domingo, 9 de novembro de 2014

A REPÚBLICA DA POLÔNIA

  A Polônia é um país da Europa Centro-Oriental que tem fronteiras com a Alemanha a oeste, a República Tcheca e a Eslováquia ao sul, a Ucrânia e a Bielorrússia a leste, e o Mar Báltico, Kaliningrado Oblast (um exclave russo) e a Lituânia ao norte.
  Em setembro de 1939, a Alemanha invadiu a Polônia, fato este que proporcionou o início da Segunda Guerra Mundial. Apesar da enorme destruição causada no país durante a guerra, a Polônia conseguiu preservar grande parte da sua riqueza cultural. Há no país 14 lugares inscritos na lista de Patrimônio Mundial da Unesco, além de outros 54 Monumentos Históricos. Atualmente, a Polônia é considerada um país com um desenvolvimento humano elevado. A Polônia é o país mais populoso da Europa Central. Juntamente com a República Tcheca e a Hungria, apresenta as maiores taxas de urbanização da Europa do Leste, o que reflete seu alto grau de industrialização.
Localização da Polônia na Europa
HISTÓRIA DA POLÔNIA
  A Polônia é um país unificado desde o século X. O nome Polônia (Polska) tem origem na tribo dos polanos, que significa "pessoas que cultivam a terra", derivado da palavra pole que significa "campo". A tribo dos polanos habitava a região "Grande Polônia". A província localiza-se às margens do rio Warta. Além da tribo dos polanos, habitavam outras tribos eslavas ocidentais: Silesianos, Vistulanos, Pomeranos e Mazovianos. Os meios de subsistência eram a caça, a agricultura e o comércio.
  Os historiadores postularam que ao longo da Antiguidade diversos grupos étnicos povoaram a região atualmente conhecida como Polônia. O mais famoso achado arqueológico da pré-história da Polônia é a colônia fortificada de Biskupin (reconstruída atualmente como um museu), que remonta à cultura lusaciana (uma etnia que habitava a área próximo ao rio Neisse) da Idade do Ferro, por volta de 700 a.C..
Cerâmica lusaciana
  No período que se seguiu ao seu surgimento no século X, a nação polonesa foi guiada por uma série de governantes fortes que converteram os poloneses ao cristianismo, criaram um Estado centro-europeu sólido e o integraram à cultura europeia. A existência de inimigos externos poderosos e um processo de fragmentação interna enfraqueceram esta estrutura inicial no século XIII, mas uma consolidação no século seguinte permitiu o estabelecimento subsequente de um grande Reino Polonês.
  A Polônia foi fundada em meados do século X pela dinastia Piast. O primeiro governante polaco historicamente verificado, Miecislau I, foi batizado em 966 e adotou o catolicismo como religião oficial do seu país. No século XII, a Polônia fragmentou-se em diversos Estados menores, que foram posteriormente devastados pelos exércitos mongóis da Horda Dourada em 1241, 1259 e 1287. Em 1320, Ladislau I tornou-se rei de uma Polônia reunificada. Seu filho, Cassimiro III, é lembrado como um dos maiores reis polacos da História. A Peste Negra, que afetou grande parte da Europa de 1347 a 1351, não chegou à Polônia.
Mapa cronológico mostrando o desenvolvimento territorial da Polônia de 1635 a 2009
  Sob a dinastia Jaguelônica, a Polônia forjou uma aliança com seu vizinho, o Grão-Ducado da Lituânia. Começou então, após a União de Lublin, uma idade do ouro que se estendeu ao longo do século XVI e que deu origem à Comunidade Polaco-Lituana. A szlachta (nobreza) da Polônia, muito mais numerosa do que nos países da Europa Ocidental, orgulhava-se de suas liberdades e de seu sistema parlamentar. Durante este período próspero, a Polônia expandiu suas fronteiras de modo a tornar-se o maior país da Europa.
  Em meados do século XVII, uma invasão sueca (o chamado "Dilúvio") e a revolta cossaca de Chmielnicki, que devastaram o país, marcaram o final da idade do ouro. A gradual deterioração da Comunidade, que passou de potência europeia a uma situação de quase anarquia controlada pelos vizinhos, foi marcada por diversas guerras contra a Rússia e pela ineficiência governamental causada pelo Liberum Veto (segundo o qual cada um dos membros do parlamento tinha o direito de dissolvê-lo e de vetar projetos de lei). As tentativas de reformas foram frustradas pelas três partilhas da Polônia (1772, 1793 e 1795) que condenaram o país a desaparecer do mapa e seu território a ser dividido entre Rússia, Prússia e Áustria.
Mapa da Comunidade Polaco-Lituana
  Os polacos ressentiram-se desta situação e rebelaram-se em diversas ocasiões contra as potências que partilharam o país, em especial no século XIX. Em 1807, Napoleão Bonaparte restabeleceu um Estado polaco, o Ducado de Varsóvia, mas em 1815, após as guerras napoleônicas, o Congresso de Viena tornou a partilhar o país. A porção oriental coube ao Czar russo (título usado pelos monarcas do Império Russo de 1546 a 1917), e era regida por uma constituição liberal. Entretanto, os czares logo trataram de restringir as liberdades polacas e a Rússia terminou por anexar o país. Posteriormente, no século XIX, a Galícia (região histórica situada a oeste da atual Ucrânia  e ao sul da Polônia - então governada pela Áustria) e, em particular, a Cidade Livre de Cracóvia, tornaram-se um centro da vida cultural polaca.
