quinta-feira, 28 de maio de 2015

CIDADES SUSTENTÁVEIS

  As cidades sustentáveis são aquelas que adotam uma série de práticas eficientes voltadas para a melhoria da qualidade de vida da população, desenvolvimento econômico e preservação do meio ambiente. Geralmente são cidades muito bem planejadas e administradas. No Brasil e no mundo, existem várias cidades sustentáveis. Apesar do desenvolvimento de cidades sustentáveis no Brasil e no mundo, não é possível dizer que nenhuma delas seja 100% sustentável. Elas praticam várias ações com esse intuito em determinadas áreas, mas não no todo, como seria o desejável. As cidades sustentáveis ajudam a minimizar, mesmo que não seja muito, os efeitos nocivos do mau uso do meio ambiente pelo homem.
  A grande concentração da população mundial nas cidades e o crescente impacto ao meio ambiente, vem despertando, cada vez mais, a consciência das empresas e dos governos à estabelecerem medidas sustentáveis que resultam em melhor qualidade de vida para seus habitantes.
Desenho de como seria a Marginal do Tietê em São Paulo se fosse desenvolvido um planejamento sustentável para a cidade
  O crescimento das cidades se dará principalmente nos países pobres e emergentes nas próximas décadas. Esse fato requer grande atenção para evitar que os impactos causados sejam muito amplos e negativos.
  As cidades sustentáveis tomam medidas para evitar utilização inadequada dos imóveis urbanos, o gerenciamento do solo, a edificação ou uso excessivo ou inadequado em relação à infraestrutura urbana, a instalação de empreendimentos ou atividades que possam funcionar como polos geradores de tráfego, a deterioração das áreas urbanizadas, a poluição e a degradação ambiental.
  Mais do que nunca precisamos nos preocupar com a sustentabilidade das cidades, visando medidas que busquem desenvolver projetos sustentáveis para o melhor aproveitamento do espaço urbano, aliando desenvolvimento econômico, preservação do meio ambiente e atividades urbanas.
Uma das grandes preocupações urbanas está relacionada à questão da água
  Os programas para as cidades sustentáveis não contam apenas com políticas públicas, sendo fundamental a participação e cooperação dos cidadãos nessa empreitada. Ações individuais e coletivas colaboram para a implementação de projetos sustentáveis. Entre as ações voltadas para a sustentabilidade, destacam-se:
1. Energia renovável
  A substituição de geração de energia tradicional por energia renovável, como cata-ventos eólicos ou placas solares, é outro meio adotado pelas cidades sustentáveis. A energia solar é aquela obtida pela luz do Sol, podendo ser captada com painéis solares nas usinas fotovoltaicas e através de receptores nas usinas térmicas, chamadas heliotérmicas. A energia solar recebida pela Terra é cerca de 5 mil vezes maior do que o consumo mundial de eletricidade e energia térmica somados.
Produção de energia eólica, em Parelhas - RN
  A energia eólica é a energia obtida pela ação do vento através da utilização da energia cinética gerada pelas correntes atmosféricas. A energia eólica tem sido utilizada desde a Antiguidade para mover os barcos movidos por velas ou operação de outras máquinas. É uma espécie de energia verde. Essa energia também vem do Sol, que aquece a superfície da Terra de forma homogênea, gerando locais de baixa pressão e locais de alta pressão, fazendo com que o ar se mova gerando ventos.
Produção de energia eólica em Rio do Fogo - RN
2. Destinação dos resíduos sólidos  A correta destinação dos resíduos sólidos é condição primordial para uma cidade sustentável. A substituição da coleta tradicional por coleta seletiva de lixo destinada à reciclagem, com usinas de reciclagem, é um grande passo para promover a sustentabilidade. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), aprovada em agosto de 2010, trouxe importantes instrumentos para que municípios de todo o Brasil iniciassem o enfrentamento aos principais problemas ambientais, sociais e econômicos decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos.
A reciclagem do lixo é um grande passo para desenvolver a sustentabilidade
3. Coletores de águas pluviais
  A água das chuvas nas grandes cidades não serve para o consumo humano, pois está contaminada por diversos poluentes. Entretanto, ela é ideal para o uso em diversas atividades domésticas, como irrigar o jardim, lavar o carro e o quintal etc., por meio de um sistema de captação de água e um local de armazenamento, além do reuso da água em moradias e edifícios comerciais.
