sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

PARAÍBA

Ficheiro:PB Municipalities.svg
  A Paraíba é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Está situada a leste da região Nordeste e tem como limites o estado do Rio Grande do Norte, ao norte, o Oceano Atlântico, a leste, Pernambuco, ao sul e o Ceará, a oeste. O Estado ocupa uma área de 56.469,466 km² e, em 2010, segundo o censo do IBGE, contava com uma população de 3.766.528 habitantes.
  O Estado é o berço de vários notáveis poetas e escritores brasileiros como Augusto dos Anjos, José Américo de Almeida, José Lins do Rêgo, Pedro Américo (este mais conhecido por suas pinturas de cenas da História nacional), Assis Chateaubriand (mais conhecido por ter fundado os Diários Associados, a TV Tupi e o MASP), entre muitos outros. O estado também deu origem a um dos economistas mais influentes da história latino-americana: Celso Furtado.

Celso Furtado
  Na Paraíba encontra-se o "ponto mais oriental das Américas", conhecido como a Ponta do Seixas, em João Pessoa. Devido à sua localização privilegiada (extremo oriental das Américas), a cidade de João Pessoa é conhecida turisticamente como a "cidade onde o sol nasce primeiro". Além disso, é palco de uma das maiores festas populares do Brasil, "O Maior São João do Mundo", na cidade de Campina Grande.

Ponta do Seixas - ponto mais oriental das Américas
HISTÓRIA
  A história da Paraíba começa antes do descobrimento do Brasil, quando o litoral do atual território do estado era povoado pelos índios tabajaras e potiguaras. No município de Ingá, agreste paraibano, encontra-se o sítio arqueológico mais visitado do estado, conhecido como Pedra do Ingá, onde estão gravadas, na dura rocha, no leito de um rio, dezenas de inscrições rupestres em baixo-relevo, formando painéis de incomparável beleza estética e uma composição gráfica única, com mensagens até hoje não decifradas. A Pedra do Ingá é um dos monumentos pictográficos mais estudados do mundo. Embora ainda fazendo parte do desconhecido, os achados da Pedra do Ingá estão já há bastante tempo catalogados por notáveis arqueólogos como um dos mais importantes documentos líticos, motivando permanentes e incessantes pesquisas, que buscam informações mais nítidas sobre a vida e os costumes de civilizações passadas.
Itacoatiaras na Pedra do Ingá
AS TRIBOS INDÍGENAS QUE HABITAVAM APARAÍBA
  Antes da chegada dos portugueses aqui na América e a consequente ocupação do território brasileiro, a Paraíba já era habitada por grupos indígenas que ocuparam primeiramente o litoral; pertenciam a grande tribo Cariri e vieram, provavelmente, da região amazônica.
  Devido à sua agressividade, foram chamados de tapuias por outros nativos, que significa inimigos. Por volta de 1500 chegaram novas famílias indígenas, pertencentes à Nação Tupi-Guarani: eram os Potiguaras, emigrados do litoral maranhense e que se situaram na parte norte do litoral paraibano, desde as proximidades da Baía da Traição até os contrafortes da Borborema, de onde moveram guerra aos Cariris. O resultado foi o deslocamento destes últimos para as regiões sertanejas.
Mapa dos povos indígenas do Brasil no século XVI
  Na época da conquista da Paraíba - segunda metade do século XVI - chegaram outros silvículas, dessa vez pertencenteà tribo Tabajara, também de origem Tupi-Guarani, mas logo tornaram-se inimigos tradicionais dos Potiguaras, fixando-se na várzea do rio Paraíba. Na segunda metade do século XVII, a maior parte da população ainda era constituída de índios.
   O nível de civilização do índio paraibano era considerável. Muitos sabiam ler e conheciam ofícios como a carpintaria. Esses índios tratavam bem os jesuítas e os missionários que lhes davam atenção.
  A maioria dos índios estavam de passagem do Período Paleolítico para o Neolítico. A língua falada por eles era o tupi-guarani, utilizados também pelos colonos na comunicação com os índios.
 OS CARIRIS
  Os índios Cariris se encontravam em maior número que os Tupis e ocupavam uma área que se estendia desde o planalto da Borborema até os limites do Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco. Os Cariris eram índios que diziam ter vindo de um grande lago. Estudiosos acreditam que eles tenham vindo do Amazonas ou do Lago Maracaibo, na Venezuela.
  A Nação Cariri dividia-se em várias tribos. Os que habitavam a Paraíba e as áreas próximas do Estado eram: Paiacus, Icós, Sucurus, Ariús, Panatis, Canindés, Pegas, Janduís, Bultrins e Carnoiós. Destes, os Tapuias Pegas ficaram conhecidos nas lutas contra os bandeirantes.
Mapa das tribos indígenas que habitavam a Paraíba. Crédito: Estevão Palitot
TUPIS
  Os Tupis habitavam a zona mais próxima ao litoral e estavam divididos em Potiguaras e Tabajaras:
a) TABAJARAS - na época da fundação da Paraíba, os Tabajaras formavam um grupo de aproximadamente cinco mil pessoas. O seu nome indicava que viviam em tabas ou aldeias. Eram sedentários e de fácil convívio. A aliança que firmaram com os portugueses foi de grande proveito para os índios quando da conquista da Paraíba e da fundação de João Pessoa.
  Todos os aldeamentos ao sul de Cabo Branco pertenciam aos indígenas dessa tribo e deram origem a muitas cidades e vilas, como Aratagui (Alhandra), Jacoca (Conde), Piragibe (João Pessoa), Tibiri (Santa Rita), Pindaúma (Gramame), Taquara, Jacaraú, Pitimbu.
Mapa das tribos Tupis. Crédito: Estevão Palitot
b) POTIGUARAS - eram mais numerosos que os Tabajaras e ocupavam uma pequena região nos limites do Rio Grande do Norte com a Paraíba. Estavam localizados na parte norte do rio Paraíba, curso do rio Mamanguape e Serra da Copaoba. Com esta constante locomoção os índios ocuparam áreas desabitadas. Da Serra da Copaoba, foram rechaçados para o Rio Grande do Norte e aldeamentos na Baía da Traição, onde ainda hoje se encontram seus remanescentes.
Índios da tribo Toré Potiguara de Baía da Traição - PB
  Esses índios locomoviam-se constantemente, deixando aldeias para trás e formando outra. Com esta constante locomoção, os índios ocuparam áreas desabitadas. Da Serra da Copaoba, para o Sul, excetuando-se as aldeias estabelecidas no litoral. Toda a região do Agreste Acatingado, que se estende de Guarabira a Pedras de Fogo, passando por Alagoa Grande, Alagoinha, Mulungu, Sapé, Gurinhém, foi ocupado pelos Potiguaras.
  Os Potiguaras eram uma das tribos mais populosas da Nação Tupi, e desempenharam importante papel na guerra holandesa com cujos povos se aliaram. Anos antes eles também foram aliados dos franceses, que mantinham feitorias no estuário do Paraíba e Baía da Traição (Acejutibiró) e de onde faziam incursões até a Serra da Copaoba (que compreende atualmente terras de Serra da Raiz, Duas Estradas, Caiçara e Belém) para a extração do pau-brasil. Esses índios resistiram ferozmente e bravamente, desde o início da conquista portuguesa.
Serra de Copaoba
  Ainda hoje, encontram-se tribos indígenas potiguaras localizados na Baía da Traição, mas apenas em uma aldeia, a São Francisco, onde não há miscigenados, pois a tribo não aceita a presença de caboclos, termo que eles utilizavam para com as pessoas que não pertencem a tribo.
  Atualmente, as aldeias constituem reservas indígenas mal administradas pelo governo, e suas terras, quase todas, foram griladas por grandes proprietários e usinas da região, mencionando-se a Companhia de Tecidos Rio Tinto, hoje desativada. A principal atividade desses índios é a pesca e em menor escala, a agricultura.
Índios Potiguras de Rio Tinto - PB
ANTECEDENTES DA CONQUISTA DA PARAÍBA
  Demorou um certo tempo para que Portugal começasse a explorar economicamente o Brasil, uma vez que os interesses lusitanos estavam voltados para o comércio de especiarias das Índias, e além disso, não havia nenhuma riqueza na costa brasileira que chamasse tanta atenção quanto o ouro, encontrado nas colônias espanholas, minério este que tornara a Espanha uma nação muito poderosa na época.
  Devido ao desinteresse lusitano, piratas e corsários começaram a extrair o pau-brasil, madeira muito encontrada no Brasil Colônia, e especial devido a extração de um pigmento usado para tingir tecidos na Europa. Esses invasores eram em sua maioria franceses, e logo que chegaram ao Brasil fizeram amizade com os índios, possibilitando entre eles uma relação comercial conhecida como "escambo", na qual o trabalho indígena era trocado por alguma manufatura sem valor.
Gravura de André Thevet, de 1575, em que retrata os índios trabalhando na extração do pau-brasil. O quadro encontra-se no Museu Histórico Nacional.
  Com o objetivo de povoá-la, a colônia portuguesa foi dividida em quinze capitanias distribuída para doze donatários. Entre elas destacou-se a capitania de Itamaracá, a qual se estendia do rio Santa Cruz até a Baía da Traição. Inicialmente, essa capitania foi doada à Pero Lopes de Sousa, que não pôde assumir, vindo em seu lugar o administrador Francisco Braga, que devido a uma rivalidade com Duarte Coelho, deixou a capitania em falência, dando lugar a João Gonçalves, que realizou algumas benfeitorias na capitania, como a fundação da Vila Conceição e a construção de engenhos.
Capitania de Itamara
  Após a morte de João Gonçalves, a capitania entrou em declínio, ficando à mercê de malfeitores e propiciando a continuidade do contrabando de madeira.
  Em 1574 aconteceu um incidente conhecido como "Tragédia de Tracunhaém", no qual os índios mataram todos os moradores de um engenho chamado Tracunhaém, em Pernambuco. Esse episódio ocorreu após o rapto e posterior desaparecimento de uma índia, filha do cacique potiguar, no Engenho de Tracunhaém. Após receber a comitiva constituída pela índia e seus irmãos, vindos de viagem para pernoite em sua casa, um senhor de engenho, Diogo Dias, provavelmente escondeu-a, de modo que quando amanheceu o dia a moça havia desaparecido e seus irmãos voltaram para sua tribo sem a índia. Seu pai ainda apelou para as autoridades, enviando emissários a Pernambuco sem o menor sucesso. Os franceses que se encontravam na Paraíba estimularam os potiguaras à luta. Pouco tempo depois, todos os chefes potiguaras se reuniram, movimentaram guerreiros da Paraíba e do Rio Grande do Norte e atacaram o engenho de Diogo Dias. Foram centenas de índios que, ardilosamente, se acercaram do engenho e realizaram uma verdadeira chacina, com a morte de todos que encontraram pela frente: proprietários, colonos e escravos, seguindo-se o incêndio do engenho.
Representação de um engenho da Paraíba no século XVII
  Após esta tragédia, D. João III, rei de Portugal, desmembrou Itamaracá, dando formação à Capitania do Rio Paraíba.
  Existia uma grande preocupação por parte dos lusitanos em conquistar a capitania que atualmente é a Paraíba, pois havia a garantia do progresso da capitania pernambucana, a quebrada aliança entre os Potiguaras e franceses, e ainda, estender sua colonização ao norte.
EXPEDIÇÕES PARA A CONQUISTA
  Quando o governador-geral D. Luís de Brito recebeu a ordem de separar Itamaracá, recebeu também do rei de Portugal a ordem de punir os índios responsáveis pelo massacre, expulsar os franceses e fundar uma cidade. Assim, começaram as cinco expedições para a conquista da Paraíba. Para isso, o rei D. Sebastião mandou primeiramente o ouvidor-geral D. Fernão da Silva.
Paisagem da Paraíba em 1665, por Frans Post
Primeira Expedição (1574): O comandante dessa expedição foi o ouvidor-geral D. Fernão da Silva. Ao chegar no Brasil, Fernão tomou posse das terras em nome do rei sem que houvesse nenhuma resistência, mas isso foi apenas uma armadilha. Sua tropa foi surpreendida por indígenas e teve que recuar para Pernambuco.
Segunda Expedição (1575): Quem comandou a segunda expedição foi o governador-geral D. Luís de Brito. Sua expedição foi prejudicada por ventos desfavoráveis e eles nem sequer chegaram às terras paraibanas. Três anos depois outro governador-geral, Lourenço Veiga, tenta conquistar o Rio Paraíba, não obtendo êxito.
Terceira Expedição (1579): Ainda sob forte domínio "de fato" dos franceses, foi concedida, por dez anos, ao capitão Frutuoso Barbosa, a capitania da Paraíba, desmembrada de Olinda. Essa ideia só lhe trouxe prejuízos, uma vez que quando estava vindo à Paraíba, caiu sobre sua frota uma forte tormenta e, além de ter de recuar até Portugal, ele perdeu sua esposa.
Quarta Expedição (1582): Com a mesma proposta imposta por ele na expedição anterior, Frutuoso Barbosa volta decidido a conquistar a Paraíba, mas cai na armadilha dos índios e dos franceses. Barbosa desiste, após perder um filho em combate.
Quinta Expedição (1584): Após a sua chegada à Paraíba, Frutuoso Barbosa capturou cinco navios de traficantes franceses, solicitando mais tropas de Pernambuco e da Bahia para assegurar os interesses portugueses na região. Nesse mesmo ano, da Bahia vieram reforços através de uma esquadra comandada por Diogo Flores de Valdés, e de Pernambuco, tropas sob o comando de D. Filipe de Moura. Conseguiram finalmente expulsar os franceses e conquistar a Paraíba. Após a conquista, eles construíram os fortes de Santiago e São Filipe.
Centro histórico de João Pessoa - marco zero da colonização da Paraíba
CONQUISTA DA PARAÍBA
  Para as jornadas, o ouvidor-geral Martim Leitão, formou uma tropa constituída por brancos, índios, escravos e até religiosos. Quando aqui chegaram se depararam com índios que, sem defesa, fogem e são aprisionados. Ao saber que eram índios tabajaras, Martim Leitão manda soltá-los, afirmando que sua luta era contra os potiguaras (rivais dos tabajaras). Após o incidente, Leitão procurou formar uma aliança com os tabajaras que, por temer outra traição, a rejeitaram.
  Depois de um certo tempo Leitão e sua tropa finalmente chegaram aos fortes de São Filipe e Santiago, ambos em decadência e miséria devido as intrigas entre os espanhóis e portugueses. Com isso, Martim Leitão nomeou o espanhol conhecido como Francisco Castrejón para o cargo de Frutuoso Barbosa. A troca só fez piorar a situação. Ao saber que Castrejón havia abandonado, destruído o Forte e jogado toda a sua artilharia no mar, Leitão o prendeu e o enviou de volta à Espanha.
  Quando ninguém esperava, os portugueses unem-se aos tabajaras, fazendo com que os potiguaras recuassem. Isto se deu no início de agosto de 1585. A conquista da Paraíba se deu através da união de um português e um chefe indígena chamado Pirajibe, palavra que significa "Braço de Peixe".
Igreja de São Francisco - sua construção iniciou-se por volta de 1585
A CONQUISTA DO INTERIOR DA PARAÍBA