Região da Galícia
  Durante a Primeira Guerra Mundial, os Aliados concordaram em restabelecer a Polônia, conforme o ponto 13 dos Catorze Pontos (14 proposições criadas pelo presidente norte-americano para a reconstrução da Europa após a Primeira Guerra Mundial) do presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson. Pouco depois do armistício alemão de novembro de 1918, a Polônia recuperou sua independência, numa fase histórica conhecida como "Segunda República Polaca". A independência foi reafirmada após uma série de conflitos, em especial a Guerra Polaco-Soviética (1919-1921), quando a Polônia infligiu uma grande derrota ao Exército Vermelho.
  O golpe de Maio de 1926, por Josef Pilsudski permitiu que a Polônia passasse ao controle do Movimento Sanacja (uma coalizão em busca da "limpeza moral" da política do país). Este movimento controlou a Polônia até a eclosão da Segunda Guerra Mundial, em 1939, quando tropas nazistas (em 1° de setembro) e soviéticas (em 17 de setembro) invadiram o país. Varsóvia foi invadida em 28 de setembro. De acordo com o Pacto Ribbentrop-Molotov, a Polônia foi partilhada em duas zonas, uma ocupada pela Alemanha a oeste, e outra a leste pela União Soviética.
À esquerda as fronteiras conforme o Pacto Ribbentrop-Molotov. À direita, as fronteiras reais em 1939.
  De todos os países envolvidos na guerra, a Polônia foi o que mais perdeu em vidas, proporcionalmente à população total: mais de seis milhões de poloneses morreram, metade deles judeus. Foi da Polônia a quarta maior contribuição em tropas para o esforço de guerra aliado, após a URSS, o Reino Unido e os Estados Unidos, além de ter sido o primeiro país a lutar contra a Alemanha nazista. Ao final do conflito, as fronteiras do país foram movidas na direção oeste, de modo a levar a fronteira oriental para a linha Curzon (linha fronteiriça e de armistício entre a Polônia e a República Socialista Federada Soviética da Rússia). Entrementes, a fronteira ocidental passou a ser a linha Óder-Neisse (uma das fronteiras terrestres entre a Polônia e a Alemanha). Com isso, a nova Polônia emergiu 20% menor em território. O redesenho dos limites forçou a migração de milhões de pessoas, principalmente polacos, alemães, ucranianos e judeus.
Linha Curzon
  Por insistência de Josef Stalin, a Conferência de Yalta sancionou a formação de um novo governo polonês provisório e pró-comunista em Moscou, que ignorou o governo polonês que estava no exílio em Londres, movimento este que enfureceu muitos poloneses que consideraram isto uma traição por parte dos Aliados. Em 1944, Stalin havia feito garantias a Churchill (primeiro-ministro britânico) e Roosevelt (presidente norte-americano) de que ele iria manter a soberania da Polônia e permitir eleições democráticas; no entanto, após alcançar a vitória em 1945, as autoridades soviéticas de ocupação organizaram uma eleição que constituiu mais do que uma farsa e foi usada para reivindicar a "legitimidade" da hegemonia soviética sobre os assuntos poloneses. A União Soviética instituiu um novo governo comunista na Polônia, análogo a maior parte dos governos do resto do Bloco do Leste. Assim como em toda a Europa Oriental, a ocupação soviética na Polônia enfrentou uma resistência armada desde o seu início, que continuou na década de 1950.
  Apesar das objeções generalizadas, o novo governo polaco aceitou a anexação soviética das regiões orientais do pré-guerra da Polônia (em particular as cidades de Wilno e Lwow) e concordou com as guarnições permanentes de unidades do Exército Vermelho no território polonês. O alinhamento militar no âmbito do Pacto de Varsóvia durante a Guerra Fria surgiu como um resultado direto dessa mudança na cultura política polonesa e no cenário europeu, que veio a caracterizar a integração de pleno direito da Polônia na fraternidade das nações comunistas.
Soldados alemães entram na cidade polonesa de Westerplatte, em 7 de setembro de 1939
  A República Popular da Polônia foi oficialmente proclamada em 1952. Em 1956, após a morte de Boleslaw Bierut (ex-presidente e então secretário do Comitê Central da Polônia), o regime de Wladyslaw Gomulka tornou-se temporariamente mais liberal, libertando muitas pessoas da prisão e expandindo algumas liberdades civis. Uma situação semelhante se repetiu nos anos 1970 sob o governo de Edward Gierek, mas na maior parte do tempo houve perseguição contra grupos de oposição anticomunistas. Apesar disso, na época, a Polônia era um dos Estados menos repressivos do bloco soviético.
  As agitações trabalhistas dos anos 1980 levaram à formação do sindicato independente "Solidariedade" (Solidarnosc) que, com o tempo tornou-se uma força política.
Varsóvia em ruínas, após a destruição causada pela Segunda Guerra Mundial
Transição para a democracia e o capitalismo
  Após três décadas de desenvolvimento, a partir de 1975, a economia polonesa começou a apresentar dificuldades cada vez maiores: aumento da dívida externa, queda de produtividade e, principalmente, escassez de produtos. Esses problemas tiveram uma dimensão nacional e seu agravamento levou a uma insatisfação social crescente.
  Em setembro de 1975, trabalhadores poloneses fundaram o primeiro sindicato livre de toda a Europa Oriental, o Solidariedade, que se tornou um símbolo da luta pela liberdade e por melhores condições de vida em boa parte do mundo.
O "Solidariedade Semanal", que circulava antes de ser decretada a lei marcial na Polônia
  No fim da década de 1980, houve profundas transformações econômicas e políticas na Polônia, no rumo do que já vinha acontecendo na própria União Soviética. Em 1988, a iniciativa privada recebeu vários estímulos, e empresas estrangeiras foram autorizadas a se instalar no país.
  Em 1989 foram formados outros partidos políticos, além do Partido Comunista. Em junho do mesmo ano, realizaram-se eleições democráticas, cujos resultados levaram à formação do primeiro  governo não socialista em toda a Europa Oriental. O sindicato Solidariedade fez parte desse governo, refletindo uma composição de diferentes forças políticas do país.
