sexta-feira, 30 de outubro de 2015

O FIM DA POLÍTICA DO FILHO ÚNICO NA CHINA

  A civilização chinesa se desenvolveu numa região com rios volumosos e solos férteis, que proporcionaram boas colheitas.
  Na Antiguidade, civilizações como essa que prosperou às margens dos rios Amarelo, Azul e Pérola também surgiram no Egito e na Mesopotâmia. Eles receberam  o nome genérico de civilizações hidráulicas.
  No século XX, a disponibilidade de alguns medicamentos importantes e o crescimento do comércio com o Ocidente incentivaram a natalidade e diminuíram a mortalidade. Muitos produtos rurais enxergaram no crescimento da família uma forma de gerar mais mão de obra e, consequentemente, mais renda. De acordo com estimativas da ONU (Organização das Nações Unidas), a população chinesa em 2015 é de 1,373 bilhão de habitantes, concentrando cerca de 20% da população mundial.
A fertilidade dos solos na China pode ser a causa da enorme população do país
  Tradicionalmente ligados às atividades rurais, os chineses acreditavam que uma família só seria completa com um grande número de filhos, pois isso representava mais pessoas trabalhando e elevando a renda da família.
  Para romper com esse pensamento, o governo chinês promoveu uma intensa campanha para conscientizar os chineses sobre a necessidade de deter o crescimento da população. A televisão e os jornais ressaltavam que a família feliz tem somente um filho, porque assim pode proporcionar a ele mais conforto. As regras são rígidas. O governo oferece auxílio aos casais que têm um único filho, mas cobra taxas elevadas daqueles que têm dois. Nesse caso, é comum a perda total dos benefícios.
  Lançada em 1979, a chamada política do "filho único" permanecia em vigor até o final de outubro de 2015. O governo chinês entendeu que seria um desastre para o país se os casais tivessem quantos filhos desejassem. Além dos altos gastos nas áreas sociais, temia-se a possibilidade de não haver alimento para todos. Por esses motivos, o governo resolveu adotar o controle de natalidade compulsório, permitindo um único filho a cada casal. No entanto, a regra apresenta exceções: na zona rural, é permitido o segundo filho.
  Na década de 1980, essa campanha usava frases grosseiras que em nada contribuíam para a conscientização da população. Frases como "um novo bebê significa um novo túmulo", ou "tenha menos crianças e mais porcos" não são mais utilizadas.
Cartaz da década de 1980 que incentivava os casais chineses a terem apenas um filho
  Hoje, a campanha usa frases mais delicadas, como "a mãe Terra está cansada de sustentar tantas crianças", que mostra a preocupação que o governo tem com o sustento dessa crescente população.
  A campanha de filho único tem gerado inúmeros problemas. Muitas crianças, que são "segundo filho" são abandonadas e entregues a orfanatos que, muitas vezes, não oferecem bons cuidados. Além disso, surgiu na China uma verdadeira indústria clandestina de abortos. Essa situação é particularmente grave, pois os casais mais tradicionalistas preferem filhos homens e chegam a pagar por ultrassons clandestinos para saber o sexo do bebê. Eles acreditam que o filho homem trabalha e pode sustentar seus pais na velhice; já as meninas, ao se casarem deixam a casa dos pais, que ficam sem a sua ajuda.
  Essas motivações deixaram marcas na sociedade chinesa. O número de homens já é bem maior que o de mulheres; calcula-se que são necessárias mais de 30 milhões de meninas para equilibrar a situação. Isso sem contar que muitas crianças chinesas que são "segundo filho"não têm registro porque suas mães deram à luz em regiões afastadas e não declararam seu nascimento para o governo. Desse modo, está nascendo e crescendo na China uma enorme massa de pessoas sem nome oficial.
Devido a política do filho único, muitas crianças são abandonadas em orfanatos na China
  Nos últimos anos, o governo chinês tem analisado casos de casais que dispõem de recursos financeiros e gostariam  de ter o segundo filho. Em 2008, vários casais tiveram autorização para ter mais filhos nas zonas atingidas por tragédias como terremotos, que mataram milhares de crianças.
  Desde o fim de 2013 a China adota medidas de relaxamento do controle de natalidade. No dia 29 de outubro de 2015, o governo chinês anunciou o fim da política do filho único, permitindo que agora cada casal tenha até dois filhos, uma reforma que põe fim a mais de 30 anos da política que limitava os nascimentos no país.
  O envelhecimento rápido da população é um dos efeitos secundários mais prejudiciais da política do filho único para a China, pois diminui a mão de obra ativa do país e contribui para elevar o déficit previdenciário com o aumento do número de aposentados. Em 2012, pela primeira vez em décadas, a população em idade ativa caiu. O índice de fecundação no país, de 1,5 filho por mulher, é muito inferior ao nível que garante a renovação geracional.
  A nova política, anunciada pelo Partido Comunista, representa um relaxamento na longa controversa "política do filho único". Com essa medida, espera-se que se regule a idade da população.
O envelhecimento da população chinesa é um dos motivos para o fim da política do filho único
FONTE: G1 (Portal de Notícias da Globo)

terça-feira, 27 de outubro de 2015

INDONÉSIA: O PAÍS COM A MAIOR POPULAÇÃO MUÇULMANA DO MUNDO

  A Indonésia é o maior arquipélago do mundo. São mais de 17 mil ilhas situadas nos oceanos Pacífico e Índico, que se estendem por 5 mil quilômetros no sentido oeste-leste e por 1,5 mil quilômetros no sentido norte-sul.
  A paisagem da Indonésia, marcada pela presença de densas florestas, vulcões e belíssimas praias  tropicais, transformou a região em importante destino turístico. O arquipélago abriga uma das áreas de maior diversidade biológica em todo o mundo. Existem aproximadamente 25 idiomas, 250 dialetos e 4 religiões mais praticadas, sendo o islamismo a que possui o maior número de fiéis.
  Por ser um arquipélago, o país tem fronteiras terrestres com a Malásia (ilha de Bornéu), Timor-Leste (ilha do Timor) e Papua Nova Guiné (na Nova Guiné); e marítimas com as Filipinas, Malásia, Cingapura, Palau, Austrália e Brunei.
  O país é um dos membros fundadores da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) e membro do G-20, possui a 16ª maior economia do planeta e é o quarto país mais populoso do mundo.
Mapa da Indonésia
HISTÓRIA
  A história da Indonésia foi moldada por sua posição geográfica, seus recursos naturais, as grandes migrações humanas, a economia, o comércio, as conquistas e a política. O território da Indonésia é habitado por povos de várias origens, criando uma diversidade de culturas, etnias e idiomas. Os acidentes geográficos do arquipélago e o clima, influenciaram significativamente a agricultura e o comércio, assim como a formação dos estados.
  Restos fossilizados do Homo-erectus, popularmente conhecido como Homem de Java, sugerem que a Indonésia começou a ser habitada entre 500 mil e dois milhões de anos atrás. O Homo-sapiens chegou à região provavelmente há 45 mil anos. Os austronésios, que constituem a maioria da população moderna do país, emigraram para o Sudeste Asiático a partir da ilha de Formosa. Por volta de 2.000 a.C., chegaram à Indonésia e expandiram seus territórios para as ilhas melanésias do oriente.
Bekasi - com uma população de 2.470.293 habitantes (estimativa 2015), é a quarta maior cidade da Indonésia
  Nos princípios do século VIII a.C., as condições agrícolas ideais e o aperfeiçoamento das técnicas do cultivo do arroz permitiram o surgimento de pequenas aldeias e reinos. A posição estratégica da Indonésia estimulou o comércio entre as ilhas e o continente.
  Entre os séculos VII e XIV d.C., formaram-se nas ilhas de Sumatra e Java, vários reinos hindus e budistas. Dois grandes reinos que surgiram nessa época foram o Sriwijaya e Majapahit. Nesse período, o reino budista de Sriwijaya, em Sumatra, cresceu rapidamente, onde no seu auge, controlava desde o oeste até a península Malaia.
Expansão do reino Sriwijaya
  No século XIV, surgiu o reino Majapahit, que conseguiu obter poder sobre o território que é a maior parte da Indonésia atual e sobre quase toda a península Malaia.
  Com a chegada dos comerciantes árabes de Gujarate (Índia) no século XII, o islamismo tornou-se a religião dominante na maior parte do arquipélago indonésio, tendo início pelo norte de Sumatra. Outras áreas da Indonésia gradualmente adotaram o islamismo, o que o tornou a religião dominante em Java e em Sumatra no final do século XVI. O islamismo se misturou a influências culturais e religiosas da região, que moldaram a forma predominante do islamismo na Indonésia, particularmente em Java. Sultanatos islâmicos como o de Mataran e o de Banten se instalaram na região.