OS PRIMEIROS  MOVIMENTOS DA INTERIORIZAÇÃO
  Durante o século XVI e início do século XVII, a ocupação do interior paraibano, assim como em todo o Brasil, concentrou-se predominantemente no litoral. Depois da invasão holandesa foi que começou a intensificar-se a conquista para o interior, por meio das missões de catequese, entradas e bandeiras.
  De uma maneira geral as causas para as entradas no Brasil foram as seguintes:
  • busca de metais preciosos (ouro e prata);
  • captura de índios para vendê-los como escravos, uma vez que o negro se tornava uma peça muito cara;
  • o espírito aventureiro de alguns portugueses, que se sentiam atraídos pelo desconhecido e certos de que seriam compensados;
  • a possibilidade de obter sesmarias (terras não ocupadas que o rei concedia a quem quisesse desbravá-las e povoá-las à sua custa);
  • o desenvolvimento da criação de gado.
  Na Paraíba, essas três últimas causas foram responsáveis pelo desbravamento do interior, sendo a criação do gado a principal.
Pecuária - atividade que contribuiu para o povoamento do interior da Paraíba
AS MISSÕES DE CATEQUESE
  As missões de catequese foram as primeiras formas de conquista do interior da Paraíba. Os missionários pregavam o cristianismo nas suas missões, alfabetizavam e ensinavam ofícios aos índios e construíam colégios para os colonos.
  Em 1670 foi fundada pelo padre Martim de Nantes, a Missão do Pilar. Esta missão deu origem à vila do Pilar.
Pilar - PB
  Avançaram ainda mais os padres missionários pelas margens do rio Ingá. Chegaram, enfim, a um planalto com uma campina verde e um clima agradável. Organizaram neste local um segundo aldeamento de índios Cariris, às margens do Paraíba, em Pilar e Boqueirão.
  Descrita pelo missionário Martim de Nantes, que sobre elas produziu importante Relação, essas missões funcionaram como bases, a partir dos quais os Oliveira Ledo alcançou o Sertão.
Boqueirão - PB
FRANCISCO DIAS D'ÁVILA E A CASA DA TORRE
  A famosa Casa da Torre tinha sede na Bahia. Seu proprietário - o coronel Francisco Dias D'Ávila - estabeleceu, de início, os seus currais na Bahia. Depois suas fazendas se espalharam em torno do rio São Francisco e chegaram até o Piauí.
  Era um imenso território, a origem do sistema latifundiário que marcaria o sertão nordestino. Para adquirir suas imensas propriedades gastara apenas papel e tinta em requerimento de sesmaria. Ao falecer, em 1695, legou o patrimônio da Casa da Torre à sua esposa, dona Leonor Pereira Marinho - como colonos, foreiros daquele potentado. Esses colonos eram arrendatários da Casa da Torre, já então sesmaria do vale do Piancó, Piranhas de Cima e Rio do Peixe. Só na ribeira desses rios, as propriedades de Dias D'Ávila ascendiam a vinte e oito.
São João do Rio do Peixe - PB
  Quando Antônio de Oliveira Ledo, cuja sesmaria localizava atrás da de Vidal de Negreiros, no vale do Paraíba, chegou a missão indígena Cariri de Boqueirão, na Serra do Carnoió, no curso médio daquele rio, em 1670, o Sertão da Capitania já se encontrava parcialmente ocupado pela Casa da Torre. Nesse sentido, a presença desta nos sertões paraibanos dataria de 1663. Os Senhores da Torre foram os pioneiros na parte ocidental da Capitania da Paraíba. Mas não se fixaram nessa região. Arrendaram ou doaram suas terras nas ribeiras dos rios Piancó, Peixe e Piranhas de Cima.
Rio Piancó no município de Piancó - PB
BANDEIRANTES E OS OLIVEIRA LEDO, NA CONQUISTA DA PARAÍBA
  Houve duas linhas de penetração no Sertão paraibano. Uma, vertical, do sul para o norte, que partiu do Rio São Francisco e, através de afluentes deste, penetrou na Paraíba, através da fronteira com Pernambuco. Percorreram-na bandeirantes paulistas, baianos e pernambucanos. A essa corrente incorporou-se o bandeirante paulista Domingos Jorge Velho, que após esmagar o Quilombo dos Palmares, marchou sobre a Paraíba para fazer o mesmo com os índios da Confederação dos Cariris.
Domingos Jorge Velho e Domingos Afonso Sertão
  Os bandeirantes, todavia, não ocuparam a terra no sentido de fazê-la render economicamente. Apenas a devassaram, sufocando, onde foi o caso, a resistência indígena. A ocupação produtiva, isto é, a colonização do sertão da Paraíba, coube, além dos colonos que seguiram os bandeirantes, à família Oliveira Ledo e os sesmeiros articulados a estes desbravadores. Esses dois últimos ingressaram nos sertões da Paraíba, no sentido horizontal, de leste para oeste, com a maioria operando por conta própria  e alguns sob o patrocínio do governo (as entradas). Os responsáveis por expedições denominadas entradas tornaram-se conhecidos como entradistas.
  Os Oliveira Ledo, situados na origem de tantos municípios paraibanos, a partir de Campina Grande, e região do Cariri, tanto levaram para o interior seus cabedais como se responsabilizaram pelas entradas. O patriarca do grupo, Antônio de Oliveira Ledo, estabeleceu vias de penetração sertanejas, através de duas direções:
  • A primeira, partindo, da missão de Boqueirão, pelo curso do Paraíba até o Rio Taperoá, cruzou o pequeno Rio Farinha e subindo o curso do Espinharas, nas vizinhanças de Patos, lançou-se para o nordeste, a fim de, através do Rio Piranhas, alcançar a região do atual município de Brejo do Cruz e penetrar no Rio Grande do Norte, cuja zona do Seridó pertencia, então, a jurisdição da Paraíba.
  • A segunda via de penetração de Antônio de Oliveira Ledo desviou-se para o sul, desde Boqueirão, a fim de, pelas nascentes do Rio Paraíba, ingressar em território pernambucano, onde chegando ao Pajeú, encontrou os colonos da Casa da Torre que por ali subiam, rumo ao alto sertão da Paraíba e do Ceará.
  Dois outros Oliveira Ledo, Custódio, irmão de Antônio, e Constantino, filho de Custódio, também participaram da conquista do sertão da Paraíba. Quem, todavia, exerceu essa função com maior veemência, foi outro filho de Custódio, Teodósio de Oliveira Ledo.
Teodósio de Oliveira Ledo
  A penetração de Teodósio partiu do aldeamento Cariri, de Pilar, no sentido noroeste e, virando para o sul, alcançou o Rio Taperoá. Seguindo em frente, atravessou o Planalto da Borborema até Pau Ferrado, sobre o Rio Piancó, de onde penetrando para o nordeste, alcançou o vale do Rio do Peixe, na localidade de Jardim, atual Sousa. Descrevendo longo círculo, penetrou o Seridó norte-rio-grandense pela Serra de Luís Gomes e, desviando-se para o sul, alcançou a confluência do Rio Piancó com o Piranhas onde, em 1698, fundou o Arraial de Nossa Senhora do Bom Sucesso do Piancó. Esse povoado, do qual deriva a atual cidade de Pombal, constituiu o centro de irradiação de povoamento que compreenderam, não apenas o sertão da Paraíba, mas territórios do Rio Grande do Norte e Ceará.
Pombal - PB
A RESISTÊNCIA INDÍGENA (GUERRA DOS BÁRBAROS)
  A presença de entradistas e bandeirantes pelo sertão da Paraíba, dispunha de outra motivação, além de espalhar o gado pelos campos do criatório: capturar índios para venderem no litoral. Entradistas e bandeirantes, como Teodósio de Oliveira Ledo, Domingos Jorge Velho, Domingos Afonso Sertão e Bernardo Vieira de Melo encontravam-se, confessadamente, comprometidos com essa empreitada. Ao tentar defender suas terras e com o apoio dos franceses, os índios decidiram reagir. Essa reação, que gerou a chamada Guerra dos Bárbaros, vigentes nos sertões nordestinos, de 1680 a 1730, recebeu a denominação de Confederação dos Cariris, apesar de que na Paraíba, os Cariris não foram responsáveis por esse procedimento, mas sim os Tarairiús.
Principais conflitos envolvendo os bandeirantes e os indígenas no Brasil
  Três fases experimentou a Guerra dos Bárbaros. A primeira ocorreu no Rio Grande do Norte, na região do Vale do Açu, onde os índios se apresentaram com armas de fogo e munições contrabandeadas pelos franceses. A segunda, de maior duração, teve lugar na Paraíba, ao longo de toda a povoação de Bom Sucesso do Piancó. Expulsos da área, os índios refugiaram-se no Ceará, onde ocorreu a última fase da Guerra dos Bárbaros.
Bom Sucesso - PB
  A crueldade com que essa guerra foi travada fez-se tão acentuada que, a certa altura, as autoridades portuguesas dirigiram-se ao governador da Paraíba pedindo explicações sobre o que aí acontecia. Aldeias inteiras estavam sendo incendiadas e seus habitantes massacrados, sem constituir exceção crianças e mulheres. Quanto aos adultos que se recusavam à escravidão, eram assassinados.
O POVOAMENTO DO SERTÃO
  Com os índios  pacificados e dominados, os sertanistas puderam continuar a fundar suas fazendas de gado, que se tornariam mais tarde núcleos de povoamento. Esses núcleos surgiram, primeiramente por meio da criação de gado para abastecer as regiões vizinhas, depois através das feiras, onde surigam as pousadas, que foram progredindo a ponto de irem tornando-se vilas.
  Com os bandeirantes percorrendo o curso dos rios e o deslocamento do gado ao longo destes, foram surgindo os currais e os campos cercados de rústicas habitações, geralmente de pau-a-pique. Assim, formavam-se as primitivas fazendas, que eram dotadas de capelas que lhes asseguravam a posse das terras. Dentre essas capelas estão a de Nossa Senhora do Rosário, erguida entre 1701 e 1721, no Arraial de Piranhas, onde hoje e a cidade de Pombal, as capelas de Cabaceiras em 1730, Jardim do Rio do Peixe (Sousa), Piancó em 1748, Patos em 1772, Catolé do Rocha e Santa Luzia em 1773, e Monteiro em 1880, que significaram o elemento gerador dessas cidades.
Santa Luzia - PB
  Outro elemento formador dos arraiais que se converteram com o tempo em povoados, vilas e cidades, foram os sítios. Na qualidade de "maior figura patriarcal do sertão da Paraíba",  o capitão-mor José Gomes de Sá possuía fazendas arrendadas à Casa da Torre, como Acauã e Riachão, atuais distritos da região de Sousa. A cidade de Conceição fez-se, originalmente, data de terra pertencente a Pedro Monteiro, no vale do Piancó, em cujos sertões, fazendas como São Gonçalo, Lagoa Tapada e Santo Antônio (atual Piancó), também originaram sedes de distritos e municípios da Paraíba.
Conceição - PB
  A disputa pela terra gerou, no sertão, uma sociedade violenta que se prolongou no cangaço e lutas de famílias, até bem pouco visíveis em municípios como Catolé do Rocha, Teixeira, Miseridórdia (atual Itaporanga) e Piancó.
  O povoamento da região ficou a cargo dos colonos que eram mamelucos, resultantes de cruzamento do branco com o índio, mais amplo que o cafuzo, proveniente da mistura do índio com o negro e também aí encontrado.
 FUNDAÇÃO DA PARAÍBA