  No início de 1990 o Partido Comunista se autodissolveu e, no decorrer do ano, diversas leis fizeram com que a economia sofresse menos interferência do governo. Em dezembro, Lech Walesa - líder do sindicato Solidariedade - tornou-se o primeiro presidente eleito da Polônia.
Lech Walesa
  Um programa de terapia de choque, iniciado por Leszek Balcerowicz no início de 1990, permitiu ao país transformar sua economia planificada de estilo socialista em uma economia de mercado. Tal como aconteceu com todos os países do antigo Império Soviético, a Polônia sofreu uma queda temporária em normas sociais e econômicas, mas tornou-se o primeiro país pós-comunista a atingir seus níveis de PIB pré-1989, conseguindo esse feito em 1995, em grande parte graças a expansão da sua economia.
  Em 1991, a Polônia ingressou no Grupo de Vesegrád (também chamado de V4, é uma aliança entre quatro países da Europa Central: Hungria, Polônia, República Tcheca e Eslováquia, cujo objetivo principal é manter a cooperação econômica e política entre ambos).
  A Polônia faz parte, desde 1999, da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e da União Europeia (UE), desde 2004.
Mural comemorando os 30 anos do Solidariedade
GEOGRAFIA DA POLÔNIA
  A paisagem da Polônia consiste quase inteiramente em terras baixas da planície da Europa do Norte, com uma altitude média de 173 metros. Os pontos mais elevados do país são os Sudetos (cadeia de montanhas na fronteira entre a República Tcheca, Polônia e Alemanha) e os Cárpatos (grande sistema de montanhas da Europa, que percorre cerca de 1.500 km ao longo das fronteiras da República Tcheca, Eslováquia, Polônia, Romênia e Ucrânia). Nos Cárpatos estão os montes Tatra, onde se localiza o ponto culminante da Polônia, o Rysy, com 2.499 metros de altitude.
Rysy - o ponto culminante da Polônia, nas Montanhas Tatra
  Vários grandes rios atravessam a Planície Polonesa, destacando-se os rios Vístula (Wisla), o Oder (Odra), o Wadra e o Bug Ocidental. A Polônia possui mais de 9.300 lagos, especialmente no norte do país. A Masúria (Mazury) é a maior e mais visitada região lacustre da Polônia. Nessa área sobrevivem restos das antigas florestas polonesas. O Vístula e o Oder desaguam no Mar Báltico, com muitos deltas na Pomerania.
  Os rios polacos são usados há séculos para a navegação. Os Vikings, viajaram bastante pelos rios Vístula e Oder. Nas Idades Média e Moderna, os rios poloneses foram os grandes responsáveis pelo transporte de grãos e outras mercadorias.
Rio Vístula, em Beskid Slaski
  O clima da Polônia é o temperado continental, com invernos frios, encobertos e moderadamente severos, com precipitação frequente, e verões suaves, com aguaceiros e trovoadas frequentes.
  A vegetação da Polônia era constituída, na maior parte do território, pela floresta temperada, que já foi quase totalmente destruída. No norte do país aparece a floresta boreal ou taiga, principalmente nas regiões mais frias.
  A estrutura geológica da Polônia foi formada por uma coalizão continental da Europa e da África, ocorrida há mais de 60 milhões de anos, e de uma glaciação ocorrida na Europa durante o período Quaternário. Ambos os processos originaram os Sudetos e os Cárpatos.
  A paisagem Morena (amontoados de pedras que os glaciares, ao descer, vão se acumulando no lado e na sua parte inferior), localizados no norte da Polônia, contém solos na maioria constituídos por areia ou marga (tipo de calcário que contém de 35% a 60% de argila), bastante férteis.
Paisagem da Polônia
ECONOMIA DA POLÔNIA
  A Polônia possui uma histórica ligação entre a Rússia e o oeste da Europa, tem recebido grandes investimentos da Europa Ocidental. A base de sua economia são as indústrias mecânicas e de mineração.
  A Polônia, cujo território foi invadido pelas tropas de Hitler em 1° de setembro de 1939 - fato que marcou o início da Segunda Guerra Mundial -, teve sua economia agrícola e industrial seriamente prejudicada até o final da guerra. Após a introdução da economia planificada, a indústria de base recebeu maior atenção e se desenvolveu consideravelmente. Houve, então, um grande aproveitamento de suas imensas reservas de carvão mineral, aumentadas pela anexação da Silésia (região fronteiriça com a Alemanha) ao seu território. Todavia, a Polônia ficou dependente da importação de petróleo soviético.
  Sua indústria não só cresceu como se diversificou. Assim, a siderurgia conta com um grande centro em Nova Huta, na Cracóvia, além de outros na bacia carbonífera da Silésia. As indústrias mecânicas concentram-se no norte do país. Entre elas, destaca-se a de construção naval, nos portos de Gdansk (cidade que já pertenceu à Alemanha com o nome de Dantzig) e Gdynia. As indústrias químicas estão presentes em Varsóvia, Poznan e Wroclaw.
Autoestrada A4, perto de Cracóvia
  A Polônia tem avançado muito desde os anos 1990 em direção à economia de mercado. Mas o desmonte da economia planificada não foi fácil: as empresas estatais eram muitas vezes deficitárias, usavam tecnologia ultrapassada, mas geravam muitos empregos. A privatização de empresas estatais avançou bastante no país, o que aumentou o desemprego. E o término do controle rígido sobre os preços, com a introdução da lei da oferta e da procura, fez com que eles no início disparassem, com uma inflação altíssima, que posteriormente foi diminuindo. A Polônia, que desde 2004 integra a União Europeia, é hoje um país cuja economia voltou a crescer.
