terça-feira, 20 de setembro de 2016

GUINÉ-BISSAU: UM DOS PAÍSES AFRICANOS DE LÍNGUA PORTUGUESA

  Guiné-Bissau é um país localizado na costa ocidental da África, entre o Senegal e a Guiné. Além do território continental, o país é composto por cerca de 80 ilhas que constituem o arquipélago de Bijagós. Foi colônia de Portugal do século XV até sua independência, quando na época era conhecida como Guiné Portuguesa. Após a sua independência, declarada em 1973 e reconhecida em 1974, o nome de sua capital, Bissau, foi adicionada ao nome do país para evitar confusão com a Guiné (antiga Guiné Francesa). Foi a primeira colônia portuguesa no continente africano a ter a independência reconhecida por Portugal.
  Guiné-Bissau tem um histórico de instabilidade política desde a sua independência e até agora, nenhum presidente eleito conseguiu completar com sucesso um mandato completo de cinco anos.
  A Guiné-Bissau é membro da União Africana, da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental, da Organização para a Cooperação Islâmica, da União Latina, da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, da Francofonia e da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul.
Mapa da Guiné-Bissau
HISTÓRIA
  Antes da chegada dos europeus até o século XVII, a quase totalidade do território da Guiné-Bissau integrava o reino de Gabu, tributário do legendário Império Mali, que floresceu a partir de 1235 e subsistiu até o século XVIII. Os grupos étnicos eram os balantas, os fulanis, os mandayakos e os molinkes.
  O primeiro navegador e explorador europeu a chegar à costa da atual Guiné-Bissau foi o português Nuno Tristão, em 1466. A colonização só teve início em 1558, com a fundação da vila de Cacheu. Inicialmente, foi colonizada as áreas próximas dos rios e o litoral. Somente a partir do século XIX é que começou a colonização do interior. Durante a ditadura de Antônio de Oliveira Salazar, a colônia passou a ter o estatuto de província ultramarina, com o nome de Guiné Portuguesa.
  Após a Restauração Portuguesa, em 1640, foi retomado o povoamento da região, tendo-se fundado as povoações de Farim e Ziquinchor. A irradiação da colonização portuguesa fez-se a partir da foz dos rios Casamansa, Cacheu, Geba e Buda. Durante séculos, a região constituiu-se em um ponto estratégico para o comércio de escravos.
  A vila de Bissau foi fundada em 1697, como fortificação militar e entreposto de tráfico de escravos. Posteriormente elevada a cidade, tornou-se a capital colonial, estatuto que se manteve após a independência de Guiné-Bissau.

Bissorã - com uma população de 15.257 habitantes (estimativa 2016) é a quarta maior cidade de Guiné-Bissau
  Em 1956, o intelectual guineense Amílcar Cabral, que estava no exílio, e mais cinco correligionários fundaram o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).
  A luta contra o colonialismo em Guiné-Bissau começou em 1961, sob a liderança de Amílcar Cabral, do Partido Africano de Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), assassinado em 1973.
  Em 1963, face à intransigência de Portugal quanto à independência e com o apoio de outros países, o PAIGC iniciou a luta armada de guerrilha, visando acabar com o colonialismo português em Guiné.
  A guerrilha do PAIGC consolidou o seu domínio no território em 1973. Nesse mesmo ano, Amílcar foi assassinado, tendo assumido no seu lugar, seu irmão Luís de Almeida Cabral, que proclamou a independência.
  Luís Cabral foi empossado como o primeiro presidente da República da Guiné-Bissau, instituindo-se um governo de partido único de orientação marxista, controlado pela PAIGC e favorável à fusão com a também ex-colônia de Cabo Verde. O seu governo enfrentou sérias dificuldades orquestradas por João Bernardo Vieira "Nino", chegando a provocar escassez de alimentos no país.
Bolama - com uma população de 12.949 habitantes (estimativa 2016) é a quinta maior cidade de Guiné-Bissau
  Luís Cabral foi deposto em 1980 por um golpe de Estado militar conduzido por Nino, que assumiu a liderança do PAIGC, instituindo um regime autoritário no país. Com o golpe, a ala cabo-verdiana do PAIGC se separou da ala guineense do partido. Guiné-Bissau e Cabo Verde romperam relações, que foram reatadas em 1982.
  Em 1980, Cabo Verde separou-se da Guiné-Bissau, e, na década de 1990, os dois países abandonaram o regime marxista de um só partido e ampliaram as liberdades políticas e econômicas.
  De 1981 até 1984, Guiné-Bissau foi controlado por um conselho revolucionário. Nesse período, todas as alas de extrema-esquerda do PAIGC foram dissolvidas.
  A transição democrática iniciou-se me 1990. Em maio de 1991, o PAIGC deixou de ser o partido único com a adoção do pluripartidarismo. As primeiras eleições multipartidárias ocorreram em 1994. Nesse ano, o PAIGC obteve maioria na Assembleia Nacional Popular e João Bernardo Vieira foi eleito presidente da República.
