sexta-feira, 12 de junho de 2015

A REPÚBLICA DOMINICANA

  A República Dominicana ocupa dois terços da ilha Hispaniola, no mar do Caribe, que foi a primeira porção de terras na América avistada pelos europeus, em 1492. Suas praias são muito procuradas por turistas.
HISTÓRIA
  Até a chegada à ilha Hispaniola, da expedição espanhola comandada por Cristóvão Colombo, em 5 de dezembro de 1492, esta encontrava-se povoada por indígenas, organizados sob o comando de cinco chefes. Um dos traços desta divisão era a tributação, em termos de alimentos, cultivados ou criados. Cada território governado por um cacique era chamado de Quisqueya (cacicado) pelos índios arauaques (ou taínos) e caraíbas.
  Quando os europeus chegaram à ilha, os indígenas atribuíram-lhes poderes sobrenaturais, tratando-o com honras e veneração. Guacanagarix, o chefe que hospedou Colombo e seus homens, tratou-os de forma cortês e concedeu-lhes os seus desejos.
Os cincos cacicados que ocupavam a ilha de Hispaniola
  Cristóvão Colombo, o primeiro europeu a chegar às Antilhas, fundou, em 1496, na Ilha Hispaniola, o primeiro núcleo de povoamento europeu em nome da Espanha, o qual deu origem a São Domingos, capital da República Dominicana.
  Durante o século XVI, La Española (como era chamada a ilha de Hispaniola) gozou de boa posição econômica e social, porém, desde o fim deste século e a partir da conquista de "Terra Firme" (as grandes massas territoriais da América do Norte e América do Sul), a ilha foi caindo no esquecimento e relegada a um segundo plano, entrando definitivamente na pobreza que perdura até os dias atuais. Aliado a este fato, houve também a presença de corsários ingleses que destruíram grande parte das cidades e populações estabelecidas nesse momento.
Chegada de Cristóvão Colombo ao cacicado de Marién
  Após a declaração de independência do Haiti, em 1804, vários governantes haitianos trataram de unificar a ilha, o que fizeram em 1822, semanas após a República Dominicana adquirir a independência da Espanha. A este breve período de autonomia chamou-se "Independência Efêmera".
  No ano de 1844, se inicia a gestão independentista, preconizada por Juan Pablo Duarte, um jovem de alta posição social que havia estudado na França e que possuía ideias nacionalistas, sendo esta gestão dirigida por Francisco del Rosário Sánchez e Pedro Santana. A independência aconteceu em 27 de fevereiro daquele ano.
  Devido a falta de uma liderança sólida por parte dos seus dirigentes, inicia-se uma  era em que era dominada por latifundiários que tinham poder econômico, formando governos que duravam curto período de tempo. Grupos internos descontentes com a autonomia, procuraram anexar-se novamente à Espanha, alcançando este feito em 1861.
  Em 1865, a República Dominicana recupera a independência, passando novamente por uma etapa em que não existia uma liderança sólida e por mudanças contínuas de governante. Entre 1887 e 1889, Ulisses Heureaux, conhecido como Lilís, instalou uma ditadura que só acabou quando ele foi assassinado.
Praia da República Dominicana
  No início do século XX, a instabilidade política e econômica e o atraso no pagamento dos empréstimos realizados durante o século XIX fizeram com que ocorresse a denominada "Primeira Invasão Norte-Americana", que durou entre 1916 e 1924. Nesse período, o país foi invadido por tropas norte-americanas.
  Entre 1924 e 1930, a economia dominicana viveu um período denominado de "Danza de los Millones" (Dança dos Milhões), devido ao aumento dos preços internacionais da cana-de-açúcar.
  De 1930 até 1961, o país esteve sob a ditadura de Rafael Leónidas Trujillo, sendo a época mais obscura da história do país, com perseguições e assassinatos de opositores. Em 1959, após a eliminação da manifestação de esquerda do Movimento Revolucionário 14 de Junho, e com o assassinato das Irmãs Mirabal, o regime começou a entrar em declínio, até Trujillo ser assassinado em 1961.
Rafael Leónidas Trujillo (1891-1961)
  Após a morte de Trujillo, o país passou por vários governos, entre os quais o do professor Juan Bosch, que foi derrubado após 7 meses, um triunvirato constituído por Emílio dos Santos, Ramón Tapia e o engenheiro Manuel Tavares, e uma intervenção armada de vários países, dentre eles Estados Unidos, Brasil, Paraguai, Costa Rica, Nicarágua e Honduras, em 1965. Em 1966, Joaquín Balaguer subiu ao poder e se manteve nele durante um período de 12 anos, em um governo semiditatorial no qual fez uso de fraudes eleitorais e repressões contra seus opositores.