  Graças a suas grandes planícies, a Polônia é um dos principais países agrícolas da Europa. O país é autossuficiente na produção de alimentos. Os anos pós-Segunda Guerra Mundial marcaram o crescimento da indústria pesada na Polônia. No entanto, nos anos 1980, a falta de investimentos fez que o setor industrial ficasse obsoleto e altamente concentrado nos bens de produção.
  A Polônia tem um grande número de fazendas particulares em seu setor agrícola, com o potencial para se tornar um dos principais produtores de alimentos da União Europeia.
Fazenda agrícola na Polônia
  As reformas estruturais na área da saúde, da educação, do sistema de aposentadoria e da administração do Estado resultaram em pressões fiscais maiores do que o esperado. Varsóvia é a cidade líder da Europa Central em investimentos estrangeiros.
  Com o fim do período socialista nos anos 1990, a privatização das empresas e a entrada de capitais externos proporcionaram maior crescimento industrial no país. Ainda assim, aumentou o desemprego e pioraram as condições sociais.
  Foi em 2004, com o ingresso do país na União Europeia, que houve considerável aumento das exportações e melhoria nas condições econômicas e sociais.
  A Polônia é um país de economia forte, com importante setor agrícola e elevado desenvolvimento industrial, tanto de bens de consumo como de bens de produção e de base.
Visão noturna do Centro Financeiro de Varsóvia
Mudanças econômicas
  A atividade industrial polonesa esteve sob controle do governo socialista desde 1945. Nesse período foram privilegiadas as indústrias pesadas, incluindo as de maquinário e as de produção de ferro e aço. Seu desenvolvimento foi favorecido pelas grandes reservas de carvão mineral existente no país, particularmente na Silésia, junto à fronteira com a Alemanha.
  No entanto, com o fim do socialismo, em 1989, houve um declínio considerável no setor da mineração: diminuição na demanda interna e dos subsídios concedidos pelo governo. Em consequência, muitos trabalhadores foram dispensados.
  Ainda hoje a indústria siderúrgica conta com diversas usinas na região carbonífera da Silésia e, em menor escala, no Sul do país. A indústria química aparece principalmente na área próxima à capital, Varsóvia.
  O maior destaque na economia polonesa cabe às indústrias mecânicas, especialmente as de construção naval, localizadas no Norte do país.
  Em 1989, teve início um programa de desestatização da economia, a fim de levar a industrialização para todo o país, incluindo as cidades pequenas e as áreas rurais. Desde 1993, a economia polonesa cresce a taxas elevadas, o que aumentou os investimentos estrangeiros no país, apesar de sua instabilidade política.
Breslávia - capital da Silésia, é a quarta maior cidade da Polônia
  O desafio econômico mais notável em 2014, é a preparação da economia (através da continuação de reformas estruturais) para permitir que a Polônia atenda aos critérios econômicos para entrar na zona do euro. Se os obstáculos forem vencidos, o país poderá entrar nessa zona em 2016. Algumas empresas no país já aceitam o euro como pagamento. No entanto, a capacidade de estabelecer e realizar negócios facilmente, tem sido motivo de dificuldades econômicas.
  Em 2012, o Fórum Econômico Mundial classificou a Polônia perto da parte inferior dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) em termos de clareza, eficiência e neutralidade do seu quadro jurídico empresarial de resolução de disputas.
  De acordo com um relatório do Credit Suisse Group (banco suíço de investimento e provedor de outros serviços financeiros) os poloneses são o segundo povo eslavo mais rico da Europa Central (perdendo apenas para os tchecos). Apesar da Polônia ser um país homogêneo, o número de estrangeiros no país está crescendo a cada ano.
Catedral de Póznan - quinta maior cidade da Polônia
 ALGUNS DADOS SOBRE A POLÔNIA
NOME OFICIAL: República da Polônia
CAPITAL: Varsóvia
Centro financeiro de Varsóvia - capital da Polônia
GENTÍLICO: polaco ou polonês
LÍNGUA OFICIAL: polaco
GOVERNO: República Parlamentarista
FORMAÇÃO:
Cristianização: 14 de abril de 966
Segunda República: 11 de novembro de 1918
LOCALIZAÇÃO: Europa Centro-Oriental
ÁREA: 312.685 km (69°)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2013): 38.383.809 habitantes (33°)

DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 122,75 hab./km² (64°)
MAIORES CIDADES (Estimativa 2013):

Varsóvia: 1.812.325 habitantes

Varsóvia - capital e maior cidade da Polônia
Cracóvia: 852.412 habitantes
Cracóvia - segunda maior cidade da Polônia
Lodz: 798.214 habitantes
Lodz - terceira maior cidade da Polônia
PIB (Banco Mundial - 2013): U$ 470,354 bilhões (26°)
IDH (ONU - 2013): 0,834 (35°)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2012): 75,51 anos (55°)
CRESCIMENTO VEGETATIVO (ONU - 2005/2010): - 0,15% ao ano (213°)
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook - 2013): 1,32 (212°)
MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2013): 6,06/mil (38°). Obs: essa mortalidade é contada de menor para o maior.
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2011): 99,7% (10°) Obs: essa taxa se refere a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
TAXA DE URBANIZAÇÃO (Pnud - 2009/2010): 61,7% (83°)
PIB PER CAPITA (CIA World Factbook - 2013): U$ 13.393 (55°)
MOEDA: Zloty
RELIGIÃO: Católicos (91%), sem religião (3%), ateus (2%), ortodoxos (1%), outras religiões (2%), sem religião (1%).