Cacheu - com uma população de 12.614 habitantes (estimativa 2016) é a sexta maior cidade de Guiné-Bissau
  Em junho de 1998, uma insurreição militar liderada pelo general Ansumane Mané, conduziu à deposição do presidente Vieira e a uma sangrenta guerra civil. Mais de 3 mil estrangeiros fugiram do país. O conflito se encerrou em maio de 2009, quando Ansumane entregou a presidência provisória do país ao líder do PAIGC, Malam Bacai Sanhá, que convocou novas eleições gerais.
  Em 2000, realizaram-se novas eleições e Kumba Yalá, do Partido da Renovação Social (PRS), foi eleito, derrotando Sanhá com 72% dos votos. Yalá formou um governo de coalizão entre o PRS e a Resistência da Guiné-Bissau/Movimento Bafatá. Em novembro de 2000, Ansumane Mané foi morto por tropas oficiais em uma fracassada tentativa de golpe.
  Em setembro de 2003, ocorreu um novo golpe, orquestrado pelo general Veríssimo Correia Seabra, durante o qual os militares prenderam Kumba Yalá por ser "incapaz de resolver os problemas do país". Henrique Rosa foi colocado como presidente provisório até que ocorresse novas eleições. Em março de 2004, o PAIGC venceu as eleições na Assembleia Nacional, ficando com 45 das 100 cadeiras em disputa. O PRS, segundo mais votado, obteve 35 cadeiras. O líder do PAIGC, Carlos Gomes Júnior, foi indicado como primeiro-ministro.
Bubaque - com uma população de 11.622 habitantes (estimativa 2016) é a sétima maior cidade de Guiné-Bissau
  Em outubro de 2005, João Bernardo Vieira, foi reconduzido à presidência, mas não completou o seu mandato por ter sido assassinado no dia 2 de março de 2009. Nas eleições presidenciais de 28 de junho de 2009, Malam Bacai Sanhá foi o vencedor, com 63% dos votos.
  Em 12 de abril de 2012, uma ação militar promovida por militares guineenses, atacaram a residência do ex-primeiro-ministro e candidato presidencial, Carlos Gomes Júnior, presidente do PAIGC, e ocuparam vários pontos estratégicos da capital Bissau, alegando defender as Forças Armadas de uma alegada agressão de militares angolanos que, segundo o autodenominado Comando Militar, teria sido autorizado pelos chefes do Estado interino e do Governo.
  Entre abril e maio de 2014, foram realizadas novas eleições, que tiveram elevadas taxas de inscrição e participação de votantes. Nessa eleição, o PAIGC saiu vencedor, tendo sido eleito José Mário Vaz, que tomou posse como presidente em 23 de junho de 2014.
  Desde as eleições, as tensões entre José Mário Vaz e o primeiro-ministro Simões Pereira foram crescendo gradualmente e, em 12 de agosto de 2015 o presidente afastou o primeiro-ministro e seu governo. A nova equipe passou a ser liderada por Carlos Correia, de 81 anos, um veterano da luta pela independência, por 15 ministros e 14 secretários de Estado.
Catió - com uma população de 11.269 habitantes (estimativa 2016) é a oitava maior cidade de Guiné-Bissau
GEOGRAFIA
  Guiné-Bissau é um pequeno país da África Ocidental. Faz fronteira a norte e noroeste com Senegal, a leste, nordeste e a sul com a Guiné e a oeste com o Oceano Atlântico.
  O país estende-se por uma área de baixa altitude. O seu ponto mais elevado está a 300 metros acima do nível do mar e não possui um nome específico.
  O clima da Guiné-Bissau é o tropical, quente e úmido. Há duas estações distintas: a estação das chuvas e a estação das secas. O período chuvoso alterna com um período seco, com ventos quentes vindos do deserto do Saara. A estação das chuvas estende-se de meados de maio até meados de novembro, com maior pluviosidade em julho e agosto. A estação seca corresponde aos restantes dos meses do ano. Os meses de dezembro e janeiro são os de temperaturas mais frescas, sendo as temperaturas elevadas durante o ano todo.
Paisagem da Guiné-Bissau
  A Guiné-Bissau apresenta um fácies hidrográfico bastante complexo, constituído por rias (acidente geomorfológico que se apresenta como um vale fluvial no entorno da foz de um rio, em que um vale costeiro permanece submerso sob as águas) e rios, nos quais se distinguem duas zonas:
  • Zona litoral - sujeita à influência das marés, na qual se encontram as seguintes rias: Sucujaque, Cacheu, Calequisse, Mansoa, Bissau, Grande de Buba, Tombali, Ganjola, Cumbijã e Cacine;
  • Zona interior - com cursos de água doce e de regime irregular, na qual se encontram as bacias hidrográficas dos rios Farim, Geba e Corumbal. Existem ainda numerosas lagoas no país.
Rio Farim - Guiné-Bissau
  A vegetação natural do país é constituída pelos seguintes agrupamentos fisionômicos:
  • Floresta hidrófila - com predomínio de espécies perenifólias, principalmente leguminosas (galerias florestais, povoamentos edáficos das aluviões litorais);
  • Floresta tropófila aberta - com predomínio de espécies caducifólias, agrupando algumas perenifólias;
  • Savanas secundárias dos terrenos elevados - composto por árvores e arbustos, ocupam a maior parte do território da Guiné-Bissau;
  • Savanas climaces das terras baixas - sem árvores e sem arbustos, constitui o povoamento das depressões mal drenadas;
  • Povoamentos aquáticos - composto por manguezais e pântanos, rios e lagoas.