Coletar a água das chuvas é outro exemplo de sustentabilidade
4. Planejamento urbano
  A substituição de bairros que crescem de forma desorganizada por áreas de planejamento urbano por meio da construção de pequenos bairros com infraestrutura e próximos aos novos locais de trabalho.
  O modelo das cidades espraiadas (espalhadas) resulta em grandes deslocamentos, muitas vezes incentivando a utilização de carros. É uma contradição à sustentabilidade, provocando impactos negativos no meio ambiente. Por isso, surgiu o conceito de bairro planejado, com a busca de cidades mais ordenadas visando proporcionar uma melhor infraestrutura para seus moradores, unindo os fatores eficiência, qualidade de vida e sustentabilidade.
  Os bairros planejados, em geral, são desenvolvidos em grandes áreas (acima de 500 mil m²), integradas a áreas urbanas consolidadas que oferecem uma ampla variedade de produtos: residências horizontais e verticais, comércio, indústria, serviços e lazer cercados por parques e áreas verdes. Seus projetos devem apresentar uma correta hierarquia viária, que contempla carros, transporte público, ciclovias e vias de pedestres.
Os bairros planejados estão virando uma tendência no mercado imobiliário
5. Cinturões verdes
  A aproximação da produção de alimentos de grandes distâncias para produções agrícolas no entorno das cidades (cinturão verde) é uma forma de minimizar a necessidade de transportes de longa distância.
  O cinturão verde é uma área verde que pode ser composta por parques, chácaras, reservas ambientais, jardins ou pomares localizados ao redor de uma cidade (área periférica).
  Os cinturões verdes são de grande importância para a manutenção da qualidade de vida dos habitantes dos centros urbanos, principalmente das grandes cidades. Como nestas áreas ocorreu, e ainda ocorre desmatamento por causa da construção civil, elas possibilitam:
  • melhoria na qualidade do ar das cidades;
  • possibilidades de criação de áreas de lazer (parques) e educacionais (voltadas para a educação ambiental);
  • áreas de produção agrícola voltadas para a produção de frutas e hortaliças, abastecendo o mercado consumidor das cidades próximas;
  • colaboram para a manutenção do microclima da região, não deixando que as temperaturas se elevem muito;
  • promover a preservação ambiental e a manutenção do ecossistema.
Cinturão verde - uma forma de reduzir os custos dos produtos agrícolas
6. Transporte de massa
  A questão da mobilidade urbana surge como um novo desafio às políticas ambientais e urbanas, num cenário de desenvolvimento social e econômico do país e do mundo, no qual as crescentes taxas de urbanização, as limitações das políticas públicas de transporte coletivo e a retomada do crescimento econômico têm implicado num aumento expressivo da motorização individual (automóveis e motocicletas), bem como da frota de veículos dedicados ao transporte de cargas. O padrão de mobilidade centrado no transporte motorizado individual, mostra-se insustentável, tanto no que se refere à proteção ambiental, quanto no atendimento das necessidades de deslocamento que caracterizam a vida urbana.
  A resposta tradicional aos problemas de congestionamento, por meio do aumento da capacidade viária, estimula o uso do carro e gera novos congestionamentos, alimentando um ciclo vicioso responsável pela degradação da qualidade do ar, aquecimento global e comprometimento da qualidade de vida nas cidades (aumento significativo nos níveis de ruídos, perda de tempo, degradação do espaço público, atropelamentos, estresses, entre outros).
  Por isso, nas cidades sustentáveis existe a necessidade da substituição do transporte solitário pelo transporte solidário e pelo uso de bicicletas com a construção de ciclovias urbanas, e o aumento da oferta de transporte público de boa qualidade. Investir no transporte de massa é uma das alternativas para melhorar a qualidade de vida nas grandes cidades.
A construção de ciclovias é outra ação desenvolvida nas cidades sustentáveis
7. Áreas permeáveis
  A impermeabilização do solo significa perda da capacidade de absorção da água pelo solo. Este processo acontece principalmente nas cidades, em razão do asfaltamento, calçamento de ruas e calçadas, da própria construção de edificações e da cimentação dos quintais e jardins das casas. Forma-se, assim, uma espécie de capa sobre o solo, impedindo que a água seja absorvida.