  Quando o califado passou para as mãos dos Otomanos, foi iniciado um grande intercâmbio cultural entre as duas partes do oceano Índico e entre o Atlântico e o distante oceano Pacífico. Com a derrota dos safávidas, em Tabriz, e a aliança com os Mogols na Índia, os otomanos abriram as portas para o Extremo Oriente, e as fecharam para o Ocidente.
  O bloqueio comercial otomano provocou uma incansável busca por um caminho para as terras onde eram produzidas as especiarias.
Templo budista Bajang Ratu, na cidade de Mojokerto - Indonésia
  Quando os europeus chegaram à Indonésia, em princípios do século XVI, começaram a dominar os reinos que ali existiam, com o objetivo de monopolizar o comércio das especiarias.
  No século XVII, os holandeses, através da Companhia Holandesa das Índias Orientais, estabeleceram na região a sua colônia, mas não conseguiram ocupar a colônia portuguesa de Timor. Durante a maior parte do período colonial, o controle holandês sobre o arquipélago ficou restrito às zonas costeiras, em uma ocupação que durou até o século XX. As tropas holandesas estavam constantemente envolvidas em sufocar rebeliões. A influência de líderes locais e uma sangrenta guerra em Aceh, que durou trinta anos, debilitaram e reduziram as forças militares holandesas.
Medan - com uma população de 2.219.271 habitantes (estimativa 2015), é a quinta maior cidade da Indonésia
  Durante a Segunda Guerra Mundial, os Países Baixos, que haviam sido ocupados pela Alemanha Nazista, perderam a sua colônia para os japoneses. Com o fim da guerra, Sukarno, que tinha cooperado com os japoneses, declarou a independência da Indonésia, mas os Aliados apoiaram o exército holandês, que objetivava recuperar sua colônia.
  A guerra pela independência, denominada Revolução Nacional da Indonésia, durou mais de quatro anos e envolveu um esporádico, mas sangrento conflito armado interno, levantes políticos e duas grandes intervenções diplomáticas internacionais. As forças holandesas não conseguiram prevalecer sobre os indonésios, sendo expulsos após muita resistência.
  Embora as forças holandesas controlassem vilas, cidades e redutos republicanos em Java e Sumatra, não conseguiram controlar as aldeias e o campo. Assim, a República da Indonésia acabou por prevalecer, tanto através da diplomacia internacional, como através da determinação da Indonésia em conflitos armados em Java e em outras ilhas.
  A revolução terminou em dezembro de 1949, quando, após pressões internacionais, os Países Baixos reconheceram formalmente a independência da Indonésia.
Tangerang - com uma população de 1.902.919 habitantes (estimativa 2015), é a sexta maior cidade da Indonésia
  Entre os anos 1963 e 1965, o Partido Comunista da Indonésia, que mantinha relações secretas com a China comunista de Mao Tsé-tung, elaborou um plano para fortalecer o governo pró-Pequim de Sukarno. A ideia era decapitar o alto comando anticomunista do exército para manter mais da metade do Exército, dois terços da Aeronáutica, e um terço da Marinha alinhados ao Partido Comunista da Indonésia. Em 30 de setembro de 1965, o plano foi colocado em prática e o chefe do Exército e outros cinco generais foram presos e executados.
  Contudo, esse plano fracassou, pois Suharto, um general até então de pouca expressão, estava informado sobre esse plano, esperou a prisão e execução dos generais para, rapidamente, tomar o poder. O golpe de Estado do general Suharto, apoiado pelos Estados Unidos e seus aliados, derrubou o governo do líder populista Sukarno em 1965, sob o pretexto de deter o avanço comunista. Foi um banho de sangue que vitimou mais de 500 mil indonésios supostamente comunistas.
Sukarto (1901-1970) - ex-presidente da Indonésia
  De caráter agressivo, militarista e essencialmente corrupto, a ditadura de Suharto promoveu a repressão e opressão da população. Reforçou, também, a centralização política e o expansionismo, objetivando impedir a diversidade existente no país e reforçar as tensões autônomas opositoras à construção de uma "Grande Indonésia". Com isso, houve conflitos autônomos nas ilhas Molucas, em Sumatra, na Nova Guiné, em Celebes e Bornéu, e fronteiriços com a Malásia e Papua Nova Guiné.
  Suharto foi reeleito cinco vezes e governou o país com a ajuda dos militares mas, com a crise econômica asiática de 1997, o país voltou à rebelião e o presidente foi obrigado a renunciar, entregando o poder ao seu vice-presidente, B. J. Habibie.
Suharto (1921-2008) - ex-presidente da Indonésia
  Nas eleições de 1999 Habibie perdeu para Megawati Sukarnoputri, filha de Sukarto, que não chegou a ser empossada, tendo sido substituída pelo seu partido político por Abdurrahman Wahid. A crise do Timor-Leste provocou a volta de Megawato à presidência em 2001. Em 2004, nas primeiras eleições diretas, foi eleito presidente Susilo Barbang Yudhoyono.
  No dia 26 de dezembro de 2004, uma catástrofe abalou o país. Nesse dia, registrou-se o maior terremoto dos últimos tempos (8,9 na escala de Richter), com o epicentro na ilha de Sumatra. O sismo originou maremotos e tsunamis que assolaram a costa de vários países do Sudeste Asiático, como o Sri Lanka (o mais afetado), seguido da própria Indonésia, Índia, Tailândia, Malásia, Maldivas e Bangladesh, provocando a morte de quase 300 mil pessoas e de um grande número de desabrigados.
Destruição na Indonésia provocado pelo tsunami, em 26 de dezembro de 2004
  Em janeiro de 2015, as relações entre a Indonésia e o Brasil foram afetadas após o fuzilamento do brasileiro Marco Archer, acusado de entrar no país com drogas.
A QUESTÃO DO TIMOR-LESTE
  No final da Segunda Guerra Mundial, a parte oeste da ilha do Timor foi anexada à Indonésia, mas a parte leste da ilha foi mantida sob o controle de Portugal.
  A independência do Timor-Leste só se concretizou em meados de 1975. No final daquele ano, porém, o território foi invadido pelas tropas do ditador Suharto e anexado à Indonésia.
  A população do Timor-Leste, jamais aceitou o domínio da Indonésia, que buscava submetê-la por meio de atos violentos e perseguições, esperando substituir a população timorense por indonésios -  que eram incentivados a migrar para a região.
Localização do Timor-Leste
  Pouco a pouco, o movimento pela independência do Timor-Leste foi crescendo e se organizando. Ao mesmo tempo, a imprensa do mundo inteiro passou a noticiar fatos relacionados à luta pela independência desse território.
  Em consequência, a Indonésia foi pressionada por diversos países a permitir um referendo popular para decidir o futuro do Timor-Leste. Supervisionado pela ONU, o referendo foi realizado em 1999, e 78,5% dos timorenses aprovaram a independência de seu território em relação à Indonésia.
  Inconformados com esse resultado, grupos armados de milicianos indonésios passaram a atacar e matar timorenses e representantes da ONU no território. Dili, a capital do Timor-Leste, foi arruinada, o que levou mais de 100 mil pessoas a se refugiarem nas montanhas do interior e em outros países.
  Os líderes indonésios temem que a independência do Timor-Leste sirva como exemplo para outras etnias nacionalistas e separatistas, o que poderia gerar o desmembramento territorial do país. Muitos indonésios apoiam a formação de um Estado islâmico, religião da grande maioria da população, e consideram as minorias católicas desagregadoras, antipatrióticas e traidoras da Indonésia, fato que gera muitas tensões.
Dili - capital do Timor-Leste
GEOGRAFIA
  Banhada pelo oceano Pacífico a leste e pelo oceano Índico a oeste, a República da Indonésia é formada por 17.508 ilhas, das quais 6 mil são habitadas - sendo as maiores Sumatra, Bornéu e Java -, totalizando uma área de mais de 1,9 milhão de km². Os países limítrofes são: Filipinas, Cingapura, Brunei, Malásia, Papua Nova Guiné, Timor-Leste, Palau e Austrália. Uma característica desse arquipélago é a sua transcontinentalidade, pois ele é uma ligação entre a Ásia e a Oceania.
  O arquipélago da Indonésia é predominantemente montanhoso e vulcânico. Seu clima quente e úmido resulta da forte insolação que atinge as grandes florestas, provocando enorme evapotranspiração. Em alguns trechos, as chuvas superam 3 mil milímetros anuais, permitindo que a floresta - que cobria a maior parte do país antes de ser explorada para retirada de madeira - mantenha-se sempre exuberante, muito parecida com a a Floresta Amazônica. O ponto culminante do país é a Pirâmide Carstensz, com 4.884 metros, que está situado na ilha de Nova Guiné.