Vídeos sobre as paisagens da Guiné-Bissau
DEMOGRAFIA
  A população da Guiné-Bissau é etnicamente diversa, com muitas línguas distintas, costumes e estruturas sociais. Na composição étnica, destacam-se: os fulas e os povos de língua mandinga (que compõem a maior parte da população, estando concentrados no norte e nordeste do território), os osbalantas (que vivem nas regiões costeiras do sul) e os mandjacos (que ocupam áreas costeiras do centro e do norte). Existe também uma grande quantidade de mestiços, com ascendência mista de portugueses e africanos, além de uma minoria de Cabo Verde.
  Os nativos de Portugal compreendem atualmente uma porcentagem muito pequena da população. Após a independência da Guiné-Bissal, muitos portugueses deixaram o país. Há também uma minoria de chineses, vindos da antiga colônia portuguesa na China, Macau.
  Apenas 14% da população guineense fala a língua oficial, o português, que é usado pelo governo desde o período colonial. Cerca de 44% da população fala o kriol, uma língua crioula baseada no português e que é efetivamente a língua nacional de comunicação. O restante fala uma variedade de línguas africanas nativas de suas etnias. A maioria dos portugueses e mestiços têm o kriol como segunda língua. O francês é ensinado nas escolas, já que o país é cercado por nações de língua francesa, além do país ser membro da francofonia.
  Ao longo do século XX, a maioria dos guineenses praticava alguma forma de animismo. No início do século XXI, muitos se converteram ao islamismo, que hoje é praticado por mais de 40% da população. A maioria dos muçulmanos pertencem à seita sunita, sendo que 2% pertencem à seita ahmadi. Cerca de 13,2% da população guineense é cristã.
Vila rural na Guiné-Bissau
CULTURA
  Guiné-Bissau possui uma herança cultural bastante rica e diversificada. Esta cultura, que varia de etnia para etnia, abrange uma diversidade linguística, de danças, dentre outras manifestações culturais. A dança é uma verdadeira expressão artística dos diferentes grupos étnicos.
  Os povos animistas caracterizam-se pelas suas belas e coloridas coreografias. As manifestações culturais podem ser observadas nas colheitas, nos casamentos, nos funerais e nas cerimônias de iniciação. Nas cidades, a música é dominada pelo conhecido gumbé guineense. O Carnaval guineense, completamente original, possui características próprias, e é uma das maiores manifestações culturais do país.
Vídeo sobre a cultura de Guiné-Bissau
ECONOMIA
  A Guiné-Bissau é um dos países mais pobres do mundo. Sua economia depende essencialmente do setor primário, principalmente da pesca e da agricultura.
  A luta intermitente entre tropas do governo e uma junta militar destruiu a maior parte da infraestrutura do país e causou um grande prejuízo à economia, principalmente em 1998, onde a guerra civil fez com que o PIB caísse 28% naquele ano, com recuperação parcial nos ano 1999 a 2002.
  Antes da guerra, a reforma comercial e a liberalização dos preços rendeu apoio do Fundo Monetário Internacional, que contribuiu para o ajuste estrutural do país.
  Nos últimos anos o cultivo da castanha-de-caju aumentou consideravelmente, tornando o país o sexto maior produtor mundial de caju. Esta atividade é a que proporciona maior rendimento às famílias e comunidades rurais, e é o principal produto de exportação. O desempenho desse produto determina a situação econômica das zonas rurais do país, bem como a sua segurança alimentar.
Mansambo - com uma população de 10.065 habitantes (estimativa 2016) é a nona maior cidade de Guiné-Bissau
  Além da castanha-de-caju, o país exporta peixes e mariscos, amendoim, palmito e madeira. O arroz é o principal cultivo e o alimento mais importante para a população guineense.
  Por volta de 2005, os narcotraficantes da América Latina passaram a usar a Guiné-Bissau, juntamente com várias nações da África Ocidental, como um ponto de apoio para enviar a cocaína para a Europa. A nação foi mencionada pelas Nações Unidas como risco de se tornar um narco-Estado. O governo e os militares pouco têm feito para impedir o tráfico de drogas no país.
  Apesar de todas essas adversidades, atualmente, Guiné-Bissau é um dos países que mais tem crescido economicamente nos últimos anos.
Buba - com uma população de 9.867 habitantes (estimativa 2016) é a décima maior cidade de Guiné-Bissau
ALGUNS DADOS DE GUINÉ-BISSAU
NOME: República da Guiné-Bissau
INDEPENDÊNCIA: de Portugal
Declarada: 24 de setembro de 1973
Reconhecida: 10 de setembro de 1974
CAPITAL: Bissau
Centro de Bissau - capital de Guiné-Bissau
GENTÍLICO: guineense
LÍNGUA OFICIAL: português (oficial) e crioulo da Guiné-Bissau (reconhecido mas não oficial)
GOVERNO: República Semipresidencialista
LOCALIZAÇÃO: África Ocidental
ÁREA: 36.125 km² (135º)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2016): 1.898.951 habitantes (152°)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 52,56 hab./km² (119°). Obs: a densidade demográfica, densidade populacional ou população relativa é a medida expressa pela relação entre a população total e a superfície de um determinado território.