  Nas áreas urbanas, como a água não é adequadamente absorvida pelo solo e a rede de drenagem pluvial é muitas vezes insuficiente ou está obstruída, ocorre que, em dias de chuva intensa ou prolongada, as águas correm pelo solo impermeabilizado, e a enxurrada vai descendo desde as partes mais altas até encontrar terrenos permeáveis - o que pode acontecer nas várzeas dos rios.
  Se as várzeas também estiverem impermeabilizadas, as águas acabam chegando à calha dos rios. Se as águas chegam aos rios em volume superior ao da sua capacidade natural de escoamento, o nível das águas fluviais aumenta, podendo ocorrer um extravasamento, com alagamento das várzeas impermeabilizadas e, gradativamente, a inundação de áreas próximas.
  A substituição do asfalto, que é impermeabilizante e facilita a ocorrência de enchentes e responsável pelo aumento da temperatura ambiente, por ruas pavimentadas com blocos permeáveis, que permitem a infiltração da água das chuvas, minimizando os efeitos dos alagamentos, é uma das alternativas desenvolvidas pelas cidades sustentáveis.
A impermeabilização do solo nas grandes cidades é o principal responsável por provocar enchentes
EXEMPLOS DE CIDADES SUSTENTÁVEIS NO BRASIL E NO MUNDO
ALEMANHA
  Ao oferecer incentivos financeiros a produtores de energia renovável, a Alemanha tem estimulado o setor e, simultaneamente, reduzido as emissões de CO². As principais cidades sustentáveis do país são:
1. Freiburg
  Freiburg é considerada a cidade mais sustentável do mundo. Embora tenha surgido no século XII, no sudoeste da Alemanha, essa cidade pode ser considerada a metrópole do futuro, ou pelo menos figura entre as áreas urbanas mais desenvolvidas em termos de sustentabilidade. Utiliza energia solar para atender a demanda da população e expande rotas de ônibus elétricos e ciclovias por suas ruas e avenidas.
  Grande parte dos imóveis dos 220 mil habitantes são adeptos do conceito de "casa passiva", no qual a construção possui isolamento térmico, algo que mantém a temperatura constante, e janelas amplas com três lâminas de vidro e sacadas projetadas para iluminar os ambientes sem prejudicá-los por raios de Sol em demasia. Edificações deste tipo são 10% mais caras em relação a obras comuns, porém, consomem apenas 10% do que gastariam as regulares.
Freiburg - Alemanha
2. Heidelberg
  A cidade introduziu de forma contínua o Orçamento Ambiental - um sistema de gestão de uso de recursos naturais que complementa o orçamento financeiro e a gestão de recursos humanos. Ele aplica processos orçamentários periódicos, mecanismos e rotinas para gerir recursos naturais, de forma que os gestores municipais dediquem a mesma atenção e preocupação para esses recursos e para a qualidade ambiental. A cidade também desenvolveu um sistema integrado de gestão energética para prédios públicos.
Heidelberg - Alemanha
3. Stuttgart
  Planejada respeitando e protegendo a natureza, Stuttgart explorou padrões de vento natural e a influência da vegetação. Mais de 60% da cidade é dotada de cobertura vegetal. A aplicação correta de"infraestrutura verde" foi usada para combater o efeito de ilhas de calor urbanas, o que beneficiou o meio ambiente, aumentando a biodiversidade e a qualidade do ar.
Stuttgart - Alemanha
4. Hamburgo
  Foi nomeada como Capital Verde da Europa em 2011. A cidade tem uma estratégia de planejamento integrado e participativo e um forte compromisso para uma visão sustentável. Hamburgo possui mais de 300 empresas de energia renovável, incluindo energia solar, eólica, hidrelétrica, geotermal e proveniente de biomassa. Promovendo esse tipo de energia, não somente protege o meio ambiente e seus recursos, como também cria novos empregos.