Basílica de Nossa Senhora, em Lichén Stary
DIVISÃO: a divisão administrativa da Polônia desde 1999 tem sido baseada em três níveis de subdivisão: 16 voivodias (províncias), que estão subdivididas em 379 powiaty (condados) e estas estão subdivididas em 2.478 gminy (comunas ou municípios). As 16 voivodias são: Cujávia Pomerânia, Grande Polônia, Pequena Polônia, Lodz, Baixa Silésia, Lublin, Lubúsquia, Mazóvia, Opole, Podláquia, Pomerânia, Silésia, Subcarpácia, Santa Cruz, Vármia-Masúria e Pomerânia Ocidental.
Divisão administrativa da Polônia
FONTE: Moreira, Igor. Mundo da geografia: 9° ano / Igor Moreira; ilustrações Antônio Éder ... [et al.]. Curitiba: Positivo, 2012.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

A GRANDE DISPUTA PELA ÁSIA CENTRAL

  A Ásia Central é uma região que compreende as estepes, montanhas e desertos entre o leste do mar Cáspio e o centro-oeste da China, o norte do Irã e Afeganistão e o sul da Sibéria, porém, nunca houve uma demarcação oficial da área. As mudanças constantes de clima na região forçaram grandes movimentos migratórios dos seus habitantes, permitindo trazer tribos indo-europeias e hunos para o oeste, arianos e turcos para o norte, entre outros povos. É formada por cinco países: Cazaquistão, Uzbequistão, Tadjiquistão, Turcomenistão e Quirguistão, nos quais predominam populações eslavas e de origem turca, estas últimas majoritariamente islâmicas.
  Essa região também é conhecida como Turquistão, que quer dizer "terra dos turcos", ou turcomanos (povos dos quais se originaram os turcos).
  Nessa região, Estados Unidos, Rússia, União Europeia e China travam uma intrincada batalha pela região em torno do Mar Cáspio. Rica em petróleo e gás natural, marcada por regimes instáveis e disputas religiosas, ela pode ser o centro de grandes conflitos no século XXI.
HISTÓRIA
  A história da Ásia Central tem sido determinada principalmente pelo clima e geografia da região. A aridez da Ásia Central faz com que a prática da agricultura e a sua distância para o mar o torna muito isolada do comércio. Por causa disso, poucas grandes cidades se formaram na região, e a área foi dominada durante milênios pelos povos nômades das estepes.
A aridez marca a paisagem da Ásia Central
  As relações entre os nômades das estepes e as populações sedentárias da Ásia Central têm sido controversas. O estilo de vida nômade era bem adequado para a prática da guerra e os cavaleiros das estepes estavam entre os povos da segunda maior potência militar do mundo, mas foram limitados pela falta de unidade interna.
  O domínio dos nômades terminou no século XVI, quando as armas de fogo permitiram aos povos sedentários controlar a região. Desde então, Rússia, China e outras potências expandiram seus domínios pela região.
  O estilo de vida da região, que havia permanecido praticamente inalterado desde o ano 500 a.C. começou a desaparecer depois do ano 1500. Durante os séculos XIV e XV, desenvolveu-se a navegação e os europeus, que já haviam sido beneficiados com a Rota da Seda, ao encontrar na sua extremidade ocidental sob o governo muçulmano, estabeleceram as primeiras rotas oceânicas, principalmente entre o Leste Asiático, Índia, Europa e Oriente Médio, deixando a Ásia Central de fora desse comércio. A desunião da região após a queda do Império Mongol tornou o comércio pela Rota da Seda mais perigoso e imprevisível, diminuindo essa importante fonte de renda.
Rota da Seda
  O domínio dos nômades diminuiu bastante desde o princípio do século XV, quando os povos sedentários foram gradualmente conquistando a Ásia Central. O último império das estepes foi o dos dzungares, que conquistaram grande parte do Turquestão e da Mongólia.
  No século XVIII, os imperadores da dinastia Manchu, originários da parte leste das estepes, conquistaram a parte ocidental e a Mongólia, assumindo o controle de Xinjiang em 1758. A ameaça mongol tinha acabado e a China anexou grande parte da Mongólia Interior. O domínio chinês atingiu o coração da Ásia Central. Já a Mongólia Exterior e Xinjiang não se tornaram províncias do império chinês, mas eram administradas diretamente pela dinastia Manchu.
Expansão das dinastias chinesas
  No século XIX, a expressão "grande jogo" tornou-se lendária com Kim, romance de Rudyard Kipling, que fazia alusão à disputa das grandes potências para consolidar seus impérios e desarticular os dos rivais. Na época, o que estava em jogo era chamado de "as Índias", a joia da coroa britânica cobiçada pela Rússia imperial. A disputa durou um século e acabou em 1907, quando Londres e São Petersburgo entenderam-se sobre a divisão de suas zonas de influência, com a criação de um Estado amortecedor entre elas: o Afeganistão. O acordo valeu até 1991.
  Durante a Primeira Guerra Mundial, a isenção do serviço militar muçulmano foi removido pelos russos, provocando a Revolta da Ásia Central de 1916, ou Revolta dos Basmachi, uma revolta dos habitantes da Ásia Central contra o Império Russo. Quando a Revolução Russa de 1917 ocorreu, um Governo Provisório de Reformadores Jadid, também conhecido como Conselho de Muçulmanos do Turquestão se reuniram em Kokand e declararam a autonomia do Turquestão. Este novo governo foi rapidamente esmagado pelas forças do Soviete de Tashkent, e os estados semi-autônomos de Bukhara e Khiva também foram invadidos. As principais forças de independência foram rapidamente esmagadas, mas os guerrilheiros conhecidos como Basmachis continuaram a combater os comunistas até 1924.