CRESCIMENTO VEGETATIVO (ONU - Estimativa 2015): 2,98% (14°). Obs: o crescimento vegetativo, crescimento populacional ou crescimento natural é a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade de uma  determinada população.
CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativa 2016):
Bissau: 457.407 habitantes
Bissau - capital e maior cidade de Guiné-Bissau
Bafatá: 40.975 habitantes
Bafatá - segunda maior cidade de Guiné-Bissau
Gabú: 17.010 habitantes
Gabú - terceira maior cidade de Guiné-Bissau
PIB (FMI - 2015): US$ 1,057 bilhão (1173º). Obs: o PIB (Produto Interno Bruto), representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano).
PIB PER CAPITA (FMI 2015): US$ 1.480 (171°). Obs: o PIB per capita ou renda per capita é o Produto Interno Bruto (PIB) de um determinado lugar dividido por sua população. É o valor que cada habitante receberia se toda a renda fosse distribuída igualmente entre toda a população. 
IDH (ONU - 2015): 0,420 (178°). Obs: o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida oferecida à população. Este índice é calculado com base em dados econômicos e sociais, variando de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país. No cálculo do IDH são computados os seguintes fatores: educação (anos médios de estudos), longevidade (expectativa de vida da população) e PIB per capita. A classificação é feita dividindo os países em quatro grandes grupos: baixo (de 0,0 a 0,500), médio (de 0,501 a 0,800), elevado (de 0,801 a 0,900) e muito elevado (de 0,901 a 1,0).
  acima de 0,900
    0,850-0,899
   0,800-0,849
   0,750-0,799
   0,700-0,749
  0,650–0,699
   0,600–0,649
   0,550–0,599
   0,500–0,549
   0,450–0,499
  0,400–0,449
   0,350–0,399
   0,300–0,349
   abaixo de 0,300
   Sem dados
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2015): 46,76 anos (194º). Obs: a expectativa de vida ou esperança de vida, expressa a probabilidade de tempo de vida média da população. Reflete as condições sanitárias e de saúde de uma população.
TAXA DE NATALIDADE (ONU - 2015): 36,81/mil (31º). Obs: a taxa de natalidade é a porcentagem de nascimentos ocorridos em uma população em um determinado período de tempo para cada grupo de mil pessoas, e é contada de maior para menor.
TAXA DE MORTALIDADE (CIA World Factbook 2015): 16,53/mil (20º). Obs: a taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um índice demográfico que reflete o número de mortes registradas, em média por mil habitantes, em uma determinada região por um período de tempo e é contada de maior para menor.
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2015): 94,4/mil (217°). Obs: a taxa de mortalidade infantil refere-se ao número de crianças que morrem no primeiro ano de vida entre mil nascidas vivas em um determinado período, e é contada de menor para maior.
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook - 2015): 4,23 filhos/mulher (64º). Obs: a taxa de fecundidade refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início ao fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos), e é contada de maior para menor.
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2015): 55,3% (196°). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2015): 30,9% (158°). Obs: essa taxa refere-se a porcentagem da população que mora nas cidades em relação à população total.
MOEDA: Franco CFA da África Ocidental
RELIGIÃO: crenças tradicionais (44,8%), islamismo (40,7%), cristãos (13,2%, sendo 9,9% de católicos e 3,3% de outras religiões cristãs), sem religião e/ou ateus (1,3%).
DIVISÃO: a Guiné-Bissau é dividida em oito regiões e um setor autônomo, a capital Bissau. As oito regiões, com suas respectivas capitais (entre parênteses), são: Bafatá (Bafatá), Biombo (Quinhamel), Bolama (Bolama), Cacheu (Cacheu), Gabu (Gabu), Oio (Farim), Quinara (Buba) e Tombali (Catió).

Divisão regional de Guiné-Bissau
REFERÊNCIA: Vicentino Cláudio
História geral e do Brasil / Cláudio Vicentino, Gianpaolo Dorigo. - 2. ed. - São Paulo: Scipione, 2013.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

OS COMPLEXOS INDUSTRIAIS E AGROINDUSTRIAIS DO BRASIL

  No decorrer do recente processo brasileiro de industrialização determinadas características de ordem socioeconômica e natural próprias de cada região colaboraram para o surgimento de centros industriais especializados em certos segmentos da produção fabril. Isso ocorreu não somente no Sudeste, mas também nas demais regiões do Brasil.
  Cada conjunto de indústrias especializadas, situadas em determinadas porção do espaço geográfico brasileiro, é chamado de complexo industrial ou complexo agroindustrial (especializado no processamento ou no fornecimento de matérias-primas agropecuárias). A formação desses complexos demonstra que, de maneira geral, as indústrias pertencentes a um mesmo segmento fabril instalam-se próximas umas das outras.