Hamburgo - Alemanha
5. Munique
  Theresienhöhe é um antigo local em Munique, que foi transformado em um bairro denso e verde. A área tem um excelente acesso ao transporte público. Theresienhöhe é cerca de um terço do tamanho do centro histórico de Munique. A estratégia para Theresienhöhe foi implementar orientações da prefeitura do "Pacto de Desenvolvimento Urbano Verde", buscando uma proposta economicamente sustentável, que gerasse receita para construir o novo bairro.
Bairro de Theresienhöhe, em Munique - Alemanha
AUSTRÁLIA
  Por meio de experiências de aprendizagem da vida real, no país são trabalhadas a melhora na gestão dos recursos e das instalações das escolas (energia, resíduos, água, biodiversidade, paisagismo, produtos e materiais) e temas relacionados às questões sociais e financeiras. A Austrália foi o primeiro país a banir as lâmpadas incandescentes, substituindo-as por modelos mais energicamente eficientes. As principais cidades sustentáveis do país são:
1. Melbourne
  A cidade estabeleceu a ambiciosa meta de "Emissões Zero em 2020", com o objetivo de agir localmente para que a mudança climática global seja estabilizada. O Council House 2 - CH2 (novo prédio da prefeitura da cidade), foi desenhado para se tornar o prédio com melhor design sustentável da Austrália. A arquitetura visa economizar água e energia, além de melhorar o bem-estar dos seus ocupantes. O edifício se adapta a quatro situações diferentes: dia e noite e inverno e verão.
Council House 2 - CH2 (em marrom) em Melbourne - Austrália
2. Sidney
  Em Sidney, as emissões de gases estufa diminuíram 18% com a reforma de suas instalações públicas por causa da troca das lâmpadas incandescentes. Além disso, na cidade foi colocada em prática um projeto de uma rede regional de bicicletas que deve unir 164 bairros. Com essas medidas, o uso da magrela triplicou nas áreas em que a rede foi instalada. Foi em Sidney também surgiu a Hora do Planeta, em que toda a cidade desligou as luzes por 1 hora para chamar atenção para o problema do aquecimento global.
Sidney - Austrália
BRASIL
  No Brasil, não temos ainda nenhum modelo de cidade 100% sustentável, porém, muitas delas vêm adotando medidas e ações voltadas para a sustentabilidade. As principais cidades brasileiras que vem adotando modelos de sustentabilidade são:
1. Porto Alegre (RS)
  Há 22 anos, a Prefeitura de Porto Alegre implementou um sistema de co-gestão com a participação da comunidade, para a estruturação do orçamento da cidade. O Orçamento Participativo é um processo dinâmico de planejamento do orçamento que se ajusta periodicamente às necessidades locais, buscando sempre um formato facilitador do debate entre o governo municipal e a população.
Porto Alegre - RS
2. São Carlos (SP)
  Com 37 Conselhos Municipais, Orçamento Participativo e Conferências Municipais, a cidade de São Carlos promove a participação social nas diferentes áreas das políticas públicas.
São Carlos - SP
3. Paragominas (PA)
  Há três anos, o município era considerado sinônimo de desmatamento, mas com o projeto Município Verde, a situação mudou em Paragominas, virando exemplo de sustentabilidade. Hoje, o município conta com 66,45% de todo o seu território coberto por floresta nativa, consideradas como áreas de proteção ambiental.
Paragominas - PA
4. Rio Branco (AC)
  A capital do Acre possui a maior rede cicloviária per capita do país, com cerca de 160 quilômetros de vias cicláveis projetadas e mais de 100 quilômetros de vias (ciclovias e ciclofaixas) já em funcionamento para uma população de mais de 360 mil habitantes, onde a bicicleta é o principal meio de transporte do município.
Rio Branco - AC
5. Curitiba (PR)
  No Brasil, Curitiba é considera a capital brasileira de sustentabilidade, por apresentar projetos inovadores em gestão pública, destacando-se a sua gestão ambiental, que desde as primeiras ações, mostrou-se preocupada com a preservação do meio ambiente. Ao instituir o Sistema Municipal de Gestão Sustentável, a cidade demonstrou a sua vontade política em desenvolver ações voltadas à sustentabilidade ambiental, entre elas, quando decidiu regulamentar e implantar as compras públicas sustentáveis e, desta forma, integrar os aspectos ambientais, sociais e econômicos em todos os estágios do processo de compra.