  Martim Leitão trouxe pedreiros, carpinteiros, engenheiros e outros para edificar a cidade de Nossa Senhora das Neves. Com o início das obras, Leitão foi a Baía da Traição expulsar o resto dos franceses que permaneciam na Paraíba. Leitão nomeou João Tavares para ser capitão do Forte. Na Paraíba teve-se a terceira cidade a ser fundada no Brasil e a última do século XVI.
POVOADO DE NOSSA SENHORA DAS NEVES
  Por escolha de Martim Leitão, João Tavares e Frutuoso Barbosa que percorreram a planície situada entre o oceano Atlântico e o Rio Paraíba, a nova cidade foi edificada a partir de 4 de novembro de 1585 na parte mais alta da colina, a reduzida distância do rio intitulada Povoado de Nossa Senhora das Neves. Posteriormente, essa denominação foi alterada para Cidade de Nossa Senhora das Neves, depois Felipéia de Nossa Senhora das Neves, durante o domínio holandês, Frederica de Nossa Senhora das Neves,  quando acaba o domínio holandês, volta a se chamar Felipéia de Nossa Senhora das Neves e, por fim, em 1930, João Pessoa, em homenagem ao ex-presidente assassinado.
Casa de Pólvora - construída em 1710, é um dos pontos turísticos de João Pessoa
  A localização da cidade situada na parte mais alta da colina, visava assegurar-lhe a defesa e, a proximidade do rio, possibilitaria, através desse, a exportação de produtos que viriam a ser elaborados ou encontrados (âmbar, madeiras, algodão etc.). A capitania integraria o sistema econômico mercantilista, e sua capital, por tratar-se de sede da capitania real, desconheceu o estágio de vila, já nascendo como cidade.
  A elevada quantidade de água, pedra e cal favoreceram as primeiras edificações, quase todas religiosas: a capela de Nossa Senhora das Neves, a Igreja Barroca de São Francisco, Mosteiro de São Bento, Igreja/Convento de Nossa Senhora do Carmo.
Matriz de Nossa Senhora das Neves - sua construção iniciou-se por volta de 1586
  Em sua história, a capital da Paraíba recebe várias intitulações diferentes, cada uma dessas é decorrente de acontecimentos históricos em que a capital estava inserida.
  • Povoado de Nossa Senhora das Neves - encontrava-se a formação da cidade com um contingente de pessoas relativamente pequeno.
  • Cidade de Nossa Senhora das Neves - a quantidade de pessoas que havia na cidade em seus primórdios havia aumentado.
  • Felipéia de Nossa Senhora das Neves - decorrente da União das Coroas Ibéricas, onde a denominação Felipéia se deu em homenagem a Felipe II, então rei de Portugal e Espanha.
  • Frederica de Nossa Senhora das Neves - decorrente do domínio holandês, onde a denominação Frederica se deu em homenagem ao Príncipe Frederido de Orange.
  • João Pessoa - decorrente do assassinato do ex-presidente da Paraíba, João Pessoa, onde tal assassinato influenciou fortemente a revolução de 1930.
Centro urbano de João Pessoa em 1934, tendo ao centro a Lagoa Solon de Lucena
  Logo após a fundação de João Pessoa, inicia-se o cultivo da cana-de-açúcar. Os canaviais, que se espalharam pela Zona da Mata e dependia da mão de obra escravista, atraem o interesse dos holandeses no século XVII. No mesmo século, o interior do Estado, começa a ser ocupado pelas fazendas de gado.
  No século XVIII, a mineração de ouro e diamantes no centro-sul acelera o declínio da economia canavieira. O fracasso da Companhia Geral de Pernambuco e Paraíba, criada pelo Marquês de Pombal, em 1759, acentua essas dificuldades. Depois de se envolver nas lutas de independência, na Revolução Pernambucana de 1817 e na Confederação do Equador, em 1824, a Paraíba atravessa uma etapa de relativa estabilidade política. Mas, o empobrecimento de toda a região nordestina afeta a província. Em 1874 estoura o Quebra-Quilos, uma insurreição popular contra a fome, a pobreza e o aumento dos impostos. A revolta recebe esse nome por protestar também contra a adoção do novo sistema de pesos e medidas implantado no país: o métrico decimal.
Foto do Movimento Quebra Quilos em Fagundes - PB, em 1875
ESTAGNAÇÃO ECONÔMICA
  Durante a República Velha (1889/1930), a agricultura permanece estagnada e as oligarquias rurais mantêm amplo poder político. A Paraíba tem participação especial na Revolução de 1930. O assassinato de João Pessoa, presidente do estado e candidato a vice-presidente da República na chapa de Getúlio Vargas, precipita o movimento que põe fim ao primeiro período republicano brasileiro.
Funeral de João Pessoa, em 1930
  Os incentivos da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) a partir da década de 1960 pouco ajudou na industrialização do estado, que permanece entre os mais pobres do país e um dos que mais alimentam o movimento migratório regional.
ASPECTOS FÍSICOS
1. CLIMA
  O clima da Paraíba varia de acordo com o relevo. Na Baixada Litorânea e na encosta leste do Planalto da Borborema, predomina o clima tropical úmido, com chuvas de outono-inverno e estação seca durante o verão. As chuvas no litoral atingem índices de 1.700 mm anuais e temperaturas na casa dos 24°C. Seguindo para o interior, as chuvas diminuem (800 mm - encosta leste da Borborema), voltando a aumentar o índice pluviométrico no topo do planalto para 1.400 mm.
  Dominando o planalto da Borborema, exceto a encosta leste, está o clima semiárido quente. O índice pluviométrico nesta região pode ser considerado baixo, chegando a 500-600 mm anuais. O menor índice pluviométrico anual do Brasil é registrado no município de Cabaceiras (279 mm).
Cabaceiras - município que registra os menores índices pluviométricos do Brasil
  Uma terceira tipologia climática ocorre a oeste do Estado, no planalto do rio Piranhas. Nessa região, o clima predominante é o tropical úmido, caracterizado por apresentar chuvas de verão e inverno seco, com temperaturas médias anuais elevadas, marcando 26°C. O índice pluviométrico é de 600 a 800 mm/ano. A leste do planalto do rio Piranhas, as chuvas são irregulares, resultando em secas prolongadas.
Mapa dos índices de chuvas da Paraíba
RELEVO
  A maior parte do território paraibano é constituído por rochas resistentes e bastante antigas, que remontam a Era Pré-Cambriana, com mais de 2,5 bilhões de anos. Elas formam um complexo cristalino que favorecem a ocorrência de minerais metálicos, não metálicos e gemas. Os sítios arqueológicos e paleontológicos, também resultam da idade geológica desses terrenos.
Mapa do relevo da Paraíba
  • No litoral paraibano aparece a Planície Litorânea, que é formada pelas praias e por terras arenosas.
  •  Na região da Mata, surgem os tabuleiros, que são formados por acúmulos de terras que descem de lugares altos.
  • No Agreste e no Brejo, aparecem algumas depressões que ficam entre os tabuleiros e o Planalto da Borborema, onde se encontram muitas serras, como a Serra da Araruna, Serra de Cuité, Serra da Jurema, Serra do Bodopitá e a Serra de Teixeira. Encontra-se no município de Araruna o Parque Estadual da Pedra da Boca.
Pedra da Boca em Araruna - PB
  •  No Sertão surge a Depressão Sertaneja, que se estende do município de Patos até após a Serra da Viração.
 O Planalto da Borborema ou Chapada da Borborema, é o mais marcante acidente do relevo no Estado. Na Paraíba ele tem um papel fundamental no conjunto do relevo, na rede hidrográfica e nos climas. As serras e chapadas atingem altitudes que variam de 300 a 800 metros de altitude.
Serra de Teixeira
  A Serra de Teixeira é uma das mais conhecidas, possuindo uma altitude média de 700 metros, onde se encontra o ponto culminante da Paraíba, a saliência do Pico do Jabre, que tem uma altitude de 1.197 metros e fica localizado no município de Matureia.
  No geral, o relevo paraibano é modesto, mas não muito baixo: 66% do território encontra-se entre 300 e 900 metros de altitude.
Pico do Jabre - ponto culminante da Paraíba
HIDROGRAFIA
  Na hidrografia da Paraíba, os rios fazem parte de dois setores: os rios Litorâneos e os rios Sertanejos. O estado encontra-se com 97,78% de seu território dentro do Polígono das Secas, segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO).
Mapa das bacias hidrográficas da Paraíba
  Na Paraíba existem muitos açudes, o maior deles é o Açude Coremas/Mãe D'Água, que tem capacidade para armazenar 1.358.000.000 m³, e está localizado na cidade de Coremas, abastecendo várias cidades do Sertão paraibano.
Mapa da Paraíba
  Por ordem, os cindo maiores açudes da Paraíba são: 1º Coremas/Mãe D'Água - Coremas (1.358.000.000 m³); 2º Epitácio Pessoa - Boqueirão (411.686.287 m³); 3º Engenheiro Ávidos - Cajazeiras (255.000.000 m³); 4º Argemiro de Figueiredo (Acauã) - Itatuba (253.000.000 m³); 5º Saco - Nova Olinda (97.488.089 m³). 
Açude Coremas/Mãe D'Água - maior reservatório de água doce da Paraíba
Rios Litorâneos - são rios que nascem na Serra da Borborema e vão em busca do litoral paraibano, desaguando no Oceano Atlântico. Dentre esses rios se destacam:
a) Rio Paraíba - nasce na Serra de Jabitacá, no município de Monteiro, divisa com Pernambuco. Com uma extensão de 380 km, é o maior rio paraibano. É um rio parcialmente intermediário, já que parte de seu leito desaparece em épocas de seca, embora a partir do seu médio curso ele se torna perene. Deságua no oceano, entre os municípios de Cabedelo, Lucena, Santa Rita, Bayeux e João Pessoa, formando uma foz do tipo mista. Em seu estuário encontram-se dezenas de desembocaduras de outros rios, manguezais, o Porto de Cabedelo - escoadouro da capital paraibana - e também diversas ilhas, como Restinga, Stuart e Tiriri. No alto curso, recebe, entre outros afluentes, o rio Taperoá, antes de formar o Açude Boqueirão. No médio curso, tem como principal afluente o rio Paraibinha, que forma a Represa Acauã, e o Rio Gurinhém, a partir da qual passa a correr em seu baixo curso, onde seus principais tributários são o rio Paroeira e o rio Sanhauá, que separa as cidades de João Pessoa e Bayeux.
Rio Paraíba próximo à cidade de Itabaiana - PB
b) Rio Mamanguape - perene durante o ano todo, nasce no município de Montadas e deságua numa foz do tipo mista entre os municípios de Rio Tinto e Marcação, numa região denominada de Barra do Mamanguape, litoral setentrional paraibano, onde há um projeto que visa proteger o peixe-boi-marinho.
Rio Mamanguape próximo à BR-101, no município de Mamanguape - PB
c) Rio Curimataú - nasce no município de Barra de Santa Rosa, na serra do Cariri Velho, pertencente ao complexo do Planalto da Borborema, e é um rio de domínio federal que banha os estados da Paraíba e do Rio Grande do Norte. Sua bacia ocupa uma área total de 3.346 km², entrando no estado do Rio Grande do Norte pelo município de Nova Cruz e desaguando no oceano Atlântico através do estuário denominado de Barra do Cunhaú, no município de Canguaretama.