Colheita de milho no Mato Grosso
  Dentre os fatores que contribuíram para o surgimento destes centros industriais, estão:
POLO PETROQUÍMICO DE CUBATÃO
  A proximidade com a área portuária de Santos e com as indústrias da região metropolitana de São Paulo fizeram de Cubatão um dos mais importantes polos petroquímicos do Brasil. Além da proximidade do porto de Santos, a malha ferroviária e o complexo Anchieta-Imigrantes também contribuíram para transformar esse polo no maior polo industrial do país, englobando empresas dos setores petroquímico, siderúrgico, químico e de fertilizantes.
  Esse aglomerado de empresas de médio e grande porte trouxe a preocupação com o meio ambiente e, em 1983, foi criado o Projeto Cubatão, desenvolvido em conjunto com as indústrias do polo e a prefeitura da cidade, objetivando o controle ambiental e sua consequente recuperação, já que na década de 1970, a cidade foi considerada a mais poluída do Brasil e uma das mais poluídas do mundo.
Cubatão - SP
  O Polo Industrial de Cubatão está sob a jurisdição da Diretoria Regional do CIESP (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) Cubatão, criada em 1971 e que congrega grandes e importantes empresas do mercado nacional. Além de atender a empresas localizadas em Cubatão, a entidade dá suporte às indústrias de Guarujá e Bertioga. Ao todo, a regional conta com 52 empresas no seu quadro associativo.
  Esse polo industrial conta com a Refinaria Presidente Bernardes - Cubatão (RPBC). Essa refinaria está localizada no sopé da Serra do Mar e é cortada pela Estrada Velha São Paulo-Santos (a primeira rodovia asfaltada do Brasil), sendo uma unidade com alta capacidade de conversão.
  Os principais produtos produzidos no Polo Petroquímico de Cubatão são: gasolina A, gasolina Podium, gasolinas de competição, coque de petróleo, gasolina de aviação, óleo diesel, gás de cozinha, nafta petroquímica, gás natural, combustível para navios, hidrogênio, butano desodorizado, benzeno, xilenos e toluenos, hexano, enxofre, resíduo aromático, entre outros.
Polo Petroquímico de Cubatão
POLO PETROQUÍMICO DE CAMAÇARI
  O Polo Industrial de Camaçari está localizado no município de Camaçari e se estende até o município de Dias d'Ávila, ambos no estado da Bahia. Esse polo abriga diversas indústrias químicas e petroquímicas, automobilísticas, dentre outros ramos industriais. O polo iniciou suas operações em 29 de junho de 1978, tendo sido o primeiro complexo petroquímico planejado do país.
  A instalação das indústrias no Polo Petroquímico de Camaçari promoveu o desenvolvimento do município e da Bahia, gerando impactos na economia, educação e empregos.
  O polo surgiu sob o modelo tripartite, reunindo em sua composição acionária participações do Estado e da iniciativa privada nacional e estrangeira.
Camaçari - BA
  O polo investe na sua modernização com a introdução de novas tecnologias sem abrir mão dos profissionais locais. A maioria das empresas do polo está interligada por dutovias à unidade de insumos básicos da Braskem. Esta recebe derivados de petróleo da Petrobras e os transforma em petroquímicos básicos que, juntamente com energia elétrica, vapor, água e ar, são fornecidos às unidades produtivas da Braskem e às indústrias vizinhas de segunda geração que, de forma integrada, produzem os petroquímicos intermediários e alguns produtos finais.
Polo Petroquímico de Camaçari
QUADRILÁTERO FERRÍFERO
  As jazidas de ferro localizadas no Quadrilátero Ferrífero fizeram da Vale do Aço, a nordeste de Belo Horizonte, um dos principais centros siderúrgicos do país.
  O Quadrilátero Ferrífero é a região mineira que compreende os municípios de Caeté, Igarapé, Itabira, Itabirito, Itatiaiuçu, Itaúna, Jeceaba, João Monlevade, Juiz de Fora, Mariana, Mateus Leme, Moeda, Nova Lima, Ouro Preto, Raposos, Rio Acima, Rio Manso, Rio Piracicaba, Sabará, Santa Bárbara, Santa Luzia, São Gonçalo do Rio Abaixo, São Joaquim de Bicas e Sarzedo. É a maior produtora brasileira de minério de ferro, sendo responsável por cerca de 60% de toda a produção nacional. Além do minério de ferro, são extraídos do Quadrilátero Ferrífero ouro e manganês.
  A região do Quadrilátero Ferrífero constitui o marco principal da interiorização da ocupação portuguesa no Brasil.
Mariana (MG) - Uma das cidades que compõe o Quadrilátero Ferrífero
  A estrutura geológica do Quadrilátero Ferrífero é formada por rochas do período pré-cambriano (era Proterozoica), que se formaram há cerca de quatro bilhões de anos.
  O ferro extraído do Quadrilátero Ferrífero tem dois destinos: a produção na região do Vale do Rio Doce tem como destino o mercado externo, principalmente para a China; já o minério produzido na região do Vale do Rio Parapeba, tem como destino abastecer o mercado interno, principalmente as indústrias instaladas em Volta Redonda (RJ) e Cubatão (SP). Já a produção do manganês atende exclusivamente ao mercado interno.