Pirâmide Carstensz - ponto culminante da Indonésia
  O lago Toba, localizado na ilha de Sumatra, é o mais extenso do país, com uma área de 1.145 km². Os principais rios do país são: Brantas, Citarum, Mas, Musi, Solo e Siak.
  O rio Brantas está situado na província de Java Oriental. Seu curso tem formato semicircular ou espiral e seu curso tem formato semicircular ou espiral, desaguando no mar de Java. Seu principal afluente é o rio Mas.
  O rio Citarum nasce nas encostas do monte Wayang, na ilha de Java e deságua no mar de Java.
  O rio Citarum é considerado um dos rios mais poluídos do mundo e, atualmente, passa por um processo de despoluição.
Rio Citarum, um dos rios mais poluídos do mundo
  O rio Musi é o mais longo rio da Indonésia, com cerca de 750 quilômetros de comprimento, e drena a maior parte do território da província de Sumatra do Sul. Nasce nos montes Barisan e deságua no estreito de Bankga.
  O rio Solo, também denominado Bengawan Solo, é o segundo mais longo rio da Indonésia, com um comprimento de 600 quilômetros.
  Situando-se entre as placas tectônicas do Pacífico, Euro-Asiática e Indo-Australiana, a Indonésia é um país com muitos vulcões e frequentemente há a ocorrência de terremotos. São cerca de 150 vulcões ativos, incluindo o Krakatoa e o Tambora, famosos por suas erupções devastadoras no século XIX. Entre os desastres causados pela atividade sísmica recente, está o tsunami ocorrido em 26 de dezembro de 2004, que matou cerca de 170 mil pessoas na ilha de Sumatra, e o Sismo de Java, em maio de 2006. Apesar de trazer prejuízos, a cinza vulcânica traz benefícios para o solo, pois fertiliza o mesmo e contribui para a elevada produção agrícola.
Monte Krakatoa
  A Indonésia é o segundo país em número de espécies endêmicas (perdendo apenas para a Austrália), com cerca de 1.531 espécies de aves e 515 espécies de mamíferos e répteis. Dentre essas espécies, encontra-se o dragão-de-komodo ou crocodilo-da-terra, uma espécie de largarto que vive nas ilhas Komodo, Rinca, Gili Motang e Flores, na Indonésia.
Dragão-de-komodo
  O litoral indonésio possui mais de 80 mil quilômetros de praia, sendo cercado por mares tropicais que contribuem para o alto nível de biodiversidade do país, além de conter uma variedade de ecossistemas costeiros, como praias, dunas, estuários, manguezais, recifes de coral, bancos de algas marinhas, lodaçais costeiros, planícies de maré, leitos de algas e ecossistemas de pequenas ilhas.
  A Indonésia é um dos países  do chamado "triângulo de corais", com um dos maiores níveis de diversidade mundial de peixes de recife de corais, com mais de 1.650 espécies registradas apenas no leste do país.
Paisagem da Indonésia
PROBLEMAS AMBIENTAIS
  Ao atrair grandes investimentos, a Indonésia abriu caminho para utilização descontrolada de seus recursos naturais. O país registrou o ritmo mais acelerado de desmatamento no mundo entre 2000 e 2005. Grupos ambientalistas afirmam que, no auge da destruição, desapareceriam áreas florestais equivalentes a 300 campos de futebol por hora. A próxima geração de indonésios não verá nenhuma floresta se o governo não agir para resolver o problema. A Indonésia já perdeu 72% da cobertura vegetal original, e metade da que restou está sob ameaça por causa da extração de madeira, das queimadas e da produção de óleo de palma (dendê).
Área desmatada na Indonésia
  O grupo ambientalista Greenpeace pediu ao governo indonésio que imponha uma proibição temporária da extração de madeira nas florestas do país e acusou as autoridades de não controlarem as ilegalidades e a corrupção no setor florestal.
  A demanda internacional por papel, madeira e óleo de palma é o principal fator por trás da destruição das florestas indonésias, que atualmente cobrem 120,3 milhões de hectares. A Indonésia é um dos maiores produtores mundiais de óleo de palma.
  Por causa do desmatamento, a Indonésia tornou-se um dos maiores emissores mundiais de gases causadores do efeito estufa.
Depok - com uma população de 1.839.407 habitantes (estimativa 2015), é a sétima maior cidade da Indonésia
ECONOMIA
  A Indonésia tem uma economia mista, onde tanto o setor privado quanto o estatal, desempenham papéis importantes. Possui a maior economia do Sudeste Asiático e é membro do G-20, grupo das principais economias do planeta.
  As atividades primárias têm ainda forte peso na economia da Indonésia, mas o crescimento urbano, a recente industrialização e a existência de recursos naturais abundantes, como madeira e petróleo, estão mudando a tradição agrícola do país.
  Cerca de 45% dos trabalhadores indonésios permanecem no campo. Eles mantêm uma produção tradicional que se vale da numerosa mão de obra para dar um tratamento especial e mais cuidadoso às plantações. Essa agricultura de jardinagem garante ao país a autossuficiência em arroz.
  A atividade pesqueira também é usada como forma de sobrevivência por parte da população.
Campos de arroz em terraços, em Bali - Indonésia
  As plantations, uma herança dos colonizadores holandeses, cultivam principalmente seringueiras (para fabricação da borracha), café, chá dendê e tabaco.   O país possui petróleo e gás natural em abundância, de modo que é autossuficiente na produção energética. Outros recursos naturais importantes da Indonésia são o estanho, o cobre, o níquel e a bauxita, além da madeira.
  Essas matérias-primas, juntamente com a liberalização econômica acelerada na década de 1990, têm atraído ao país muitas indústrias estrangeiras, que produzem aço e cimento, entre outros bens de produção, como ligas metálicas, mas também alguns bens de consumo.   Os governantes da Indonésia também deram grande prioridade à exportação desses produtos, o que tem garantido ao país superávits comerciais. Porém, apenas uma parte muito pequena desses lucros é utilizada para a educação e saúde, o que contribui para a baixa qualidade de vida.
  Em consequência da má aplicação dos lucros, a Indonésia possui mais de 17% de sua população vivendo em situação de miséria extrema. Além disso, apenas pouco mais da metade da população é urbana, e o desemprego é bastante alto.
Semarang - com uma população de 1.645.278 habitantes (estimativa 2015), é a oitava maior cidade da Indonésia
  Na década de 1960, a economia indonésia se deteriorou drasticamente por causa da instabilidade política, de um governo jovem e inexperiente, e do nacionalismo econômico, que resultou em pobreza extrema e fome. A inflação atingia quase 1.000% ao ano, houve uma diminuição nas receitas de exportação, a infraestrutura do país estava em ruínas, as fábricas operavam com capacidade mínima e os investimentos eram insignificantes.
  Após a queda do ditador Sukarno, a nova administração nacional promoveu um certo grau de disciplina financeira à política econômica, reduzindo rapidamente os níveis de inflação, estabilizando a moeda local, renegociando a dívida externa e atraindo investimentos estrangeiros.
Palimbão - com uma população de 1.539.690 habitantes (estimativa 2015), é a nona maior cidade da Indonésia
  A Indonésia era o único país do Sudeste Asiático que pertencia à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), mas em 2009 o país deixou de participar desse grupo.
  O país faz parte da Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (Apec), um bloco econômico que tem por objetivo transformar a área do oceano Pacífico numa área de livre comércio.
Makassar - com uma população de 1.416.305 habitantes (estimativa 2015), é a décima maior cidade da Indonésia
CULTURA
  A Indonésia possui cerca de 300 grupos étnicos, cada um com identidades culturais desenvolvidas ao longo de séculos e influenciado por culturas como a indiana, árabe, chinesa e europeia. Danças tradicionais javanesas e balinesas, contêm aspectos da cultura e da mitologia hindu. As influências mais dominantes na arquitetura local têm sido tradicionalmente indiana, entretanto, influências arquitetônicas chinesas, árabes e europeias são bastante significativas.
  A culinária do país varia de acordo com a região. O arroz é o principal alimento básico e é servido com acompanhamento de carnes e legumes. Especiarias (principalmente a pimenta), leite de coco e frango são ingredientes fundamentais na culinária local.
Dançarinas da etnia Dayak, participando de um festival em Jacarta
ALGUNS DADOS DA INDONÉSIA
NOME: República da Indonésia
CAPITAL: Jacarta
Centro de Jacarta - capital da Indonésia
GENTÍLICO: indonésio (a)
LÍNGUA OFICIAL: língua indonésia
GOVERNO: República Presidencialista
INDEPENDÊNCIA: dos Países Baixos
Declarada: 17 de agosto de 1945
Reconhecida: 27 de novembro de 1949
LOCALIZAÇÃO: Sudeste Asiático
ÁREA: 1.904.569 km² (14º)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2015): 255.780.000 habitantes (4°)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 134,29 hab./km² (55°). Obs: a densidade demográfica, densidade populacional ou população relativa é a medida expressa pela relação entre a população total e a superfície de um determinado território.