Rio Curimataú na divisa dos municípios paraibanos de Belém e Campo de Santana
Rios Setanejos - são rios que vão em direção ao norte em busca de terras baixas e desaguando no litoral do Rio Grande do Norte. O rio mais importante deste grupo é o Rio Piranhas, que nasce na Serra de Bongá, próximo à divisa com o Ceará. Esse rio é muito importante para o Sertão da Paraíba, pois através dele é feita a irrigação de grandes extensões de terras no sertão. Há ainda outros rios, como o Rio do Peixe, Rio Piancó e Rio Espinhara, todos afluentes do Rio Piranhas. Os rios da Paraíba estão incluídos na Bacia do Atlântico Nordeste Oriental e apenas os rios que nascem na Serra da Borborema e na Planície Litorânea são perenes. Os outros rios são temporários e correm em direção ao norte, desaguando no litoral do Rio Grande do Norte.
Rio Piranhas em São Bento - PB
VEGETAÇÃO
  A vegetação litorânea do estado da Paraíba apresenta matas, manguezais e cerrados, que recebem a denominação de "tabuleiro", e é formado por gramíneas e arbustos tortuosos, predominantemente representados, entre outras espécies, por batiputás e mangabeiras. Formados pela Floresta Atlântica, as matas registram a presença de árvores altas, sempre verdes, como a peroba e a sucupira. Nos estuários predominam os manguezais, os quais apresentam árvores com raízes suporte, adaptados à sobrevivência neste tipo de ambiente natural pantanoso.
  A vegetação nativa do Planalto da Borborema e do Sertão caracteriza-se pela presença da caatinga, devido ao clima seco e quente, característico da região. A caatinga pode ser do tipo arbóreo, com espécies como a baraúna, ou arbustivo, representado, entre outras espécies, pelo xique-xique e o mandacaru.
Mapa da vegetação da Paraíba
1. Vegetação Litorânea -  Localizada bem junto ao litoral, nas partes mais próximas às praias, caracterizando-se pela presença de mangues, dunas, tabuleiros, vegetação rasteira, arbusto e matas de restinga. As principais plantas dessa formação vegetal são os coqueiros, o pinheiro-da-praia, a salsa-da-praia, entre outros. Em Cabedelo, há a mata de restinga, onde encontram-se árvores de porte médio, troncos com diâmetros pequenos pequenos, copas largas e irregulares. As espécies principais são o cajueiro, a maçaranduba e a aroeira-da-praia.
Mata de restinga em Cabedelo - PB
  Na foz dos rios e até onde existe a influência das marés, os solos são lamacentos, salinos e instáveis com alto teor de matéria orgânica em decomposição. Nesse local aparece a vegetação de mangues, caracterizada pela por possuírem raízes suportes e respiratórias. Algumas espécies como mangue vermelho, mangue de botão, mangue branco e siriúba vivem nas áreas alagadiças, e outras, como a samambaia-assu e a guaxuma, ocorrem nos setores marginais do solo, com características mais estáveis.
Manguezal em Mamanguape - PB
Mata Atlântica - corresponde a área da zona da mata, os tabuleiros e as várzeas que antes eram ocupados pela Mata Atlântica e hoje são ocupadas pela cana-de-açúcar e pelas cidades. Essa formação vegetal encontra-se bastante alterada ou mesmo inexistente na maior parte do litoral devido à expansão da monocultura canavieira. Hoje, a Mata Atlântica na Paraíba está reduzida em cerca de 5%, em áreas de preservação ambiental, como a Mata do Buraquinho e a Mata de Pacatuba. As principais espécies dessa vegetação são o pau-brasil, o jatobá, o jacarandá, entre outras. Essas plantas possuem porte alto, copas largas, troncos com grande diâmetro e folhas perenes. Há também plantas de pequeno porte, como as orquídeas, as bromélias e os cipós.
Jardim Botânico Benjamim Maranhão, mais conhecido como Mata do Buraquinho em João Pessoa - PB
Cerrado - tipo de vegetação canpestre, é formado por árvores e arbustos distanciados entre si, com árvores tortuosas e vegetação de campos encontrados nos tabuleiros. Localiza-se nos baixos planaltos costeiros, onde predominam a mangaba, a lixeira, o cajueiro-do-cerrado e o batiputá.
Vegetação de Cerrado em Sapé - PB
Agreste - na faixa de transição entre o clima tropical úmido e o clima semiárido, surge o agreste. Trata-se de uma vegetação intermediária entre a caatinga e a floresta tropical, com espécies das duas formações. Sua vegetação é constituída por espécies que se misturam. A formação Agreste também ocorre em faixas entre o brejo úmido e o Cariri semiárido. Algumas espécies que não ocorrem ou são raras na depressão aparecem no chamado Agreste da Borborema, como o umbuzeiro, a catingueira, a aroeira, o facheiro, entre outras.
Vegetação Agreste em Serra da Raiz - PB
Mata Serrana - vegetação das encostas úmidas das serras isoladas da região semiárida e semiúmida (Serra de Teixeira, Monte Horeb, Araruna, Cuité, entre outras). São formadas por espécies de mata úmida e arbustos da caatinga (baraúna, jurema, angico) e algumas espécies de Mata Atlântica como o pau-d'óleo, jatobá, a massaranduba, entre outras.
Vegetação Serrana em Areia - PB
Caatinga - área de domínio do clima semiárido, ocorre no Sertão, Cariri, Curimataú e Seridó, recobrindo 65% do território paraibano. É formada por plantas xerófilas, cactáceas, caducifólias e aciculifoliadas. Divide-se em Caatinga Hiperxerófila - áreas mais secas (Cariri, Seridó e Curimataú) -, ou Hipoxerófila - áreas mais úmidas (proximidades do Agreste e do Sertão). As plantas mais comuns são o xique-xique, o mandacaru, a coroa-de-frade, macambira, baraúna, angico, umbuzeiro, entre outras. Os solos são rasos e pedregosos.
Vegetação da Caatinga em Picuí - PB
SUBDIVISÕES
  Uma mesorregião é uma subdivisão dos estados brasileiros que congrega diversos municípios de uma área geográfica com similaridades econômicas e sociais. Foi criada pelo IBGE e é utilizada para fins estatísticos, não constituindo uma unidade política ou administrativa. Oficialmente, a Paraíba está dividida em quatro mesorregiões, que são:
  • Sertão Paraibano - é a terceira mais populosa do estado, dividida em sete microrregiões que juntas, abrigam oitenta e três municípios, sendo a mesorregião com maior número de municípios. As microrregiões são: Cajazeiras, Catolé do Rocha, Itaporanga, Patos, Piancó, Serra do Teixeira e Sousa. Atualmente, a mesorregião do Sertão Paraibano conta com três regiões metropolitanas: as Regiões Metropolitanas de Patos, Cajazeiras e do Vale do Piancó.
  • Borborema - é a menos populosa do estado, formada pela união de quatro microrregiões que compartilham quarenta e quatro municípios. As microrregiões são: Cariri Ocidental, Cariri Oriental, Seridó Ocidental Paraibano e Seridó Oriental Paraibano.
  • Agreste Paraibano - é a segunda mais populosa do estado formado pela união de sessenta e seis municípios agrupados em oito microrregiões. As microrregiões são: Brejo Paraibano, Campina Grande, Curimataú Ocidental, Curimataú Oriental, Esperança, Guarabira, Itabaiana e Umbuzeiro. Engloba quatro regiões metropolitanas: as Regiões Metropolitanas de Campina Grande, de Esperança, de Barra de Santa Rosa e de Guarabira.
  • Mata Paraibana - é a mesorregião mais importante do estado, formada pela união de trinta municípios agrupados em quatro microrregiões. Pelo fato de nela estar localizada a capital do estado, é a mais populosa e reúne mais de um terço da população da Paraíba. É a única mesorregião litorânea do estado. As microrregiões são: João Pessoa, Litoral Norte, Litoral Sul e Sapé. Engloba a Região Metropolitana de João Pessoa.
MICRORREGIÕES
  Além da mesorregião, existe a microrregião, que é, de acordo com a Constituição brasileira de 1988, um agrupamento de municípios limítrofes, com a finalidade de integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesses comuns, definidas por lei complementar estadual. A Paraíba é dividida em 23 microrregiões.
1.  Microrregião do Litoral Sul
Microrregião do Litoral Sul
  Pertence à mesorregião da Zona da Mata Paraibana. Compreende os municípios de Alhandra, Caaporã, Pedras de Fogo e Pitimbu. Possui uma área de 869,657 km² e, segundo o censo do IBGE 2010, a população dessa microrregião era 82.425 habitantes.
Pedras de Fogo
2. Microrregião de João Pessoa
Microrregião de João Pessoa
  Pertencente a mesorregião da Zona da Mata Paraibana, é formada pelos municípios de Bayeux, Cabedelo, Conde, João Pessoa, Lucena e Santa Rita. Possui uma área de 1.264,08 km² e, segundo o censo do IBGE 2010, sua população é de 1.034.615 habitantes, sendo a mais populosa e a mais economicamente importante microrregião do estado.
Cabedelo - PB
3. Microrregião Litoral Norte
Microrregião Litoral Norte
  Pertencente à Zona da Mata Paraibana, é formada pelos municípios de Baía da Traição, Capim, Cuité de Mamanguape, Curral de Cima, Itapororoca, Jacaraú, Mamanguape, Marcação, Mataraca, Pedro Régis e Rio Tinto. Sua área é de 1.959,331 km² e, segundo o censo do IBGE 2010, sua população era de 142.023 habitantes.
Rio Tinto - PB
4. Microrregião de Sapé
Microrregião de Sapé
 Pertencente à mesorregião da Zona da Mata Paraibana, sua população, segundo o censo do IBGE 2010 de 132.745 habitantes, dividida em nove municípios, possuindo uma área de 1.139,588 km². Os municípios são: Cruz do Espírito Santo, Juripiranga, Mari, Pilar, Riachão do Poço, São José dos Ramos, São Miguel de Taipu, Sapé e Sobrado.
Cruz do Espírito Santo - PB
5. Microrregião de Itabaiana
Microrregião de Itabaiana
  Pertencente à mesorregião Agreste Paraibano, é composta pelos seguintes municípios: Caldas Brandão, Gurinhém, Ingá, Itabaiana, Itatuba, Juarez Távora, Mogeiro, Riachão do Bacamarte e Salgado de São Félix. A área total dessa microrregião é de 1.657,991 km² e a população, segundo o censo do IBGE 2010, é de 108.561 habitantes.
Gurinhém - PB
6. Microrregião de Guarabira
Microrregião de Guarabira
  Pertencente à mesorregião Agreste Paraibano, é composta por Alagoinha, Araçagi, Belém, Caiçara, Cuitegi, Duas Estradas, Guarabira, Lagoa de Dentro, Logradouro, Mulungu, Pilõezinhos, Pirpirituba, Serra da Raiz e Sertãozinho. A área total dessa microrregião é de 1.290,953 km² e a população, de acordo com o censo do IBGE 2010, é de 164.827 habitantes.
Duas Estradas - PB
7. Microrregião de Umbuzeiro
Microrregião de Umbuzeiro
  Pertencente à mesorregião do Agreste Paraibano, é formada pelos municípios de Aroeiras, Gado Bravo, Natuba, Santa Cecília e Umbuzeiro. Possui uma área de 1.181,347 km² e, segundo o censo do IBGE 2010, sua população era de 53.980 habitantes.
Aroeiras - PB
8. Microrregião de Campina Grande