Tashkent - capital do Uzbequistão
  Depois de ter sido conquistada pelas forças russas, a Ásia Central Soviética experimentou uma onda de reorganização administrativa. Em 1918, os bolcheviques configuraram a República Soviética Socialista Autônoma do Turquestão, e Bukhara e Khiva também se tornaram uma república soviética. Em 1919, a Comissão de Conciliação para os Assuntos do Turquestão é criada, objetivando melhorar as relações entre os habitantes locais e os comunistas. Novas políticas foram introduzidas, respeitando os costumes e a religião.
  Em 1920, a República Socialista Soviética Autônoma do Quirguistão, que abrangia, além do Quirguistão, o Cazaquistão moderno, foi criada, sendo renomeado República Socialista Soviética Autônoma do Cazaquistão em 1925. Em 1924, os soviéticos criaram a República Socialista Soviética do Uzbequistão e a República Socialista Soviética do Turcomenistão. Em 1929, a República Socialista Soviética do Tadjiquistão foi dividido a partir da República Socialista Soviética do Uzbequistão. O Oblast Autônomo do Quirguistão tornou-se uma república socialista em 1936.
Antiga União Soviética
  Essas fronteiras pouco tinham a ver com a composição étnica, mas o soviéticos achavam que era importante dividir a região, pois viam no pan-turquismo e no pan-islamismo como duas ameaças, o que limitava a divisão do Turquestão. Os soviéticos sistematizaram as línguas e culturas locais e, objetivando quebrar o laço existente entre a Ásia Central com o Irã e a Turquia, fecharam a fronteira sul da região, fazendo com que as viagens e o comércio que a região tinha com esses países fossem direcionados para o norte através da Rússia.
  Durante a Segunda Guerra Mundial, os soviéticos transferiram milhões de refugiados e centenas de fábricas para a Ásia Central, já que era uma região relativamente segura, transformando essa área em um importante complexo industrial da União Soviética.
Prisioneiros em um zindan - prisão tradicional da Ásia Central
  De 1988 a 1992, uma imprensa livre e um sistema multipartidário desenvolveu-se nas repúblicas da Ásia Central impulsionados pela perestroika e pela glasnost, reformas que ocorreram na União Soviética e que promoveram a decadência do socialismo e o fim da URSS. Na Ásia Central essas reformas foram chamadas de Primavera da Ásia Central. Com a independência das repúblicas soviéticas, a disputa pela região só tem aumentado, principalmente após a descoberta de petróleo e gás natural.
  Atualmente, embora tenham mudado os métodos e as ideias em nome das quais as potências agiam, o objetivo continua o mesmo. Trata-se de colonizar, de um modo ou de outro, a Ásia Central, a fim de neutralizarem-se uns aos outros. O gás e o petróleo são cobiçados por si próprios, mas também funcionam como um modo de influenciar a região.
Nativo do Turcomenistão com suas roupas tradicionais e seu dromedário
  Desde a queda da União Soviética, os novos Estados independentes veem no petróleo um meio de alimentar o orçamento e reforçar sua independência em relação a Moscou. No final dos anos 1990, a empresa norte-americana Chevron esteve de olho na bacia petrolífera de Tenguiz, uma das maiores do mundo, situada no oeste do Cazaquistão. Em 1993, essa empresa passou a controlar 50% de suas reservas. Do outro lado do mar Cáspio, o presidente do Azerbaijão, Gueidar Aliev assinou, em 1994, o "contrato do século", com empresas petrolíferas estrangeiras, para a exploração do campo Guneshli-Chirag-Azeri.
 Devido a esse acordo, a Rússia começou a pressionar os países da Ásia Central, pois via a perda de importantes reservas de petróleo que estavam a seu favor e a diminuição do seu poder na região. Moscou esperava que a convivência com Aliev fosse melhor do que com seu antecessor, o nacionalista antirrusso Alboulfaz Eltchibey, primeiro presidente do Azerbaijão independente, derrotado por um golpe em junho de 1993, alguns dias antes de assinar importantes contratos com as maiores petrolíferas anglo-saxãs.
Duchambe - capital do Tadjiquistão
  Excelente conhecedor das engrenagens do sistema soviético, Gueidar Aliev, ex-general da KGB (sigla soviética que significa Comitê de Segurança do Estado, principal organização de serviços secretos da ex-URSS) e antigo membro da direção do Partido Comunista, negociou, em segredo, com as petrolíferas russas para preparar o terreno de um acordo com Moscou: a Lukoil (maior empresa petrolífera e pública de capital aberto da Rússia) obteve 10% do consórcio Guneshli-Chirag-Azeri.
ASPECTOS FÍSICOS DA ÁSIA CENTRAL
  Com uma área de aproximadamente 4 milhões de km², a Ásia Central apresenta relevo de planícies e planaltos no leste, além de  montanhas na divisa com o Oriente Médio.
  A vegetação é constituída basicamente por estepes (formação vegetal rasteira dominada por gramíneas em regiões marcadas por baixas precipitações) e espécies típicas de áreas desérticas. Esse tipo de paisagem natural ocorre em razão do predomínio de climas secos, semiáridos e áridos da região.
  Dois grandes rios, o Syr Daria e o Amu Daria, destacam-se na rede hidrográfica da região, que apresenta muitos cursos de água temporários, devido aos baixos índices pluviométricos.
Ponte sobre o rio Syr Daria, no Uzbequistão
DIFICULDADES POLÍTICAS E ECONÔMICAS
  A Ásia Central é marcada por conflitos entre etnias, agravados no passado pela relação comercial desigual com a Rússia. Somados ao clima desfavorável para a agricultura, esses conflitos favoreceram o surgimento de economias e estruturas precárias, marcadas pela instabilidade política e pela miséria da população.
  Como exemplos da precariedade socioeconômica da região, pode-se citar o Quirguistão e o Tadjiquistão, países que ocupam, respectivamente, a 125ª posição (0,628) e a 133ª posição (0,607) no ranking do IDH da ONU (2013).