  Durante as eleições de 1978, foi eleito Antonio Guzmán Fernández, do opositor Partido Revolucionário Dominicano (PRD). Foi o primeiro governo eleito pelo voto popular desde 1924. Seu mandato se caracterizou por ser um dos mais liberais de toda a história da República Dominicana. Guzmán se suicidou em 1982, sendo sucedido pelo seu vice, Jacobo Majluta, que governou por um período de 43 dias.
Antonio Guzmán Fernández (1911-1982)
  Em 1982, foi eleito presidente Salvador Jorge Branco, do PRD. Em 1986, retornou ao poder Joaquín Balaguer que, para fugir da dependência da cana-de-açúcar, incentivou a produção de café e de cacau. Em 1990, Juan Bosch, do Partido de Libertação Dominicana, vence as eleições, conseguindo reduzir os índices inflacionários que estavam bastante elevados. Bosch reescalonou a dívida externa e procurou diversificar a economia do país.
  Em 1994, num novo processo eleitoral, Joaquín Balaguer sai vitorioso, mas o PRD e o seu candidato presidencial, José Francisco Pena Gomez, entrou com um pedido de anulação das eleições, pois disse ter sido vítima de fraude eleitoral. Balaguer é forçado a aceitar governar por apenas dois anos.
Joaquín Balaguer (1906-2002)
  Em 1996, novas eleições nacionais são realizadas, e chega ao poder Dr. Leonel Fernandez, candidato do Partido da Libertação Dominicana (PLD).
  Depois de quatro anos de governo, o crescimento econômico foi bastante elevado. Em 2000, vence as eleições Hipolito Mejia, do PRD. No seu governo, uma política econômica, influenciada por fatores externos, levou o país a entrar em um caos, com desvalorização da moeda e causando o empobrecimento de vários setores da economia.
  Em meio à confusão causada pela crise econômica, a população volta às urnas em 2004, levando Leonel Fernandez novamente ao cargo de presidente. Nesse mesmo ano, o atleta Felix Sanchez se tornou o primeiro dominicano a obter uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos.
Leonel Fernandez
GEOGRAFIA
  A República Dominicana ocupa 2/3 da ilha de Hispaniola, situada entre o mar do Caribe, a sul, e o oceano Atlântico, a norte. Faz fronteira com o Haiti, que ocupa a parte ocidental da ilha, e é separado de Porto Rico a leste pelo estreito de Mona. O território é montanhoso, com elevações que chegam a mais de 3 mil metros.
  O clima dominante é o tropical úmido, com uma estação seca e outra muito quente e úmida, durante a qual podem ocorrer ciclones tropicais. A temperatura média anual oscila entre 18ºC e 27ºC. O clima é dominado principalmente pela atuação dos ventos alísios de noroeste e as variações locais estão condicionadas pelo relevo de suas cordilheiras, que se localizam entre vales, rios, mananciais e planícies costeiras.
  O país possui três cadeias montanhosas principais, que são:
  • Montanhas Centrais - começam no Haiti e percorrem a parte central da ilha, terminando no sul; é nesta cordilheira que se situa o ponto mais elevado das Antilhas, o Pico Duarte, com 3.098 metros de altitude.
Pico Duarte - ponto culminante da República Dominicana
  • Montanhas Setentrionais - correm paralelas às Montanhas Centrais e separam o vale de Cibao das planícies costeiras atlânticas: o ponto mais elevado nesta cordilheira é o Pico Diego de Ocampo.
Pico Diego Ocampo
  • Montanhas Orientais - é a mais baixa e curta das três cadeias montanhosas da República Dominicana, e se localiza na parte leste do país.
  Há também a Serra Bahoruco e a Serra Neyba, que estão localizadas no sudoeste do país.
  A República Dominicana possui uma hidrografia bastante farta, com um grande número de rios, destacando-se os rios: Soco, Higuamo, Romana, Yaque del Norte, Yaque del Sur, Yuna, Yuma, Bajabonico, entre outros.
  No sudoeste da República Dominicana encontra-se o lago Enriquillo, que se encontra a 30 metros abaixo do nível do mar, e nele se localiza a Ilha Cabritos, onde, segundo os especialistas, encontra-se a maior reserva mundial do crocodilo-americano.