Microrregião de Campina Grande
  Pertencente à mesorregião do Agreste Paraibano, é composta pelos seguintes municípios: Boa Vista, Campina Grande, Fagundes, Lagoa Seca, Massaranduba, Puxinanã, Queimadas e Serra Redonda. A área total dessa microrregião é de 2.103,656 km² e a sua população é, segundo o censo do IBGE 2010, de 502.669 habitantes.
Lagoa Seca - PB
9. Brejo Paraibano

Microrregião do Brejo Paraibano
  Pertence à mesorregião Agreste Paraibano, é formado pelos seguintes municípios: Alagoa Grande, Alagoa Nova, Areia, Bananeiras, Borborema, Matinhas, Pilões e Serraria, distribuídos em uma área de 1.164,091 km² e, segundo o censo do IBGE 2010, sua população é de 116.488 habitantes.
Bananeiras - PB

10. Curimataú Oriental
Microrregião Curimataú Oriental
  Pertence à mesorregião Agreste Paraibano. É formada pelos seguintes municípios: Araruna, Cacimba de Dentro, Tacima (Campo de Santana), Casserengue, Dona Inês, Riachão e Solânea. A área total dessa microrregião é de 1.345,867 km², possuindo uma população, de acordo com o censo do IBGE 2010, de 93.423 habitantes.
Casserengue - PB
11. Curimataú Ocidental
Microrregião do Curimataú Ocidental
  Pertence à mesorregião Agreste Paraibano e é formada pelos seguintes municípios: Algodão de Jandaíra, Arara, Barra de Santa Rosa, Cuité, Damião, Nova Floresta, Olivedos, Pocinhos, Remígio, Soledade e Sossêgo. A área dessa microrregião é de 3.908,711 km² e a sua população é, de acordo com o censo do IBGE 2010, de 119.735 habitantes.
Pocinhos - PB
 12. Microrregião de Esperança
Microrregião de Esperança
  Pertence à mesorregião Agreste Paraibano e é formado pelos seguintes municípios: Areial, Esperança, Montadas e São Sebastião de Lagoa de Roça, sendo a microrregião com a menor área e a menos populosa. Sua área é de 278,434 km² e no censo do IBGE 2010, sua população era de 53.596 habitantes. 
Esperança - PB
13. Cariri Oriental
Microrregião do Cariri Oriental
  Pertencente à mesorregião Borborema Paraibano, é formado pelos seguintes municípios: Alcantil, Barra de Santana, Barra de São Miguel, Boqueirão, Cabaceiras, Caraúbas, Caturité, Gurjão, Riacho de Santo Antônio, Santo André, São Domingos do Cariri e São João do Cariri. A área dessa microrregião é de 4.249,802 km², possuindo uma população, de acordo com o censo do IBGE 2010, de 63.704 habitantes.
São João do Cariri - PB
14. Cariri Ocidental
Microrregião do Cariri Ocidental
  Pertence à mesorregião Borborema e é formada por Amparo, Assunção, Camalaú, Congo, Coxixola, Livramento, Monteiro, Ouro Velho, Parari, Prata, São João do Tigre, São José dos Cordeiros, São Sebastião do Umbuzeiro, Serra Branca, Sumé, Taperoá e Zabelê. A área total dessa microrregião é de 6.983,364 km², abrigando uma população, segundo o censo do IBGE 2010, de 121.531 habitantes.
Taperoá - PB
15. Seridó Oriental Paraibano
Microrregião do Seridó Oriental
  Pertence à mesorregião Borborema. É composta por: Baraúna, Cubati, Frei Martinho, Juazeirinho, Nova Palmeira, Pedra Lavrada, Picuí, Seridó e Tenório. A área dessa microrregião é de 2.604,824 km² e sua população é, segundo o censo do IBGE 2010, de 73.896 habitantes.
Pedra Lavrada - PB
16. Seridó Ocidental Paraibano
Microrregião do Seridó Ocidental
  Pertence à mesorregião Borborema e é formada pelos seguintes municípios: Junco do Seridó, Salgadinho, Santa Luzia, São José do Sabugi, São Mamede e Várzea, distribuídos numa área de 1.738,452 km², possuindo uma população de 39.132 habitantes, segundo o censo do IBGE 2010.
Junco do Seridó - PB
17. Patos
Microrregião de Patos
  Pertence à mesorregião Sertão Paraibano, sendo composta pelos seguintes municípios: Areia de Baraúnas, Cacimba de Areia, Mãe d'Água, Passagem, Patos, Quixabá, Santa Teresinha, São José de Espinharas e São José do Bonfim. A população dessa microrregião é, de acordo com o censo do IBGE 2010, de 126.683 habitantes, que vivem em uma área de 2.520,425 km².
Patos - PB
18. Serra do Teixeira
Microrregião da Serra do Teixeira
  Pertence à mesorregião Sertão Paraibano, é formada pelos seguintes municípios: Água Branca, Cacimbas, Desterro, Imaculada, Juru, Manaíra, Matureia, Princesa Isabel, São José de Princesa, Tavares e Teixeira. A área total dessa microrregião é de 2.623,256 km², abrigando uma população de 115.888 habitantes.
Tavares - PB
19. Piancó
Microrregião de Piancó
  Pertence à mesorregião Sertão Paraibano e é formado pelos seguintes municípios: Aguiar, Catingueira, Coremas, Emas, Igaracy, Nova Olinda, Olho d'Água, Piancó e Santana dos Garrotes. Sua área é de 3.285,748 km² e sua população é, de acordo com o censo do IBGE 2010, de 70.696 habitantes.
Olho d'Água - PB
20. Sousa
Microrregião de Sousa
  Pertence à mesorregião Sertão Paraibano, é formado por: Aparecida, Cajazeirinhas, Condado, Lastro, Malta, Marizópolis, Nazarezinho, Paulista, Pombal, Santa Cruz, São Bentinho, São Domingos de Pombal, São Francisco, São José da Lagoa Tapada, Sousa, Vieirópolis e Vista Serrana. A área dessa microrregião é de 4.803,013 km², abrigando uma população, segundo o censo do IBGE 2010, de 181.850 habitantes.
Vista Serrana - PB
21. Catolé do Rocha
Microrregião de Catolé do Rocha
  Pertence à mesorregião Sertão Paraibano, sendo composto pelos seguintes municípios: Belém do Brejo do Cruz, Bom Sucesso, Brejo do Cruz, Brejo dos Santos, Catolé do Rocha, Jericó, Lagoa, Mato Grosso, Riacho dos Cavalos, São Bento e São José do Brejo do Cruz. A área dessa microrregião é de 3.038,004 km² e sua população é, de acordo com o censo do IBGE 2010, de 116.056 habitantes.
Catolé do Rocha - PB
22. Itaporanga
Microrregião de Itaporanga
  Pertence à mesorregião Sertão Paraibano, sendo composta por: Boa Ventura, Conceição, Curral Velho, Diamante, Ibiara, Itaporanga, Pedra Branca, Santa Inês, Santana de Mangueira, São José de Caiana e Serra Grande. A população dessa microrregião é de 84.034 habitantes, distribuídos em uma área de 3.053,939 km².
Pedra Branca - PB
23. Cajazeiras
Microrregião de Cajazeiras
  Pertence à mesorregião Sertão Paraibano, é formada pelos seguintes municípios: Bernardino Batista, Bom Jesus, Bonito de Santa Fé, Cachoeira dos Índios, Cajazeiras, Carrapateira, Joca Claudino, Monte Horebe, Poço Dantas, Poço de José de Moura, Santa Helena, São João do Rio do Peixe, São José de Piranhas, Triunfo e Uiraúna. Abriga uma população, segundo o censo do IBGE 2010, de 167.971 habitantes, distribuídos por uma área de 3.404,900 km².
Uiraúna - PB
ECONOMIA
  A economia é bastante diversificada. O PIB da Paraíba em 2010, segundo dados do IBGE, era de R$ 31,947 milhões, ocupando a 19ª colocação entre os estados brasileiros. Os municípios com os maiores PIBs do Estado são, por ordem: João Pessoa (R$ 9,805 milhões), Campina Grande (R$ 4,336 milhões), Cabedelo (R$ 2,460 milhões), Santa Rita (R$1,246 milhão) e Patos (R$ 692.747,00). A agropecuária responde por cerca de 5,6% , enquanto que a indústria é responsável por 22,4% e o setor de serviços por 72% do PIB.
  Na agricultura, os principais produtos cultivados são: cana-de-açúcar, abacaxi (o estado é o maior produtor do Brasil), mandioca, sisal, milho, fumo, graviola, juta, umbu, cajú, manga, acerola, mangaba, tamarindo, sorgo, urucum, pimenta-do-reino, arroz  e feijão.
Produção de abacaxi em Sapé - PB. O município é o maior produtor nacional desse produto
  Os principais rebanhos do estado são o bovino, suíno, ovinos e caprinos (destacando-se a região do Cariri), equinos e aves.
  No setor de mineração, destaca-se a produção de calcário, tantalita, barita, scheelita, bentonita, água mineral, entre outros. A principal área de exploração mineral da Paraíba é o Sertão do Seridó, destacando-se os municípios de Junco do Seridó, Picuí, Pedra Lavrada, Nova Palmeira e Juazeirinho.
Garimpo de pedras em Pedra Lavrada - PB
  O setor de serviços é responsável pela maior arrecadação de receitas no Estado. O turismo é um dos elementos que fortalecem esse setor. João Pessoa apresenta uma excelente estrutura hoteleira para receber visitantes, destacando-se como principais atrativos o seu centro histórico, as praias de Tambaú e a Ponta do Seixas, entre outros. Outras atrações turísticas do Estado são: as itacoatiaras de Ingá, o Vale dos Dinossauros em Sousa, o Lajedo do Pai Mateus em Cabaceiras, o São João em Campina Grande, a Praia de Tambaba, a Pedra da Boca em Araruna, os festivais de inverno nas regiões serranas, entre outros. Há também o Porto de Cabedelo, que é um dos principais geradores de renda do setor de serviços da Paraíba.
Lajedo do Pai Mateus em Cabaceiras - PB
  A indústria é pouco diversificada na Paraíba. Os principais ramos desse setor são o têxtil, alimentício, metalúrgico e produtos de couro. As indústrias do Estado concentram-se basicamente na Grande João Pessoa e em Campina Grande. O Distrito Industrial de João Pessoa localiza-se na Zona Sul da capital, destacando-se a produção de alimentos e de confecções e calçados. Já no Distrito Industrial de Campina Grande destaca-se o setor de informática, onde o município é um dos principais tecnopolos do Nordeste.
Distrito Industrial de João Pessoa