  Curitiba é, também, a terceira cidade com menor índice de emissão de dióxido de carbono per capita do mundo, perdendo apenas para Copenhague, na Dinamarca, e Vancouver, no Canadá. Possui ainda um bom programa de conservação da biodiversidade e de reflorestamento de espécies nativas, e tem uma área verde de 51 metros quadrados por habitante.
Curitiba - PR
6. Sorocaba (SP)
  A cidade possui a segunda maior malha cicloviária do país, atrás apenas do Rio de Janeiro, contando ainda com um sistema gratuito de bicicletas públicas. Em 2008 foi uma das oito cidades escolhidas pela ONU para participar do Projeto Urban LEDS (Promovendo Estratégias de Desenvolvimento Urbano de Baixo Carbono em Países Emergentes). A cidade conquistou quatro vezes seguidas o Selo Verde e Azul pelo desempenho em dez diretrizes: Esgoto Tratado, Resíduos Sólidos, Arborização Urbana, Educação Ambiental, Cidade Sustentável, Uso da Água, Estrutura Ambiental e Conselho Ambiental.
Sorocaba - SP
7. João Pessoa (PB)
  João Pessoa é uma das capitais de melhor qualidade de vida do Nordeste, possuindo diversos locais que auxiliam a população da cidade a obter uma vida melhor e de qualidade. Suas praças contam com equipamentos de ginástica, além de ciclovias espalhadas pela cidade. Durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Eco-92), a cidade recebeu o título de "Segunda Capital mais Verde do Mundo", baseado na relação entre número de habitantes e área verde, ficando atrás apenas de Paris, capital da França.
João Pessoa - PB
CANADÁ
  Vancouver é a principal cidade sustentável do Canadá. A cidade que em 2010 foi sede das Olimpíadas de Inverno, adotou a sustentabilidade como lema e levou a ideia a sério: as medalhas entregues aos atletas foram feitas de restos de metal jogados fora.
  O Plano Estratégico da Região Habitável (LRSP) é uma estratégia para organizar o crescimento da Grande Vancouver. Este documento tornou-se um marco para a tomada de decisões sobre o uso do solo e da rede de transportes em escala regional por parte dos 21 municípios que formam a região, criado para controlar o crescimento demográfico de forma a proteger e melhorar a qualidade e a conservação do entorno, além de proporcionar comunidades habitáveis e integradas.
  Vancouver é a cidade da América do Norte com a menor pegada de carbono. Mais de 200 parques esverdeiam a sua área urbana e pelo menos 90% da sua energia já provém de fontes renováveis. Em 2005, o governo colocou em prática uma estratégia para que todos os edifícios construídos na cidade oferecessem uma melhor performance ambiental. Desde então, disponibiliza para a população todas as informações necessárias sobre como diminuir o impacto de suas residências e oferece incentivos para que seus habitantes façam uso de energia solar. Até 2020, a cidade pretende neutralizar toda a emissão de gases estufa proveniente dos seus edifícios, que hoje são responsáveis por 55% das emissões de Vancouver.
Vancouver - Canadá
CHINA
  O governo chinês está erguendo um projeto que promete mudar o cenário local. Trata-se da cidade de Dongtan, que está sendo construída com o objetivo de ser a primeira cidade ecológica do mundo.
  O projeto surgiu como iniciativa do governo chinês, dono de 56% da segunda maior construtora do país, a Shangai Industrial Investment Corporation (SIIC). Em construção, na ilha de Chongming, à 25 quilômetros de Xangai, Dongtan é o projeto de uma cidade auto-sustentável em seu consumo de energia e água, além de não emitir nenhum tipo de gases causadores do efeito estufa. Até 2020, a população da cidade será de 80 mil habitantes.
  A cidade está sendo projetada como uma vila, onde as casas serão planejadas para tirar o melhor proveito possível das condições naturais do clima, diminuindo o uso de sistemas de aquecimento ou resfriamento, que consomem muita energia, e os prédios terão no máximo seis andares, dispensando o uso de elevadores.