Lago Enriquillo
ECONOMIA
  A economia da República Dominicana depende, quase exclusivamente, da produção e exportação de açúcar. A agricultura abrange ainda a produção de arroz, café, banana, feijão, coco, cacau, mandioca e tabaco. O país é o segundo maior produtor de cana-de-açúcar da América Central, perdendo apenas para Cuba. A banana é cultivada em larga no país.
  No país existem minas de níquel, bauxita, ouro e prata. O âmbar, pedra de cor amarela formada pela resina das árvores e cuja característica principal é a de conter frequentemente fósseis de insetos e plantas já extintos, é a pedra semipreciosa nacional. É explorado também o larimar, conhecido como turquesa dominicana, que é reconhecido como pedra preciosa e utilizado em jóias e peças de decoração.
Cultivo de banana na República Dominicana
  A indústria extrativa baseia-se na exploração do ouro e da prata, além da produção de açúcar refinado, de fertilizantes, cerveja, rum e de cigarros.
  A República Dominicana é um dos principais destinos turísticos do Caribe e uma importante fonte de renda para o país. O país é considerado uma jóia arquitetônica colonial, e Santo Domingo, a sua capital, é reconhecida como Patrimônio da Humanidade pela Unesco, em razão do grande número de monumentos históricos. Além da importância histórica, há também a importância cultural, com muita festa e animação, embalado pelo merengue (ritmo nacional) e pelo rum, bebida que é comparada ao rum cubano, assim como os seus charutos, bem como as belezas naturais existentes no país, graças a suas belíssimas praias. A maioria dos turistas são europeus e canadenses.
As belezas naturais da República Dominicana são uma das atrações turísticas
ALGUNS DADOS SOBRE A REPÚBLICA DOMINICANA
NOME OFICIAL: República Dominicana
CAPITAL: Santo Domingo
Calle el Conde - zona colonial de Santo Domingo
GENTÍLICO: dominicano (a)
LÍNGUA OFICIAL: espanhol
GOVERNO: Unitário Presidencialista e República Democrática
INDEPENDÊNCIA: da Espanha e do Haiti
Da Espanha: 1821
Invasão haitiana: 1822
Independência do Haiti: 1844
Reconquista espanhola: 1861
Restauração da independência: 1865
LOCALIZAÇÃO: Ilha Hispaniola (Grandes Antilhas - América Central Insular)
ÁREA: 48.734 km² (128°)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2014): 9.646.887 habitantes (85°)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 197,94 hab./km² (38°)
CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativa 2014):
Santo Domingo: 3.354.602 habitantes
Santo Domingo - capital e maior cidade da República Dominicana
Santiago de los Caballeros: 1.618.481 habitantes
Santiago de los Caballeros - segunda maior cidade da República Dominicana
San Felipe de Puerto Plata: 294.954 habitantes
San Felipe de Puerto Plata - terceira maior cidade da República Dominicana
PIB (Banco Mundial - 2013): US$ 59,133 bilhões (68°)
IDH (ONU - 2014): 0,700 (102°)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2012): 73,2 anos (110°)
CRESCIMENTO POPULACIONAL (ONU 2005-2010): 1,47% (89°)
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2013): 29,57/mil (120°). Obs: essa mortalidade refere-se ao número de crianças que morrem antes de completar 1 ano de idade, e é contada de menor para maior.
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook - 2014): 2,36 filhos/mulher (89°). Obs: essa taxa refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início até o fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos), e é contada de maior para menor.
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2013): 90,1% (132°). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
TAXA DE URBANIZAÇÃO (Pnud 2010/2011): 69% (61°)
PIB PER CAPITA (FMI - 2013): US$ 5.834 (91°)
MOEDA: Peso Dominicano
RELIGIÃO: católicos (88,9%), protestantes (3,4%), outras religiões cristãs (2,7%), sem religião e/ou ateus (2,6%), outras religiões (2,4%).
DIVISÃO: a República Dominicana divide com o Haiti a ilha da Hispaniola, no Caribe. Está dividida em 31 províncias e o Distrito Nacional (onde se localiza a capital Santo Domingo). Cada província está subdividida em dois ou mais municípios. Os municípios são compostos por cidades, vilas, povoados e seções. As províncias são (os números correspondem à província no mapa).