DADOS SOBRE A PARAÍBA
LOCALIZAÇÃO: Região Nordeste
LIMITES: Rio Grande do Norte (norte), Oceano Atlântico (leste), Pernambuco (sul) e Ceará (oeste).
CAPITAL: João Pessoa
Orla marítima de João Pessoa
ÁREA: 56.469,466 km² (21º)
POPULAÇÃO (IBGE - 2010):
3.766.528  habitantes (13º)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA (IBGE): 66,70 hab./km² (8°)
CIDADES MAIS POPULOSAS (IBGE 2010):
João Pessoa: 723.515 habitantes
João Pessoa
Campina Grande: 385.213 habitantes
Campina Grande
Santa Rita: 120.310 habitantes
Santa Rita
IDH (PNUD - 2005): 0,718 (24°)
PIB (IBGE - 2009): R$ 31.947.000 (19°)
EXPECTATIVA DE VIDA (IBGE - 2010): 69,8 anos (23º)
TAXA DE NATALIDADE (IBGE - 2009): 17,4 / mil (13°)
MORTALIDADE INFANTIL (IBGE - 2009): 35,2/ mil (24°)
TAXA DE URBANIZAÇÃO (IBGE - 2010): 75,37% (18°)
TAXA DE ANALFABETISMO (IBGE - 2010): 20,20% (25°)
PIB PER CAPITA (IBGE - 2010): R$ 8.481,00 (24°)
RELIGIÃO (IBGE - 2010): católicos (76,8%), protestantes (12,4%), sem religião (5,7%), outros (5,1%).
FONTE: Fernandes, Irene Rodrigues da Silva. História: Paraíba, volume único / Irene Rodrigues da Silva Fernandes. João Pessoa, PB: Editora Grafset, 2011.
Wikipédia

