regiões como Bragança, Portalegre, Évora e Beja a densidade demográfica é de pouco mais de 3 hab./km². Estas diferenças se acentuaram durante a década de 1960, quando um grande êxodo rural reduziu as populações próximas à fronteira com a Espanha. Somente na década de 1990 é que a população urbana superou a população rural.
Mapa da densidade populacional de Portugal
  A língua portuguesa é uma língua românica (do grupo íbero-românico), tal como o castelhano, catalão, italiano, francês, romeno, reto-romanche (Suíça), e outras línguas. A língua portuguesa é a língua oficial do país e a língua mirandesa é a segunda língua oficial do país.
  A língua mirandesa é falada no nordeste de Portugal, no município de Miranda do Douro e em outros lugares próximos, na fronteira com a Espanha. Atualmente, cerca de 10 mil pessoas falam a língua mirandesa. Todos os falantes de mirandês falam também português.
  Como o português, o mirandês é uma língua derivada do latim popular. No entanto, como a língua portuguesa foi o idioma que dominou todo o território português, o mirandês acabou sobrevivendo apenas em alguns lugares.
Placa de identificação de arruamento, em Genísio, com o nome da rua em mirandês e português
  Durante séculos o mirandês foi sendo transmitido de geração em geração pela fala. Em sua região, sempre tem sido a língua que se fala em casa e na comunidade. Não era aprendida na escola e havia muito poucos textos escritos em mirandês. Além disso, o mirandês foi por muito tempo considerado apenas um dialeto do português e visto como linguagem de pessoas que não seriam capazes de aprender corretamente o português.
  Em 1999, a língua mirandesa foi reconhecida legalmente como o segundo idioma de Portugal. É ensinada nas escolas da região e usada em cerimônias, festas, documentos, livros e materiais diversos.
  O reconhecimento do mirandês trouxe muito orgulho às pessoas que sempre o usaram para se comunicar e para transmitir suas tradições. Um número cada vez maior de jovens se interessa em aprender o idioma, e a literatura em mirandês tem ganhado expressão e respeito.
Placa de informação, na Sé de Miranda, com o texto em mirandês
EDUCAÇÃO
  O sistema educativo em Portugal é regulado pelo Estado através do Ministério da Educação e Ciência. O sistema de educação pública é o mais usado e mais bem implementado, existindo também escolas privadas em todos os níveis de educação.
  Em Portugal a educação é iniciada obrigatoriamente para todos os alunos aos seis anos de idade. A escolaridade obrigatória é de 12 anos. O primeiro nível de ensino, o Ensino Básico, está dividido em ciclos: 1° ciclo (1° ao 4° ano); 2° ciclo (5° ao 6° ano); e 3° ciclo (7° ao 9° ano).
  No final de cada ciclo, os alunos realizam exames nacionais sobre as disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática. As provas avaliam os alunos sobre a matéria lecionada durante o ciclo correspondente.
  O nível seguinte é o Ensino Secundário, abrangendo o 10°, 11° e 12° anos. Tem um sistema de organização próprio, diferente dos restantes ciclos. A mudança de ciclo pode, em vários casos, ser marcada pela mudança de escola. As escolas que abrangem o 1° ciclo são mais pequenas que as restantes, possuindo em média 200 alunos, enquanto que as do 2° e 3° ciclos e as secundárias atingem cerca de 2 mil alunos.
Palácio das Escolas - sede da Universidade de Coimbra
  Qualquer aluno pode frequentar Cursos de Formação e de Educação que dão equivalência ao 9° ano, e Cursos Profissionais, que dão equivalência ao 12° ano. O aluno que desejar possuir habilitação literária, recebe uma certificação profissional, e todos os alunos podem concluir o Ensino Secundário em regime diurno e noturno.
  A primeira universidade portuguesa foi criada em 1290, a Universidade de Coimbra. As universidades portuguesas são organizadas em faculdades. Institutos e escolas também são comuns às denominações das subdivisões das instituições autônomas do ensino superior e são sempre utilizadas no sistema politécnico. O ingresso à faculdade é feito através da média final do aluno que obteve no Ensino Secundário e após a realização dos exames necessários, chamadas de provas de ingresso, muitas vezes com nota mínima; a média de entrada é calculada com uma porcentagem sobre a média do secundário e outra sobre o exame ou exames; a fórmula de cálculo varia conforme a instituição.
Reitoria da Universidade do Porto
SAÚDE
  O sistema de saúde português é caracterizado por três sistemas coexistente: o Sistema Nacional de Saúde (SNS), os regimes de seguro social de saúde especiais para determinadas profissões (subsistemas de saúde) e seguros de saúde de voluntariado privados. O SNS oferece uma cobertura universal. Cerca de 25% da população portuguesa é coberta por sistemas de saúde, 10% por seguros privados e 7% por fundos mútuos.