Extração de minério de ferro em Itabirito - MG
ZONA FRANCA DE MANAUS
  A Zona Franca de Manaus (ZFM) é uma zona industrial criada pelo Decreto-Lei 288/67 com o objetivo de impulsionar o desenvolvimento econômico da Amazônia Ocidental. É administrado pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e abriga um grande número de indústrias, principalmente do ramo eletroeletrônico.
  As indústrias não recebem incentivos para se instalar na Zona Franca de Manaus, porém, uma vez instaladas, recebem:
  • isenção de imposto de importação, que permite que as empresas atuem como montadoras, usando tecnologia internacional;
  • isenção do imposto de exportação;
  • isenção do imposto sobre produtos industrializados (IPI);
  • desconto parcial, fornecido pelo governo do Amazonas, no imposto de circulação de mercadorias e serviços (ICMS);
  • isenção por dez anos, fornecido pelo município de Manaus, do IPTU, da taxa de licença para funcionamento e da taxa de serviços de limpeza e conservação pública.
Visão parcial da cidade de Manaus (AM)
  A ZFM compreende três polos econômicos: comercial, industrial e agropecuário. O polo comercial teve uma maior ascensão até o final da década de 1980, quando o Brasil adotava o regime de economia fechada. O industrial é considerado a base de sustentação da ZFM. Nesse polo estão instaladas mais de 600 indústrias de alta tecnologia, que geram mais de meio milhão de empregos diretos e indiretos. Entre as indústrias instaladas destacam-se as de produtos eletroeletrônicos. O agropecuário abriga projetos voltados à atividades de produção de alimentos, agroindústria, piscicultura, turismo, beleza, beneficiamento de madeira, entre outras.
Zona Franca de Manaus
REGIÃO DO ABC PAULISTA
  A implantação de grandes montadoras de automóveis na região do ABC paulista fez com que o segmento industrial de autopeças (pneus, bancos, vidros, amortecedores, etc.), se desenvolvesse nessa área.
  ABC Paulista, Região do Grande ABC, ABC ou ainda ABCD, é uma região tradicionalmente industrial do estado de São Paulo, parte da Região Metropolitana de São Paulo, porém, com identidade própria. A sigla vem das cidades que originalmente formavam a região: Santo André (A), São Bernardo do Campo (B) e São Caetano do Sul (C) - às vezes é incluída Diadema (D), formando o ABCD Paulista. É relativamente comum encontrar também ABCDMRR, incluindo os municípios de Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.
Mapa da Região do Grande ABC
  Foi pela região do ABC que se iniciou a ocupação do interior da capitania de São Paulo pelos portugueses. Em 1553, o pioneiro João Ramalho fundou a cidade de Santo André da Borda do Campo (atual Santo André). A capital do futuro estado, São Paulo, seria fundada um ano depois, em 1554.
  As cidades de São Bernardo e São Caetano têm origem nas fazendas de mesmo nome criadas na região pelos monges do Mosteiro São Bento no ano de 1797. São Bernardo do Campo cresceu como vila até tornar-se município em 1890. São Caetano do Sul separou-se em 1948 do município de Santo André, do qual fazia parte até então.
São Caetano do Sul - SP
  O ABC Paulista é marcado historicamente por ser o primeiro centro da indústria automobilística brasileira. A região abriga diversas montadoras transnacionais, como as alemãs Mercedes-Benz e a Volkswagen e as norte-americanas Ford e General Motors, a italiana Fiat, entre outras.
  A região do ABC é o terceiro polo econômico do Brasil; só perde para as cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro. É no ABC que se encontra uma das maiores concentrações de indústrias do país.
  O grande desenvolvimento do ABC Paulista aconteceu a partir dos anos 1950. Nessa época, se instalaram as primeiras indústrias automobilísticas do Brasil.
Santo André - SP
  A presença de indústrias de grande porte fez com que a região fosse o berço do movimento sindical contemporâneo no Brasil. As greves dos operários foram fortes no final da década de 1970, resultando na fundação do Partido dos Trabalhadores (PT) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
  Esta força sindical concentrada em uma só região (do ABC) tomou dimensões gigantescas, contribuindo, de forma negativa, para que algumas indústrias  deixassem o ABC e procurassem outros locais para instalar suas filiais, como foi o caso da Fiat, que se instalou em Minas Gerais.
São Bernardo do Campo - SP
COMPLEXO INDUSTRIAL PORTUÁRIO DE SUAPE
  O Complexo Industrial Portuário Governador Eraldo Guedes, mais conhecido como Porto de Suape, é o mais completo polo para a localização de negócios industriais e portuários da região Nordeste. Está localizado entre os municípios pernambucanos de Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife. Seu projeto foi baseado na integração porto-indústria, tendo como exemplo portos bem sucedidos da França e do Japão. Sua área de influência abrange os estados de Pernambuco, Alagoas, Paraíba e parte do Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e interior do Maranhão.