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

A URBANIZAÇÃO NA ÍNDIA

  Um arquiteto de Mumbai (ex-Bombaim, na Índia) explicou-se certa vez que planejar qualquer coisa em sua cidade é um exercício, digamos, fútil. Quanto mais bonita você a deixa - quanto melhores as ruas e ferrovias que você constrói, quanto mais se melhora a habitação -, maior é o número de pessoas que será atraído para Mumbai vindo de aldeias carentes, inundando as ruas, os trens, as casas. A única solução que resta é mantê-los na zona rural. [...]
Rua de Mumbai - Índia
  Os problemas, porém, não serão solucionados a menos que a agricultura se torne novamente viável no mundo em desenvolvimento. E isso não acontecerá a menos que o sistema internacional de comércio e de tarifas agrícolas seja mais equitativo. Quando o algodão indiano ou africano é mais caro no mercado mundial que o algodão americano - por causa dos generosos subsídios agrícolas que o governo dos Estados Unidos concede a seus plantadores -, então o agricultor indiano ou africano dirá a seus filhos para tomarem o primeiro trem para a cidade e procurar trabalho nas condições  que houver, e enviar dinheiro para o restante da família. [...]
Multidão caminha pelas ruas de Mumbai
  Por que as pessoas ainda vivem nas megacidades do mundo em desenvolvimento? Todo dia elas promovem ataques aos sentidos individuais - no momento em que a pessoa se levanta, no transporte que a leva ao trabalho, no escritório onde trabalha, nas formas de entretenimento de que ela dispõe. As emissões de gases são tão pesadas que o ar ferve como sopa. Há gente demais se acotovelando nos trens, nos elevadores, quando se vai para casa dormir. [...] Por que então a pessoa quer deixar a sua casa de tijolos na aldeia, com suas duas mangueiras e a vista dos pequenos morros para viver nas cidades? [...]
É comum na Índia e em países do Sul da Ásia os trens andarem superlotados
  Quando as pessoas migram do campo para a cidade elas estabelecem aldeias na cidade. Olhando de perto a estrutura de uma favela urbana, ela com frequência reproduz a estrutura física da aldeia de onde se origina a comunidade predominante na favela. Em Mumbai, é comum canais de esgotos serem batizados com o nome dos rios das aldeias distantes; pequenos santuários abrigarem as mesmas divindades dos templos da terra natal; plantios de mangueiras e árvores originárias das províncias que foram deixadas para trás. [...]
Esgoto em favela de Mumbai
  Existe, pois, uma razão pela qual as pessoas continuam se mudando para as cidades como Mumbai, apesar de todos os seus problemas. "Mumbai é um pássaro de ouro", disse um morador de favela cujo irmão foi baleado e morto pela polícia num tumulto étnico, que vive num casebre sem água encanada nem banheiro. "O pássaro de ouro é rápido e arisco, e você precisa dar duro para apanhá-lo. Mas, quando o tem nas mãos, uma fortuna fabulosa se abre para você". Essa é uma razão pela qual as pessoas ainda querem vir para cá (Mumbai), deixando as árvores e os espaços abertos agradáveis do campo, enfrentando o crime, o ar e a água ruins. A cidade grande é um lugar onde sua casta não tem importância, onde uma mulher pode comer sozinha num restaurante sem ser molestada e onde alguém pode casar com a pessoa de sua escolha. Para os jovens de uma aldeia indiana, africana ou chinesa, o chamado da cidade não tem a ver só com o dinheiro. Tem a ver também com a liberdade.
FONTE: MEHTA, Suketu. a grande marcha do século 21. O Estado de S. Paulo, 30 dez. 2007.

domingo, 9 de dezembro de 2012

O PAPEL DO PLANEJAMENTO NA ECONOMIA SOCIALISTA

  No século XX, a ideia de planificação da economia estava associada à crítica que os comunistas faziam ao capitalismo. Tal crítica se fundamentava no fato de o mercado não ter condições de regulamentar e alocar os recursos econômicos de forma sempre satisfatória, determinando, por exemplo, a ocorrência de desequilíbrios entre o volume de produção e a capacidade de consumo da população. Isso foi verificado nos momentos de crise de superprodução, comuns ao capitalismo industrial.
  A motivação do planejamento estatal estava ligada às necessidades sociais, e não ao lucro. Nessa concepção, o Estado deveria analisar as necessidades da população e planejar como alcançar as metas necessárias para atender tais necessidades.
  Uma das características mais marcantes dos países socialistas foi a estatização da propriedade privada dos meios de produção. Entendia-se que essa seria a maneira de o Estado assegurar um gerenciamento mais eficaz da economia, garantindo o emprego e a produção. Foi atribuída, de modo geral,  maior ênfase a indústria de base,  pois era o meio de alavancar o restante da produção, que depende dos seus insumos.
Indústria de base - prioridade na economia socialista
  Com o planejamento era possível estabelecer maior distribuição industrial no território, evitando-se as grandes concentrações industriais que as economias de mercado acabam gerando. Assim, as indústrias eram instaladas de acordo com um planejamento estratégico que levava em conta vários aspectos sociais, políticos e de organização territorial, e não apenas o lucro, como nos países capitalistas.
Disputa Capitalismo X Socialismo
  Foram poucos os países que se industrializaram por meio do planejamento centralizado do Estado. O primeiro foi a URSS, na primeira metade do século XX; depois vieram os países do Leste Europeu que ficaram sob influência soviética após a Segunda Guerra Mundial, como a Polônia, a Hungria, a Romênia, a antiga Iugoslávia e a Bulgária. Com a descolonização da África e da Ásia, alguns países desses continentes também adotaram medidas de planificação; foi o caso de Moçambique, Angola, Vietnã e China.
Em vermelho, a linha divisória que separava os países socialistas dos capitalistas na Europa
  Alguns problemas oriundos da planificação, como o excesso de burocratização, contribuíram para a falta de mobilidade na industrialização, prejudicando o dinamismo tecnológico desses países.  Apenas a China, a partir de 1978, devido a uma série de mudanças feitas nas cidades e no campo, conseguiu unir os aspectos mais eficazes da planificação e da economia de mercado para o desenvolvimento econômico. Como resultado, a China passou a apresentar elevadas taxas de crescimento econômico e desenvolvimento tecnológico, participando no mercado internacional com produtos que, na atualidade, estão entre os mais competitivos do mundo.
FONTE: Lucci, Elian Alabi. Território e sociedade no mundo globalizado: geografia: ensino médio, volume 3 / Elian Alabi Lucci, Anselmo Lázaro Branco, Cláudio Mendonça. - 1. ed. - São Paulo: Saraiva, 2010.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