Astana - capital do Cazaquistão
 ECONOMIA DA ÁSIA CENTRAL
  Com o declínio do socialismo e o fim da União Soviética, abriu-se caminho para que os países da Ásia Central promovessem a proclamação da independência, a partir de 1991. Isso levou os cinco países da Ásia Central a ingressarem na Comunidade dos Estados Independentes (CEI), associação criada por ex-repúblicas da URSS.
  O surto de independência na Ásia Central promoveu diversas mudanças na configuração política e econômica da região. Algumas mudanças ocorreram quase que simultaneamente, como a implantação de processos eleitorais e a abertura da economia, abrindo espaço para a entrada do capitalismo e do capital estrangeiro.
  A configuração da economia da Ásia está largamente ligada ao setor primário, principalmente no segmento da agricultura, pecuária e extrativismo mineral.
Bishkek - capital do Quirguistão
  Na produção agrícola, destaca-se o cultivo de algodão e frutas. Para o desenvolvimento da agricultura emprega-se técnicas de irrigação de maneira intensiva, objetivando garantir a produtividade e o abastecimento interno de alimentos. Na produção pastoril, a região tem como principais criações ovinos e caprinos. A atividade agrícola exerce uma enorme relevância para a composição da Ásia Central.
  Quanto ao extrativismo mineral, a região abriga em seu subsolo jazidas de diversos tipos de minérios, destacando-se o carvão mineral e o minério de ferro, no Cazaquistão e no Quirguistão, e petróleo e gás natural no Uzbequistão, Turcomenistão e Cazaquistão. Existem ainda indústrias de beneficiamento, como as siderúrgicas, petroquímicas, alimentícias e têxteis.
Asgabate - capital do Turcomenistão
O DESASTRE NO MAR DE ARAL
  Situado na Ásia Central, entre o Uzbequistão e o Cazaquistão, o Mar de Aral era o quarto maior mar interior da Terra, com 66.100 km². Suas águas eram renovadas e alimentadas pelos rios Syr Daria e Amu Daria. O desvio da água desses dois rios para projetos de irrigação consumiu 90% da água que chegava ao Aral. O resultado foi desastroso: o mar perdeu mais de 80% do seu volume. O que antes era um grande lago hoje consiste em grandes extensões de areia e sal, transformando em um grande deserto de sal. A concentração de sal dobrou e, com a perda de água, a indústria pesqueira, que empregava cerca de 60 mil pessoas acabou. A maioria de espécies de peixes desapareceu e a fauna que vivia em suas margens foi reduzida significativamente.
Mar de Aral em três décadas distintas
  Em toda a bacia do Aral existem mais de 5 mil lagos, a maior parte na região dos rios Amu Daria e Syr Daria. Sua morte foi prevista há quase 50 anos, quando o então governo soviético desviou os dois rios que alimentavam para irrigar plantios de algodão. Os agrotóxicos poluíram 15% das águas, também castigadas pelos efeitos das barragens de 45 usinas hidrelétricas. A floresta que cercava suas margens praticamente acabou. Dessa forma, o volume da água que chega ao lago não é suficiente para compensar a evaporação diária, o que faz seu nível diminuir a cada ano.
  Com a erosão e a retirada exagerada de água, o Aral recebe anualmente 60 milhões de toneladas de sal carregadas pelos rios. O sal e os pesticidas agrícolas se infiltraram no solo, contaminaram os lençóis freáticos, tornaram impossível a lavoura e elevaram a níveis epidêmicos doenças como o câncer. O Aral pode desaparecer se nada for feito para modernizar os sistemas de irrigação e adotar práticas ambientais menos agressivas.
O lago deu lugar ao Aralkum - um deserto de sal e poluentes sólidos
UM NOVO OLEODUTO EXPRESSA O PROJETO DE DOMINAÇÃO DE WASHINGTON
  Nos anos 1990, para justificar a penetração na bacia do Cáspio, os Estados Unidos começaram a superestimar as reservas de hidrocarbonetos que a bacia continha. Falavam em 243 bilhões de barris e só perdia para a Arábia Saudita. Hoje, estima-se, que tais reservas contenham apenas 50 bilhões de barris de petróleo e 9,1 trilhões de metros cúbicos de gás - ou seja, 4 a 5% das reservas mundiais. Os Estados Unidos só ousaram mentir sobre a quantidade de reservas porque queriam o oleoduto estratégico conhecido como BTC (Baku-Tbilisi-Ceyhan - um dos maiores oleodutos do mundo, que transporta óleo por 1.776 quilômetros, indo de Baiku, no Azerbaijão, até Ceyhan, na Turquia) a qualquer preço.
Oleoduto BTC
  Desde 2002, esse jogo de influências se intensifica. Em favor da guerra contra o terrorismo, travada no Afeganistão desde os atentados de 11 de setembro, os militares norte-americanos intensificam suas ações comerciais e militares na ex-URSS. Washington instalou bases militares no Cazaquistão e no Uzbequistão, prometendo reparti-las assim que os radicais islâmicos fossem erradicados. Quando era presidente dos Estados Unidos, George W. Bush utilizou esse engajamento militar maciço na Ásia Central para selar a vitória da Guerra Fria contra a Rússia, conter a influência da China e manter o cerco em torno do Irã.
  Com o surgimento de novos grupos radicais islâmicos e o aumento da violência no Oriente Médio, os Estados Unidos resolveram permanecer com as bases militares instaladas na Ásia Central.
  Na medida em que Pequim também entra nos negócios da Ásia Central e em que a Europa acelera os projetos de captação de gás no mar Cáspio - após a guerra do gás russo-ucraniana, de janeiro de 2006 - o jogo está bastante complicado. Petróleo, segurança, disputas de influência e batalhas ideológicas: é preciso apostar em todos os cenários para fincar dos dados no "grande jogo".