  Os veículos tradicionais serão banidos, por possuírem altos índices de emissão de gases poluentes, priorizando o uso de bicicletas e lambretas movidos à bateria ou carros movidos à base de hidrogênio. A cidade será auto-suficiente em energia e água. Só serão admitidas fontes alternativas e renováveis, como a força dos ventos, além do gás e da biomassa, sobretudo a partir de casca de arroz. O sistema de água será duplo, com encanamentos de água potável e não potável, o segundo usado para descargas e irrigação. Cerca de 80% do lixo produzido será reciclado e até os dejetos serão processados e reutilizados como adubo.
Dongtan - China - a cidade do futuro
COLÔMBIA
  A Colômbia possui duas cidades que adotam modelos de sustentabilidade, que são:
1. Medellin
  Por meio da aplicação de um modelo alternativo de reordenamento, reajustes no uso do solo e recuperação ambiental, a gestão do projeto "Viviendas con Corazón" teve como meta promover a sustentabilidade e melhorar as condições de vida das famílias da cidade de Medellin.
Medellin - Colômbia
2. Bogotá
  Bogotá, pela viabilização do transporte sustentável, se tornou uma cidade mais segura e saudável, com maior integração social e econômica. Esse modelo de transporte é o TransMilenio, um sistema rápido e acessível de ônibus. Graças à grande rede de bibliotecas públicas existentes na capital colombiana, a cidade foi reconhecida como a Capital Mundial do Livro e a Capital Iberoamericana da Cultura em 2007.
Bogotá - Colômbia
COREIA DO SUL
  A cidade de Seul optou pela recuperação do rio Cheonggyecheon e a renovação urbana. O foco do projeto foi criar um lugar revitalizado, onde pessoas pudessem desfrutar do tempo livre, o qual reincorporou o rio à cidade. A capital sul-coreana lançou o projeto "Smart Seoul 2015" (Seul Inteligente 2015), o qual prevê que a conectividade deverá ser gratuita e para todos até o final desse ano. A prefeitura está instalando pontos de acesso wi-fi gratuito em todos os espaços públicos da cidade. Seul é considerada líder mundial em uma pesquisa sobre "governos eletrônicos".
Rio Cheonggyecheon, em Seul - Coreia do Sul
DINAMARCA
  O país é um exemplo de como promover a sustentabilidade. As principais cidades sustentáveis são:
1. Thisted
  Thisted é uma cidade 100% autossuficiente em energia renovável. A substituição do abastecimento da cidade foi iniciada na década de 1980, com investimento em energia eólica, geotérmica, solar, entre outras.
Thisted - Dinamarca
2. Copenhague
  A cidade é uma das principais ecocidades do mundo, e uma das que mais utiliza bicicletas por habitante, sendo que este meio de transporte é utilizado por cerca de 87% das viagens feitas pelos residentes da cidade. Em 2000, a cidade fez parte de um grande projeto de fazenda eólica em alto mar chamado Middelgrunden, que se estende por dois quilômetros ao longo da costa.
  Em 2014, Copenhague ficou entre as cidades Mais Habitáveis do Mundo e faturou o título de Melhor Cidade para Ciclistas. Cerca de 40% de sua população pedala diariamente para se deslocar pela área urbana e foi lá que surgiu pela primeira vez o empréstimo público de bicicletas.
Copenhague - Dinamarca
EMIRADOS ÁRABES UNIDOS
  Localizada no emirado de Abu Dhabi, Masdar City é uma cidade planejada que está sendo construída nos Emirados Árabes Unidos e que será a primeira cidade do mundo com emissão zero de carbono, incorporando a sustentabilidade em todos os processos da sua concepção e planejamento. Sua conclusão está prevista para 2018.
  A cidade sediará uma universidade, a Masdar Institute of Science and Technology e várias empresas. A cidade possuirá uma torre eólica de 45 metros, que informa aos cidadãos a quantidade de energia consumida na cidade, além de gerar eletricidade a partir dos ventos fortes característicos da região. Painéis solares estrategicamente localizados serão responsáveis pela produção de grande parte da energia consumida. O gás natural será utilizado como forma de garantir o isolamento térmico de alguns dos edifícios da cidade. Existe também a construção de uma usina de dessalinização da água movida a partir de energia solar.