A ATUAL GEOECONOMIA AFRICANA

  A África não é uma região simples nem homogênea, com seus 54 estados (países), cinco grandes regiões e seus mais de 1 bilhão de habitantes. Um mosaico gigantesco e fragmentado de territórios, onde não existe um verdadeiro sistema estatal competitivo, tampouco uma economia regional integrada. [...] O término da Guerra Fria contribuiu decisivamente para o fim do apartheid na África do Sul e para a independência da Namíbia. Mas, na década de 1990, depois da Guerra Fria, e no auge da globalização financeira, o continente africano ficou praticamente à margem dos fluxos de comércio e de investimento direto estrangeiro. Desde 2001, entretanto, este panorama econômico africano reverteu, em particular na África Negra. O crescimento econômico médio, que era de 2,4% em 1990, passou para 4,5% entre 2000 e 2005, alcançando a taxa de 5,3% em 2006, 5,5 entre 2007 e 2010, chegando a 6% em 2011.
Feira de frutas na cidade de Luanda, capital de Angola, um dos países que mais cresce na África
  Por trás desta transformação africana está o crescimento e a nova pressão econômica da China e da Índia, através do comércio e dos investimentos diretos. Hoje existem no continente africano mais de 800 companhias, com mais de novecentos projetos de investimento e quase 90 mil trabalhadores chineses. Um verdadeiro "desembarque econômico" liderado por empresas estatais que obedecem a uma estratégia muito clara e ousada, seguidas, ainda que em menor escala, pelo Governo e pelos capitais privados indianos que estão fazendo  um movimento semelhante de investimento maciço e de aprofundamento das suas relações políticas, econômicas e culturais com a África.
Mapa dos investimentos chineses na África
  Deste ponto de vista, todos os sinais econômicos estão apontando na mesma direção: a África Subsaariana está se transformando na área de "acumulação primitiva" do capitalismo asiático e na principal fronteira de expansão econômica e política da China e da Índia nas primeiras décadas do século XXI. Por isso, está aumentando a competição e a tensão geopolítica entre a China, a Índia e as demais potências que já estavam instaladas, ou que estão chegando ao continente africano, em busca de sua "segurança energética".
Lagos - Nigéria. Um dos países que mais recebem investimentos chineses e indianos
  E neste ponto reaparecem, inevitavelmente, os Estados Unidos. Em 1993, depois da fracassada "intervenção humanitária" norte-americana na Somália, o então presidente Bill Clinton visitou o continente e definiu uma estratégia de "baixo teor" para a África Negra: democracia e crescimento econômico através da globalização dos seus mercados nacionais. Mas depois de 2001, os Estados Unidos mudaram sua política africana, em nome do combate ao terrorismo e da proteção dos seus interesses energéticos, sobretudo na região do "Chifre da África" e do Golfo da Guiné. [...]
Mapa do Golfo da Guiné
  Esse aumento da presença militar americana, entretanto, não é um fenômeno isolado, e vem sendo seguido de perto pela União Europeia e pela Rússia, que já assinou vários acordos econômicos e militares com países africanos. Em poucos anos, o cenário africano mudou e aumentou a competição das grandes potências, sobretudo na África Negra. E, neste sentido, não há como se enganar: todos os sinais indicam que a África será - pela terceira vez - o território privilegiado da nova "corrida imperialista" que está começando.
FONTE: FIORI, J. L.; MEDEIROS, C.; SERRANO, F. O mito do colapso do poder americano. Rio de Janeiro: Record, 2008. p. 53-55.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

PRODUÇÃO AGRÍCOLA NO CERRADO V


PRODUÇÃO AGRÍCOLA NO CERRADO IV


PRODUÇÃO AGRÍCOLA NO CERRADO III


PRODUÇÃO AGRÍCOLA NO CERRADO II


PRODUÇÃO AGRÍCOLA NO CERRADO I


INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA-FLORESTA II


INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA-FLORESTA


domingo, 2 de dezembro de 2012

O APARTHEID NA ÁFRICA DO SUL

  Na África Negra, praticamente nenhum país esteve imune às violações dos direitos humanos e ao terror praticado pelo Estado. Mas, sem dúvida, a África do Sul marcou o século passado devido à institucionalização da violência e da segregação racial contra os negros.
  Os conflitos entre o Estado segregacionista comandado pelos brancos e os movimentos negros tiveram início ainda na primeira década do século XX. Criada em 1910, a República da África do Sul promulgou a Lei de Terras, que destinava 87% das terras sul-africanas para os 18% que formavam a população branca. Os negros, impedidos de participar das decisões políticas, eram considerados apenas mão de obra para a agricultura, a exploração das minas, os serviços domésticos etc. Alguns chegaram a fazer parte da própria polícia sul-africana, colaborando ironicamente, para o cumprimento das leis racistas.
Negro protesta contra o regime do apartheid na África do Sul (África do Sul do regime do mal)
Cartaz racista na África do Sul indicando que apenas os brancos podiam circular por esse local
  Em 1912, foi criado o Congresso Nacional Africano (CNA), em defesa dos direitos da população negra, que liderou a luta contra a discriminação na África do Sul por todo o século XX. A partir de 1948, o apartheid (separação), que já existia de fato, passou a fazer parte da própria Constituição do país, obrigando os negros a viver em zonas residenciais separadas e impedindo-os de frequentar os mesmos lugares que os brancos.
  Os negros utilizavam serviços públicos (transporte, assistência médica e escola) separados dos brancos. Proibiram-se, também, casamentos e relações inter-raciais. Em defesa dessa política, afirmava-se que brancos, negros e mestiços eram iguais, mas deveriam viver separados.
Placa indicando o local por onde poderiam circular os brancos e os negros
  Em 1960, o CNA foi proibido. Nelson Mandela, presidente do partido, e um grupo de militantes passaram a agir clandestinamente, apesar da oposição de vários líderes do CNA, e a utilizar métodos terroristas, como bombas e sabotagem, para atacar as minas de ouro e diamante, as fábricas, a polícia e a população civil branca.
  A reação do Estado sul-africano contra o terrorismo do CNA foi violenta. Prisões ilegais, julgamentos sumários, torturas, mortes e ataques à população civil negra indefesa eram realizados com frequência pelo governo branco opressor, num país de ampla maioria negra. Em 1962, Mandela foi preso, permanecendo nessa condição por 27 anos.
Protesto contra o apartheid na África do Sul
  A política segregacionista tornou-se cada vez mais dura, principalmente no governo de Balthazar Johannes Vorster. Em 1971, foram criados os bantustões, territórios negros independentes, separados da África do Sul, situados nas piores terras e desprovidos de qualquer obra de infraestrutura. Com isso, os negros teriam seu próprio território e governo, mas teriam que enfrentar sozinhos os inúmeros problemas encontrados nos bantustões. Para entrar e circular na África do Sul, dependiam de autorização e precisavam ter um passaporte como qualquer estrangeiro que entra em outro país. Dez bantustões foram criados: Bofutatsuana, Transkei, Ciskei, Venda, Leboua, Gazankulu, Kuazulu, Kuákua, Kuandebele e Kanguane. Transkei, Bofutatsiana, Venda e Ciskei foram transformados em "países independentes".
Bantustões: territórios negros independentes
  Na verdade, essa foi uma estratégia geopolítica das autoridades sul-africanas para resolver o problema racial. Como os bantustões não têm riquezas nem atividades econômicas importantes, os negros eram obrigados a trabalhar nas indústrias sul-africanas instaladas nas proximidades dos bantustões. Estes seriam apenas fornecedores de mão de obra barata para as empresas da África do Sul e seus habitantes não teriam direitos políticos na medida em que seriam "estrangeiros".
  Assim, teoricamente, a culpa pela pobreza desses bantustões não seria o governo da África do Sul, mas dos próprios negros que adquiriram sua "independência". Essa ideias astuciosa acabou sendo denunciada no mundo inteiro. A estratégia do governo da África do Sul provocou indignação de toda a comunidade internacional, resultando na exclusão do país da ONU, em 1974, e na adoção de sanções econômicas com o objetivo de pressionar o governo e acabar com o apartheid.
Em 21 de março de 1961, em Sharpeville, África do Sul, oficiais de polícia brancos mataram 69 pessoas que protestavam em frente da estação de polícia de Sharpeville.
  Dessa forma, em fevereiro de 1990, o governo da África do Sul tomou diversas medidas com o objetivo de abrandar o regime do apartheid, promovendo ao mesmo tempo reformas no campo político e libertando o líder negro Nelson Mandela. Também foram legalizados os partidos e movimentos de oposição, entre eles o Congresso Nacional Africano. Praticamente todos os presos políticos ganharam a liberdade. Por outro lado, numerosas restrições que afetavam a vida dos negros foram eliminadas, como a proibição de frequentar piscinas e praias reservadas só a brancos e a proibição de usar ônibus só de brancos. Também foi abolida a lei de censura. Apesar dessas medidas, os líderes negros continuaram reivindicando a eliminação total do apartheid, para que brancos e negros pudessem gozar de igualdade absoluta. Em 1992, o governo realizou um plebiscito (consulta à população) sobre o final do apartheid, que foi aprovado pela maioria da população branca.
Frederik De Klerk, então presidente da África do Sul, e Nelson Mandela se cumprimentam, no Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça, em janeiro de 1992, dois meses antes do plebiscito.
  A partir de abril de 1994, com a realização das primeiras eleições livres e multirraciais na África do Sul para os cargos legislativos e para a Presidência da República, desapareceu oficialmente o apartheid. Uma nova Constituição foi promulgada, tornando iguais os direitos de todas as pessoas, qualquer que seja a sua etnia ou cor da pele. Várias línguas dos povos africanos também foram oficializadas no país. Além das duas línguas oficiais que existiam (o inglês e o africâner, um idioma derivado do holandês, falados respectivamente por 15% e 9% da população total do país), os idiomas zulu e xosa, mais outros sete, tornaram-se línguas oficiais da África do Sul.
Nelson Mandela - primeiro negro da história da África do Sul a se tornar presidente do país.
  Nelson Mandela tornou-se o primeiro negro presidente da história do país, e tentou realizar um projeto de união nacional, com a participação no seu governo de negros e brancos, representados por seus partidos políticos. Esse governo de unidade nacional conseguiu evitar uma guerra civil (entre brancos e negros, entre grupos étnicos negros diferentes e entre estes e os indianos).
Divisão da África do Sul após 1994
  É preciso lembrar que o final do domínio político (mas não econômico), da minoria branca acirrou as rivalidades entre as várias tribos ou etnias negras, em especial os zulus e os xosas, os dois principais grupos étnicos do país. O presidente Mandela, de origem xosa, foi visto a princípio com desconfiança pelas lideranças zulus, o que não impediu uma convivência pacífica com vistas ao bem comum. O governo de Nelson Mandela terminou em 1999. Em seu lugar assumiu Thabo Mbeki, que governou o país até 2008, quando renunciou após pressão do seu próprio partido sob acusação de interferência no poder judicial.  Assumiu em seu lugar, Kgalema Motlanthe, que ficou no cargo até maio de 2009, quando assumiu Jacob Zuma.
Jacob Zuma - atual presidente da África do Sul
FONTE: Lucci, Elian Alabi. Território e sociedade no mundo globalizado: geografia: ensino médio, volume 3 / Elian Alabi Lucci, Anselmo Lázaro Branco, Cláudio Mendonça. - 1. ed. - São Paulo: Saraiva, 2010.

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