1. Azua 2. Bahoruco 3. Barahona 4. Dajabón 5. Duarte 6. Elias Piña 7. El Seibo 8. Espaillat 9. Hato Mayor 10. Independência 11. La Altagracia 12. La Roman 13. La Vega 14. Maria Trinidad Sánchez 15. Monseñor Nouel 16. Monte Cristi 17. Monte Plata 18. Pedernales 19. Peravia 20. Puerto Plata 21. Hermanas Mirabal 22. Samaná 23. Sanchez Ramirez 24. San Cristóbal 25. San José de Ocoa 26. San Juana 27. San Pedro de Macorís 28. Santiago 29. Santiago Rodriguez 30. Santo Domingo 31. Valverde DN. Distrito Nacional.
Mapa da divisão regional da República Dominicana
FONTE: Geografia nos dias de hoje, 8° ano / Cláudio Giardino ... [et al.]. - 1. ed. - São Paulo: Leya, 2012. - (Coleção nos dias de hoje)

quinta-feira, 4 de junho de 2015

DINAMARCA: TERRA DE REIS E RAINHAS

  A Dinamarca é um país nórdico da Europa Setentrional. É o mais meridional dos países nórdicos, localizado ao sudoeste da Suécia e ao sul da Noruega, delimitado no sul pela Alemanha. As fronteiras da Dinamarca estão no Mar Báltico e no Mar do Norte. O país é composto por uma grande península, a Jutlândia, e muitas ilhas. As principais ilhas da Dinamarca são: Zelândia, Funen, Vendsyssel-Thy, Lolland, Falster e Bornholm, além de centenas de ilhas menores, muitas vezes referidas como Arquipélago Dinamarquês. Há décadas, o país controla a entrada e saída de navios do mar Báltico através de três canais, que também são conhecidos como "Estreitos Dinamarqueses".
  A Dinamarca compartilha fortes laços históricos e culturais com a Suécia e a Noruega. O país é membro da União Europeia desde 1973, embora não tenha aderido ao euro, e é um dos fundadores da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). É considerado o país menos corrupto e o segundo mais pacífico do mundo.
  A capital do país é Copenhague, que abriga aproximadamente 20% da população do país. A Dinamarca possui dois territórios fora dos seus limites territoriais que, apesar de pertencerem ao país possuem autonomia política, que são a Groenlândia e as Ilhas Faroe.
Castelo na Dinamarca
HISTÓRIA
  O nome "Dinamarca" data da era dos Vikings e está esculpido na famosa Pedra do Jelling, datada aproximadamente do ano 900 d.C. É um país cuja história está ligada aos países escandinavos e o norte da Europa, e possui a muralha mais antiga do continente europeu, datada do século XII. Foi unificado pela primeira vez por Harald Blatand no século X.
  No século XI, os Vikings dinamarqueses atacaram boa parte do continente europeu. Controlaram países como Inglaterra, França, parte da Alemanha, chegando até o Mediterrâneo, causando terror onde passavam, fato este que passaram a ser denominados como povos bárbaros. Durante a ocupação da península Ibérica, arrasaram a cidade espanhola de Sevilha, e saquearam cidades da Itália e até Constantinopla, que era uma das mais importantes cidades do mundo na época.
Pedras de Jelling, onde está gravada o nome "Dinamarca"
  A região da atual Dinamarca já era habitada há cerca de 12.500 a.C e há vestígios de atividades agrícolas datadas de 3.900 a.C. Na Dinamarca, a Idade do Bronze Nórdica (1.800-600 a.C.) é marcada por túmulos que deixaram uma profusão de achados como lurs (instrumentos musicais de sopro) e o Carro Solar de Trundholm.
  Durante a Idade do Ferro pré-romana (500 a.C.-1 d.C.), grupos nativos começaram a imigrar para o sul. As províncias romanas mantinham rotas e relações comerciais com as tribos da atual Dinamarca. Há provas de forte influência cultural céltica neste período, tanto na Dinamarca como em grande parte do noroeste da Europa. Os primeiros povos que originaram os daneses (dinamarqueses) chegaram à Dinamarca na Idade do Ferro romana (1-400 d.C.).
  Antes da chegada dos precursores dos daneses, procedentes da Escandinávia e falantes de uma forma do germânico setentrional, a maior parte da Jutlândia e algumas ilhas eram habitadas por jutos (povo germânico), que migraram para a Grã-Bretanha, juntamente com os anglos e os saxões, formando os atuais povos anglo-saxões.
Odense - quarta maior cidade da Dinamarca
  Entre os séculos VIII e X, os dinamarqueses eram conhecidos como vikings. Juntos com noruegueses e suecos, colonizaram, atacaram e comercializaram com toda a Europa. Os exploradores vikings descobriram a Islândia no século XI, no caminho das Ilhas Faroé, e chegaram até a Vinland (terra da relva, terra do vinho), hoje conhecida como Newfoundland ou Terra Nova, Canadá. Os vikings dinamarqueses também conquistaram e colonizaram temporariamente partes da Inglaterra (conhecidas como Danelaw), da Irlanda e da França, e fundaram a Normandia.