  O Ministério da Saúde é responsável pelo desenvolvimento da política de saúde, bem como de gerir a SNS. Cinco administrações regionais de saúde são responsáveis pela execução dos objetivos da política nacional de saúde, desenvolvimento de orientações e protocolos e de supervisionar a prestação de cuidados da saúde.
Hospital Santa Maria, em Lisboa - Portugal
LITERATURA
  A literatura portuguesa, uma das primeiras literaturas ocidentais, desenvolveu-se através de texto e música. Até 1350, os trovadores galego-portugueses espalharam a sua influência para a maior parte da península Ibérica. Gil Vicente (1465-1536), foi um dos fundadores das tradições dramáticas portuguesa e espanhola.
  Aventureiro e poeta, Luís de Camões (1524-1580) escreveu o poema épico Os Lusíadas, com a Eneida de Virgílio como a sua principal influência. A poesia moderna portuguesa está enraizada nos estilos neoclássico e contemporâneo, como exemplificado por Fernando Pessoa (1888-1935). Outros poetas da literatura moderna portuguesa são Almeida Garrett, Camilo Castelo Branco, Eça de Queirós, entre outros.
Luís de Camões - considerado o maior nome da Literatura portuguesa
ALGUNS DADOS SOBRE PORTUGAL
NOME OFICIAL: República Portuguesa
CAPITAL: Lisboa
Castelo de São Jorge, em Lisboa
GENTÍLICO: português, portuguesa
LÍNGUA OFICIAL: português
GOVERNO: República Constitucional Unitária Semipresidencialista
FORMAÇÃO: 1093 d.C.
Independência: 1139
Reconhecida: entre 1143 e 1149
LOCALIZAÇÃO: Europa Meridional (Península Ibérica)
ÁREA: 92.152 km² (109°)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2014): 10.716.414 habitantes (74°)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 116,29 hab./km² (65°)
MAIORES CIDADES (Estimativa 2014):
Lisboa: 553.812 habitantes
Lisboa - capital e maior cidade de Portugal
Sintra: 382.028 habitantes
Sintra - segunda maior cidade de Portugal
Vila Nova de Gaia: 305.650 habitantes
Vila Nova de Gaia - terceira maior cidade de Portugal
PIB (Banco Mundial - 2013): US$ 210,620 bilhões (45°)
IDH (ONU - 2014): 0,822 (41°)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2012): 80,0 anos (33°)
CRESCIMENTO VEGETATIVO (ONU - 2005-2010): 0,37% (174°)
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2013): 4,45/mil (23°). Obs: essa mortalidade é contada de menor para maior.
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook - 2014): 1,52 filhos/mulher (189°). Obs: essa taxa refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria até o fim do seu período reprodutivo (de 15 a 49 anos) e é contada de maior para menor.
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2014): 95,4% (91°). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que podem ler e escrever.
TAXA DE URBANIZAÇÃO (Pnud - 2010/2011): 59% (93°)
PIB PER CAPITA (CIA World Factbook - 2014): US$ 21.000 (42°)
MOEDA: Euro
RELIGIÃO: católicos (92,2%), protestantes (1,5%), outras religiões cristãs (1,1%), islâmicos (0,1%), outras religiões (5,1%).
DIVISÃO: as principais divisões administrativas de Portugal são os 18 distritos no continente e as duas Regiões Autônomas dos Açores e Madeira, que se subdividem em 308 concelhos e 3.092 freguesias. Os números dos distritos correspondem aos números do mapa. São eles: 1. Lisboa 2. Leiria 3. Santarém 4. Setúbal 5. Beja 6. Faro 7. Évora 8. Portalegre 9. Castelo Branco 10. Guarda 11. Coimbra 12. Aveiro 13. Viseu 14. Bragança 15. Vila Real 16. Porto 17. Braga 18. Viana do Castelo. Os distritos permanecem como a mais relevante subdivisão do país, servindo de base para uma série de utilizações administrativas.
Mapa com a divisão dos distritos de Portugal
  Antes de 1976, os dois arquipélagos atlânticos estavam também integrados na estrutura geral dos distritos portugueses, embora com uma estrutura administrativa diferenciada, contida no Estatuto dos Distritos Autônomos das Ilhas Adjacentes, que se traduzia na existência de Juntas Gerais com competências próprias. Havia três distritos autônomos nos Açores (Distrito de Angra do Heroísmo, Distrito da Horta e Distrito de Ponta Delgada) e um em Madeira (Distrito de Funchal).
Angra do Heroísmo - uma das principais cidades dos Açores
  Após 1976, os Açores e a Madeira passaram a ter o estatuto de Região Autônoma, deixando de se dividirem em distritos, passando a ter um estatuto político-administrativo e órgãos de governo próprios.
Funchal - capital da Ilha da Madeira
FONTE: Sampaio, Fernando dos Santos. Para viver juntos: geografia, 7° ano: ensino fundamental / Fernando dos Santos Sampaio, Marlon Clóvis de Medeiros. - 3. ed. - São Paulo:: Edições SM, 2012. - (Para viver juntos)

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