Masdar City - Emirados Árabes Unidos
EQUADOR
  No Equador, existe dois locais de sustentabilidade, que são:
1. Ilhas Galápagos
  Em março de 2010, para resolver o problema de resíduos decorrente dos níveis insustentáveis de consumo nas Ilhas Galápagos, pelo contínuo crescimento urbano da ilha, tanto pelo turismo quanto pela população nativa, foi criado o Plano de Manejo de Resíduos das Ilhas Galápagos.
Ilhas Galápagos - Equador
2. Baía de Caraquez
  A Baía de Caraquez é um verdadeiro paraíso para os ecoturistas. Nos anos 1990, o local foi devastado ao ser atingido por um terremoto. Então, o governo equatoriano e algumas ONGs decidiram reconstruí-la como uma cidade sustentável. Eles desenvolveram programas para conservar a biodiversidade local e controlar a erosão, implantaram esquemas de incentivo à agricultura orgânica e de reutilização dos resíduos privados e dos mercados públicos na compostagem. Nesse local surgiu a primeira fazenda orgânica certificada de camarões.
Baía de Caraquez - Equador
ESTADOS UNIDOS
  Apesar de ser o maior responsável pela emissão de CO² na atmosfera, o país vem se comprometendo, mesmo de forma tímida, a reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa. O modelo das cidades estadunidenses normalmente traz avenidas largas, com amplo espaço para os carros. Os Estados Unidos possuem várias cidades que desenvolvem modelos de sustentabilidade, sendo que as principais são:
1. São Francisco
  Com a iniciativa "Zero Waste" (Resíduos Zero), 78% dos resíduos produzidos na cidade deixaram de ser encaminhados para o aterro sanitário, para serem reintroduzidos em diversos processos produtivos. São Francisco foi a primeira cidade americana a banir o uso de sacolinhas plásticas e brinquedos infantis fabricados com produtos químicos questionáveis. É também uma das cidades líderes na construção de prédios verdes. Quase metade dos seus habitantes utilizam o transporte público ou a bicicleta para se locomover todos os dias e mais de 17% da população faz bom proveito dos parques e das áreas verdes da cidade.
São Francisco - Estados Unidos
2. Portland
  A cidade de Portland incorpora as características naturais do território na infraestrutura existente na cidade, buscando reduzir os riscos em épocas de chuva e promover a filtragem da água de forma natural, com diferentes tipologias de intervenções. A cidade também investe pesado em ciclovias e ferrovias. Além de se comprometer em reduzir a emissão de gases poluentes, passou também a utilizar apenas materiais sustentáveis em suas construções. Portland foi a primeira cidade norte-americana a aprovar um plano para reduzir as emissões de dióxido de carbono e tem promovido sistematicamente a construção de prédios verdes.
Portland - Estados Unidos
3. Seattle
  A cidade de Seattle tem uma das maiores concentrações de edifícios verdes dos Estados Unidos, além de uma poderosa indústria de construção sustentável.
Seattle - Estados Unidos
NOVA ZELÂNDIA
  Em 2002, a estratégia de resíduos da Nova Zelândia torna-se a principal política dos governos central e locais para minimizar o desperdício e desenvolver melhor o manejo. A estratégia adotada no país contém 30 metas para reduzir o volume de materiais descartados e melhorar a gestão e a eficiência na utilização dos recursos.
Wellington - Nova Zelândia
PORTUGAL
  A capital portuguesa elaborou o Mapa de Ruído da Cidade de Lisboa, lançado em 2000, o qual representou os níveis de ruído de acordo com indicadores estabelecidos pelas legislação nacional.
Lisboa - Portugal
QUÊNIA
  Kibera, uma favela de Nairóbi, capital do Quênia, encontrou uma solução para seus problemas referentes à coleta, gestão e desperdício de resíduos, através da criação de um novo tipo de espaço público, os "parques produtivos".
Favela de Kibera em Nairóbi - Quênia
REINO UNIDO
  A "Terra da Rainha" possui algumas cidades que adotam modelo de sustentabilidade, destacando-se:
1. Totnes
  Na cidade nasceu o movimento das Cidades em Transição (Transition Towns), que foi criado com o objetivo de transformar as cidades em modelos sustentáveis, menos dependentes do petróleo, mais integrados à natureza e mais resistentes a crises externas, tanto econômicas quanto ecológicas.