  Os dinamarqueses foram unidos e evangelizados por Haroldo Dente-Azul em 965, onde a Dinamarca passou a ser uma nação cristã. No início do século XI, Canuto, o Grande, unificou a Dinamarca, a Inglaterra e a Noruega por quase 30 anos.
Greenspon, em Terra Nova - Canadá: área colonizada por vikings dinamarqueses
  Ao longo da Idade Média, a Dinamarca incorporou a Escânia (província da Suécia); reis dinamarqueses governavam partes da Estônia e dos ducados do Schleswig e do Holstein (estes últimos atualmente fazem parte da Alemanha). Em 1397, a Dinamarca formou a União de Kalmar, juntamente com a Suécia e a Noruega, uma união pessoal das coroas dos três países, que mantinham uma existência nominalmente independente. A Escandinávia permaneceu unificada até a separação da Suécia, em 1523.
  A Reforma Protestante chegou às terras escandinavas nos anos 1530. Após uma guerra civil, conhecida como "Rixa do Conde", a Dinamarca converteu-se ao luteranismo em 1536. Naquele ano, uma nova união pessoal formou a Dinamarca-Noruega, após a extinção da linhagem real norueguesa devido à peste.
Mapa da União de Kalmar
  Seguiram-se dois séculos de guerras com a Suécia. O rei Cristiano IV atacou a Suécia durante a Guerra de Kalmar (1611-1613), mas fracassou no seu principal objetivo de forçar os suecos a voltar à união com a Dinamarca. A guerra não provocou alterações territoriais, mas a Suécia foi forçada a pagar uma reparação de 1 milhão de riksdalers de prata à Dinamarca, valor que ficou conhecido como o "Resgate de Älvsborg". Cristiano usou estes recursos para fundar diversas cidades, fortalezas e edifícios. Inspirado na Companhia Holandesa das Índias Orientais, instituiu uma correspondente dinamarquesa. Ele planejava reivindicar a ilha do Ceilão (atual Sri Lanka) como colônia dinamarquesa, mas a nova companhia logrou adquirir apenas Tranquebar, na Costa de Coromandel, na Índia.
Em vermelho, a Costa de Coromandel
  Durante a Guerra dos Trinta Anos, Cristiano procurou tornar-se o chefe dos Estados Luteranos da Alemanha, mas terminou por sofrer uma derrota acachapante na Batalha de Lutter, que permitiu ao exército católico de Albrecht von Wallenstein ocupar a Jutlândia.
  Em 1643, exércitos suecos invadiram a Jutlândia e, em 1644, a Escânia. Com o Tratado de Bromsebro (1645), a Dinamarca cedeu Halland, a Gotlândia, as últimas porções da Estônia dinamarquesa e várias províncias na Noruega. Em 1657, o rei Frederico III declarou guerra à Suécia e avançou contra Brêmen-Verden, provocando uma grande derrota dinamarquesa, na qual os exércitos suecos do rei Carlos X Gustavo conquistaram a Jutlândia, a Fiônia e grande parte da Zelândia, antes de assinar o Tratado de Paz de Roskilde, em fevereiro de 1658, no qual passava para as mãos da Suécia a Escânia, Blekinge, Trondelag e a ilha de Bornholm.
Paisagem da Escânia - Suécia
  A Dinamarca procurou retomar a Escânia com a Guerra da Escânia (1675-1679), sem sucesso. Após a Grande Guerra do Norte (1700-1721, que uniu, de um lado, o Império Russo, o Reino da Dinamarca, Noruega e Saxônia-Polônia, contra o Império Sueco), o país conseguiu retomar o controle das partes do Schleswig e do Holstein governadas pela Casa de Holstein-Gottorp.
  Nas últimas décadas do século XVIII, a Dinamarca passou por um período de grande prosperidade, devido a seu status de neutralidade, que permitia comercializar com os dois lados das várias guerras da época.
  Durante as Guerras Napoleônicas, o país tentou manter a sua postura neutra ao unir-se à Liga da Neutralidade Armada, com a Rússia, a Suécia e a Prússia. Os britânicos consideraram o fato um ato hostil e atacaram Copenhague em 1801 e 1807, apoderando-se da marinha dinamarquesa, no primeiro ataque e, no segundo, incendiando boa parte da cidade. A ação britânica marcou o fim daquela era de prosperidade para o país. O controle britânico das vias marítimas entre a Dinamarca e a Noruega revelou-se desastroso para a economia da união, levando-a a falência do país, em 1813.