  Dispondo de uma infraestrutura completa para atender às necessidades dos mais diversos empreendimentos, Suape tem atraído um número cada vez maior de empresas interessadas em colocar seus produtos no mercado regional ou exportá-los para outros países.
Complexo Industrial Portuário de Suape, entre os municípios de Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho - PE
COMPLEXO INDUSTRIAL DE PECÉM
  O Complexo Industrial e Portuário de Pecém está localizado entre os municípios de São Gonçalo do Amarante e Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza. Aglomera várias estruturas, empreendimentos e companhias industriais, em especial, o Terminal Portuário de Pecém, já em operação, e as futuras Zona de Processamento de Exportação do Ceará, Companhia Siderúrgica do Pecém, Refinaria Premium II da Petrobras, e as termelétricas Energia Pecém (MPX e EDP) e MPX Pecém II. A região industrial também faz parte do projeto do Eixão das Águas.
  A interligação modal do complexo é feita por meio da ferrovia Transnordestina e rodoviário através da rodovia federal BR-222 e da rodovia estadual CE-422.
Complexo Industrial e Portuário de Pecém, entre os municípios de São Gonçalo do Amarante e Caucaia - CE
AGROINDÚSTRIA DA CANA-DE-AÇÚCAR
  As extensas lavouras de cana-de-açúcar na Zona da Mata nordestina, na região norte fluminense e no interior do estado de São Paulo possibilitaram o desenvolvimento da indústria sucroalcoleira nessas regiões.
  A cana-de-açúcar foi introduzida no Brasil no início do século XVI, quando foi iniciada a instalação de engenhos de açúcar. Esse produto foi a base da economia do Nordeste brasileiro na época do Brasil-Colônia.
  Atualmente, o Brasil é o principal produtor de cana-de-açúcar do mundo. Seus produtos são largamente utilizados na produção de açúcar, álcool combustível e, mais recentemente biodiesel. São Paulo é o estado brasileiro que mais produz cana-de-açúcar, respondendo por mais de 50% da produção no país, seguido de Minas Gerais, Paraná, Goiás, Mato Grosso do Sul, Alagoas e Pernambuco.
Colheita de cana-de-açúcar, em Piracicaba - SP
  O setor sucroalcooleiro brasileiro despertou o interesse de diversos países, principalmente pelo baixo custo de produção de açúcar e álcool. Este último tem sido cada vez mais importado por nações desenvolvidas, que visam reduzir a emissão de poluentes na atmosfera e a dependência de combustíveis fósseis.
  No Brasil, a agroindústria da cana-de-açúcar tem adotado políticas de preservação ambiental, que são exemplos mundiais na agricultura, embora, nessas políticas, não estejam contemplados os problemas decorrentes da expansão acelerada sobre vastas regiões e o prejuízo decorrente da substituição da policultura pela monocultura canavieira.
  Para renovação do cultivo, algumas indústrias canavieiras fazem, a cada quatro ou cinco anos, plantio de leguminosas, principalmente da soja, que recuperam o solo pela fixação de nitrogênio.
Usina de cana-de-açúcar em Pradópolis - SP
AGROINDÚSTRIA FUMAGEIRA
  As lavouras de fumo no sul de Santa Catarina e no norte e nordeste do Rio Grande do Sul propiciaram o desenvolvimento da indústria fumageira nessa região do país.
  Planta originária dos Andes, o tabaco acompanhou as migrações dos índios por toda a América Central, até chegar ao território brasileiro. Entre os indígenas, o tabaco era consumido de diferentes maneiras (comido, bebido, mascado, aspirado e fumado), mas o hábito de fumar predominava e esta forma de consumo acabou se difundindo pelo mundo ao longo dos anos.
  No Brasil, no início do século XVI, os primeiro portugueses ao desembarcarem no país já encontraram o cultivo do tabaco em quase todas as tribos indígenas. Para os índios brasileiros, a planta possuía caráter sagrado e origem mística. Seu uso era, geralmente, limitado a ritos mágico-religiosos, como no evocar dos deuses e nas predições, bem como para fins medicinais, para cura de ferimentos, entre outros, sendo seu uso reservado exclusivamente aos pagés (feiticeiros).
Lavoura de fumo no Rio Grande do Sul
  As primeiras lavouras de tabaco formadas pelos colonos brasileiros surgiram da necessidade de garantir o consumo próprio. Porém, a procura pelo produto na Europa, fez com que o excedente fosse logo exportado para o continente europeu, contribuindo para aumentar a área plantada no Brasil.
  Após a independência do Brasil, em 1822, deu-se um grande impulso às lavouras de fumo. A possibilidade de comércio direto com outros países representou um grande incentivo a produção a partir de 1850, destacando-se como maiores produtores nessa época, as províncias de Minas Gerais e Bahia. Com a vinda de imigrantes europeus para o país, essa produção se estendeu para os estados sulinos, principalmente Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
  Atualmente, o Rio Grande do Sul é o maior produtor nacional de tabaco, seguido de Santa Catarina e Paraná que, juntos, respondem por cerca de 98% da produção do país.