CRESCIMENTO VEGETATIVO (ONU - Estimativa 2015): 1,16 (114°). Obs: o crescimento vegetativo, crescimento populacional ou crescimento natural é a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade de uma  determinada população.
CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativa 2015):
Jacarta: 10.144.313 habitantes
Jacarta - capital e maior cidade da Indonésia
Surabaya: 2.925.885 habitantes
Surabaya - segunda maior cidade da Indonésia
Bandung: 2.533.775 habitantes
Bandung - terceira maior cidade da Indonésia
PIB (FMI - 2014): US$ 894,854 bilhões (16º). Obs: o PIB (Produto Interno Bruto), representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano).
PIB PER CAPITA (FMI 2014): US$ 9.635 (101°). Obs: o PIB per capita ou renda per capita é o Produto Interno Bruto (PIB) de um determinado lugar dividido por sua população. É o valor que cada habitante receberia se toda a renda fosse distribuída igualmente entre toda a população. 
IDH (ONU - 2014): 0,684 (108°). Obs: o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida oferecida à população. Este índice é calculado com base em dados econômicos e sociais, variando de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país. No cálculo do IDH são computados os seguintes fatores: educação (anos médios de estudos), longevidade (expectativa de vida da população) e PIB per capita. A classificação é feita dividindo os países em quatro grandes grupos: baixo (de 0,0 a 0,500), médio (de 0,501 a 0,800), elevado (de 0,801 a 0,900) e muito elevado (de 0,901 a 1,0).
Mapa do IDH dos países
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2014): 72,2 anos (117º). Obs: a expectativa de vida ou esperança de vida, expressa a probabilidade de tempo de vida média da população. Reflete as condições sanitárias e de saúde de uma população.
TAXA DE NATALIDADE (ONU - 2014): 19,65/mil (99º). Obs: a taxa de natalidade é a porcentagem de nascimentos ocorridos em uma população em um determinado período de tempo para cada grupo de mil pessoas, e é contada de maior para menor.
TAXA DE MORTALIDADE (CIA World Factbook 2014): 6,25/mil (144º). Obs: a taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um índice demográfico que reflete o número de mortes registradas, em média por mil habitantes, em uma determinada região por um período de tempo e é contada de maior para menor.
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2014): 29,97/mil (152°). Obs: a taxa de mortalidade infantil refere-se ao número de crianças que morrem no primeiro ano de vida entre mil nascidas vivas em um determinado período, e é contada de menor para maior.
TAXA DE FECUNDIDADE (Nações Unidas - 2015): 2,36 filhos/mulher (86º). Obs: a taxa de fecundidade refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início ao fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos), e é contada de maior para menor.
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2014): 92,8% (115°). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2014): 52,8% (109°). Obs: essa taxa refere-se a porcentagem da população que mora nas cidades em relação à população total.
MOEDA: Rúpia Indonésia
RELIGIÃO: islamismo (87,2%), cristianismo (9,6%), hinduísmo (1,8%), budismo (1%), outras religiões (0,4%).
DIVISÃO: a Indonésia está dividida em 33 províncias (entre as quais três são territórios de regime especial: Aceh e Yogyakarta, e o território de Jacarta). As províncias são subdivididas em distritos, que estão divididas em regências e cidades. As províncias, regências e cidades possuem seus próprios governos locais e órgãos parlamentares.
Mapa da divisão política da Indonésia
FONTE: Tamdjian, James Onnig
Estudos de geografia: o espaço do mundo II. 9º ano / James Onnig Tamdjian, Ivan Lazzari Mendes. - São Paulo: FTD, 2012.

domingo, 18 de outubro de 2015

RUANDA E BURUNDI: DOIS PEQUENOS PAÍSES ENCRAVADOS NAS MONTANHAS DA ÁFRICA

  Localizado no centro da África, a República de Ruanda e o Burundi são ex-colônias alemãs que passaram para o controle da Bélgica no final da Primeira Guerra Mundial (1918). Durante o período de dominação colonial alemã e mais tarde belga, formavam um só país, denominado Ruanda-Urundi.
  A pobreza e as rivalidades entre os grupos e clãs sempre foram grandes na região. Os colonizadores aproveitaram-se dessas divisões para melhor dominar, incentivando o ódio entre os diversos grupos.
  Embora sendo o grupo minoritário, os tutsis foram privilegiados com o acesso exclusivo à educação, às Forças Armadas e a postos na administração estatal. Essa política continuou sob o domínio belga, o que acarretava rivalidade e ressentimento entre as etnias.
  Quando o Burundi e Ruanda se tornaram independentes, em 1962, as rivalidades cresceram em todos os lugares e atingiram o ápice com o massacre de mais de 200 mil hutus no Burundi, em 1972.
  As tensões entre tutsis e hutus ficaram em equilíbrio instável até que um atentado, em 1994, matou o presidente de Ruanda, Juvenal Habyarimana, do grupo hutu. Começou então uma violenta perseguição aos tutsis, que em poucas semanas resultou na morte de mais de 800 mil pessoas, enquanto mais de 1 milhão fugiram do país. Foi um dos eventos mais trágicos do século XX.
Localização de Ruanda e Burundi
RUANDA
Mapa de Ruanda
  Ruanda é um pequeno país situado no centro-leste da África. O território onde está situado Ruanda foi dividido artificalmente pelos colonizadores europeus, no século XIX, que não consideraram as diferenças e os limites territoriais entre as etnias que lá viviam para estabelecer suas fronteiras.
  O hutus (cerca de 80% da população) e os tutsis (cerca de 18% da população) conviveram durante séculos em Ruanda, até que, ao final da Primeira Guerra Mundial, a Bélgica tomou posse do território, dominado anteriormente pela Alemanha, que foi derrotada naquele conflito.
  Ruanda recebeu uma atenção considerável devido ao genocídio ocorrido no país em 1994, no qual cerca de 800 mil pessoas foram mortas. Desde então, o país viveu uma grande recuperação social e, hoje em dia, apresenta um modelo de desenvolvimento que é considerado exemplar para países em desenvolvimento. Sua capital, Kigali, é a primeira cidade africana a ser premiada com o Habitat Scroll of Honor Award, em reconhecimento de sua "limpeza, segurança e conservação do modelo urbano"
  Em 2008, Ruanda tornou-se o primeiro país do mundo a eleger uma legislatura nacional na qual a maioria dos membros era formado por mulheres.
Ruhengeri - com uma população de 96.255 habitantes (estimativa 2015), é a quarta maior cidade de Ruanda
HISTÓRIA DE RUANDA
  Os mais antigos humanos que se conhecem em Ruanda são os pigmeus, que atualmente compreendem a cerca de 1% da população do país. Os hutus e os tutsis são povos bantus que provavelmente se instalaram na região durante a expansão bantu. A partir do século XV, os tutsis passaram a dominar a sociedade através de uma aristocracia que tinha como líder um Mwami (rei).
  Ao contrário dos seus vizinhos, o Reino de Ruanda, que era um reino centralizado, não foi partilhado na Conferência de Berlim (1885), e só foi entregue à Alemanha (juntamente com o vizinho Burundi) em 1890, numa conferência em Bruxelas, em troca de Uganda e da ilha de Heligoland. No entanto, as fronteiras desta colônia - que incluíam também alguns pequenos reinos das margens do Lago Vitória - só foram definidas em 1900.
Pigmeus - etnia que compreende a cerca de 1% da população de Ruanda
  O governo alemão deixou a autoridade nativa administrar a colônia, usando o sistema utilizado pelos britânicos nos reinos de Uganda. Depois da derrota da Alemanha na Primeira Guerra Mundial, o protetorado foi entregue à Bélgica, por mandato da Liga das Nações. O domínio belga foi muito mais direto e duro que o dos alemães e, utilizando a Igreja Católica, manipulou a classe alta dos tutsis para reprimir o resto da população, incluindo a cobrança de impostos e o trabalho forçado, criando um fosso social maior do que já existia.
  Depois da Segunda Guerra Mundial, Ruanda tornou-se território "protegido" pelas Nações Unidas, tendo a Bélgica como autoridade administrativa. Através de uma série de processos, incluindo várias reformas, o assassinato do rei Mutara III Charles, em 1959, e a fuga do último monarca do clã Nyiginya, o rei Kigeri V para Uganda, os hutus ganharam mais poder e, na altura da independência, em 1962, os hutus eram políticos dominantes. Em 25 de setembro de 1960, a ONU organizou um referendo no qual os ruandeses decidiram tornar-se uma república. Depois das primeiras eleições, foi declarada a República de Ruanda, com Grégoire Kayibanda como primeiro-ministro.