   As esperanças da Dinamarca-Noruega no sentido de restaurar a união escandinava esgotaram-se em 1809, quando os estados da Suécia rejeitaram uma proposta de permitir a Frederico VI da Dinamarca suceder o seu deposto Gustavo IV Adolfo, entregando a coroa a Carlos XIII.
Reino da Dinamarca e Noruega, de 1780 a 1814
  O Congresso de Viena exigiu a dissolução da união dano-norueguesa, confirmada pelo Tratado de Kiel (1814). A Noruega uniu-se então à Suécia, situação que perduraria até 1905. A Dinamarca manteve as colônias da Islândia, Ilhas Faroé e Groenlândia. Governou também a Índia Dinamarquesa (Tranquebar) de 1620 a 1869, a Costa do Ouro dinamarquesa (Gana) de 1658 a 1850, e as Índias Ocidentais dinamarquesas (Ilhas Virgens Americanas) de 1671 a 1917.
  Depois da segunda guerra de Schleswig em 1864, o rei da Dinamarca teve que ceder os ducados de Schleswig e Holstein à Prússia. Após a derrota frente à Prússia, a Dinamarca adotou uma política de neutralidade, permanecendo neutra na Primeira Guerra Mundial.
  Em 1920, através de plebiscito realizado devido à derrota da Alemanha na Primeira Guerra Mundial, uma das regiões plebiscitárias, o norte do Schleswig, foi cedido à Dinamarca.
  Em 9 de abril de 1940, a Dinamarca foi invadida pela Alemanha Nazista e permaneceu ocupada durante toda a Segunda Guerra Mundial. No final de 1944, poucos dinamarqueses apoiavam o regime de Hitler.
Durante a ocupação alemã, o rei Cristiano X tornou-se um poderoso símbolo da soberania nacional
  Após a Segunda Guerra Mundial, a Dinamarca tornou-se um dos membros fundadores da Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e das Nações Unidas.
  A mudança constitucional de 1953, levou a um parlamento de câmara única eleito por representação proporcional, a adesão feminina ao trono dinamarquês, e a Groenlândia se tornando parte integrante da Dinamarca. Os social-democratas lideraram uma série de governos de coalizão pela maior parte da segunda metade do século XX.
  Em 1973, juntamente com o Reino Unido e a Irlanda, a Dinamarca aderiu à Comunidade Econômica Europeia (CEE), que posteriormente iria formar a União Europeia. O Tratado de Maastrich, que envolvia uma maior integração europeia, foi rejeitado pelo povo dinamarquês em 1992; ele só foi aceito depois de um segundo referendo, em 1993, e pela adição de certas disposições para a Dinamarca. Os dinamarqueses rejeitaram o Euro como moeda nacional em um referendo em 2000.
Castelo de Rosenborg, em Copenhague - Dinamarca
GEOGRAFIA
  A Dinamarca situa-se na península da Jutlândia, ao norte da Alemanha, mas também fazem parte do seu território algumas ilhas localizadas na península Escandinava. As mais importantes ilhas dinamarquesas são a Zelândia e a Fiônia. A ilha de Bornholm localiza-se um pouco a leste do resto do país, no mar Báltico. Muitas das ilhas estão ligadas por pontes. A ponte do Oresund liga a Zelândia à Suécia e a ponte do Grand Belt liga Fyn à Zelândia.
Ponto de Oresund - liga a Zelândia à Suécia
  O país não possui montanhas nem rios caudalosos, sendo formado por colinas suaves. Os pontos mais elevados do país são o Yding Skovhoj e o Ejer Baunehoj, ambos com apenas 173 metros de altitude. Baixos platôs completam o relevo do país.
Yding Skojov - um dos pontos culminantes da Dinamarca
  O clima dominante da Dinamarca é o temperado oceânico, condicionado pelas mudanças súbitas da direção do vento. O inverno é suave e os verões são frescos, com temperaturas oscilando entre 0ºC no inverno e 22ºC no verão. A precipitação média do país é de 800 milímetros; o outono é a estação mais chuvosa e a primavera a mais seca.