Santa Cruz do Sul - RS - capital basileira do fumo
AGROINDÚSTRIA DA SOJA
  O avanço da unidade de produção capitalista sobre o meio ambiente, terras cultiváveis e terras da agricultura familiar, é denominado de fronteira agrícola. A fronteira agrícola está ligada à necessidade de maior produção de alimentos e criação de animais sob a demanda internacional de importação destes produtos. Além disso, seu crescimento acelerado também está ligado à ausência de políticas públicas eficazes onde a terra acaba sendo comprada barata e o controle fiscal inoperante. Dentre os principais produtos cultivados nas áreas de fronteira agrícola, estão a soja e o milho.
  A soja é, no Brasil, um dos principais itens da produção agrícola, sendo  o país segundo maior produtor mundial desse produto, perdendo apenas para os Estados Unidos, movimentando em sua cadeia produtiva do agronegócio bilhões de dólares todos os anos.
Cultivo de soja no Mato Grosso
  Até o século XIX, a soja era plantada apenas na Bahia em pequena escala. Com a chegada dos japoneses no Brasil, houve uma proliferação do cultivo da soja. A partir da década de 1940, a soja começa a ganhar importância econômica no Rio Grande do Sul, onde mostrou boa adaptação às condições de clima e solo locais. Sua produção intensificou-se e espalhou para os estados vizinhos, Santa Catarina e Paraná, principalmente nas décadas de 1960 e 1970, por causa de incentivos do governo, interessado em desenvolver sua produção.
  A partir da década seguinte, a soja tornou-se o principal produto do agronegócio brasileiro. A sua expansão deveu-se ao crescente aumento de sua demanda no mercado mundial, em função do seu uso como matéria-prima em diversos setores da atividade industrial. O grão de soja é processado em fábricas, dando origem a óleo comestíveis, ao farelo utilizado como fonte de proteínas nas rações animais e a biocombustíveis.
Colheita de soja em Lucas do Rio Verde - MT
  A partir da década de 1980, a produção de soja expandiu-se rapidamente para o Centro-Oeste e as áreas de Cerrado. A expansão da soja no Cerrado está atrelado aos incentivos do governo em promover a ocupação e o desenvolvimento econômico da região Centro-Oeste. Devido aos incentivos fiscais no Estado, aos investimentos na infraestrutura local, como a construção de estradas, ao baixo preço das terras e ao relevo propício da região, diversos produtores migraram para o Centro-Oeste. A opção pela soja se deu devido à grande demanda internacional do produto - e, com isso, às boas possibilidades de lucro propiciadas pelo seu cultivo.
  O estado do Mato Grosso é o maior produtor brasileiro de soja, seguido do Paraná e do Rio Grande do Sul.
Colheita de soja em Sinop - MT
INDÚSTRIAS FRIGORÍFICAS E ALIMENTÍCIAS
  As criações de gado, aves e suínos nos três estados da região Sul permitiram o crescimento de grandes frigoríficos e processadoras de alimentos na região.
  Entre o fim do século XIX e a primeira metade do século XX, as paisagens dominadas pela Mata de Araucária foram profundamente alteradas por imigrantes alemães, italianos, eslavos e migrantes de outras partes do país.
  Diferentemente do padrão latifundiário de outras regiões, no centro-oeste sulino, do norte do Paraná ao norte do Rio Grande do Sul, as terras foram ocupadas por pequenas propriedades familiares, com lavouras variadas e criações modestas.
  Hoje, as menores taxas de concentração de terras do país estão nessa região, onde milhares de pequenas e médias propriedades formam a base de um dos maiores sistemas de suinocultura e avicultura integrada do mundo.
Propriedade rural, em Blumenau - SC
   Muitos integradores têm granjas especializadas na criação de matrizes, desenvolvidas exclusivamente para produzir ovos férteis que gerem descendentes com as qualidades desejadas pela agroindústria.
  A incubação dos ovos também é feita em escala industrial. Assim que nascem, os pintinhos fora do padrão são descartados e os outros são vacinados, agrupados aos milhares e enviados no mesmo dia para os integrados.
  A produção de aves costuma ocorrer em regiões produtoras de milho, base da alimentação desses animais. A dobradinha grãos-aves é essencial para a agroindústria do Sul. O desenvolvimento de uma cultura estimulou a outra; a região concentra atualmente a segunda maior produção de milho e soja do Brasil.
  Os integradores montam fábricas de ração onde há abundância de grãos e aviários, economizando com matéria-prima e transporte.
Aviário em Criciúma - SC
  No sistema de integração, os abatedouros-frigoríficos são os integradores. Eles coordenam a cadeia produtiva, produzindo e distribuindo rações e animais padronizados para engorda em diversas granjas, os integrados.
  Além de ter uma cadeia produtiva concentrada, a avicultura sulina está relativamente perto de alguns dos maiores centros consumidores do país e de portos pelos quais escoa a maior parte das exportações brasileiras de carne de frango - Paranaguá (PR), Itajaí (SC) e Rio Grande (RS).
Suinocultura
REFERÊNCIAS: Boligian, Levon
Geografia espaço e vivência, vol. 2 / Levon Boligian, Andressa Turcatel Alves Boligian. - 2. ed. - São Paulo: Saraiva, 2013.

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