Gisenyi - com uma população de 92.854 habitantes (estimativa 2015), é a quinta maior cidade de Ruanda
  Após vários anos de instabilidade, em que o governo tomou várias medidas de repressão contra os tutsis, em 5 de julho de 1973, o major general Juvenal Habyarimana, que era ministro da defesa, destituiu o seu primo Grégoire Kayibanda, dissolveu a Assembleia Nacional e aboliu todas as atividades políticas. Em dezembro de 1978 foram organizadas eleições, nas quais foi aprovada uma nova Constituição e confirmando Habyarimana como presidente, que foi reeleito em 1983 e em 1988, como candidato único mas, em resposta a pressões públicas por reformas políticas, Habyarimana anunciou, em julho de 1990, a intenção de transformar Ruanda numa democracia multipartidária.
  Nesse mesmo ano, uma série de problemas climáticos e econômicos geraram conflitos internos e a Frente Patriótica Ruandesa (RPF), dominada por tutsis refugiados nos países vizinhos, lançou ataques militares contra o governo hutu, a partir de Uganda. O governo militar de Juvenal Habyarimana respondeu com ataques genocidas contra os tutsis. Em 1992, foi assinado um cessar-fogo entre o governo e a RPF, em Arusha, Tanzânia.
Byumba - com uma população de 78.386 habitantes (estimativa 2015), é a sexta maior cidade de Ruanda
  Em 6 de abril de 1994, Habyarimana e Cyprien Ntaryamira, presidente de Burundi, foram assassinados quando o seu avião foi atingido por fogo quando aterrissava em Kigali. Durante os três meses seguintes, os militares e milicianos mataram cerca de 800 mil tutsis e hutus, naquilo que ficou conhecido como o Genocídio de Ruanda. Entretanto, a RPF, sob a direção de Paul Kagame ocupou várias partes do país e, em 4 de julho entrou na capital Kigali, enquanto tropas francesas de "manutenção da paz" ocupavam o sudoeste, durante a "Operation Turquoise".
  Paul Kagame ficou como vice-presidente e Pasteur Bizimungu como presidente mas, em 2000, os dois entraram em conflito, provocando a renúncia de Bizimungu e Kagame assumindo a presidência. Em 2003, Kagame foi eleito para o cargo, no que foi considerado as primeiras eleições democráticas depois do Genocídio. Entretanto, cerca de 2 milhões de hutus se refugiaram na República Democrática do Congo, com medo de retaliação pelos tutsis. Muitos regressaram, mas conservam-se ali milícias que têm estado envolvidas na guerra civil daquele país.
Cyangugu - com uma população de 70.935 habitantes (estimativa 2015), é a sétima maior cidade de Ruanda
GEOGRAFIA DE RUANDA
  Ruanda é um país localizado no interior da África. Faz fronteira ao norte com Uganda, a leste com Tanzânia, a oeste com a República Democrática do Congo e a sul com Burundi. A fronteira com a República Democrática do Congo está estabelecida em grande parte pelo lago Kivu, sendo este parte do Vale do Rift. É um país muito acidentado, com muitas montanhas e vales, pelos quais é conhecido como o "país das mil colinas".
  Apesar de está localizado a dois graus ao sul da linha do Equador, a elevada altitude de Ruanda torna o clima temperado como o dominante no país. A temperatura média próxima ao lago Kivu, a uma altura de 1.463 metros é de 23°C. Durante as duas estações chuvosas (fevereiro-maio e setembro-dezembro), ocorrem enchentes prolongadas, alternadas com o tempo ensolarado. As médias pluviométricas anuais são de 800 milímetros, com maior intensidade nas montanhas ocidentais e do noroeste, e em menor intensidade nas savanas orientais.
Lago Kivu - Ruanda
  O território de Ruanda é bastante elevado, sendo que o ponto mais baixo é o rio Rusizi, a 950 metros acima do nível do mar, e o ponto mais elevado é o Monte Karisimbi, com uma altitude de 4.507 metros acima do nível do mar. As montanhas de Ruanda fazem parte da linha divisória de águas entre as bacias hidrográficas do rio Congo e Nilo, que atravessam Ruanda de norte a sul, com cerca de 80% da área do país drenado para o Nilo e 20% para o Congo através do rio Rusizi. O maior rio do país é o Nyabarongo, que nasce no sudoeste e flui para o norte, leste e sudeste antes de se fundir com o Ruvubu para formar o Kagera; este por sua vez, segue para o norte ao longo da fronteira leste com a Tanzânia. O Nyabarongo-Kagera eventualmente deságua no Lago Vitória, e sua nascente, na Floresta Nyungwe é uma das "candidatas" à nascente do Nilo.
Monte Karisimbi - ponto culminante de Ruanda
  Ruanda tem muitos lagos, sendo o maior deles o lago Kivu. Ele ocupa o piso do Rift Albertine ao longo da borda ocidental de Ruanda, e com uma profundidade máxima de 480 metros, é um dos vinte lagos mais profundos do mundo. Outros lagos importantes localizados no país são: Burera, Ruhondo, Muhazi, Rweru e Ihema, sendo este último uma série de lagos na planície oriental do Parque Nacional Akagera.
  O Parque Nacional Akagera abrange uma área de 1.200 km² e está localizado no leste de Ruanda, na fronteira com a Tanzânia. Foi fundado em 1934 para proteger os animais e a vegetação em três ecorregiões: savana, montanha e pântano. O parque ganhou esse nome devido a presença do rio Kagera, que flui ao longo de sua fronteira leste. O complexo sistema de lagos e pântanos compõem mais de um terço da área do parque e é a maior zona úmida protegida da África Central.
Girafas do Parque Nacional Akagera
  Em tempos pré-históricos, a floresta montanhosa ocupava um terço do atual território de Ruanda. Atualmente, a vegetação original está praticamente restrita aos três parques nacionais existentes no país (Parque Nacional Akagera, Parque Nacional dos Vulcões e o Parque Nacional da Floresta Nyungwe), já que o terraceamento para a agricultura domina todo o restante do país.
  O Parque Nacional dos Vulcões está localizado no noroeste de Ruanda. Faz fronteira com o Parque Nacional Virunga, na República Democrática do Congo e com o Gorilla Mgahinga National Park, em Uganda. O parque é conhecido como um paraíso para os gorilas da montanha. Abriga cinco dos oito vulcões das montanhas Virunga (Karisimbi, Bisoke, Muhabura, Gahinga e Sabyinyo), que estão cobertos de florestas e de bambu. A vegetação desse parque é composta predominantemente de bambus e charnecas, com pequenas áreas de floresta.
Parque Nacional dos Vulcões
  O Parque Nacional da Floresta Nyungwe, está localizado no sudoeste de Ruanda, na fronteira com Burundi, ao sul, e com o Lago Kivu e a República Democrática do Congo, a oeste. A Floresta Nyungwe é provavelmente a melhor floresta preservada nas montanhas ao longo da África Central. Ela está localizada no divisor de águas entre a bacia do rio Congo, a oeste, e a bacia do rio Nilo, a leste. Esse parque foi criado em 2004 e abrange uma área de aproximadamente 970 km² de floresta de bambu, prados, pântanos e brejos. Possui treze espécies de primatas, incluindo chimpanzés e macados arborícolas do gênero Colobus; estes últimos se movem em grupos de até 400 indivíduos, sendo assim a espécie que forma o maior bando dentre todos os primatas da África.
Parque Nacional da Floresta Nyungwe
ECONOMIA DE RUANDA
  A economia de Ruanda foi bastante afetada durante o genocídio de 1994, com uma enorme perda de vidas e da força de trabalho, incapacidade de manter a infraestrutura, saques e negligência de culturas agrícolas de importância econômica, provocando uma queda no Produto Interno Bruto (PIB) e destruindo a capacidade de atrair investimentos privados externos. Após o fim dos massacres e as mudanças políticas, a economia do país tem-se fortalecido a cada ano, com um grande aumento na sua exportação. Os principais mercados de exportação são China, Estados Unidos e Alemanha. Em 2007, Ruanda aderiu à Comunidade do Leste Africano.
  Ruanda possui poucos recursos naturais, e a economia é baseada principalmente na agricultura de subsistência por parte dos trabalhadores locais, usando ferramentas simples. Os principais produtos agrícolas cultivados no país são: café, chá, piretro (inseticida e repelente natural obtido de flores secas), banana, feijão, sorgo e batata. Os principais produtos de exportação são o café e o chá. A maior parte da produção agrícola de Ruanda vem da agricultura familiar.