Totnes - Reino Unido
2. Sutton
  BedZED é uma ecovila com cem casas localizada em Sutton, uma cidade no sul de Londres, que usa técnicas de eficiência energética para criar uma "comunidade com emissão zero de carbono", sendo a maior comunidade sustentável do país.
BedZED - a maior comunidade sustentável do Reino Unido
3. Woking
  Tecnologias que geram energia em pequena escala, são distribuídas perto de onde a eletricidade é consumida e fornecem uma alternativa ao sistema de energia elétrica tradicional. Uma combinação de instalações de energias renováveis, juntamente com medidas de eficiência energética, tem conseguido reduzir as emissões de CO² decorrentes do consumo de energia.
Woking - Reino Unido
3. Bristol
  A cidade desenvolveu um programa de monitoramento em tempo real da qualidade do ar integrado com o Plano de Mobilidade Sustentável.
Bristol - Reino Unido
SUÉCIA
  País com uma das melhores qualidades de vida do planeta, as principais cidades suecas que adotam modelo de sustentabilidade são:
1. Linköping
  Os resíduos provenientes de cantinas e restaurantes são utilizados para produzir biogás. Isso resultou em menor volume de resíduos, com maior uso de combustível não fóssil no transporte público da cidade e em mais disponibilidade de biofertilizantes para a agricultura.
Linköping - Suécia
2. Växjö
  Em 1996, Växjö decidiu não depender mais de combustíveis fósseis. O município fez parcerias com empresas locais, indústrias e companhias de transporte para atingir esse objetivo. Criaram o compromisso político para eliminar o uso de combustíveis fósseis e reduzir as emissões de CO².
Växjö - Suécia
3. Estocolmo
  Estocolmo foi nomeada a primeira Capital Verde Europeia, em 2010. A cidade foi escolhida por possuir um sistema administrativo integrado que garante a consideração de aspectos ambientais em orçamentos, planejamentos operacionais, relatórios e monitoramentos, além de reduzir as emissões de CO² em 25%, entre 1990 e 2005, e ter o objetivo de zerar o uso de combustíveis fósseis até 2050. O programa Veículos Limpos em Estocolmo, que teve início em 1996, teve como objetivo transformar todos os veículos da cidade em não poluentes.
Estocolmo - Suécia
4. Malmö
  Malmö não é famosa apenas pelos inúmeros jardins e parques que se espalham pela cidade. O desenvolvimento urbano sustentável também é uma característica marcante da cidade. Quase não há congestionamentos: são 425 km de ciclovias. Pioneira na utilização de energia renovável, Malmö também é apontada como a primeira cidade de Troca Justa da Suécia. Ali, o governo tem estimulado o consumo de mercadorias locais produzidas eticamente, promovendo a conscientização dos seus habitantes sobre a importância de se estabelecer um mercado justo e sustentável. A cidade recicla mais de 70% do lixo coletado e os resíduos orgânicos são reaproveitados para a fabricação de biocombustíveis que, juntamente com a energia hidrelétrica, solar e eólica, alimenta o Western Harbor, uma comunidade 100% dependente de energia limpa.
Malmö - Suécia
ISLÂNDIA
  Reikjavik, capital da Islândia, é considerada a cidade mais sustentável do mundo. A energia é produzida por hidrelétricas e usinas geotermais. O sistema de transporte coletivo opera com "ônibus verde", que utilizam hidrogênio como combustível. O ar é considerado um dos mais puros do mundo. Há mais de 50 anos, a Islândia tem se empenhado em diminuir sua dependência de combustíveis fósseis, aproveitando seu potencial natural para a geração de eletricidade. Para testar a viabilidade de se estocar carbono, Reikjavik está criando emendas de calcário no subsolo, onde o dióxido de carbono ficará permanentemente aprisionado no solo, o que deve permitir que usinas geotérmicas se livrem dos dióxidos de carbono que elas trazem das profundezas e se tornem efetivamente neutras.
Reikjavik - Islândia
FONTE: Silva, Ângela Corrêa da. Geografia: contexto e redes / Ângela Corrêa da Silva, Nelson Bacic Olic, Ruy Lozano. - 1. ed. - São Paulo: Moderna, 2013. 


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