Dutos de petróleo para a Europa
FONTE: Silva, Ângela Corrêa da. Geografia: contextos e redes / Ângela Corrêa da Silva, Nelson Bacic Olic, Ruy Lozano. - 1. ed. - São Paulo: Moderna, 2013.

domingo, 2 de novembro de 2014

EDUCAÇÃO E MERCADO DE TRABALHO

  Na era da informação e da revolução tecnocientífica, a qualificação da mão de obra incorpora novas habilidades. Antes treinado para exercer funções relativamente simples, o trabalhador agora é chamado a desenvolver habilidades mais elaboradas, dificultadas pela ausência de um sistema educacional mais eficiente.
  De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), existe no mundo 1 bilhão de analfabetos adultos nos países em desenvolvimento, o que torna o analfabetismo um entrave para o ingresso desses países na economia moderna.
  Segundo definição da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), "uma pessoa funcionalmente analfabeta é aquela que não pode participar de todas as atividades nas quais a alfabetização é requerida para uma atuação eficaz em seu grupo e comunidade, e que lhe permitem, também, continuar usando a leitura, a escrita e o cálculo a serviço do seu próprio desenvolvimento e do desenvolvimento da sua comunidade". Esses analfabetos são chamados de analfabetos absolutos. O analfabetismo absoluto designa a condição daqueles que não sabem ler e escrever.
  Atualmente, um dos maiores problemas dos países subdesenvolvidos é o analfabetismo. A luta para reduzir o analfabetismo é antiga e sua supressão tem sido possível. Por isso, a educação é considerada um dos maiores privilégios dos quais o ser humano pode gozar.
Uma boa educação infantil é o primeiro passo para termos uma educação mais eficiente
  Em diversos países, incluindo os ricos, uma parcela importante da população é analfabeta funcional, ou seja, foi alfabetizada mas não é capaz de escrever um texto simples ou mesmo compreender o que está lendo. O analfabeto funcional sente-se, muitas vezes, mais excluído que o analfabeto absoluto, uma vez que mantém expectativas de melhores colocações profissionais, pelo fato de se considerar alfabetizado, e essas expectativas quase nunca se concretizam devido a suas carências. No mercado de trabalho urbano, o domínio da linguagem escrita é exigido até para o exercício de funções relativamente simples.
  Existe um conjunto de fenômenos relacionados que podem ser associados ao termo analfabetismo funcional, como por exemplo, o analfabetismo por regressão, que caracteriza grupos que, tendo alguma vez aprendido a ler e escrever, devido ao não uso dessas habilidades retornam à condição de analfabetos.
 
  Os dados mais recentes sobre analfabetismo funcional no mundo indicam que cerca de 900 milhões de pessoas em idade economicamente ativa não conseguem executar tarefas simples de leitura de manuais ou de bulas de remédios. De acordo com dados da Organização Econômica de Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), dos 65 países avaliados em 2012 pelo Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), com um total de 22 milhões de alunos, 39 países não alcançaram os 494 pontos que, segundo o relatório, garantiria a eles a média desejável de compreensão de leitura. O Brasil, ocupava a 58ª, com uma média de 410 pontos, considerado muito inferior à média satisfatória. O relatório aponta também que há uma defasagem de aprendizagem correspondente a dois anos letivos entre os alunos matriculados nas mesmas séries, ao se levar em conta os resultados dos melhores e dos piores colocados no ranking do Pisa.
  O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (em inglês Programme for International Student Assessmente - PISA), também chamado popularmente no Brasil de Enem Internacional, é uma rede mundial de avaliação de desempenho escolar, realizado pela primeira vez em 2000 e repetido a cada três anos.
Tabela sobre alguns dados do Pisa - 2012
  A sociedade tecnológica contemporânea produziu ainda um tipo novo de analfabetismo: o digital. As ofertas de emprego na sociedade atual exigem dos candidatos conhecimento e, por muitas vezes, domínios em programas básicos de computação, tais como editores de textos e planilhas de cálculos. O analfabetismo digital é uma expressão relativamente nova e não se associa às letras, mas sim à exclusão digital, ou seja, pessoas que não sabem utilizar ou manusear um computador ou as tecnologias avançadas.
  O analfabetismo digital é o nível de ignorância das novas tecnologias que impedem as pessoas de acessar as oportunidades de interagir com estes, ou seja, navegar na Web, desfrutar da multimídia, promover a socialização através das redes sociais, criação de documentos, entre outros. Além dessas pessoas não terem o acesso direto ao mundo dos computadores, há também aqueles que têm acesso mas não demonstram interesse por este instrumento fundamental e, assim, tornam-se também analfabetos digitais.
Todos àqueles que não têm acesso as novas tecnologias ou que, mesmo tendo, não se interessam em usá-las são considerados analfabetos digitais
  A Literacia Digital (destreza com uma determinada língua, sobretudo no que diz respeito à leitura, escrita e oralidades as quais desempenham um papel preponderante na comunicação e na compreensão de ideias), pretende designar o uso eficaz da tecnologia digital, tal como os computadores, as redes informáticas, os PDA's (Personal Digital Assistant), os telemóveis, entre outros. O conhecimento, tanto do funcionamento destes equipamentos, como dos programas de informática que lhe estão associados, pode ser preponderante para essa eficácia. Conhecer como funciona um determinado equipamento aumenta significativamente a probabilidade de o utilizar mais eficazmente.
Independente da idade, cresce a cada dia o número de pessoas que se interessam pelo acesso ao mundo dos computadores
FONTE: Araújo Regina. Observatório de geografia / Regina Araújo, Ângela Corrêa da Silva, Raul Borges Guimarães. - 1. ed. - São Paulo: Moderna, 2009.

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