  O país possui várias áreas cobertas por florestas e boa parcela de terra própria para a agricultura. A hidrografia é caracterizada pela presença de numerosos lagos glaciais, destacando-se: Mosso, na Jutlândia; Arreso, Fureso e Esromso, na ilha da Zelândia. Os rios do país são pequenos, destacando-se o Koldinga, o Gudena, o Kongea e o Vardea. A maioria dos rios desembocam nos fiordes, que constituem um traço típico do litoral dinamarquês.
Paisagem da Dinamarca
ECONOMIA
  A economia da Dinamarca baseia-se num mercado inteiramente moderno, que inclui agricultura de alta tecnologia, indústrias atualizadas, extensas medidas governamentais de segurança social, níveis de vida confortáveis,uma moeda estável e grande dependência do comércio externo. O país é um exportador de alimentos e energia, e tem um excedente confortável na balança de pagamentos.
  Cerca de 75% da mão de obra dinamarquesa é sindicalizada, e está associada a um sindicato pertencente à Confederação Dinamarquesa de Sindicatos. As relações entre os sindicatos e os patrões são de colaboração: os sindicatos têm um papel na gestão diária dos locais de trabalho, e os seus representantes têm assento no conselho de administração da maioria das empresas. As regras sobre os horários de trabalho e os salários são negociadas entre os sindicatos e os patrões, com um envolvimento mínimo por parte do governo: não existe salário mínimo no país.
Roskilde - Dinamarca
  As indústrias de alimentos, maquinaria, construção naval, celulose, equipamentos de escritório e produtos químicos e metalúrgico são as mais importantes da Dinamarca, concentradas principalmente na Região Metropolitana de Copenhague.
  A exportação de produtos industrializados é a principal fonte de divisas do país, que possui escassos recursos minerais e de matérias-primas. A Dinamarca abriga algumas reservas de petróleo no Mar do Norte.
Área agrícola da Dinamarca
EDUCAÇÃO
  Os recursos públicos e privados destinados à educação na Dinamarca estão entre os mais elevados dentre os países pertencentes à Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico (OCDE). Praticamente, não há analfabetos no país
  A criança começa na escola aos sete anos de idade e a educação é compulsória até os 16 anos. A maioria das crianças estudam em escolas públicas (kommuneskole), onde recebem educação primária e secundária. Os cursos são generalistas, mas nos últimos anos tem havido um certo direcionamento de matérias. No país existe 1.929 escolas públicas e 492 escolas privadas. Mesmo no sistema de ensino privado, o Governo subsidia de 80 a 85% dos custos.
  O inglês é obrigatório a partir dos 12 anos e um segundo idioma (alemão ou francês), a partir dos 14 anos. Aos 16 anos, os alunos podem decidir parar de estudar e deixar a escola, mas a maioria continua no sistema educacional. O gymnasium (colegial) oferece curso de três anos, ao término dos quais os alunos podem ingressar na universidade.
  Há cinco universidades no país (Copenhague, Roskilde, Aarhus, Aalborg e Odense). Geralmente, os cursos duram três anos, ao final dos quais recebe-se o bacharelado. A maioria continua estudando por mais dois anos para obter o mestrado. Outras instituições para educação de terceiro grau oferece cursos técnicos profissionalizantes.
Universidade de Copenhague
TERRITÓRIOS AUTÔNOMOS
1. Groenlândia
  A Groenlândia, com 2.166.086 km², é a maior ilha do mundo e uma região autônoma da Dinamarca. Seu solo é recoberto por uma camada de gelo de pelo menos 84% de sua extensão, o que impede a prática da atividade agrícola.
  Em 2014, a Groenlândia possuía uma população de 57.805 habitantes. Era uma terra inexistente, do ponto de vista europeu, até o século X, quando os vilings da Islândia aí aportaram. Os inuítes - povos indígenas vinculados ao Ártico - predominam na população da ilha.
  O clima da ilha é bastante frio, o que justifica a quase inexistência de plantas; a pouca vegetação está disseminada por todo o território. Os verões são brandos e os invernos muito severos. A capital da ilha é Nuuk.
Nuuk - capital da Groenlândia
  No norte da Groenlândia encontra-se as principais riquezas da ilha, que são as grandes jazidas de chumbo, minério de ferro, carvão, molibdênio, ouro platina e urânio, que é a base da economia, além da pesca.
  Durante a Segunda Guerra Mundial, a ilha se libertou concretamente dos dinamarqueses. Após conquistar este feito, aliou-se aos Estados Unidos e ao Canadá. Com o fim da guerra, a ilha voltou a pertencer à Dinamarca, porém, como região autônoma.