Colheita de chá em Ruanda
  A dependência das exportações agrícolas torna o país vulnerável a mudanças em seus preços. Na pecuária, os principais rebanhos são bovinos, caprinos, ovinos, suínos, aves e coelhos.
  O setor industrial é pequeno. As principais indústrias instaladas no país são de cimento, alimentos, bebidas, sabonetes, móveis, sapatos, plásticos, têxteis e cigarros. A mineração é um importante contribuinte para a indústria do país, sendo que os principais recursos minerais extraídos no seu território são: cassiterita, volframite, ouro e coltan, que é usado na fabricação de dispositivos eletrônicos e de comunicação.
Kibuye - com uma população de 53.325 habitantes (estimativa 2015), é a oitava maior cidade de Ruanda
  A partir de 2010, o setor terciário passou a ser o principal setor da economia, principalmente o de serviços. Os principais elementos desse setor são os bancários e de negócios, comércio atacadista e varejista, hotéis e restaurantes, transporte, armazenamento, comunicação, seguros, imobiliária, serviços de negócios e de administração pública, entre outros.
  O turismo é a atividade que mais cresce no país, graças as belezas naturais e aos parques nacionais existentes em Ruanda.
Rwamagana - com uma população de 52.414 habitantes (estimativa 2015), é a nona maior cidade de Ruanda
CONFLITO ENTRE TUTSIS E HUTUS EM RUANDA
  Ruanda foi colônia belga desde o final da Primeira Guerra Mundial até o início da década de 1960, quando se tornou independente. Durante esse período, os belgas fomentaram a rivalidade entre os dois grupos étnicos que ocupavam essa região africana - tutsis e hutus - como estratégia para manter o domínio sobre Ruanda. Os tutsis tinham privilégio na administração belga, tornaram-se funcionários públicos, membros do exército colonial e conquistaram inclusive cargos importantes.
  Na década de 1960, o governo belga, para manter o domínio sobre a colônia, incentivou a ascensão dos hutus, buscando diminuir as discrepâncias entre a elite dominante tutsi e a maioria hutu, excluída.
Garoto cobre o rosto por causa do mal cheiro provocado pela quantidade de cadáveres espalhados pelo chão em Ruanda, em 1994
  Em 1962, após a conquista da independência, sob a liderança dos hutus, os tutsis passaram a ser perseguidos, aumentando os ressentimentos e desencadeando vários conflitos. Exilados nos países vizinhos, formaram a Frente Patriótica Ruandesa (FPR), retornando a Ruanda em 1990 e dando início a uma guerra civil que arrasou o país e produziu mais de 800 mortes e cerca de 2 milhões de refugiados.
  Em abril de 1994, o presidente Juvenal Habyarimana, de etnia hutu, morreu num acidente aéreo. Habyarimana retornava da Tanzânia, onde realizou uma negociação de paz com os rebeldes tutsis da FPR, que controlavam uma parte do norte de Ruanda. A explosão do avião sobre a capital Kigali desencadeou a fase mais violenta e dramática da guerra civil ruandesa. As principais vítimas foram os tutsis, incluindo mulheres e crianças, mortas a facões, foices e pauladas.
Juvenal Habyarimana (1937-1994)
  As milícias hutus avançaram contra vilarejos e cidades por todo o país, matando tudo que viam pela frente. Postos de controle foram estabelecidos nas ruas. Pessoas identificadas como membros da minoria tutsi eram sumariamente executados. Mais de 500 mil pessoas foram massacradas entre 7 de abril e 15 de julho de 1994. Quase todas as mulheres foram estupradas. Muitos dos 5 mil meninos nascidos dessas violações foram assassinados.
  O genocídio só terminou quando a Frente Patriótica Ruandesa derrotou o governo e se instalou definitivamente no poder.
  Diante dessas atrocidades os governos europeus e norte-americano e a ONU adotaram posições pouco eficazes para resolver os conflitos entre os grupos políticos e o genocídio promovido peças forças militares e pelas tropas para tentar conter o homicídio em massa;  contudo, elas não foram efetivas e, diante do desinteresse internacional, a ONU logo se retirou de Ruanda.
Soldados da FPR passam pelo corpo de mulher morta pela milícia hutu
  Em 8 de novembro de 1994, através da resolução 955 do Conselho de Segurança da ONU, foi criado o Tribunal Penal Internacional para Ruanda (TPIR) para julgar os principais responsáveis pelo genocídio.
  O primeiro-ministro do governo interino ruandês, Jean Kambanda, foi julgado culpado e condenado por genocídio pelo TPIR. Cerca de 75% dos membros do governo interino foram presos. Vários ministros desse governo foram considerados culpados de participação no genocídio ou estão em fase de julgamento. Em 2011, alguns antigos chefes militares foram considerados culpados de genocídio.
  Em 1995, uma nova investida da FPR tomou Kigali e apoiou a presidência de um hutu (Pasteur Bizimungu), que se opunha ao massacre no país e realizou uma política de reconciliação entre as duas etnias. Mas o conflito entre tutsis e hutus ultrapassaram as fronteiras de Ruanda, chegando aos campos de refugiados na República Democrática do Congo (antigo Zaire), no Burundi e na Tanzânia.
  Em 2000, Paul Kagame tornou-se o primeiro tutsi a assumir a presidência do país. No entanto, os problemas entre os dois grupos étnicos, amenizados neste início de século, estão longe da solução definitiva, dada a violência da guerra.
Kibungo - com uma população de 51.344 habitantes (estimativa 2015), é a décima maior cidade de Ruanda
AS MULHERES LIDERAM A RECONSTRUÇÃO DE RUANDA
  Após a matança e o exílio de muitos homens, as mulheres passaram a compor 70% da população ruandesa.
  Nos últimos cinco anos cerca de 1 milhão de ruandeses saíram da pobreza, mas o salário médio do país é pouco mais de US$ 1 por dia. A expectativa de vida média é de pouco mais de 60 anos.
  A Constituição pós-genocídio, promovida pelo partido governista RPF, garante uma cota de 30% para congressistas femininas e também determina a igualdade de gêneros na educação, na posse de terras e na economia. Em Ruanda, as mulheres têm poder de revisar leis e colocar em prática medidas de combate à discriminação. O país está no topo da lista como o que tem o parlamento formado em sua maioria por mulheres, onde mais de 55% dos parlamentares são do sexo feminino.
  Porém, apesar das mulheres serem maioria, a violência doméstica afeta ainda muitas mulheres no país. Para muitas mulheres, a percepção é de que elas podem ir longe.
Ruanda é o país do mundo com o maior percentual de mulheres no Parlamento
ALGUNS DADOS DE RUANDA
NOME: República de Ruanda
CAPITAL: Kigali
Centro de Kigali - capital de Ruanda
GENTÍLICO: ruandês (a)
LÍNGUA OFICIAL: kinyarwanda, francês e inglês
GOVERNO: República Semipresidencialista
INDEPENDÊNCIA: da Bélgica, em 1 de julho de 1962
LOCALIZAÇÃO: África Centro-Oriental
ÁREA: 26.338 km² (145º)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2015): 11.884.257 habitantes (76°)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 451,22 hab./km² (15°). Obs: a densidade demográfica, densidade populacional ou população relativa é a medida expressa pela relação entre a população total e a superfície de um determinado território.
CRESCIMENTO VEGETATIVO (ONU - Estimativa 2015): 2,76% (21°). Obs: o crescimento vegetativo, crescimento populacional ou crescimento natural é a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade de uma  determinada população.
CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativa 2015):
Kigali: 1.072.646 habitantes
Kigali - capital e maior cidade de Ruanda
Butare: 99.491 habitantes
Butare - segunda maior cidade de Ruanda
Gitarama: 97.285 habitantes
Gitarama - terceira maior cidade de Ruanda
PIB (FMI - 2014): US$ 6,950 bilhões (141º). Obs: o PIB (Produto Interno Bruto), representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano).
PIB PER CAPITA (FMI 2014): US$ 698 (164°). Obs: o PIB per capita ou renda per capita é o Produto Interno Bruto (PIB) de um determinado lugar dividido por sua população. É o valor que cada habitante receberia se toda a renda fosse distribuída igualmente entre toda a população. 
IDH (ONU - 2014): 0,506 (151°). Obs: o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida oferecida à população. Este índice é calculado com base em dados econômicos e sociais, variando de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país. No cálculo do IDH são computados os seguintes fatores: educação (anos médios de estudos), longevidade (expectativa de vida da população) e PIB per capita. A classificação é feita dividindo os países em quatro grandes grupos: baixo (de 0,0 a 0,500), médio (de 0,501 a 0,800), elevado (de 0,801 a 0,900) e muito elevado (de 0,901 a 1,0).