Paisagem da Groenlândia
2. Ilhas Faroe
  As Ilhas Faroe é formada por 18 ilhas maiores e outras menores, e está localizada no Atlântico Norte, entre a Escócia e a Islândia. Possui uma área de 1.399 km² e uma população, em 2014, de 48.872 habitantes. Na ilha maior - Streymoy - encontra-se a capital Tórshavn. As terras mais próximas são as ilhas setentrionais da Escócia, que ficam a sul-sudeste, e a Islândia, que fica a noroeste.
  As ilhas têm uma morfologia muito acidentada, rochosa, com costas alcantiladas recortadas por profundos fiordes. O ponto culminante da ilha é o Slaettaratindu, na ilha de Eysturoy, com 882 metros de altitude. O clima dominante é o temperado oceânico, marcada pela forte influência da Corrente do Golfo.
Tórshavn - capital das Ilhas Faroe
  A economia das Ilhas Faroe se baseia na atividade pesqueira, sendo responsável por 96% a 98% das exportações realizadas, e praticamente todo o comércio deriva dos produtos capturados no mar. As principais espécies capturadas nas ilhas são bacalhau, arinca, argentina-dourada, alabote, tamboril, peixe-vermelho, pechelim, salmão e arenque.
  Estima-se que existam reservas petrolíferas no subsolo oceânico faroês, e as pesquisas têm sido satisfatórias.
Paisagem das Ilhas Faroe
ALGUNS DADOS SOBRE A DINAMARCA
NOME OFICIAL: Reino da Dinamarca
CAPITAL: Copenhague
Copenhague - capital da Dinamarca
GENTÍLICO: dinamarquês , dinamarquesa
LÍNGUA OFICIAL: dinamarquês
GOVERNO: Monarquia Constitucional
FORMAÇÃO: antes do século VIII
LOCALIZAÇÃO: Europa Setentrional
ÁREA: 43.077 km² (131°). Obs: inclui a Dinamarca propriamente dita; o Reino da Dinamarca, contando com a Groenlândia e as Ilhas Faroé tem uma área total de 2.220.093 km².
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2014): 5.496.240 habitantes (109°). Obs: essa população é apenas da Dinamarca propriamente dita, não conta a população da Groenlândia e das Ilhas Faroé. Com essas duas possessões, a população total é de 5.599.577 habitantes.
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 127,59 hab./km² (62°)
CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativa 2014):
Copenhague: 1.218.920 habitantes
Porto de Copenhague - capital e maior cidade da Dinamarca
Aarhus: 306.591 habitantes
Aarhus - segunda maior cidade da Dinamarca
Aalborg: 197.116 habitantes
Aalborg - terceira maior cidade da Dinamarca
PIB (Banco Mundial - 2013): US$ 309,180 bilhões (34°)
IDH (ONU - 2014): 0,900 (10°)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2012): 79,5 anos (37°)
CRESCIMENTO POPULACIONAL (ONU 2005-2010): 0,21% (191°)
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2013): 4,03/mil (17°). Obs: essa mortalidade refere-se ao número de crianças que morrem antes de completar 1 ano de idade, e é contada de menor para maior.
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook - 2014): 1,73 filhos/mulher (169°). Obs: essa taxa refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início até o fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos), e é contada de maior para menor.
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2013): 99% (25°). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
TAXA DE URBANIZAÇÃO (Pnud 2010/2011): 87% (23°)
PIB PER CAPITA (FMI - 2013): US$ 59.190 (6°)
MOEDA: Coroa
RELIGIÃO: cristianismo (85%, sendo 81,6% de protestantes e 3,4% de outras religiões cristãs), agnósticos (9,1%), ateus (1,4%) e outras religiões (4,5%). A grande maioria dos protestantes pertencem à Igreja Luterana da Dinamarca.
Igreja Nosso Salvador, em Esbjerg - Dinamarca
DIVISÃO: a Dinamarca divide-se em cinco regiões, nas quais se distribuem 98 municípios. As regiões foram criadas em 1 de janeiro de 2007 como parte da Reforma Municipal Dinamarquesa e substituem os treze antigos condados. Na mesma data, os 270 municípios foram consolidados em 98. As Ilhas Faroé e a Groenlândia integram o Reino da Dinamarca, mas gozam de autonomia e uma grande medida de auto-governo; ambas possuem dois membros, cada, no parlamento dinamarquês.
Regiões da Dinamarca
FONTE: Lucci, Elian Alabi.
Geografia: homem & espaço, 9° ano / Elian Lucci Alabi, Anselmo Lázaro Branco. - 23. ed. - São Paulo: Saraiva, 2010 

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