Mapa do IDH dos países
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2014): 60,1 anos (163º). Obs: a expectativa de vida ou esperança de vida, expressa a probabilidade de tempo de vida média da população. Reflete as condições sanitárias e de saúde de uma população.
TAXA DE NATALIDADE (ONU - 2014): 40,16/mil (20º). Obs: a taxa de natalidade é a porcentagem de nascimentos ocorridos em uma população em um determinado período de tempo para cada grupo de mil pessoas, e é contada de maior para menor.
TAXA DE MORTALIDADE (CIA World Factbook 2014): 16,09/mil (23º). Obs: a taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um índice demográfico que reflete o número de mortes registradas, em média por mil habitantes, em uma determinada região por um período de tempo e é contada de maior para menor.
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2014): 62,51/mil (198°). Obs: a taxa de mortalidade infantil refere-se ao número de crianças que morrem no primeiro ano de vida entre mil nascidas vivas em um determinado período, e é contada de menor para maior.
TAXA DE FECUNDIDADE (Nações Unidas - 2015): 3,62 filhos/mulher (48º). Obs: a taxa de fecundidade refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início ao fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos), e é contada de maior para menor.
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2014): 71,1% (170°). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2014): 18,5% (184°). Obs: essa taxa refere-se a porcentagem da população que mora nas cidades em relação à população total.
MOEDA: Franco Ruandês
RELIGIÃO: católicos (56,1%), protestantes (37,1%), muçulmanos (4,6%), outras religiões/sem religião (1,7%), religião tradicional africana (0,5%).
DIVISÃO: Ruanda está dividida em 5 províncias (intara), as quais estão divididas em 30 distritos (akarere), que por sua vez estão compartimentadas em 418 municípios (umujvi). As províncias são: Kigali, Norte ou Nord, Sul ou Sud, Oeste ou Ouest e Leste ou Est.
Províncias de Ruanda
BURUNDI
  Encravado entre a Tanzânia, a República Democrática do Congo e Ruanda, Burundi está situado na África Centro-Oriental, ocupando um planalto dividido por vários vales profundos. Burundi está entre os países mais pobres do mundo e tem sua economia baseada no setor primário.
Mapa de Burundi
HISTÓRIA DE BURUNDI
  Os habitantes originais de Burundi eram o Twa, um povo pigmeu que atualmente compõe apenas 1% da população do país.
  A história recente de Burundi começa em 1885, na Conferência de Berlim, quando as potências europeias partilharam a maior parte do continente africano. O território do atual Burundi foi entregue à Alemanha. A chegada dos colonos alemães, a partir de 1906, agrava as antigas rivalidades entre os hutus (que compreendia a maior parte da população) e a minoria tutsi, que exercia um poder monárquico. Assim como aconteceu em Ruanda, os tutsis ganharam em Burundi o status de elite privilegiada, com acesso exclusivo à educação, às Forças Armadas e a postos na administração estatal.
  Após a Primeira Guerra Mundial, Burundi é unificado com Ruanda, ficando sob tutela da Bélgica, que mantém as prerrogativas dos tutsis. Em 1946, a tutela passa para a Organização das Nações Unidas.
  Em 1962,o país torna-se independente, sob a monarquia tutsi. Com a saída da força militar belga, a luta pelo poder transforma-se em conflito étnico e alcança toda a sociedade.
Gitega - com 30.958 habitantes (estimativa 2015) é a quarta mais populosa cidade de Burundi
  Os ressentimentos acumulados desde o período colonial explodem em 1965, quando uma rebelião hutu é esmagada pelo governo. No ano seguinte, a monarquia é derrubada por um golpe de Estado liderado pelo primeiro-ministro Michel Micombero, que proclama a república e assume a presidência. As décadas seguintes são marcadas por uma sucessão de golpes de Estado e intrigas palacianas entre os tutsis e pela perseguição aos hutus. Rebeliões entre 1972 e 1988 causam a morte de dezenas de pessoas.
  Uma das piores matanças da história de Burundi teve início em outubro de 1993, quando oficiais tutsis fuzilaram o primeiro presidente eleito democraticamente, o oposicionista hutu Melchior Ndadaye, que estava no cargo há quatro meses. Os hutus reagiram, provocando uma guerra civil que dura até os dias atuais, na qual já morreram mais de 200 mil pessoas e provocou mais de 1 de refugiados, boa parte se refugiando em Ruanda, na Tanzânia e na República Democrática do Congo.
Ngozi - com uma população de 24.860 habitantes (estimativa 2015), é a quinta maior cidade de Burundi
  Em fevereiro de 1994, o hutu Cyprien Ntaryamira é escolhido para assumir a presidência. Dois meses depois, Ntaryamira e o presidente de Ruanda, Juvenal Habyarimana, são mortos num atentado que derrubou o avião em que viajavam. Isto foi o estopim para uma nova fase da violência em Burundi e, sobretudo, em Ruanda. Em setembro de 1994, é formado um governo de transição chefiado pelo hutu Sylvestre Ntibantunganya.
  Os embates prosseguem até que o Exército, dominado pelos tutsis, dá um golpe de Estado, em 1886, e nomeia presidente o major Pierre Buyoya, que já tinha governado o país de 1987 a 1993. Nações vizinhas impõem sanções econômicas e isolam o Burundi, piorando a situação econômica do país, cuja base econômica é a agricultura, que foi bastante arrasada pela guerra. O déficit público cresce e a dívida externa passa a consumir mais da metade  do valor das exportações. Em 1998, começam as negociações para um processo de pacificação no Burundi.
Rutana - com uma população de 24.152 habitantes (estimativa 2015), é a sexta maior cidade de Burundi
  Depois de vários cessar-fogo abortados, um plano de paz de 2001 incluía um acordo de partilha do poder que tem sido relativamente bem sucedida. Buyoya comandou um novo governo de transição para os primeiros 18 meses; depois de abril de 2003, um presidente hutu, Domitien Ndayizeye, assumiu o poder.
  Em agosto de 2005, o ex-líder rebelde hutu Pierre Nkurunziza foi eleito presidente pelo Parlamento. A transferência pacífica de poder de um líder eleito democraticamente parecia indicar que a guerra civil de 12 anos em Burundi havia chegado ao fim.
  Porém, no dia 20 de maio de 2015, Nkurunziza adiou as eleições parlamentares e municipais para 5 de junho, provocando protestos e confrontos entre a polícia e manifestantes. A estratégia do presidente é de disputar um terceiro mandato, que para os golpistas isso é inconstitucional.
Burundinenses protestam contra o desejo do presidente do país, Pierre Nkurunziza, de disputar seu terceiro mandato
GEOGRAFIA DE BURUNDI
  Burundi é um pequeno país interior da região dos Grandes Lagos africanos. É em geral, um país montanhoso, especialmente no lado ocidental, com um planalto que ocupa quase todo o leste, na fronteira com a Tanzânia. O país faz divisa ao norte com Ruanda, a leste com a Tanzânia, a noroeste com a República Democrática do Congo e com o lago Tanganica a oeste. A altitude mínima de Burundi é de 772 metros e o seu ponto culminante é o monte Heha, com uma altitude de 2.670 metros. A altitude média do país é de 1.700 metros.
Monte Heha - ponto culminante de Burundi
  O clima predominante em Burundi é o equatorial de altitude, com temperaturas médias anuais que variam entre 17 e 23 graus. A precipitação média anual é em torno de 1.500 mm, distribuída por duas estações úmidas (fevereiro-maio e setembro-novembro), intercaladas por duas estações secas (setembro-novembro e dezembro-janeiro).
  A vegetação predominante nos arredores do Lago Tanganica é a tropical, composta principalmente por palmeiras e bananeiras. No resto do país, a zona montanhosa apresenta uma vegetação exuberante, graças a presença de lagos, rios, colinas e bosques com muitos pinheiros. Quanto à fauna, destacam-se hipopótamos, cobras, crocodilos e macacos verdes.
Paisagem de Burundi
  Dentre as reservas florestais de Burundi destaca-se o Parque Natural Rusizi. Essa reserva natural está localizada a 15 quilômetros da capital Bujumbura e é o lar de crocodilos, hipopótamos e sitatungas (espécie de antílope). O parque é dividido em duas partes: a maior parte fica na margem oriental do rio Rusizi, enquanto que a parte inferior forma o delta do Rusizi, no ponto de entrada do lago Tanganica.
  Cerca de 50% do Parque Nacional de Rusizi é coberto por floresta, seguido por 23% de cobertura artificial, 18% de arbustos e 7% de pastagens.
Hipopótamos no Parque Nacional de Rusizi
  Outra reserva natural importante do país é a Reserva Natural do Lago Rweru. Esta reserva está localizada no norte do país, possuindo uma rica flora e fauna. O lago cobre uma área de 425 km²m e a área total protegida é de mais de 8000 km².
  A Reserva Natural do Lago Rweru é ocupada por 27% de floresta, 45% de vegetação arbustiva e 27% de pastagens. O restante é utilizado para fins agrícolas e para a pesca.
  O lago Rweru está localizado entre o norte de Burundi e o sul de Ruanda, possuindo uma área de 18 km² na direção norte-sul e uma largura de 14,5 km de leste-oeste.
Reserva Natural do Lago Rweru
  A hidrografia de Burundi é formada por lagos e rios. Além do lago Rweru, destaca-se também o lago Tanganica, que é o segundo maior lago da África e é partilhado, além de Burundi, pela Tanzânia, pela República Democrática do Congo e pela Zâmbia.
  O lago Tanganica está localizado no braço ocidental do Grande Vale do Rift, a uma altitude de 782 metros, estendendo-se por uma área de 673 km² no sentido norte-sul, e é o mais longo lago do mundo.
Lago Tanganica, em Bujumbura - Burundi
  Outro lago presente no país é o lago Cohoha, que é um pequeno lago partilhado pela Ruanda e por Burundi.
  Dentre os rios presentes no território de Burundi estão os rios Kagera, Ruvubu e o rio Ruzizi.
  O rio Kagera nasce no monte Heha e serve de fronteira entre Ruanda e Tanzânia  e entre a Tanzânia e Uganda, desaguando no lago Vitória. É o maior afluente do lago Vitória.
  O rio Ruvubu possui cerca de 300 km de comprimento e nasce no norte de Burundi, perto da cidade de Kavanza e, após um arco em direção sul do país, recebe as águas do rio Ruvyironza. A partir daí, segue em direção nordeste, através do Parque Nacional Ruvubu até a fronteira com a Tanzânia. Depois de um trecho ao longo da fronteira, o Ruvubu atravessa a Tanzânia, até desaguar no rio Nyabarongo, na fronteira entre a Tanzânia e Ruanda, onde forma o rio Kagera.
Encontro dos rios Kagera e Ruvubu, entre a Tanzânia e Uganda
  O rio Rusizi flui desde o Lago Kivu (na fronteira entre a República Democrática do Congo e Ruanda) até o lago Tanganica. Esse rio forma a fronteira sul entre Ruanda e a República Democrática do Congo, e, junto com o lago Tanganica, a fronteira entre a República Democrática do Congo e Burundi.
Rio Rusizi
ECONOMIA DE BURUNDI
  Burundi é um país interior (sem saída para o mar), com um setor industrial pouco desenvolvido. A economia do país é baseada no setor agropecuário, onde mais de 90% da força de trabalho concentra-se na agricultura, a maior parte da qual pratica a agricultura de subsistência.
  Burundi é um dos países mais pobres do mundo. Aliado à pobreza, os constantes conflitos internos e nos seus vizinhos contribuem para aumentar esse quadro deficitário econômico.
Bururi - com uma população de 22.819 habitantes (estimativa 2015), é a sétima maior cidade de Burundi
  Embora Burundi seja potencialmente capaz de tornar-se autossuficiente na produção de alimentos, a guerra civil, a superpopulação (em relação ao pequeno território) e a erosão do solo afastaram a tese da autossuficiência produtiva do país.
  O principal produto cultivado no país é o café, que é responsável por mais de 70% das exportações. A dependência em relação ao café aumentou a vulnerabilidade de Burundi devido às turbulências  econômicas internacionais. Além do café, o país exporta também banana e algodão cru.
Makamba - com uma população de 22.706 habitantes (estimativa 2015), é a oitava maior cidade de Burundi
  A atividade industrial se concentra somente na capital, Bujumbura, onde existe um pequeno setor de manufaturas. A ajuda externa é um grande complemento da renda do país, principalmente a ajuda oriunda da Bélgica, França e Alemanha.
  A falta de acesso a serviços financeiros é um problema grave para a maioria da população, especialmente nas áreas densamente povoadas: apenas pouco mais de 3% da população total do país possui contas bancárias, e menos de 1% utiliza os serviços de empréstimos bancários.
Kayanza - com uma população de 22.476 habitantes (estimativa 2015), é a nona maior cidade de Burundi
ALGUNS DADOS DE BURUNDI
NOME: República do Burundi
CAPITAL: Bujumbura
Rua de Bujumbura - capital de Burundi
GENTÍLICO: burundiano, burundinense, burundinês
LÍNGUA OFICIAL: francês, kirundi
GOVERNO: República Presidencialista
INDEPENDÊNCIA: da Bélgica, em 1 de julho de 1962
LOCALIZAÇÃO: África Centro-Oriental
ÁREA: 27.834 km² (143º)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2015): 10.590.085 habitantes (89°)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 380,47 hab./km² (16°). Obs: a densidade demográfica, densidade populacional ou população relativa é a medida expressa pela relação entre a população total e a superfície de um determinado território.
CRESCIMENTO VEGETATIVO (ONU - Estimativa 2015): 3,90% (2°). Obs: o crescimento vegetativo, crescimento populacional ou crescimento natural é a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade de uma  determinada população.
CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativa 2015):
Bujumbura: 425.408 habitantes
Bujumbura - capital e maior cidade de Burundi
Muyinga: 82.163 habitantes
Muyinga - segunda maior cidade de Burundi
Ruyigi: 44.457 habitantes
Ruyigi - terceira maior cidade de Burundi
PIB (FMI - 2014): US$ 2,530 bilhões (158º). Obs: o PIB (Produto Interno Bruto), representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano).
PIB PER CAPITA (FMI 2014): US$ 303 (182°). Obs: o PIB per capita ou renda per capita é o Produto Interno Bruto (PIB) de um determinado lugar dividido por sua população. É o valor que cada habitante receberia se toda a renda fosse distribuída igualmente entre toda a população. 
IDH (ONU - 2014): 0,389 (180°). Obs: o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida oferecida à população. Este índice é calculado com base em dados econômicos e sociais, variando de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país. No cálculo do IDH são computados os seguintes fatores: educação (anos médios de estudos), longevidade (expectativa de vida da população) e PIB per capita. A classificação é feita dividindo os países em quatro grandes grupos: baixo (de 0,0 a 0,500), médio (de 0,501 a 0,800), elevado (de 0,801 a 0,900) e muito elevado (de 0,901 a 1,0).
Mapa do IDH dos países
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2014): 53,6 anos (181º). Obs: a expectativa de vida ou esperança de vida, expressa a probabilidade de tempo de vida média da população. Reflete as condições sanitárias e de saúde de uma população.
TAXA DE NATALIDADE (ONU - 2014): 41,97/mil (15º). Obs: a taxa de natalidade é a porcentagem de nascimentos ocorridos em uma população em um determinado período de tempo para cada grupo de mil pessoas, e é contada de maior para menor.
TAXA DE MORTALIDADE (CIA World Factbook 2014): 13,46/mil (36º). Obs: a taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um índice demográfico que reflete o número de mortes registradas, em média por mil habitantes, em uma determinada região por um período de tempo e é contada de maior para menor.
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2014): 59,64/mil (187°). Obs: a taxa de mortalidade infantil refere-se ao número de crianças que morrem no primeiro ano de vida entre mil nascidas vivas em um determinado período, e é contada de menor para maior.
TAXA DE FECUNDIDADE (Nações Unidas - 2015): 5,66 filhos/mulher (6º). Obs: a taxa de fecundidade refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início ao fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos), e é contada de maior para menor.
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2014): 67,2% (183°). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2014): 10,8% (193°). Obs: essa taxa refere-se a porcentagem da população que mora nas cidades em relação à população total.
MOEDA: Franco de Burundi
RELIGIÃO: católicos (62,1%), protestantes (23,9%), muçulmanos (2,5%), outras religiões/sem religião (11,5%).
DIVISÃO: o Burundi está dividido em 17 províncias. As províncias subdividem-se em 117 comunas, e estas em 2.639 colinas. As províncias são: Bubanza, Bujumbura Mairie, Bujumbura Rural, Bururi, Cankuzo, Cibitoke, Gitega, Karuzi, Kayanza, Kirundo, Makamba, Muramyya, Muyinga, Mwaro, Ngozi, Rutana e Ruyigi.
Províncias de Burundi
FONTE: Silva, Ângela Corrêa da
Geografia: contexto e redes / Ângela Corrêa da Silva, Nelson Bacic Olic, Ruy Lozano. - 1. ed. - São Paulo: Moderna, 2013.

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